Questões de Concurso Sobre acentuação gráfica: proparoxítonas, paroxítonas, oxítonas e hiatos em português

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Q959355 Português

                            Felizes para sempre? Quem dera...

                                          (Gláucia Leal)


      Em tempos de tão pouca tolerância consigo mesmo e com os outros, manter relacionamentos amorosos duradouros e felizes parece um dos objetivos mais almejados entre pessoas de variadas classes sociais e faixas etárias. Fazer boas escolhas, entretanto não é fácil - haja vista o grande número de relações que termina, não raro, de maneira dolorosa - pelo menos para um dos envolvidos. Para nossos avós, o casamento e sua manutenção, quaisquer que fossem as penas e os sacrifícios atrelados a eles, era um destino quase certo e com pouca possibilidade de manobra. Hoje, entretanto, convivemos com a dádiva (que por vezes se torna ônus) e escolher se queremos ou não estar com alguém.

      Um dos pesos que nos impõe a vida líquida (repleta de relações igualmente líquidas, efêmeras), como escreve o sociólogo Zygmunt Bauman, é a possibilidade de tomarmos decisões (e arcar com elas). Filhos ou dependência econômica já não prendem homens e mulheres uns aos outros, e cada vez mais nos resta descobrir onde moram, de fato, nossos desejos. E não falo aqui do desejo sexual, embora este seja um aspecto a ser considerado, mas do que realmente ansiamos, aspiramos para nossa vida. Mas para isso é preciso, primeiro, localizar quais são as nossas faltas. E nos relacionamentos a dois elas parecem ecoar por todos os cantos.

      Dividir corpos, planos, sonhos, experiências, espaços físicos e talvez o mais precioso, o próprio tempo, acorda nos seres humanos sentimentos complexos e contraditórios. Passados os primeiros 18 ou 24 meses da paixão intensa (um período de maciças projeções), nos quais a criatura amada parece funcionar como bálsamo às nossas dores mais inusitadas, passamos a ver o parceiro como ele realmente é: um outro. E essa alteridade às vezes agride, como se ele (ela) fosse diferente de nós apenas para nos irritar. Surge então a dúvida, nem sempre formulada: Continuar ou desistir? (...)

Disponível em: http://conexoesentreoscasais.blogspot.com.br/2011/04/felizes-para-sempre-quem-dera.html. Acesso em 15/04/2018.

Em “filhos ou dependência econômica já não prendem homens e mulheres uns aos outros”, o vocábulo em destaque é acentuado pela mesma regra de:
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Q958490 Português

É hora de recuperarmos a utopia da sociedade fraterna e menos desigual


      Admitir que o pensamento marxista continha acertos e erros não significa ter aderido ao capitalismo e se tornado de direita. Adotar semelhante atitude é persistir no que havia de pior no marxismo, ou seja, na incapacidade de exercer a autocrítica.

      Depois de quase um século da revolução comunista de 1917, da qual resultou o Estado soviético, a humanidade avançou econômica e tecnicamente, ao mesmo tempo que sofreu guerras sangrentas e massacres, como os campos de concentração nazistas e os bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki. Depois de tantos erros, é hora de refletirmos sobre o que aconteceu e recuperarmos a utopia da sociedade fraterna e menos desigual.

        O sonho de Karl Marx era criar uma sociedade sem exploração, regida por normas que visavam impedir a divisão desigual da riqueza produzida. A concepção dele sobre essa nova sociedade apoiava-se, no entanto, num entendimento equivocado de como se cria a riqueza social. Esse entendimento partia de uma constatação inequívoca do grau de exploração a que o capitalismo do século 19 submetia o trabalhador, que não gozava dos mínimos direitos, como a jornada de trabalho estabelecida e a aposentadoria, entre muitos outros. Esse capitalismo selvagem levou Marx a concluir que só havia um modo de criar uma sociedade justa: excluindo dela o capitalista. Assim, constituiria-se um Estado proletário, dirigido pelo partido comunista, justo porque dele estava excluído o capitalista explorador.

      Essa teoria pressupunha que é a classe operária quem produz a riqueza, enquanto o capitalista nada mais faz que explorar o trabalho alheio e enriquecer. O equívoco de Marx estava em ignorar que, sem o capitalista, ou seja, sem o empreendedor, a produção da riqueza é quase inviável. É que ela depende tanto do trabalhador quanto do empreendedor, o empresário.

