Questões de Concurso Sobre romantismo em literatura

Foram encontradas 235 questões

Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: IFB - 2017 - IFB - Professor - Português |
Q771367 Literatura

Leia o texto para responder à questão.

“- Não! exclamou ele. Tu não podes morrer.

A menina sorriu docemente.

- Olha! Disse ela com a sua voz maviosa, a água sobe, sobe...

- Que importa! Peri vencerá a água, como venceu a todos os teus inimigos.

- Se fosse um inimigo, tu o vencerias, Peri. Mas é Deus... É o seu poder infinito!

- Tu não sabes? Disse o índio como inspirado pelo seu amor ardente, o Senhor do céu manda, às vezes, àqueles a quem ama um bom pensamento.”

Com base em conhecimentos sobre a ficção literária produzida na primeira metade do século XIX, assinale “V” (VERDADEIRO) ou “F” (FALSO) em cada afirmação referente ao excerto acima.
( ) Trata-se de um fragmento da obra O Guarani, escrito por José de Alencar, que apresenta marcas do passadismo colonial e da figura idealizadora de herói. ( ) A idealização do índio como figura nacional segue um modelo europeizado, materializando-se em Peri, o destemido índio, que faz o possível e o impossível para proteger Cecília. ( ) Peri, protagonista do romance Ubirajara, de José de Alencar, apresenta características morais e comportamentos que se assemelham a um herói medieval europeu. ( ) Peri, herói romântico, expressa uma ruptura com a figura do herói Árcade, pois aquele se assemelha a guerreiros medievais e este se inspira em heróis clássicos. ( ) Peri seria não só representante da grande nação tupi-guarani, como também o símbolo do autóctone brasileiro, mas é apresentado pelo autor de forma aculturada e submissa à moça que salva.
Marque a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, de cima para baixo:
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: IFB - 2017 - IFB - Professor - Português |
Q771366 Literatura
Leia o texto abaixo e responda à questão.

DINHEIRO
Oh! argent! Avec toi on est beau, jeune,
adoré; on a considération, honneurs, qualités, vertus.
Quand on n’a point d’argent on est dans la dépendance
de toutes choses et de tout le monde.

Chateaubriand

Sem ele não há cova! quem enterra A
ssim grátis, a Deo? O batizado
Também custa dinheiro. Quem namora
Sem pagar as pratinhas ao Mercúrio?
Demais, as Danáes também o adoram...
Quem imprime seus versos, quem passeia,
Quem sobe a deputado, até ministro,
Quem é mesmo eleitor, embora sábio,
Embora gênio, talentosa fronte,
Alma romana, se não tem dinheiro?
Fora a canalha de vazios bolsos!
O mundo é para todos... Certamente
Assim o disse Deus, mas esse texto
Explica-se melhor e d’outro modo...
Houve um erro de imprensa no Evangelho:
O mundo é um festim, concordo nisso,
Mas não entra ninguém sem ter as louras.

(AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. São Paulo: Ateliê Editorial, 1999. p. 292-293.)
Considere as afirmações abaixo, em relação ao texto de Álvares de Azevedo:
I) Observa-se no poema um traço marcante da poesia de Álvares de Azevedo, o efeito irônico que contrapõe o sublime ao prosaico ao explorar o tema. II) Percebe-se que valores ideais tradicionais como o sentido da vida e o amor são postos em confronto com a necessidade real e cotidiana. III) O sarcasmo com que o poeta trata o tema constitui-se em uma forma de fuga e de egoísmo que se difere de outros poemas presentes na obra Lira dos vinte anos. IV) O poema em questão consta na obra Lira dos vinte anos e apresenta traços de ironia e do forte engajamento social, comum à poesia ultrarromântica.
Assinale a alternativa que contém as afirmativas CORRETAS.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: IFB - 2017 - IFB - Professor - Português |
Q771363 Literatura
Leia o poema e responda à questão.

SAUDADES DO ESCRAVO

Escravo – não, não morri
Nos ferros da escravidão;
Lá nos palmares vivi,
Tenho livre o coração!
Nas minhas carnes rasgadas,
Nas faces ensaguentadas
Sinto as torturas de cá;
Deste corpo desgraçado
Meu espírito soltado
  Não partiu – ficou-me lá!...
Naquelas quentes areias
Naquela terra de fogo,
Onde livre de cadeias
Eu corria em desafogo...
Lá nos confins do horizonte...
Lá nas alturas do céu...
De sobre a mata florida
Esta minh’alma perdida
Não veio – só parti eu.

