Qual é o conteúdo da mensagem fotográfica? Que é que a fotografia transmite? Por definição, a própria cena, o real literal. Do
objeto à sua imagem, há decerto uma redução: de proporção, de perspectiva e de cor. Mas essa redução não é em nenhum
momento uma transformação (no sentido matemático do termo); para passar do real à sua fotografia, não é de nenhum modo
necessário fragmentar o real em unidades e constituir essas unidades em signos substancialmente diferentes do objeto que
oferecem à leitura; entre esse objeto e sua imagem não é de modo algum necessário interpor um relê, isto é, um código; decerto,
a imagem não é o real; mas ela é pelo menos seu perfeito analogon, e é precisamente essa perfeição analógica que, para o senso
comum, define a fotografia. Surge assim o estatuto particular da imagem fotográfica: é uma mensagem sem código, proposição de
que é necessário extrair imediatamente um corolário importante: a mensagem fotográfica é uma mensagem contínua”. (Trecho de
“A mensagem fotográfica”, de Roland Barthes)
Nesse excerto de texto, Barthes define a fotografia como uma “imagem sem código”. Com isso, ele quer dizer que a
fotografia: