Questões de Concurso
Sobre advérbios em português
Foram encontradas 3.385 questões
Assinale a alternativa correta referente às circunstâncias que os itens em destaque expressam.
A Coreia é parecida com a Itália, comprida e estreita, cercada pelo mar em três de seus quatro lados. Ao norte estão as montanhas, cobertas de neve no inverno, enquanto a leste se estende uma cordilheira escarpada, de onde brotam rios curtos e caudalosos. No oeste, de frente para o Mar Amarelo e a costa da China, existem enseadas frequentemente envoltas em neblina, cuja variação no nível das águas faz os barcos amarrados nos ancoradouros encalharem na lama durante a maré baixa. Os coreanos haviam recebido dos vitoriosos aliados a promessa de independência durante a Segunda Guerra Mundial. Não foi fácil cumprir o prometido. Forças russas invadiram a Coreia do Norte nos últimos dias da guerra e a mantiveram sob seu domínio após a rendição japonesa. A assembleia das Nações Unidas determinou a realização de eleições livres em todo o território coreano, a fim de escolher um governo único, mas os norte-coreanos – com a benção soviética – se recusaram a obedecer. Assim, outra cortina de ferro surgiu: uma democracia ao sul e um estado comunista fortemente armado ao norte. A Coreia do Norte planejava aproveitar-se de uma grande fatia das ricas terras do sul. Ao amanhecer do dia 25 de junho de 1950, seus soldados e um grande contingente de tanques soviéticos invadiram a Coreia do Sul, tomando rapidamente a capital Seul, perto da cortina de ferro. Os invasores ocuparam uma grande parte do país antes que o exército norte-americano, então no Japão, pudesse levar socorro. Seria aquele o prelúdio de outras invasões comunistas em territórios vulneráveis que se estendiam da Grécia até Hong Kong? A invasão da Coreia provocou uma intensa angústia nas nações ocidentais. Após três anos, um armistício foi assinado. Coube uma região aos coreanos do norte e outra aos coreanos do sul. Uma nova cortina de ferro separou a península e, até o fim do século, essa cortina continuava em seu lugar. (BLAINEY Geoffrey. Uma Breve História do Século XX. 2 ed. São Paulo: Fundamento, 2011, p. 178).
Na linha 8 do texto, o autor utiliza o advérbio “frequentemente”, que pode ser classificado como advérbio de:
Leia o texto para responder as questões.
A youtuber vegana que enfureceu fãs ao ser filmada comendo peixe
Nas redes, Yovana é Rawvana e se transformou em ídola de crudiveganos ao compartilhar, desde 2013, seu estilo de vida e sua alimentação sem produtos de origem animal e à base de alimentos crus.
Moradora de San Diego, na Califórnia (EUA), ela compartilhava vídeos em inglês e em espanhol e fotos com receitas elaboradas com produtos crus, tratamentos de desintoxicação e conselhos de beleza veganos.
Magra e saudável, Rawvana passou a atrair uma legião de admiradores. Contava com mais de três milhões de seguidores, muitos deles fanáticos, se somadas suas contas no YouTube e no Instagram.
Patrocinadores passaram a financiar parte do conteúdo produzido por Rawvana, que aparecia cercada de frutas, verduras e legumes suculentos, cenários dos sonhos para veganos.
Rawvana tinha uma imagem quase perfeita. Mas um aparente deslize de uma amiga e dela própria, durante uma viagem a Bali, na Indonésia, levou a credibilidade de Rawvana ao chão.
Paula Galindo, uma colombiana especialista em assuntos de beleza e conhecida como Pautips, expôs Rawvana ao publicar no Instagram um vídeo em que a vegana está prestes a comer. O problema? Havia um filé de peixe no prato.
Prescrição médica
A imagem viralizou. Dias depois, Rawvana gravou um vídeo pedindo desculpas.