A liberdade que eu tive
Por escravo não perdi-a;
Minh’alma que lá só vive
Tornou-me a face sombria,
O zunir do fero açoite
Por estas sombras da noite
Não chega, não, aos palmares!
Lá tenho terras e flores...
Nuvens e céus... os meus lares!

[...]

Escravo – não, ainda vivo,
Inda espero a morte ali;
Sou livre embora cativo,
Sou livre, inda não morri!
Meu coração bate ainda
Nesse bater que não finda;
Sou homem – Deus o dirá!
Deste corpo desgraçãdo
Meu espírito soltado 
Não partiu – ficou-me lá!
São Paulo, 1850.
(GAMA, Luiz. Primeiras trovas burlescas e outros poemas.
Edição preparada por Lígia Fonseca Ferreira. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 162-164. Fragmento.)
Assinale a alternativa que NÃO corresponde às ideias sugeridas no poema:
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: IFB - 2017 - IFB - Professor - Português |
Q771362 Literatura
Leia o poema e responda à questão.

SAUDADES DO ESCRAVO

Escravo – não, não morri
Nos ferros da escravidão;
Lá nos palmares vivi,
Tenho livre o coração!
Nas minhas carnes rasgadas,
Nas faces ensaguentadas
Sinto as torturas de cá;
Deste corpo desgraçado
Meu espírito soltado
  Não partiu – ficou-me lá!...
Naquelas quentes areias
Naquela terra de fogo,
Onde livre de cadeias
Eu corria em desafogo...
Lá nos confins do horizonte...
Lá nas alturas do céu...
De sobre a mata florida
Esta minh’alma perdida
Não veio – só parti eu.

A liberdade que eu tive
Por escravo não perdi-a;
Minh’alma que lá só vive
Tornou-me a face sombria,
O zunir do fero açoite
Por estas sombras da noite
Não chega, não, aos palmares!
Lá tenho terras e flores...
Nuvens e céus... os meus lares!

[...]

Escravo – não, ainda vivo,
Inda espero a morte ali;
Sou livre embora cativo,
Sou livre, inda não morri!
Meu coração bate ainda
Nesse bater que não finda;
Sou homem – Deus o dirá!
Deste corpo desgraçãdo
Meu espírito soltado 
Não partiu – ficou-me lá!
São Paulo, 1850.
(GAMA, Luiz. Primeiras trovas burlescas e outros poemas.
Edição preparada por Lígia Fonseca Ferreira. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 162-164. Fragmento.)
Considere as seguintes afirmações:
I) Percebe-se um distanciamento do subjetivismo próprio das produções literárias da época e um realismo crítico voltado para injustiças da sociedade imperial, por se desejar a participação do negro no projeto de identidade nacional. II) Percebe-se a busca por deleites poéticos semelhantes às produções de escritores contemporâneos ao revelar em sua temática a condição desgraçada e inferiorizada dos escravos africanos e seus descendentes no Brasil até 1888. III) Essa obra foi escrita no período em que o negro-escravo desponta como tema na poesia e apresenta consciência negro-rebelde, inserindo-se no bojo de produções posteriores em que emerge uma posição de resistência e luta por afirmação e reconhecimento social dos africanos e seus descendentes no país. IV) É possível notar que o poema apresenta uma oposição entre um “lá” e um “cá”, num diálogo intertextual que evoca no contexto o lugar da liberdade e o lugar da escravidão, respectivamente.
Estão CORRETAS as afirmativas:
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: IFB - 2017 - IFB - Professor - Português |
Q771361 Literatura
Leia o texto abaixo e responda à questão.

CRISTAIS
Mais claro e fino do que as finas pratas
O som da tua voz deliciava...
Na dolência velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava.

Era um som feito luz, eram volatas
Em lânguida espiral que iluminava,
Brancas sonoridades de cascatas...
Tanta harmonia melancolizava.

Filtros sutis de melodias, de ondas
De cantos volutuosos como rondas
De silfos leves, sensuais, lascivos...

Como que anseios invisíveis, mudos,
Da brancura das sedas e veludos,
Das virgindades, dos pudores vivos.

