Questões de Concurso Comentadas sobre adjetivos em português

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Q904528 Português

                             Combate ao crime


      Houve, no Brasil, uma escalada do aprisionamento que, nos últimos anos, levou o país a abrigar a terceira maior população carcerária do mundo, atrás de EUA e China.

      Parte considerável das prisões resulta de casos de flagrante, e salta aos olhos a parcela de encarcerados por delitos menores (em especial o pequeno tráfico de drogas) e em regime provisório (40%).

      Há anos este jornal manifesta opinião favorável à aplicação de sanções alternativas, de modo a reservar o cárcere para autores de crimes violentos, que representam ameaça à sociedade.

      Tal correção de rumos, fique claro, não corresponde à complacência. Especialistas são praticamente unânimes em considerar que a certeza da punição, mais do que o rigor ou o tamanho da pena, é o principal fator de dissuasão.

      Deve-se caminhar, ainda, no sentido da integração, com a criação de bases de dados e canais instantâneos de comunicação entre as polícias e outras instituições. Não menos importante, há que investir em redução da evasão escolar e políticas voltadas para a juventude.

       Tudo isso depende, claro, da superação da crise orçamentária, em especial na esfera estadual.

                                                   (Folha de S.Paulo, 24.04.2018. Adaptado)

Muitos adjetivos, permanecendo imóveis na sua flexão de gênero e número, podem passar a funcionar como advérbio. O critério formal de diferenciação das duas classes de modificador é a variabilidade do primeiro e a invariabilidade do segundo.

(Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa. Adaptado)


A análise do autor, citando o contexto em que um adjetivo pode funcionar como advérbio, está exemplificada com o termo destacado na seguinte passagem:

Alternativas
Q904286 Português

                                                   Texto I


            Nossa imaginação precisa da literatura mais do que nunca

                                                                LIGIA G. DINIZ – 22 FEV 2018 - 18:44


Vamos partir de uma situação que grande parte de nós já vivenciou. Estamos saindo do cinema, depois de termos visto uma adaptação de um livro do qual gostamos muito. Na verdade, até que gostamos do filme também: o sentido foi mantido, a escolha do elenco foi adequada, e a trilha sonora reforçou a camada afetiva da narrativa. Por que então sentimos que algo está fora do lugar? [...]

      O que sempre falta em um filme sou eu. Parto dessa ideia simples e poderosa, sugerida pelo teórico Wolfgang Iser em um de seus livros, para afirmar que nunca precisamos tanto ler ficção e poesia quanto hoje, porque nunca precisamos tanto de faíscas que ponham em movimento o mecanismo livre da nossa imaginação. Nenhuma forma de arte ou objeto cultural guarda a potência escondida por aquele monte de palavras impressas na página.

      Essa potência vem, entre outros aspectos, do tanto que a literatura exige de nós, leitores. Não falo do esforço de compreender um texto, nem da atenção que as histórias e poemas exigem de nós – embora sejam incontornáveis também. Penso no tanto que precisamos investir de nós, como sujeitos afetivos e como corpos sensíveis, para que as palavras se tornem um mundo no qual penetramos. [...]

      Somos bombardeados todo dia, o dia inteiro, por informações. Estamos saturados de dados e de interpretações. A literatura – para além do prazer intelectual, inegável – oferece algo diferente. Trata-se de uma energia que o teórico Hans Ulrich Gumbrecht chama de “presença” e que remete a um contato com o mundo que afeta o corpo do indivíduo para além e para aquém do pensamento racional.

      Muitos eventos produzem presença, é claro: jogos e exercícios esportivos, shows de música, encontros com amigos, cerimônias religiosas e relações amorosas e sexuais são exemplos óbvios. Por que, então, defender uma prática eminentemente intelectual, como a experiência literária, com o objetivo de “produzir presença”, isto é, de despertar sensações corpóreas e afetos? A resposta está, como já evoquei mais acima, na potência guardada pela ficção e a poesia para disparar a imaginação. [...]

      A leitura de textos literários [...] exige que nosso corpo esteja ele próprio presente no espaço ficcional com que nos deparamos, sob pena de não existir espaço ficcional algum.

      Mais ainda, a experiência literária nos dá a chance de vivenciarmos possibilidades que, no cotidiano, estão fechadas a nós: de explorarmos essas possibilidades como se estivéssemos, de fato, presentes. E a imaginação é o palco em que a vivência dessas possibilidades é encenada, por meio do jogo entre identificações e rejeições. [...]