      Por estar exclusivamente nas mãos do Estado, isto é, do partido comunista, a tarefa de produzir a riqueza foi o erro que levou ao fracasso do regime comunista. Na verdade, em qualquer sociedade, há milhões de pessoas que sonham criar sua própria empresa. Substituí-las por meia dúzia de burocratas do partido é condenar o país ao fracasso econômico. Não é à toa que, hoje, da Rússia à China, como nos demais países outrora comunistas, todos abandonaram a concepção marxista e voltaram a estimular a expansão da iniciativa privada. Ou seja, voltaram ao regime capitalista. Isso não significa, porém, que o capitalismo de repente tornou-se bom e justo e que devemos nos contentar com a desigualdade que o caracteriza. Essa desigualdade é inerente ao próprio sistema, regido pelo princípio do lucro máximo.

      Pois bem, esse longo caminho, que a humanidade percorreu no último século, mostrou que o Estado comunista nivela a igualdade por baixo, enquanto no regime capitalista, mesmo com as conquistas alcançadas pela classe operária e os trabalhadores em geral, a exploração se agrava e a desigualdade se amplia, de que é exemplo o capitalismo norte-americano. Isso, porém, não é inevitável. Em países capitalistas como a Suécia, a Noruega e mesmo a Suíça - para ficar apenas nesses exemplos - a desigualdade foi consideravelmente reduzida. Não há porque, logicamente, o mesmo não possa ocorrer nos demais países capitalistas. É evidente que isso depende de uma série de fatores e condições, que não se encontram em todos os países. Tampouco acredito numa sociedade em que a igualdade seja plena - em que todas as pessoas tenham a mesma possibilidade de ganho e acumulação de bens -, uma vez que os seres humanos não são iguais, não têm todos a mesma capacidade de criação, inventividade e realização.

      Por isso mesmo, não se pode imaginar que todas elas contribuam na mesma proporção para o enriquecimento da sociedade. Tampouco tais diferenças entre os indivíduos justifica o nível de desigualdade que, com raras exceções, caracteriza o mundo em que vivemos.

      Essas são as razões que me fazem acreditar que, sem faca nos dentes e dentro do regime democrático, podemos alcançar uma sociedade menos desigual e menos injusta.

(GULLAR, Ferreira. Disponível em www.academia.org.br/artigos/e-hora-de-recuperarmos-utopia-da-sociedade-fraterna-e-menos-desigual. Acesso em 17/11/2017)

Releia o fragmento “assim, constituiria-se um Estado proletário, dirigido pelo partido comunista...”. A palavra que recebe acento gráfico pela mesma razão que o justifica em “proletário”, nesse trecho, é
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Q957790 Português

Sobre o uso de acento gráfico em vocábulos do texto, afirma-se que:


I. Os vocábulos ‘é’, ‘dá’ e ‘vê’ são acentuados em virtude da mesma regra.

II. O vocábulo ‘países’ e ‘país’ são acentuados em razão de regras distintas.

III. Em ‘saídas’ e ‘possível’, a vogal ‘i’ recebe acento gráfico em virtude da regra do hiato.


Quais estão corretas?

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Q957740 Português
Assinale a alternativa cujas palavras seguem – respectivamente – as mesmas regras de acentuação gráfica que implícitas, indivíduo e país (estas retiradas do texto).
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Q957653 Português
Preencha, correta e respectivamente, as lacunas pontilhadas das linhas 05, 10 e 25, considerando as regras ortográficas.
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Q957128 Português

Observe as palavras: três, memória, hábitos, suscetíveis, psicólogo, próprios, problemático, início.


Quantas palavras acima são acentuadas graficamente por serem proparoxítonas?

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Q957063 Português

                   

Quantas palavras do texto são acentuadas graficamente por serem proparoxítonas?
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Q954124 Português
No tocante à acentuação da palavra “lençóis” (l. 04), qual é a afirmação correta?
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Q953964 Português
As palavras farmácia, açúcar e café, retiradas do texto, recebem acento agudo obedecendo às seguintes regras, respectivamente:
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Q952853 Português
O uso das regras de acentuação gráfica é um recurso que funciona como um sinalizador a ser considerado na produção de sentido, tal como podemos verificar no exemplo a seguir:
Só os cágados têm noção exata como é importante acentuar as palavras corretamente.
(KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2009. p. 38-39. Adaptado.)
O excerto que apresenta palavra(s) com uso INADEQUADO do acento gráfico é:
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Q952223 Português

                                      TEXTO I


                                  A Última Crônica


      A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: “assim eu quereria o meu último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

      Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

      Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês.

      O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho – um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

      São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: “Parabéns pra você, parabéns pra você…” Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura – ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido – vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

      Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.”

Fernando Sabino Disponível em http://contobrasileiro.com.br/a-ultima-cronica-fernando-sabino/

Na frase “Passo a observá-los”, o verbo observar recebeu acento porque:
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Ano: 2018 Banca: IADES Órgão: APEX Brasil Prova: IADES - 2018 - APEX Brasil - Assistente |
Q951634 Português
Em conformidade com as regras de acentuação gráfica, e considerando vocábulos do texto, assinale a alternativa que apresenta somente palavras oxítonas.
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Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: BNB Prova: CESPE - 2018 - BNB - Analista Bancário |
Q950776 Português

A respeito de aspectos linguísticos e dos sentidos do texto 2A1-II, julgue o item que se segue.

Os vocábulos “trás”, “é” e “nós” recebem acento gráfico em obediência à mesma regra de acentuação.

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Q950602 Português

                                       TEXTO II


                Rio de Janeiro é a primeira capital brasileira

                              a proibir canudos plásticos


             A decisão vai ao encontro de um crescente movimento

               global de combate ao lixo plástico, um dos principais

                                vilões da poluição marinha


Por Vanessa Barbosa

Publicado em 5 de julho de 2018


      O Rio de Janeiro é a primeira capital brasileira a banir o uso de canudos plásticos em quiosques, bares e restaurantes. O prefeito da cidade, Marcelo Crivella, sancionou o projeto de lei que proíbe a distribuição de canudinhos plásticos em estabelecimentos alimentícios.

      A medida foi publicada no Diário Oficial da cidade do Rio nesta quinta-feira (5). O projeto havia sido aprovado na Câmara Municipal no mês passado. Ainda falta determinar o prazo para a entrada em vigor da medida.

      De autoria do vereador Jairinho (MDB), o projeto estipula multa de até R$ 3 mil aos estabelecimentos que descumprirem a lei, valor que pode ser multiplicado em caso de reincidência. Ao invés do plástico, o projeto determina o uso de canudos feitos de materiais biodegradáveis.

      Segundo seu artigo primeiro, a lei sancionada “obriga os restaurantes, lanchonetes, bares e similares, barracas de praia e vendedores ambulantes do Município do Rio de Janeiro a usar e fornecer a seus clientes apenas canudos de papel biodegradável e/ou reciclável individualmente e hermeticamente embalados com material semelhante”.

      Centenas de milhares de cariocas apoiaram a causa por meio de uma petição online criada pela ONG Meu Rio, apoiadora do projeto.

      No mês passado, o governador do Estado do Rio, Luiz Fernando Pezão, também sancionou uma lei que proíbe estabelecimentos comerciais, como supermercados de distribuir sacolas feitas com plásticos derivados de petróleo e que entrará em vigor em 18 meses.

      Antes do Rio, o município de Cotia, em São Paulo, foi a primeira cidade brasileira a proibir a venda e distribuição de canudos plásticos. (...)

Disponível em:<https://exame.abril.com.br/brasil/rio-de-janeiro-e-primeira-cidade-brasileira-a-proibir-canudos-plasticos> . Acesso em 18 de julho de 2018.

O acento gráfico se justifica pela mesma regra em todas as palavras da sequência, exceto em:
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Q949173 Português

 

Evanildo Bechara. Moderna gramática portuguesa. 37.ª ed. rev. e  ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002, p. 57 (com adaptações).

Considerando o tema tratado no texto e a função da linguagem nele predominante, julgue os seguintes itens.


Comparando‐se a forma padrão “registrar” com a grafia não padrão “registrá”, verifica‐se que não há alteração da posição da sílaba tônica da palavra, que permanece oxítona, estando a acentuação gráfica de “registrá” de acordo com o que prescreve a regra.