(CRUZ E SOUZA. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1995. p. 86.)
Assinale a alternativa em que aparece o mesmo procedimento estilístico que há nos versos “Mais claro e fino do que as finas pratas / O som da tua voz deliciava...”
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: IFB - 2017 - IFB - Professor - Português |
Q771360 Literatura
Leia o texto abaixo e responda à questão.

CRISTAIS
Mais claro e fino do que as finas pratas
O som da tua voz deliciava...
Na dolência velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava.

Era um som feito luz, eram volatas
Em lânguida espiral que iluminava,
Brancas sonoridades de cascatas...
Tanta harmonia melancolizava.

Filtros sutis de melodias, de ondas
De cantos volutuosos como rondas
De silfos leves, sensuais, lascivos...

Como que anseios invisíveis, mudos,
Da brancura das sedas e veludos,
Das virgindades, dos pudores vivos.

(CRUZ E SOUZA. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1995. p. 86.)
Assinale “V” (VERDADEIRO) ou “F” (FALSO) em cada afirmação referente ao texto. Em seguida, escolha a sequência CORRETA:

( ) O eu poético descreve uma voz, comparando-a a “finas pratas” (verso 1), sugerindo-lhe atributos estéticos. Esse recurso criador e pouco convencional aos poetas da época está a serviço de sua expressão poética. ( ) Sabendo-se que a sonata é uma composição musical feita para ser executada por um ou mais instrumentos, diferentemente de uma composição vocal, depreende-se dos versos 3 e 4 que o poema trata de uma voz que evoca um instrumento. ( ) O uso de expressões sensoriais destaca-se dentre os recursos estilísticos presentes no poema, prevalecendo as sensações auditivas sobre as demais sensações por se tratar da descrição de uma voz. ( ) Pode-se depreender do título do poema uma síntese do elemento poético descrito nos versos, há uma voz cristalina, semelhante ao som que se desprende de objetos de cristal quando batidos ou tocados. ( ) Nota-se que o poeta demonstra a mesma preocupação estética formal típica de poetas da época ao fazer uso do soneto, contudo mostra uma tendência à apresentação plástica e original da expressão artística.

Marque a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, de cima para baixo:
Alternativas
Ano: 2017 Banca: IFB Órgão: IFB Prova: IFB - 2017 - IFB - Professor - Português |
Q771359 Literatura
Leia o texto abaixo e responda à questão.

CRISTAIS
Mais claro e fino do que as finas pratas
O som da tua voz deliciava...
Na dolência velada das sonatas
Como um perfume a tudo perfumava.

Era um som feito luz, eram volatas
Em lânguida espiral que iluminava,
Brancas sonoridades de cascatas...
Tanta harmonia melancolizava.

Filtros sutis de melodias, de ondas
De cantos volutuosos como rondas
De silfos leves, sensuais, lascivos...

Como que anseios invisíveis, mudos,
Da brancura das sedas e veludos,
Das virgindades, dos pudores vivos.

(CRUZ E SOUZA. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1995. p. 86.)
Considere as seguintes afirmações:
I) O eu poético busca nas imagens, aparentemente inconciliáveis e repetidas, a criação do sensorialismo, fazendo brotar a novidade estética literária recebida com grande prestígio pela crítica oficial do fim do século XIX. II) Na tentativa de sugerir sensações aos leitores, a musicalidade trabalhada no poema pode ser identificada nas rimas, no uso das aliterações e na presença marcante de fonemas nasais. III) A expressão vaga e imprecisa da realidade constitui-se em traço importante da poesia do final do século XIX e pode ser percebida nas expressões que aproximam campos sensoriais distintos. IV) O poema apresenta elementos que se alinham com um programa de renovação estética que permeia produções literárias da modernidade que valorizam a originalidade e a manifestação por meio do singular.
Estão CORRETAS as afirmativas:
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Q730549 Literatura

Os 60 anos do livro de Guimarães Rosa vêm a propósito para apreciarmos seu trunfo máximo: o foco narrativo, manipulado pelo narrador Riobaldo [...]

Nesse romance tudo decorre da escolha do foco narrativo, que acaba sendo seu alicerce e seu fundamento. Quem conta a história que lemos? É Riobaldo, que fala em primeira pessoa. E de quem é a história que ele conta? É a dele mesmo. Portanto, Riobaldo se apodera de dois pontos de vista: o do narrador e o do protagonista. Dessa alternância resulta todo o volumoso romance.