(Adaptado de:<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/22/opinion/1519332813_987510.html> . Acesso em: 27 mar. 2018)

Em relação ao excerto “Somos bombardeados todo dia, o dia inteiro, por informações. Estamos saturados de dados e de interpretações. A literatura – para além do prazer intelectual, inegável – oferece algo diferente.”, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q902056 Português
TEXTO I

Cuidado: uso excessivo de internet e celular pode viciar.

Danos ao cérebro seriam similares aos de drogas como a cocaína.

por Sérgio Matsuura
09/06/2013 22:00

RIO — A tecnologia está definitivamente presente na vida cotidiana. Seja para consultar informações, conversar com amigos e familiares ou apenas entreter, a internet e os celulares não saem das mãos e mentes das pessoas. Por esse motivo, especialistas alertam: o uso excessivo dessas ferramentas pode viciar. Apesar de o distúrbio ainda não constar no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, estudos recentes apontam que as mudanças causadas no cérebro pelo abuso na utilização da web são similares aos efeitos de drogas químicas, como o álcool e a cocaína.
— A dependência pela tecnologia é comportamental, as outras são químicas, mas ela causa o mesmo desgaste na ponta do neurônio que as drogas — explica Cristiano Nabuco de Abreu, coordenador do Grupo de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Fobia de perder o celular
O problema, dizem os especialistas, é o usuário conseguir diferenciar a dependência do uso considerado normal. Hoje, a internet e os celulares são ferramentas profissionais e de estudo. De acordo com pesquisa realizada pela Google no ano passado, 73% dos brasileiros que possuem smartphones não saem de casa sem eles. A advogada Nídia Aguilar, por exemplo, diz se sentir ansiosa e incomodada quando fica longe do celular, pois usa o aparelho para se comunicar com clientes. Apesar de estar ciente do uso excessivo, ela considera o telefone fundamental para o trabalho.
— A linha que separa o uso do abuso é tênue. Mesmo que se use muito o celular, isso não caracteriza o vício. Na dependência patológica, o uso excessivo está ligado a um transtorno de ansiedade, como pânico ou fobia social — afirma a psicóloga Anna Lucia Spear King, pesquisadora do Laboratório de Pânico e Respiração do Instituto de Psiquiatria da UFRJ.
A pesquisadora é a pioneira no estudo científico da nomofobia, nome cunhado na Inglaterra para descrever o medo de ficar sem celular (no + mobile + fobia).
Ela explica que os principais sintomas da síndrome são angústia e sensação de desconforto quando se está sem o telefone e mudanças comportamentais, como isolamento e falta de interesse em outras atividades.
— Isso pode indicar que a pessoa está com algum problema que precisa ser investigado.
Atenção especial às crianças
A professora de piano Olga de Lena não se considera viciada em celular, mas admite que faz uso exagerado do seu iPhone. Ela diz não largar o telefone por questões profissionais. E ressalta os pontos positivos de ter conexão à internet na palma da mão, como pesquisar músicas durante uma aula ou usar o mapa para se localizar.
— Estou sempre com ele. O aluno pede uma música e eu acesso na mesma hora. Quando vou a um restaurante, ele fica em cima da mesa. Sei que não é de bom tom, mas eu deixo mesmo que seja no silencioso — conta Olga, que relata a sensação de ficar sem o smartphone. — É desesperador! Eu perdi o meu aparelho recentemente e me senti como se estivesse doente, faltando uma parte de mim.
O relato de Olga pode ser considerado normal, mas existem casos que chamam atenção. Cristiano Nabuco atendeu a uma mãe que tinha que dar o celular para o filho de dois anos para que ele saísse da cama. Pior, no shopping a criança pedia colo para as vendedoras das lojas para tocar no teclado. Segundo o psicólogo, a tecnologia está se tornando uma espécie de babá eletrônica, e os pais não conseguem medir as consequências disso.
É comum ver, em festas infantis, crianças isoladas com o celular do pai na mão em vez de estar brincando com os colegas. De acordo com Nabuco, tal comportamento interfere no desenvolvimento emocional do indivíduo, o que pode acarretar transtornos na fase adulta. Ele recomenda que os pais não deem smartphones e tablets para crianças muito novas e monitorem como os filhos estão usando a internet.
No Hospital das Clínicas de São Paulo, o tratamento da dependência em tecnologia é feito com 18 reuniões semanais de psicoterapia de grupo, tratamento psiquiátrico e suporte emocional para os familiares, modelo parecido com o adotado para outros vícios. A pesquisadora Anna Lucia explica que, em alguns casos, é preciso tomar medicação.
A psicóloga Luciana Nunes, do Instituto Psicoinfo, pede ações do governo para o tratamento dos dependentes. Segundo ela, existem diversos projetos para promover a inclusão digital, mas não para apoiar quem sofre com o uso em excesso da tecnologia.
— Com a popularização dos smartphones, o problema tende a crescer. Quanto mais interativo é o aparelho, maior o potencial de dependência — afirma a psicóloga.
Para não sofrer desse mal, os especialistas recomendam moderação, mesmo que o smartphone ou a internet sejam essenciais para determinadas atividades. Cristiano Nabuco aconselha que as pessoas fiquem ao menos uma hora por dia longe do celular e desabilitem as notificações automáticas de e-mail e redes sociais. Também é essencial manter atividades ao ar livre, com encontros presenciais com outras pessoas. É o que faz o estudante de administração Felipe Souza. Pelo celular, ele joga, manda mensagens, lê e-mails e até assiste televisão. Na internet, conversa pelo Skype e participa de jogos on-line, mas não abandona o futebol semanal com os amigos.
— O celular não afeta o meu dia a dia. Só fico com ele na mão quando não tenho nada melhor para fazer — diz.

