Questões de Concurso
Sobre desigualdade social no brasil em sociologia
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A prática do crime é tão antiga quanto a humanidade. Mas o crime global, a formação de redes entre poderosas organizações criminosas e seus associados, com atividades compartilhadas em todo o planeta, constitui um novo fenômeno que afeta profundamente a economia no âmbito internacional e nacional, a política, a segurança e, em última análise, as sociedades em geral. A Cosa Nostra siciliana e suas associadas, a máfia norte-americana, os cartéis colombianos e mexicanos, as redes criminosas nigerianas, a Yakuza do Japão, as tríades chinesas, a constelação formada pelas mafiyas russas, os traficantes de heroína da Turquia, as posses jamaicanas e um sem-número de grupos criminosos locais e regionais em todos os países uniram-se em uma rede global e diversificada que ultrapassa fronteiras e estabelece vínculos de todos os tipos.
Manuel Castells. Fim de milênio. São Paulo: Paz e Terra, 1999, p. 203-4 (com adaptações).
Ainda tendo o texto Fim de milênio como referência inicial e considerando a amplitude do tema que ele focaliza, sobretudo em face de sua acentuada capilaridade nas sociedades contemporâneas, além de aspectos marcantes do cenário social brasileiro, julgue o item abaixo.
Ainda que tenha havido considerável redução — estimada
em cerca de 40%, entre 1992 e 2003 — na quantidade de
crianças e adolescentes brasileiros que trabalham, permanece
elevado o número dos que se encontram nessa situação,
atuando em atividades que vão da agricultura ao serviço
doméstico. No ritmo em que se encontra, o país tende a não
atingir a meta da ONU de erradicar todas as formas de
trabalho infantil até 2015.
Para o autor, as diferenças de acúmulo de capital econômico são a principal causa das desigualdades sociais.
O preconceito racial no Brasil, para esse autor, tem uma carga afetiva de natureza intelectiva e estética e não de natureza emocional.
I- A questão fundamental acerca da permanência das condições sociais que reproduzem a desigualdade social e a pobreza impedindo uma substantiva emancipação humana está na esfera da produção e não da distribuição, isto é, no momento em que se defrontam trabalhadores e capitalistas – vendedores e compradores da força de trabalho - enquanto proprietários privados de mercadorias; II- A relação de compra e venda da força de trabalho reflete a desigualdade social e real a qual estão submetidos os homens sob a ordem burguesa, contudo, esta relação tende a ser mistificada sob um discurso de igualdade formal entre o contratante e o contratado; III- Considerando a reprodução do capital, a desigualdade social torna-se ineliminável, posto que esta reprodução é assentada na acumulação, ou seja, a necessidade de acumular e concentrar capital determina a exploração da força de trabalho.
Dos itens acima:
“A distância entre aqueles que possuem muito e aqueles que possuem pouco, mas cada vez mais, não mudou. Mas multiplicaram-se os graus intermediários, que de algum modo aproximam os extremos. Dirigentes dirigidos, a um mesmo centro de mediocridade. Ser rico consiste hoje em dia em possuir um grande número de objetos pobres”. (VANEIGEM, 2002, p. 77)
Assinale a alternativa incorreta acerca da afirmação acima.
Analise a imagem a seguir:
A imagem representa uma situação social comum no
Brasil, indicativa
Na tentativa de superar as mazelas sociais e promover a inclusão e a justiça, a partir dos anos 1990 o Brasil tem sido alvo em potencial dos programas de ações afirmativas que visam reconhecer e corrigir situações de direitos negados socialmente ao longo da história, visto que nos propósitos capitalistas que vigoram no Brasil há mais de 400 anos se insere a exploração do povo afrodescendente como mera ferramenta de utilidade material, força de trabalho e bem comercializável, sem o devido reconhecimento do desmantelamento de centenas de milhares de etnias que compunham o território do continente africano e que dispersaram por todo o mundo ocidental na constituição do capitalismo em suas múltiplas contradições sociais. Sobre o tema, analise as afirmativas a seguir.
I. As ações afirmativas vêm sofrendo críticas de uma pequena parcela da sociedade brasileira (a elite), que há muito tempo vem acumulando riquezas e oportunidades.
II. Diferenciar inclusão social de exclusividade e privilégios sociais. A exclusividade é busca da afirmação de direitos que há muito tempo vêm sendo negados, enquanto inclusão social é marca registrada de um grupo ou segmento social que tem amplo acesso aos bens, riquezas e oportunidades produzidas em termos sociais, visto que uma ou outra parcela muito grande da população tem restrições ou é barrada por completo da participação sociocultural e do exercício da dignidade e da cidadania.
III. O que o negro e os outros segmentos excluídos da participação e usufruto dos bens, riquezas e oportunidades querem é o direito à cidadania, à cultura, à educação, ao trabalho digno e à participação das políticas públicas de caráter social.
IV. Os programas de ações afirmativas são, na verdade, políticas de correção de desigualdades sociais e formas de efetivação de direitos. Portanto, defender as ações afirmativas é de fato se posicionar contra o mito da democracia racial e a exclusão social existente no Brasil.