"Sinto muito pela maneira como descobriram sobre a minha recente mudança de dieta. Comecei a incluir alimentos por causa das minhas condições de saúde", diz a jovem, com uma expressão triste e voz às vezes agitada.
Rawvana explica que passou os últimos anos doente. Sofre com anemia e seu intestino estava repleto de bactérias. Chegou a ter o ciclo menstrual comprometido.
Ela contou que começou a consumir ovos e peixes por prescrição médica.
"Não tinha compartilhado antes porque precisava de tempo para me curar, para me sentir bem, e aí contar para vocês."
Ela disse que há três anos passou a comer alguns produtos cozidos, algo incompatível com o estilo de vida crudivegano que pregava.
Mas, segundo Rawvana, foi apenas em janeiro que ela aceitou os conselhos médicos e passou a incorporar outros alimentos à dieta.
Ela anunciou no vídeo em que pediu desculpas que pretende retomar a dieta vegana assim que sua saúde permitir.
"Nas últimas semanas tenho me sentido melhor, com mais energia. Quero retomar a alimentação que compartilho com vocês".
Críticas
Rawvana foi muito criticada - e "trolada" - nas redes sociais por não ter contado antes que havia abandonado a dieta que dizia seguir.
Entre os milhares de comentários gerados pelo vídeo em que aparece prestes a comer um peixe, também estão o de pessoas que alertam para o perigo de seguir conselhos de nutrição de uma pessoa que não é profissional e que promovia práticas equivocadas como jejum de água por 25 dias.
"Os youtubers não são médicos", escreveu uma usuária do Twitter, dizendo que também ficou doente ao seguir os conselhos de Rawvana.
Houve até uma petição online lançada para recolher assinaturas de apoio ao pedido pelo fim do canal da vegana no YouTube "por ser fraudulento e não informar bem sobre o veganismo".
Problemas de saúde
A nutricionista Rhiannon Lambert disse ao jornal britânico The Telegraph que tem aumentado o número de pacientes com sintomas variados, mas todos provocados por uma má alimentação.
Segundo Lambert, muitos casos graves, inclusive com transtornos alimentares, são de pessoas que seguiram conselhos de celebridades das redes sociais.
No ano passado, a socióloga Zeynep Tufekci escreveu um artigo no jornal americano The New York Times com o título "YouTube, o grande radicalizador", no qual dizia que a plataforma de vídeos estava estimulando as pessoas a tomarem atitudes mais extremas na busca por cliques e por mais visualizações.
"Vídeos sobre o vegetarianismo levaram aos vídeos sobre veganismo. Vídeos sobre caminhadas levaram aos vídeos sobre como correr ultramaratonas", escreveu Tufekci. "Parece que você nunca é 'duro' o suficiente para o algoritmo de recomendação do YouTube."
O futuro de Rawvana e de suas redes sociais ainda é um mistério.
Sem novas postagens desde o vídeo das desculpas (e tendo perdido milhares de seguidores e o apoio de várias marcas patrocinadoras), a jovem disse que seu principal objetivo agora é focar na recuperação completa de sua própria saúde.
Disponível em https://www.bbc.com/portuguese/geral-47710433
Analise: “Mas, segundo Rawvana, foi apenas em janeiro que ela aceitou os conselhos médicos” e assinale a alternativa que apresenta a classificação dos termos em destaque, respectivamente.
O fascínio do bom humor
O que a obra de Sérgio Rodrigues nos ensina sobre bem viver
FLÁVIA YURI OSHIMA
O bom humor talvez seja um dos mais democráticos estados de espírito. Ele não exige fatos nem um ponto de vista determinado para existir. Não é preciso ser otimista, nem mesmo ouvir boas notícias, para ter bom humor. Claro que coisas boas e um estado de espírito positivo são terreno fértil para ele. Mas o bom humor é uma entidade independente, que pode ser preservada na adversidade e nos ânimos mais soturnos. O alemão Arthur Schopenhauer, conhecido como o mais pessimista dos filósofos, dizia que o bom humor é a única característica divina que o homem possui. Ele não tem relação com ser extrovertido e não obriga ninguém a dar risadas. Pode residir num espírito sereno, compenetrado. O bom humor está disponível a todos e em qualquer situação.