https://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/cuid ado-uso-excessivo-de-internet-celular-pode-viciar8636717
Identifique o item em que a classificação do termo sublinhado, a respeito da classe gramatical, está correta
Alternativas
Q900619 Português
Marque a opção que contém apenas adjetivos uniformes.
Alternativas
Q897286 Português

Instrução: A questão refere-se ao texto abaixo.


Os pilares da sustentabilidade: os desafios ambientais do século XXI para a iniciativa privada





(Fonte: Amcham Brasil, 26 de maio 2017 – http://economia.estadao.com.br/blogs – Texto adaptado)
Em relação ao vocábulo signatárias (l. 10), é correto dizer que:
I. Poderia ser substituído, sem causar incorreção ao contexto, por aqueles que subscrevem. II. Trata-se de um adjetivo flexionado no feminino plural em virtude do gênero e do número do substantivo que acompanha. III. Não pode ser considerado cognato do vocábulo significado.
Quais estão INCORRETAS?
Alternativas
Q893133 Português

                     Twitter e Facebook viciam mais do que álcool e cigarro, diz estudo       


      Se você é daqueles que não desgruda das redes sociais, cuidado: pode estar viciado. De acordo com uma pesquisa feita na Universidade de Chicago sobre autocontrole e desejo, é mais difícil resistir ao Twitter e Facebook do que ao cigarro e álcool.

      Pesquisadores deram smartphones para 205 adultos e pediram para que eles usassem seus aparelhos, especialmente as redes sociais, sete vezes por dia durante algumas semanas. Quando os voluntários foram recrutados responderam questionários sobre vícios e desejos e, ao final do processo, participaram de uma nova sondagem sobre o mesmo assunto.

   Nos questionários iniciais, os desejos mais relatados pelos participantes foram sono e sexo. Inesperadamente, álcool e cigarro não estavam no topo da lista, como se suspeitava inicialmente. Já no questionário respondido ao final do estudo, os pesquisadores notaram que, uma vez estimulado a manterem contato constante com a internet, os voluntários haviam adquirido um novo vício: o de navegar na web. 

      A maioria dos participantes tinha dificuldade de parar de verificar suas redes sociais, mesmo quando eles não tinham tempo ou estavam compromissados com outros assuntos. Outro vício que pode ser notado foi o trabalho. Muitos participantes aproveitavam para usar seus smartphones como uma extensão do trabalho, mesmo quando estavam em suas horas de lazer.

      Diante desse quadro, os pesquisadores puderam verificar que se envolver com redes sociais tornou-se uma atividade tão inerentemente atraente que ela pode acabar deslocando o indivíduo de todas as outras atividades.

      Para os pesquisadores, o vício é uma questão de desequilíbrio entre o desejo pessoal de se engajar no comportamento viciante e o desejo conflitante, de evitar as consequências negativas de tal comportamento. Como no uso de redes sociais, os aspectos negativos não estão aparentes, o potencial de vício dessas ferramentas é muito maior do que drogas como cigarro e álcool.

Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI293747- 17770,00TWITTER+E+FACEBOOK+VICIAM+MAIS+DO+QUE+ALCOOL+E+CIGARRO+DIZ+ESTUDO.html Acesso em: 26 fev.2018 

As palavras destacadas são adjetivos, EXCETO em:
Alternativas
Q892842 Português

Texto I


O vencedor: uma visão alternativa


    Nos sete primeiros assaltos, Raul foi duramente castigado. Não era de espantar: estava inteiramente fora de forma. Meses de indolência e até de devassidão tinham produzido seus efeitos. O combativo boxeador de outrora, o homem que, para muitos, fora estrela do pugilismo mundial, estava reduzido a um verdadeiro trapo. O público não tinha a menor complacência com ele: sucediam-se as vaias e os palavrões.

    De repente, algo aconteceu. Caído na lona, depois de ter recebido um cruzado devastador, Raul ergueu a cabeça e viu, sentada na primeira fila, sua sobrinha Dóris, filha do falecido Alberto. A menina fitava-o com o olhos cheios de lágrimas. Um olhar que trespassou Raul como uma punhalada. Algo rompeu-se dentro dele. Sentiu renascer em si a energia que fizera dele a fera do ringue. De um salto, pôs-se de pé e partiu como um touro para cima do adversário. A princípio o público não se deu conta do que estava acontecendo. Mas quando os fãs perceberam que uma verdadeira ressurreição se tinha operado, passaram a incentivá-lo. Depois de uma saraivada de golpes certeiros e violentíssimos, o adversário foi ao chão. O juiz procedeu à contagem regulamentar e proclamou Raul o vencedor.

    Todos aplaudiram. Todos deliraram de alegria. Menos este que conta a história. Este que conta a história era o adversário. Este que conta a história era o que estava caído. Este que conta a história era o derrotado. Ai, Deus. 


(SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.58-59)

Dos adjetivos presentes em “Depois de uma saraivada de golpes certeiros e violentíssimos” (2º§), apenas o segundo está apresentando uma alteração de grau. Trata-se do grau:
Alternativas
Q891633 Português
O adjetivo ilimitado corresponde à locução “sem limites”; a locução com igual estrutura que NÃO corresponde ao adjetivo abaixo destacado é:
Alternativas
Q891445 Português

Na escrita, pode-se optar frequentemente entre uma construção de substantivo + locução adjetiva ou substantivo + adjetivo (esportes da água = esportes aquáticos).


O termo abaixo sublinhado que NÃO pode ser substituído por um adjetivo é:

Alternativas
Q891361 Português
Na escrita, pode-se optar frequentemente entre uma construção de substantivo + locução adjetiva ou substantivo + adjetivo (coragem de herói = coragem heroica).
O termo abaixo sublinhado que NÃO pode ser substituído por um adjetivo é:
Alternativas
Q891359 Português
A frase que NÃO apresenta qualquer forma de superlativação de um adjetivo é:
Alternativas
Q891352 Português
A frase em que a substituição dos termos sublinhados por um adjetivo é feita de forma adequada é:
Alternativas
Q885792 Português

“Estácio gostava de lhe ver o airoso do busto e a firme serenidade com que ela conduzia o animal”.


Nesse segmento de um romance machadiano, o autor realiza o que se chama uma substantivação de um adjetivo; o mesmo acontece no seguinte trecho abaixo:

Alternativas
Q885786 Português

Os textos mostram distintas estruturas quando o enunciador pretende atribuir uma qualidade a um substantivo.


A estrutura abaixo que está devidamente caracterizada, em relação ao substantivo sublinhado, é:

Alternativas
Q885283 Português
Assinale a alternativa onde encontramos o grau superlativo absoluto.
Alternativas
Q885281 Português
Marque a alternativa incorreta referente à forma reduzida do adjetivo pátrio.
Alternativas
Q885280 Português
Assinale a alternativa incorreta quanto aos adjetivos pátrios, referentes à localidade estrangeira.
Alternativas
Q885279 Português
Assinale a alternativa incorreta sobre a formação do adjetivo grifado.
Alternativas
Q879583 Português

Texto 1 - O egoísmo por detrás do eu lírico

                                                     Natália Cola de Paula


    É sabido que a arte da escrita tem a virtude de criar, eternizar, denunciar e embelezar a vida. Ademais, é clichê dizer o quanto ela transmite conhecimento, histórias, momentos e sentimentos, fazendo-nos viajar sem sair do aconchego de nossas casas. Enfim, a escrita tem todas essas funções e características, mas é sob outro prisma que será abordada neste artigo. “A priori”, vamos analisar a escrita como instrumento de comunicação, com a existência de dois polos: o do emissor da mensagem, que é o escritor, e o do receptor, nosso caro leitor. Muito fala-se dos desdobramentos e reflexos dessa mensagem no leitor, aquele que a recebe, interpreta e extrai dela o que lhe aprouver. Porém, pouco se menciona a respeito dos reflexos que essa mensagem exerce sobre o autor, sobre o próprio escritor. É olhando através desse prisma que analisaremos a escrita.