Alternativas
Q948239 Português
Os professores



HUGO MÃE, Valter. In https://www.revistaprosaversoearte.com/belissima-reflexao-os-professores-por-valter-hugo-mae. Acesso em 18/03/2018.
A palavra “família” (l. 03) é acentuada por ser:
Alternativas
Ano: 2018 Banca: IF-SP Órgão: IF-SP Prova: IF-SP - 2018 - IF-SP - Português/Inglês |
Q947599 Português
De acordo com a gramática normativa, o estudo da acentuação gráfica trata das regras que disciplinam o uso adequado dos sinais que indicam a posição da sílaba tônica e outras particularidades, como o timbre e a nasalização das vogais. Escolha a alternativa que apresenta a palavra destacada com a acentuação e explicação corretas sob o ponto de vista normativo-prescritivo:
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Q946883 Português
Marque a opção em que as palavras são acentuadas pela mesma regra.
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Q946729 Português
TEXTO 1

“A diversidade nas salas favorece o aprendizado”

Rachel A. Lotan, da Universidade de Stanford, defende a existência de classes mais heterogêneas e os trabalhos em grupo como estratégia para a equidade no ensino

THAIS PAIVA
24 de março de 2017

[1] Há quase vinte anos dirigindo o Programa de Formação de Professores da Universidade de Stanford, uma das mais renomadas dos Estados Unidos, e com forte trabalho direcionado à diversidade e equidade na educação, Rachel A. Lotan chama a atenção para o desafio duplo que é ser um aluno imigrante. “Eles precisam aprender o conteúdo curricular e a língua ao mesmo tempo”.
[2] A professora diz, no entanto, que uma solução para essa e outras questões de disparidade na escola é tão simples quanto eficaz: a aprendizagem cooperativa, isto é, trabalhos em grupo. Na medida em que interagem com seus colegas, aprendem de forma horizontal sobre diversas habilidades e assuntos escolares.
[3] Em São Paulo, onde esteve para o lançamento da primeira versão em português do seu livro Planejando o Trabalho em Grupo – Estratégias para Salas de Aula Heterogêneas (Instituto Sidarta), que escreveu em coautoria com Elizabeth Cohen (1932-2005), a professora falou sobre a importância do ensino para a equidade, as razões pelas quais deveríamos buscar salas heterogêneas e como a estratégia dos trabalhos em grupo pode favorecer uma educação mais democrática.
[4] Carta Educação: A senhora possui um amplo trabalho sobre o desafio de incluir estudantes com ascendência latina em escolas americanas. Em São Paulo, vemos uma situação semelhante com crianças imigrantes da Bolívia, Haiti e países africanos – dificuldade que é agravada pela barreira da língua. O que pode ser feito para mudar esse quadro?
[5] Rachel Lotan: O meu livro surgiu justamente dessa preocupação: como assegurar que esses alunos – imigrantes ou filhos de imigrantes – que estão aprendendo a língua usada na instrução, no nosso caso, o inglês, tenham oportunidades iguais de aprendizagem? Como esses alunos que se veem mal preparados comparados aos outros alunos que possuem o inglês como língua nativa podem melhorar seu desempenho? Qual o tipo de pedagogia que precisamos adotar para que isso aconteça? As crianças das quais você pergunta têm dois desafios: precisam aprender o conteúdo curricular e a língua ao mesmo tempo. Por isso, em alguns casos, a educação bilíngue pode ser uma resposta, mas nem sempre. Isso porque há classes onde cinco alunos são falantes do espanhol, sete falam suaíli, três falam chinês e todo o resto português. Nesses casos, que língua usar para o bilinguismo? Não funciona. Então, a resposta está em facilitar a interação e assegurar que as crianças se envolvam e tenham iniciativa. Segundo minha experiência, dar para elas livros e ensinálas pontualmente palavras como “isso é uma mesa”, “isso é um livro” não é muito útil. No entanto, se você juntá-las e propor que elas façam algo em conjunto, elas vão ter que se comunicar e é nesse momento que a aprendizagem acontece. Por exemplo, precisamos fazer um experimento para descobrir em qual temperatura a água evapora. Eu não falo português, mas estou em um grupo com você que fala e te pergunto “como se diz isso?”, você me diz. Ao fim do dia, já aprendi 20 novas palavras, cheguei a algum lugar.
[6] CE: O que é uma sala de aula heterogênea e quão importante é ter diversidade nas escolas? Quais são os ganhos para alunos, professores e famílias?