Assinale
A população desocupada entre os jovens aumentou em 67% entre o primeiro trimestre de 2015 e o primeiro trimestre de 2017, passando de 4,55 milhões de desempregados para 7,61 milhões de desempregados. Os dados confirmam que
I. um dos maiores problemas da juventude no Brasil é o desemprego, que atinge principalmente famílias com baixa escolaridade nas regiões mais pobres do país.
II. políticas de educação devem garantir a permanência de jovens no sistema educacional possibilitando que estes tenham melhores condições de acesso a ocupações no mercado de trabalho.
III. a criação de processos formativos para a juventude voltados para geração de renda não têm o potencial de ampliar as possibilidades ocupacionais de trabalho para os jovens.
Está correto o que se afirma em
“Em Raízes do Brasil, as possibilidades heurísticas do gênero ensaístico são exploradas ao máximo. A linguagem plástica escolhida por Sérgio Buarque de Holanda permite converter circunstâncias complexas em um vocabulário de compreensão geral. Assim, o autor faz uso de dualismos como trabalho e aventura, ou semeador e ladrilhador, para descrever e tipificar concisamente os padrões abrangentes de conduta. A propósito, a tensão entre estes dois polos geraria o movimento que levaria ao avanço da história. Neste caso, o autor recorre, claramente, tanto à metodologia dos tipos ideais de Weber quanto à dialética de Hegel” (Costa, Sérgio. O Brasil de Sérgio Buarque de Holanda, 2014).
Na análise do autor de Raízes do Brasil:
O conceito de cidadania consolidado durante o século XX pressupunha que os cidadãos tivessem direito a um mínimo de bem-estar econômico e segurança que lhes permitisse viver como seres civilizados conforme os padrões correntes na sociedade, de modo a expandirem suas liberdades reais. Além de estabelecer que o bem-estar deveria incluir o acesso a bens essenciais, essa concepção de cidadania definiu também que o direito a tais serviços deveria estar dissociado da renda dos indivíduos. No século XXI, esse conceito passou por renovação.
M. Arretche. Trazendo o conceito de cidadania de volta. In: M. Arretche (Org.). Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos. São Paulo: Editora Unesp/CEM, 2015, p. 195-6 (com adaptações).
Tendo como referência o texto precedente, julgue o item a seguir, a respeito de cidadania, representatividade e inclusão.
De 1990 até 2013, foram registrados no Brasil os índices mais
elevados de desigualdade de renda.
A narrativa abaixo tem como personagem central Totonha, que revela um pouco a sua visão de mundo
Totonha
Capim sabe ler? Escrever? Já viu cachorro letrado, científico? Já viu juízo de valor? Em quê? Não quero aprender, dispenso.
Deixa pra gente que é moço. Gente que tem ainda vontade de doutorar. De falar bonito. De salvar vida de pobre. O pobre só precisa ser pobre. E mais nada precisa. Deixa eu, aqui no meu canto. Na boca do fogão é que fico. Tô bem. Já viu fogo ir atrás de sílaba?
O governo me dê o dinheiro da feira. O dente o presidente. E o vale-doce e o vale-lingüiça. Quero ser bem ignorante. Aprender com o vento, ta me entendendo? Demente como um mosquito. Na bosta ali, da cabrita. Que ninguém respeita mais a bosta do que eu. A química.
Tem coisa mais bonita? A geografia do rio mesmo seco, mesmo esculhambado? O risco da poeira? O pó da água? Hein? O que eu vou fazer com essa cartilha? Número?
Só para o prefeito dizer que valeu a pena o esforço? Tem esforço mais esforço que o meu esforço? Todo dia, há tanto tempo, nesse esquecimento. Acordando com o sol. Tem melhor bê-á-bá? Assoletrar se a chuva vem? Se não vem?
Morrer, já sei. Comer, também. De vez em quando, ir atrás de preá, caruá. Roer osso de tatu. Adivinhar quando a coceira é só uma coceira, não uma doença. Tenha santa paciência!
Será que eu preciso mesmo garranchear meu nome? Desenhar só pra mocinha aí ficar contente? Dona professora, que valia tem o meu nome numa folha de papel, me diga honestamente. Coisa mais sem vida é um nome assim, sem gente. Quem está atrás do nome não conta?
No papel, sou menos ninguém do que aqui, no Vale do Jequitinhonha. Pelo menos aqui todo mundo me conhece. Grita, apelida. Vem me chamar de Totonha. Quase não mudo de roupa, quase não mudo de lugar. Sou sempre a mesma pessoa. Que voa.
Para mim, a melhor sabedoria é olhar na cara da pessoa. No focinho de quem for. Não tenho medo de linguagem superior. Deus que me ensinou. Só quero que me deixem sozinha. Eu e minha língua, sim, que só passarinho entende, entende?
Não preciso ler, moça. A mocinha que aprenda. O doutor. O presidente é que precisa saber o que assinou. Eu é que não vou baixar minha cabeça para escrever.
Ah, não vou.
(FREIRE, Marcelino. “Totonha” in. Contos Negreiros, pp. 79-81. Record, 2005)
Após leitura atenta do texto, conclui-se que a personagem Totonha vive em situação precária de vulnerabilidade e risco social, PORQUE
ela