    Primeiramente, o poeta ou o escritor tem seu lado altruísta, quer sim ser lido, deseja alcançar um elevado número de leitores, sonha que seu texto inspire e mude a vida de alguém, ou apenas que lhe abra um leve sorriso e aquiete o coração. Mas o que poucos sabem é que o poeta é também egoísta, ele escreve, em primeiro lugar, para si, para sanar suas necessidades. Como assim? Quais necessidades são essas? Muito simples, necessidade de expressar-se, de desabafo, de descargo emocional, de fuga do mundo externo, de abrigo na arte. Antes de mais nada, os autores são seres humanos, não estão isentos dos problemas cotidianos, das dores, das tristezas e nem do amor. Logo, eles buscam na escrita alento, ou usam-na como crítica social, denunciadora do que veem e sentem. De todo modo, os autores, como seres humanos, pais, filhos, alunos, cidadãos, apaixonados e profissionais que são, precisam da escrita mais, talvez, do que ela precisa deles para existir. É esse o ponto essencial de tal artigo, fazê-los compreender que a escrita é a vida pulsando no escritor, sem ela, ele simplesmente não vive, pois não se expressa.

(...)

    Há uma bela reflexão feita por Clarisse Lispector que exprime exatamente o caráter egoístico, mas nem por isso desnobrecedor, do eu lírico dos autores. “Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém, provavelmente a minha própria vida” (Clarisse Lispector - Um sopro de vida). Certamente, os autores escrevem para salvarem-se de si mesmos e das pressões do mundo, escrevem para se entenderem; organizam pensamentos, opiniões, críticas e amores que estão lhe atormentando o juízo, cuja transposição para o papel parece ser seu álibi. Dessa forma, o autor é tão dependente da escrita quanto ela desse. O eu lírico do poeta, por exemplo, necessita da poesia para sobreviver, não apenas a faz por hobby ou prazer, a faz porque ela o mantém vivo, e sem ela, o poeta, nada mais é do que um mero mortal sem identidade. Fazendo uma analogia, a poesia está para o poeta como a lágrima está para aquele que sofre. Ambas têm o poder de afagar o coração, propiciar aquela sensação de alívio e descarregar um peso que cansava a alma. O choro não é sinônimo de tristeza, mas sim de liberdade, assim como a poesia, que liberta o poeta de suas próprias amarras, trazendo-o à luz de fora da caverna. Portanto, a poesia é para o poeta e o texto é para o escritor, pura liberdade, pura identidade, pura vida transposta em palavras.


Fonte: adaptado de <http://obviousmag.org/realidades_sonhos/2017/o-egoismo-por-detras-do-eu-lirico.html>. Acesso em: 10 jan. 2018. 


Em relação à função dos vocábulos no texto, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q878557 Português

TEXTO


                                     NATAL NA BARCA


Não quero nem devo lembrar aqui por que me encontrava naquela barca. Só sei que em redor tudo era silêncio e treva. E que me sentia bem naquela solidão. Na embarcação desconfortável, tosca, apenas quatro passageiros. Uma lanterna nos iluminava com sua luz vacilante: um velho, uma mulher com uma criança e eu.

O velho, um bêbedo esfarrapado, deitara-se de comprido no banco, dirigira palavras amenas a um vizinho invisível e agora dormia. A mulher estava sentada entre nós, apertando nos braços a criança enrolada em panos. Era uma mulher jovem e pálida. O longo manto escuro que lhe cobria a cabeça dava-lhe o aspecto de uma figura antiga.

Na frase “O velho, um bêbedo esfarrapado...”, o adjetivo velho aparece substantivado; a frase abaixo em que o termo sublinhado está no mesmo caso é:
Alternativas
Respostas
2141: D
2142: E
2143: C
2144: B
2145: A
2146: C
2147: A
2148: E
2149: A
2150: B
2151: E
2152: D
2153: D
2154: D
2155: B
2156: C
2157: D
2158: D
2159: A
2160: E