[7] RL: Um dos aspectos da heterogeneidade nós acabamos de falar, a língua. E mesmo quando, por exemplo, nos Estados Unidos, você tem em uma sala apenas falantes de inglês, é sabido que crianças vindas de diferentes contextos sociais também se expressam diferentemente. Crianças da classe média têm um repertório linguístico diferente das crianças que nasceram em lugares mais pobres, por uma série de razões como acesso à leitura, conversações, etc. Há também diferenças culturais, técnicas, raciais, na forma como as pessoas interagem, entre muitas outras. Então isso é uma classe heterogênea. Hoje, nos Estados Unidos, o cenário é de segregação, isto é, as classes estão menos heterogêneas etnicamente e em outros aspectos, inclusive, nas escolas públicas por conta da segregação residencial. É lamentável, porque a diversidade deveria ser uma meta, um valor, é um tesouro por uma série de razões. Há muitas pesquisas de relevância que mostram que a diversidade nas salas favorece o aprendizado. Alunos universitários, por exemplo, quando estão cercados por diversidade possuem um desenvolvimento intelectual muito maior. Isso porque quando você interage com pessoas que possuem perspectivas distintas da sua, você precisa explicar o seu ponto de vista e ouvir o do outro. E fazendo isso você aprende! Certamente, a diversidade também nos enriquece do ponto de vista cultural e humanístico, porque nos torna muito mais compreensíveis e tolerantes. Resumindo, nos torna pessoas melhores.
[8] CE: A senhora dirige o Programa de Formação de Professores de Stanford. Quais habilidades apontaria como essenciais para que o professor seja capaz de promover a equidade?
[9] RL: Antes de tudo, os professores precisam ter em mente os interesses de seus alunos, ou seja, lembrar constantemente que o seu trabalho é fazer o melhor que podem pelas crianças. Para que isso aconteça, meu conselho é: abra oportunidades, tente conhecer ao máximo seus alunos, se importe com eles e assegure que você espere o melhor deles. O professor está no comando da classe, então tem que saber orquestrar com competência o que acontece naquele ambiente.
[10] CE: Seu livro fala do trabalho em grupo como uma ferramenta eficiente para construir salas de aula mais equitativas. Por que a senhora acha que esse tipo de trabalho ainda é mal interpretado e visto com suspeita por pais, alunos e até mesmo professores. Como convencê-los de que trabalhar em grupo é uma boa estratégia de ensino e aprendizagem?
[11] RL: Acho que a maior parte das reclamações relacionadas ao trabalho em grupo vem de uma preocupação legítima que é quando a criança chega em casa e diz “odeio trabalho em grupo, fiz tudo sozinho, ninguém mais fez nada e todos tiraram a mesma nota”. Na outra ponta, temos a reclamação dos pais que dizem “você é o professor, é seu trabalho ensinar os alunos, então por que pede para meu filho ensinar os colegas? O que está fazendo em sala, tomando café? ”. De fato, trabalhos em grupo mal feitos são um desastre. Então, se o professor optar por esse tipo de metodologia e todos os benefícios que ela traz para alunos e professores, precisa saber fazer direito. Isto é, precisa garantir que todo mundo participe igualmente, que os alunos tenham o tipo adequado de tarefa para desempenhar em grupo e que saibam como fazê-lo, porque ninguém nasce sabendo. Outro ponto importante é como avaliar. Não dê nota por grupo sem saber exatamente como o trabalho foi distribuído. Na verdade, eu iria além e diria não dê nota. O professor pode dar um retorno, um feedback para o grupo e seu processo, mas não uma nota. Outro fator importante é: como você reconhece que todo mundo ali tem algo para contribuir? Acho que é aí que nós, professores, pecamos. Muitas vezes só olhamos com atenção para as crianças que sabem ler, escrever e fazer tudo certo e rapidamente, mas não deveria ser assim.
[12] CE: Trabalhar em grupo incentiva uma aprendizagem mais democrática?
[13] RL: Sim. Ser democrático significa, por princípio, ouvir mais atentamente aquilo que os outros têm a dizer e, na outra parte, que os outros também te escutem com respeito. Praticar a democracia em sala é saber que todos têm um objetivo comum, que é o bem-estar da sociedade na qual você está inserido. E esse exercício acontece, principalmente, em grupos. Não acontece entre você e o computador, mas entre você e outras pessoas. Logo, trabalhar em grupo é literalmente começar a democracia desde o jardim de infância.

Disponível em: http://www.cartaeducacao.com.br/entrevistas/a-diversidade-nas-salas-favorece-o-aprendizado/ Acesso em: 29/03/2017 (Adaptado).
A justificativa para o acento na palavra “heterogênea” é a mesma para o termo
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Q946618 Português
Assinale a alternativa em que todas as palavras estão grafadas conforme as regras do Novo Acordo Ortográfico relativas à sistematização do emprego de hífen ou de acentuação.
Alternativas
Respostas
3881: C
3882: C
3883: A
3884: E
3885: D
3886: A
3887: C
3888: A
3889: B
3890: B
3891: C
3892: A
3893: C
3894: E
3895: C
3896: D
3897: B
3898: A
3899: D
3900: C