Junto com o espanto e a saudade, a partida de uma amiga querida e de um ídolo me fizeram pensar no bom humor esta semana. Não é preciso mencionar o quanto estar em volta de pessoas bem humoradas faz bem para o espírito. Quem é vivo e circula entre humanos sabe disso. O filósofo francês Émile-Auguste Chartier escreveu que o bom humor é um ato de generosidade: dá mais do que recebe. Discordo dele. Acho que os bem humorados recebem tanto quanto dão, dos outros e deles mesmo. Para mim, é uma espécie de carinho consigo mesmo. Já tenho tantos pepinos, para que o peso de ter de aguentar meu próprio mau humor? Estou tão cansada, para que ter de carregar ainda esse espírito rabugento? A vida é tão curta, as pessoas são tão frágeis, estamos todos no mesmo barco, de que adianta tanto mau humor? Falar é mais fácil que fazer. Por isso, é tão admirável conhecer pessoas que fazem do bom humor um jeito de encarar a vida, independentemente de como ela se apresente. É digno de menção.
Giovanna tinha 36 anos. Lutava contra um câncer na cabeça há dois. Era jornalista. Ela nos deixou no domingo, dia 31 de agosto. Era minha amiga. Sérgio Rodrigues tinha 87 anos. Perdeu a luta contra um câncer de próstata. Era arquiteto e design. Morreu segunda-feira, dia 1° de setembro. Era um ídolo para mim. Os dois não se conheciam. Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos. Passariam por avô e neta ou pai e filha, sem estranhamento.
A morte tem o poder de dar salvo conduto até para os mais insuportáveis, que ganham qualidades variadas depois da partida. Não é o caso desses dois. A gentileza e o bom humor de Giovana sempre foram um ponto fora da curva entre as dezenas de estudantes de comunicação chatonildos da faculdade - me incluo entre eles. A obra de Sérgio Rodrigues fala por si. Mesmo que você não goste de seu estilo, é difícil não esboçar um sorriso ao ver o resultado do seu trabalho. É leve, elegante, criativo e bem humorado. Sérgio Rodrigues tem peças nos acervos do Museu de Arte Moderna, em Nova York, nos museus de Estocolmo, na Suécia, e de Munique, na Bavária (Alemanha). É tido como o mestre do design mobiliário, e tem também casas e brinquedos entre suas obras.
Acho que cultivar o bom humor em situações extremas é uma forma de vitória. Sérgio conseguiu espalhar pelo mundo seu bom ânimo nas peças que criou, perpetuando-o. Giovana e a medicina não tinham mais recursos para combater aquela coisa que crescia em seu cérebro, mas ela o venceu, da maneira que pôde, com seu bom humor até o fim. O céu ficou mais leve com a chegada dos dois. Talvez até chova.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/Flavia-Yuri-Oshima/noti- cia/2014/09/o-fascinio-do-bbom-humorb.html
Em “É tido como o mestre do design mobiliário, e tem também casas e brinquedos entre suas obras.”, o termo destacado expressa
Se a gente for pensar, a quantidade de cafeína em uma latinha de energético, embora alta, nem é tão assustadora assim: a maioria das marcas contém de 80 a 300 miligramas da substância, ou seja, algo entre uma a três xícaras de um cafezinho coado. Tudo bem que a experiência pode ser como engolir essas xícaras uma atrás de outra.
Mas a questão é que a cafeína não está sozinha nesses goles. "A composição de um energético inclui taurina, guaraná e outros ingredientes estimulantes. E parece haver uma boa sinergia entre eles, em que um poderia potencializar a ação de outro", desconfia o doutor Michael Ackerman, cardiologista geneticista da Mayo Clinic, em Rochester, nos Estados Unidos. Ele é o líder de um estudo recém-publicado na revista da Heart Rhythm Society, que reúne os especialistas em arritmias cardíacas americanos.
