Questões de Concurso Sobre antropologia
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FONTE: Disponível em: (Santos, ). L. O que é Cultura. São Paulo: Brasiliense, 2006,
Tendo como referência o excerto acima, julgue os itens seguintes:
I. Do ponto de vista antropológico, existem basicamente dois tipos de cultura: a erudita e a popular.
II. Seja entendida como conceito ou como dimensão pratica da vida social, a noção de cultura é historicamente construída.
III. É possível afirmar que existem culturas mais evoluídas do que outras, já que nem todas as sociedades desenvolvem-se da mesma forma.
IV. Considerando que as nações são unidades politicas da historia contemporânea, é possível falar na existência de diferentes culturas nacionais.
As opções CORRETAS são:
A parte “jurídica” do mundo não é simplesmente um conjunto de normas, regulamentos, princípios, e valores limitados, que geram tudo que tenha a ver com o direito, desde decisões do júri, até eventos destilados, e sim parte de uma maneira específica de imaginar a realidade. Trata-se, basicamente, não do que aconteceu, e sim do que acontece aos olhos do direito; e se o direito difere, de um lugar ao outro, de uma época a outra, então o que seus olhos veem também se modifica.
GEERTZ, Clifford. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
A Antropologia do Direito busca compreender a ordenação legal como um fenômeno da sociedade e da cultura.
Na concepção exposta acima, o Direito é tomado como
I. Investe em uma política de reconhecimento baseada no valor inerente aos próprios objetos culturais para a cultura.
II. Inspira o estabelecimento de critérios universais para a identificação e a valorização do patrimônio.
III. Instaura uma concepção de bem cultural ligada aos valores atribuídos pela comunidade e à diversidade de expressões.
Está correto o que se afirma em
A Cachoeira de Iauaretê corresponde a um lugar de referência fundamental para os povos indígenas que habitam a região banhada pelos rios Uaupés e Papuri. Várias pedras, lajes, ilhas e paranás da Cachoeira de Iauaretê simbolizam episódios de guerras, perseguições, mortes e alianças descritos nos mitos de origem e nas narrativas históricas desses povos. Para eles, é seu lugar sagrado, onde está marcada a história de sua origem e fixação nessa região, assim como a história do estabelecimento das relações de afinidade que vêm permitindo, até hoje, a convivência e o compartilhamento de padrões culturais entre os diversos grupos que coabitam naquele território, há milênios.
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Mitos de Origem e Narrativas Históricas. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/763
Assinale a opção que expressa corretamente essa relação.
No jogo de éticas e de poderes em conflito, no âmbito da arena originada com a defesa de interesses e direitos de novas identidades, os antropólogos e os operadores do direito estão diante de um desafio, que pode ser traduzido pela criação de novos espaços de diálogos possíveis e marcados pela inteligibilidade entre duas tradições de pensamento visando, para começar, a ampliação da compreensão sobre as diferenças que habitam o mundo e a criação de espaços válidos para acomodar essas diferenças.
STUCCHI, Deborah. Percursos em dupla jornada: o papel da perícia antropológica e dos antropólogos nas políticas de reconhecimento de direitos. Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, 2005.
A posição apresentada expõe
Weber coloca, claramente, como um vício, derivado das ciências naturais a introdução indevida da noção de lei na sociologia, na história e na economia. A partir daí, ele é considerado um expoente na sociologia (em oposição a Durkheim) da distinção radical entre a ciência natural e a ciência social. Outros vão na mesma direção, mas, menos respeitosos em relação à ciência natural, colocam em questão a noção de lei em geral, invertendo a posição e não fazendo distinção fundamental entre os domínios científicos.
VELHO, Otávio Guilherme. Considerações (In)Tempestivas sobre Nietzsche e Weber. Anuário Antropológico, 7, 2018. (Adaptado)
Assinale a opção que indica corretamente a posição deste autor.
GEERTZ, Clifford. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
Assinale a opção que reflete corretamente a problemática antropológica exposta no trecho acima.
Certo, é verdade que a expressão “arte por arte” é vazia de sentido nas sociedades tradicionais da África negra. Toda produção artística era antes funcional, isto é, chamada a desempenhar um papel utilitário, exceto a aspiração do artista. Uma estatueta que para um europeu satisfaria o gosto por suas formas harmoniosas, um pingente que lhe serviria para sublinhar uma parte do corpo, tudo isso era destinado a cumprir uma certa função.
MUNANGA, Kabengele. “A dimensão estética na arte negro-africana tradicional”. In: Arte afro-brasileira: o que é afinal? Lisboa: Oca Editorial, 2020.
No Ocidente, a noção de “arte por arte” consolidou-se como uma valorização da experiência estética autônoma.
Com base na perspectiva apresentada pelo autor, assinale a afirmativa correta.
No sentido amplo, o amálgama sincrético pertence ao fenômeno da interculturalidade, que se tornou mais característico nas religiões universais: ao se expandir, o cristianismo, por exemplo, incorporou crenças locais, assim como fez o islamismo com relação ao judaísmo e ao cristianismo. Muitos séculos antes disso, os cultos africanos também se constituíram a partir de uma linhagem sincrética de sistemas de crenças egípcios, indianos e outros. O sincretismo comporta aspectos tanto espontâneos quanto estratégicos. No caso dos cultos afro-brasileiros, pode-se falar de uma estratégia de natureza religiosa, mítica e histórica, destinada a assegurar a continuidade dos africanos e seus descendentes nas condições adversas da diáspora escrava.
