No nordeste da China, podem ser vistos os resquícios de
um imenso complexo murado onde, durante a Segunda Guerra,
médicos do exército japonês conduziram experimentos, em sua
maioria fatais, com prisioneiros chineses, coreanos e russos.
Hoje, a área abriga um dos muitos museus criados recentemente
na China para exibir as atrocidades infligidas aos chineses pelas
forças do Japão. Os museus são um misto peculiar de câmaras de
horrores e memoriais sagrados que destacam o chamado
“martírio” chinês.
O objetivo de tudo isso é exposto em textos escritos nas
paredes: deixar claro que o povo chinês, com seus 5.000 anos de
civilização, nunca mais se deve deixar humilhar por agressores
estrangeiros. Apenas uma nação grande e forte poderá garantir a
sobrevivência da raça chinesa. É o que é conhecido na China
como “educação patriótica”. Esse patriotismo, baseado em um
sentimento coletivo de vitimização e na determinação de fazer da
China a sobrevivente suprema entre as nações, acabou por tomar
o lugar do marxismo-leninismo e do pensamento de Mao Tsetung como ideologia oficial da República Popular da China. Ian Buruma. A pátria ideológica. In: Folha de S. Paulo,
“Caderno Mais!”, 17/4/2005, p. 10 (com adaptações).
Tendo o texto como referência inicial e considerando que o tema
nele abordado também remete a alguns conceitos de identidade,
julgue o item abaixo.
Ao tratar das identidades, hoje, as ciências sociais não mais
levam em consideração o antigo conceito de culturas
híbridas. Isso se explica, fundamentalmente, pelo fato de que
os movimentos migratórios, por mais intensos que possam
ser, não conseguem gerar uma sobreposição de culturas
diferentes e os grupos que chegam acabam por ser
culturalmente incorporados pela sociedade que os acolhe.