De acordo com o trabalho, cuidado! Em pessoas geneticamente mais sensíveis, abrir uma dessas latinhas pode desencadear uma arritmia potencialmente grave e até mesmo uma parada cardíaca pouco tempo depois do consumo da bebida. (...)
Não é preciso ter idade. Até mesmo jovens em uma balada ou pessoas na faixa dos 30 anos que buscam uns goles de energia para terminar um trabalho na madrugada - quem nunca? - podem desenvolver uma extrassístole depois de sorver uma dose de energético. Ou seja, na hora de se contrair para bombear o sangue para o corpo, é como se, antes de relaxar, o coração desse mais uma pequena contraída. E, daí, festa que segue, tarefa que continua. Nada demais para a maioria de nós.
Porém, em pessoas que por algum motivo genético são mais vulneráveis, o coração pode apressar demais o seu passo. Ou melhor, é capaz de perder o compasso batendo umas 400 vezes por minuto. Aliás, nesse ritmo acelerado, já nem bate - tremelica. Ou fibrila, como preferem dizer os médicos. E, às vezes, de tanto tremer em vez de bater, ele chega a parar. (...)
Foi justamente para um grupo de 144 pessoas que sofreram uma parada cardíaca do nada que Ackerman e seus colegas de Mayo Clinic resolveram olhar. É claro que eles investigaram outros fatores que poderiam ter colaborado para o piripaque repentino, como o uso de determinados medicamentos, a prática de exercício extenuante, a exposição a substâncias tóxicas, a vivência de uma situação de extremo estresse ou a privação de sono - cá entre nós, difícil separar o consumo de energéticos desta última.
No entanto, o que chamou a atenção do cardiologista foi que sete dessas pessoas, ou 5% do grupo, tinham consumido energéticos pouco tempo antes de passarem mal. Seis precisaram tomar um choque de desfibrilador para o coração voltar a bater e uma delas foi ressuscitada por socorristas com massagem cardíaca manual. A maioria era mulher - seis das vítimas. E a idade média, impressionantemente baixa: 29 anos.
(...)
Lúcia Helena,
Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/lucia-helena/2024/06/27/cuidado-bebidas-energeticas-podem-desencadear-arritmias-cardiacas-graves.htm
Se a gente for pensar, a quantidade de cafeína em uma latinha de energético, embora alta, nem é tão assustadora assim: a maioria das marcas contém de 80 a 300 miligramas da substância, ou seja, algo entre uma a três xícaras de um cafezinho coado. Tudo bem que a experiência pode ser como engolir essas xícaras uma atrás de outra.
Mas a questão é que a cafeína não está sozinha nesses goles. "A composição de um energético inclui taurina, guaraná e outros ingredientes estimulantes. E parece haver uma boa sinergia entre eles, em que um poderia potencializar a ação de outro", desconfia o doutor Michael Ackerman, cardiologista geneticista da Mayo Clinic, em Rochester, nos Estados Unidos. Ele é o líder de um estudo recém-publicado na revista da Heart Rhythm Society, que reúne os especialistas em arritmias cardíacas americanos.
De acordo com o trabalho, cuidado! Em pessoas geneticamente mais sensíveis, abrir uma dessas latinhas pode desencadear uma arritmia potencialmente grave e até mesmo uma parada cardíaca pouco tempo depois do consumo da bebida. (...)
Não é preciso ter idade. Até mesmo jovens em uma balada ou pessoas na faixa dos 30 anos que buscam uns goles de energia para terminar um trabalho na madrugada - quem nunca? - podem desenvolver uma extrassístole depois de sorver uma dose de energético. Ou seja, na hora de se contrair para bombear o sangue para o corpo, é como se, antes de relaxar, o coração desse mais uma pequena contraída. E, daí, festa que segue, tarefa que continua. Nada demais para a maioria de nós.