SODRÉ, Muniz. Pensar Nagô. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.
Com base no texto, é correto afirmar que o sincretismo
Faz pouco tempo que começamos a ter a medida do preço extremamente alto que será preciso pagar pela exploração imoderada de nosso meio ambiente, com a poluição crescente do solo, do ar, da água e também dos organismos vivos, com o desaparecimento acelerado de inúmeras espécies de plantas e animais, com as consequências dramáticas do aumento do efeito estufa sobre o planeta. Em outros lugares do mundo, muitas culturas não seguiram o mesmo caminho, não isolaram a natureza como se ela fosse um domínio à parte, exterior, onde toda causa pode ser estudada cientificamente e onde tudo pode ser rentabilizado a serviço dos homens.
DESCOLA, Philippe. Outras naturezas, outras culturas. São Paulo: Editora 34, 2016.
De acordo com o que é exposto no trecho, assinale a afirmativa correta.
O mundo dos caçadores-coletores, antes da chegada da agricultura, era repleto de experiências sociais arrojadas, parecendo muito mais um variado desfile carnavalesco de formas políticas do que as insípidas abstrações da teoria evolucionária. Além disso, muitas das primeiras comunidades agrícolas eram relativamente isentas de níveis e hierarquias. E, longe de estabelecer sólidas diferenças de classe, um número surpreendente das primeiras cidades do mundo se organizava segundo linhas de claro teor igualitário, que dispensavam governantes autoritários, políticos-guerreiros ambiciosos ou mesmo administradores opressores.
GRAEBER, David; WENGROW, David. O despertar de tudo: uma nova história da humanidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
Trata-se da ideia de que
[T]oda essa economia muito rica está cheia de elementos religiosos: a moeda tem ainda seu poder mágico e ainda está ligada ao clã ou ao indivíduo; as diversas atividades econômicas, por exemplo o mercado, ainda estão impregnadas de ritos e de mitos; conservam um caráter cerimonial, obrigatório, eficaz; estão repletas de ritos e de direitos. É algo muito diferente do útil que circula nessas sociedades, a maioria delas já bastante esclarecidas.
MAUSS, Marcel. Sociologia e antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2003.
De acordo com o fragmento, assinale a afirmativa correta.
Se o “espírito” era “moderno”, ele o era na medida em que estava determinado que a realidade deveria ser emancipada da “mão morta” de sua própria história — e isso só poderia ser feito derretendo os sólidos (isto é, por definição, dissolvendo o que quer que persistisse no tempo e fosse infenso à sua passagem ou imune a seu fluxo). Lembremos, no entanto, que tudo isso seria feito não para acabar de uma vez por todas com os sólidos e construir um admirável mundo novo livre deles para sempre, mas para limpar a área para novos e aperfeiçoados sólidos.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
Nesse trecho, ele sugere que a modernidade
Assinale a opção que apresenta a característica distintiva da chamada quarta onda do feminismo.
[O] que os selvagens [sic] nos mostram é o esforço permanente para impedir os chefes de serem chefes, é a recusa da unificação, é o trabalho de conjuração do Um, do Estado. A história dos povos que têm uma história é, diz-se, a história da luta de classes. A história dos povos sem história é, dir-se-á com ao menos tanta verdade, a história da sua luta contra o Estado.
CLASTRES, Pierre. A sociedade contra o Estado. São Paulo: Cosac Naify, 2003.
Assinale a opção que melhor representa a concepção do autor.
Não foram apenas os intelectuais racistas formuladores das propostas de branqueamento racial ou os propagadores da mestiçagem hierarquizada e cordial que viram os povos bantos como dotados de um conjunto de práticas desprovidas de maior profundidade. Até mesmo intelectuais comprometidos com a valorização das culturas africanas para a formação da identidade brasileira consideraram os saberes e espiritualidades dos bantos menos sofisticados, complexos e elaborados do que os dos iorubás, trouxeram ao Brasil o culto dos orixás.
SIMAS, Luiz Antonio. Umbandas: uma história do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2022.
Com base no trecho, que aborda as tensões em torno das culturas africanas no Brasil, assinale a afirmativa correta.
Certa vez, fui questionado por um pesquisador de Cabo Verde: “Como podemos contracolonizar falando a língua do inimigo?”. E respondi: “Vamos pegar as palavras do inimigo que estão potentes e vamos enfraquecê-las. E vamos pegar as nossas palavras que estão enfraquecidas e vamos potencializá-las. Por exemplo, se o inimigo adora dizer desenvolvimento, nós vamos dizer que o desenvolvimento desconecta, que o desenvolvimento é uma variante da cosmofobia. Vamos dizer que a cosmofobia é um vírus pandêmico e botar para ferrar com a palavra desenvolvimento. Porque a palavra boa é envolvimento”.
BISPO DOS SANTOS, Antônio. A terra dá, a terra quer. São Paulo: Ubu Editora/PISEAGRAMA, 2023.
Assinale a opção que corresponde à estratégia apresentada.