Fonte: http://www.cartaeducacao.com.br/ <Acesso: 08/04/2016)

O exposto acima diz respeito a qual livro de Guimarães Rosa?
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Q713178 Literatura
Considere as seguintes comparações entre Vidas secas e Iracema, em seguida marque a opção correta. I. Vidas Secas e Iracema são textos que apresentam o foco narrativo em terceira pessoa e o narrador é onisciente. II. A necessidade de migrar é tema que Vidas Secas trata abertamente. O mesmo tema, entretanto, já era sugerido no capítulo final de Iracema quando, referindo-se à condição de migrante do personagem Moacir, “o primeiro cearense”, o narrador pergunta: “Havia aí a predestinação de uma raça? ” III. As duas narrativas elaboram suas tramas ficcionais a partir de indivíduos reais, cuja existência histórica, e não meramente ficcional, é documentada: é o caso de Martim e Moacir, em Iracema, e de Fabiano e Sinhá Vitória, em Vidas Secas. IV. Em ambos os livros, a parte final remete o leitor ao início da narrativa: em Vidas Secas, essa recondução marca o retorno de um fenômeno cíclico; em Iracema, a remissão ao início confirma que a história fora contada em retrospectiva, reportando-se a uma época anterior à da abertura da narrativa.
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Q672879 Literatura
O movimento literário que caracterizou-se pelo pioneirismo na busca pela nacionalização da literatura por meio da valorização da paisagem e da cultura da nossa terra, opondo-se ao neoclassicismo foi o:
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Q671355 Literatura

Texto 3

    Uma vez determinado e conhecido o fim, o gênero se apresenta naturalmente. Até aqui, como só se procurava fazer uma obra segundo a Arte, imitar era o meio indicado: fingida era a inspiração, e artificial o entusiasmo. Desprezavam os poetas a consideração se a Mitologia podia, ou não, influir sobre nós. Contanto que dissessem que as Musas do Hélicon os inspiravam, que Febo guiava seu carro puxado pela quadriga, que a Aurora abria as portas do Oriente com seus dedos de rosas, e outras tais e quejandas imagens tão usadas, cuidavam que tudo tinham feito, e que com Homero emparelhavam; como se pudesse parecer belo quem achasse algum velho manto grego, e com ele se cobrisse! Antigos e safados ornamentos, de que todos se servem, a ninguém honram.

(GONÇALVES DE MAGALHÃES. “Suspiros poéticos e saudades” In CANDIDO, Antônio e CASTELLO, J. Aderaldo. Presença da literatura brasileira. Das origens ao Romantismo. São Paulo: DIFEL, 1976, p. 219.) 

O fragmento escolhido do prefácio de Suspiros poéticos e saudades contém uma crítica à escola:
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Q606300 Literatura
“Trata‐se de um clássico da literatura brasileira. A obra Iracema narra o trágico romance entre Iracema, a virgem dos lábios de mel, e Martim, o primeiro colonizador português do Ceará. Na trama, Iracema e Martim se apaixonam e fogem para viverem o amor proibido." Esse clássico da literatura brasileira foi escrito por
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Q601582 Literatura
O texto a seguir servirá de base para a questão:

Mas, como é que ele tão sereno, tão lúcido, empregara sua vida, gastara o seu tempo, envelhecera atrás de tal quimera? Como é que não viu nitidamente a realidade, não a pressentiu logo e se deixou enganar por um falaz ídolo, absorver-se nele, dar-lhe em holocausto toda a sua existência? Foi o seu isolamento, o seu esquecimento de si mesmo; e assim é que ia para a cova, sem deixar traço seu, sem um filho, sem um amor, sem um beijo mais quente, sem nenhum mesmo, e sem sequer uma asneira!
Lima Barreto e Aluízio de Azevedo integram, respectivamente, quais escolas literárias? 
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Q553643 Literatura
Este romance de Machado de Assis, consagrado pela crítica e pelo público, é uma das obras mais representativas da prosa brasileira e de toda a língua portuguesa, tendo como foco narrativo principal a suspeita de Bentinho da traição de sua amada Capitu com o amigo Escobar.