Porém, em pessoas que por algum motivo genético são mais vulneráveis, o coração pode apressar demais o seu passo. Ou melhor, é capaz de perder o compasso batendo umas 400 vezes por minuto. Aliás, nesse ritmo acelerado, já nem bate - tremelica. Ou fibrila, como preferem dizer os médicos. E, às vezes, de tanto tremer em vez de bater, ele chega a parar. (...)
Foi justamente para um grupo de 144 pessoas que sofreram uma parada cardíaca do nada que Ackerman e seus colegas de Mayo Clinic resolveram olhar. É claro que eles investigaram outros fatores que poderiam ter colaborado para o piripaque repentino, como o uso de determinados medicamentos, a prática de exercício extenuante, a exposição a substâncias tóxicas, a vivência de uma situação de extremo estresse ou a privação de sono - cá entre nós, difícil separar o consumo de energéticos desta última.
No entanto, o que chamou a atenção do cardiologista foi que sete dessas pessoas, ou 5% do grupo, tinham consumido energéticos pouco tempo antes de passarem mal. Seis precisaram tomar um choque de desfibrilador para o coração voltar a bater e uma delas foi ressuscitada por socorristas com massagem cardíaca manual. A maioria era mulher - seis das vítimas. E a idade média, impressionantemente baixa: 29 anos.
(...)
Lúcia Helena,
Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/lucia-helena/2024/06/27/cuidado-bebidas-energeticas-podem-desencadear-arritmias-cardiacas-graves.htm
Assinale a alternativa que indica a circunstância correta, entre parênteses, expressa pelo advérbio em destaque.
LEIA O TEXTO 02 PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES 4 e 5.
Em todas as alternativas, a circunstância expressa pelo termo ou expressão destacada foi corretamente identificada, EXCETO em:
Nossos velhos
Pais heróis e mães rainhas do lar.
Passamos boa parte da nossa existência cultivando estes estereótipos. Até que um dia o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça. A rainha do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá pra implicar com a empregada. O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para ou…tra? Fizeram 80 anos. Nossos pais envelhecem. Ninguém havia nos preparado pra isso. Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas.
Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez de eles serem cuidados e mimados por nós, nem que pra isso recorram a uma chantagenzinha emocional. Têm muita quilometragem rodada e sabem tudo, e o que não sabem eles inventam. Não fazem mais planos a longo prazo, agora dedicam-se a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu. Estão com manchas na pele. Ficam tristes de repente. Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida. É complicado aceitar que nossos heróis e rainhas já não estão no controle da situação.
Estão frágeis e um pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina. Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo. Ficamos irritados se eles se atrapalham com o celular e ainda temos a cara-de-pau de corrigi-los quando usam expressões em desuso: calça de brim? frege? auto de praça? Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adotam um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis. Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi. Essa nossa intolerância só pode ser medo. Medo de perdê-los, e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais. É uma enrascada essa tal de passagem do tempo.
Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros, ainda mais quando os outros são papai e mamãe, nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós.
(Martha Medeiros. Disponível em: http://www.viva50.com.br/nossos-velhos-cronica-de-martha-medeiros/. Acesso em: 24/06/2016. Adaptado.)
Assinale, entre as palavras transcritas do texto, a única que se encontra no diminutivo.
Assinale a frase em que meio funciona como advérbio.
Atenção: Nesta prova, considera-se uso correto da Língua Portuguesa o que está de acordo com a norma padrão escrita.
Leia o texto a seguir para responder as questões sobre seu conteúdo.
MISSÃO CASSINI INICIA MERGULHO NOS ANÉIS DE SATURNO
Sonda vai terminar missão de duas décadas em setembro de 2017, com uma série de mergulhos nos anéis do planeta
Por: Da redação. Atualizado em 30 nov 2016, 17h22 Disponível em: http://veja.abril.com.br/ciencia/missao-cassini-inicia-mergulho-nosaneis-de-saturno/ Acesso em 03 dez 2016.