Qual dos romances abaixo de Machado de Assis é o que apresenta as características acima descritas:
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Q539098 Literatura

                          CAPÍTULO XIV / O PRIMEIRO BEIJO


      Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer a bigode. Os olhos, vivos e  resolutos, eram a minha feição verdadeiramente máscula. Como ostentasse certa arrogância, não se distinguia bem se era uma criança, com fumos de homem, se um homem com ares de menino. Ao cabo, era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de botas e esporas, chicote na mão e sangue nas veias, cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o corcel das antigas baladas, que o romantismo foi buscar ao castelo medieval, para dar com ele nas ruas do nosso século. O pior é que o estafaram a tal ponto, que foi preciso deitá-lo à margem, onde o realismo o veio achar, comido de lazeira e vermes, e, por compaixão, o transportou para os seus livros.

      Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado; e facilmente se imagina que mais de uma dama inclinou diante de mim a fronte pensativa, ou levantou para mim os olhos cobiçosos. De todas porém a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao menos na intenção; na intenção é castíssimo. Mas vá lá; ou se há de dizer tudo ou nada. A que me cativou foi uma dama espanhola, Marcela, a “linda Marcela”, como lhe chamavam os rapazes do tempo. E tinham razão os rapazes. Era filha de um hortelão das Astúrias; disse-mo ela mesma, num dia de sinceridade, porque a opinião aceita é que nascera de um letrado de Madri, vítima da invasão francesa, ferido, encarcerado, espingardeado, quando ela tinha apenas doze anos.

      Cosas de España. Quem quer que fosse, porém, o pai, letrado ou hortelão, a verdade é que Marcela não possuía a inocência rústica, e mal chegava a entender a moral do código. Era boa moça, lépida, sem escrúpulos, um pouco tolhida pela austeridade do tempo, que lhe não permitia arrastar pelas ruas os seus estouvamentos e berlindas; luxuosa, impaciente, amiga de dinheiro e de rapazes. Naquele ano, morria de amores por um certo Xavier, sujeito abastado e tísico, – uma pérola.


                   (MACHADO DE ASSIS, J. M. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Ediouro, s. d.)

O narrador refere-se à decadência do Romantismo por meio da expressão
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Q471840 Literatura
Considerando as ideias apresentadas nesse fragmento de texto, julgue os itens que se seguem, relativos à literatura brasileira e à obra de Machado de Assis.

Depreende-se do texto que o desejo de expressão da cor local ou do instinto de nacionalidade manifestou-se na literatura brasileira apenas durante o período entre o Romantismo e o Realismo.
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Q471839 Literatura
No que se refere à representação do índio e do sertanejo no Romantismo brasileiro, julgue o  item  seguinte.

A representação do índio é frequente em obras do Romantismo brasileiro, não apenas nos romances históricos ou regionalistas, mas também em romances urbanos e de costumes, como em Senhora
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Q471838 Literatura
No que se refere à representação do índio e do sertanejo no Romantismo brasileiro, julgue o  item  seguinte.

Nesse período da literatura nacional, produziram-se romances em que se destacavam peculiaridades culturais e sociais do índio e dos habitantes do sertão, a exemplo das obras Ubirajara, de José de Alencar, e O Cabeleira, de Franklin Távora, respectivamente.
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Q471837 Literatura
No que se refere à representação do índio e do sertanejo no Romantismo brasileiro, julgue o  item  seguinte.

A figuração do índio em I-Juca Pirama e em Os Timbiras, de Gonçalves Dias, aproxima-se da realizada por Mário de Andrade no romance Macunaíma.
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Q471836 Literatura
  •                                                                     Iracema    
                                                                          Capítulo 2


    Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
    Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira.
    O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.
    Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
    Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto.
    Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste.
    A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão.
    Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se.
    Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.
    Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido.
    De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da ferida.
    O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara.
    A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada.
    O guerreiro falou
    — Quebras comigo a flecha da paz?
    — Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram outro guerreiro como tu?
    — Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus.
    — Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras, senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai de Iracema.


José de Alencar. Iracema. Brasília: Ministério da Cultura. Fundação Nacional do Livro. Internet: <www.objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/iracema.pdf>

Considerando esse fragmento do romance Iracema, de José de Alencar, julgue o  item  a seguir, referente ao movimento romântico e ao indianismo no Brasil;

José de Alencar usa a ficção para expressar sua visão crítica da sociedade. Em Iracema e O Guarani, por exemplo, tece críticas à violência do genocídio indígena no Brasil.
Alternativas
Respostas
201: C
202: D
203: E
204: D
205: B
206: C
207: E
208: A
209: B
210: C
211: A
212: B
213: A
214: D
215: C
216: E
217: E
218: C
219: E
220: E