Depois de duas décadas ao redor de Saturno, a missão Cassini, da Nasa, começa nesta quarta-feira uma série de mergulhos nos anéis do planeta, que encerrará a jornada da sonda que trouxe incríveis descobertas sobre o gigante gasoso. Até 2017, Cassini utilizará o que resta de seu combustível para orbitar ao redor dos polos do planeta e explorar as regiões ainda desconhecidas dos anéis. Com essa experiência, os astrônomos da agência espacial americana esperam captar ainda mais informações sobre Saturno, antes que a sonda realize uma colisão final no planeta, em 15 de setembro, e encerre a missão.
Lançada em 1997 com o objetivo de buscar informações sobre Saturno, seus anéis e campo magnético, a missão Cassini chegou ao planeta em 2004 e, desde então, registrou mais de 300.000 imagens. Seus instrumentos revelaram as sete luas de Saturno, mostraram grandes tempestades no planeta e trouxeram evidências para a existência de lagos de metano em Titã, uma das luas de Saturno, e de um oceano (e talvez, vida), na lua Enceladus.
Para o que a Nasa está chamando de “Grand finale”, a sonda vai realizar diversos rasantes entre os anéis e os polos e, em seguida, a partir de abril de 2017, nos anéis mais internos do planeta. Essa será a observação mais próxima e detalhada dessa região e pretende sondar a composição dos anéis, que podem revelar como se formaram e qual sua idade. As manobras também devem oferecer mais informações sobre as menores luas de Saturno, como Atlas e Pandora. Pouco antes de colidir com o planeta e encerrar a missão, Cassini será a sonda que mais chegou perto de Saturno – estará a 1.628 quilômetros das nuvens que o formam o gigante gasoso. A pequena distância dará a oportunidade de estudar os campos gravitacional e magnético.
Segundo a Nasa, a decisão de encerrar a missão dessa forma aconteceu para evitar o impacto e a contaminação em algumas das luas que podem abrigar vida.
Enceladus e Titã ganharam as primeiras páginas do noticiário na última década porque Cassini revelou o potencial de que essas luas sejam habitáveis – ou prébióticas. Para evitar a improvável possibilidade de que Cassini colida, algum dia, com essas luas e as contamine com algum micróbio terrestre que sobreviveu na sonda, a Nasa escolheu fazer o descarte seguro da espaçonave em Saturno”, afirma a Nasa no site da missão.
Assinale a alternativa que contenha a classificação correta do termo destacado
Leia a charge a seguir, sem esquecer que esse é um gênero em que a criatividade linguística se reflete nas escolhas das palavras pelo autor e no modo como ele as emprega. Atente ainda para o fato de que a compreensão da charge é condicionada não apenas ao reconhecimento das informações expressas na superfície do texto, mas à apreensão dos implícitos. Pensando nisso, responda às questões (04) e (05):
http://www.ufjf.br/noticias/2017/01/18/10-charges-mostram-que-o-brasil-atual-e-coisa-do-passado/
A forma como o autor organiza as frases, ou seja, como combina as palavras, promove diferentes efeitos de sentido. Assim, classifique com verdadeiras (V) ou falsas (F) as explicações fornecidas a seguir em relação ao emprego de determinadas expressões.
( ) Na 1º ocorrência de “os dimenó”, correspondente a “os menores”, a flexão de número foi suprimida no substantivo “menor”, por já estar marcada no determinante “os”, recurso muito comum na linguagem coloquial.
( ) Nas duas ocorrências da expressão “dimenó”, o item “menor” se classifica como advérbio, o que se confirma pela ausência de flexão.
( ) O verbo “poder” em: “vão pudê ser” e “pudê aquisitivo” se comporta como núcleo da locução verbal e como forma verbal simples, respectivamente.
( ) Na 1º ocorrência de “os dimenó”, o item gramatical “os” é um artigo com função de determinante, e na 2º ocorrência é um pronome demonstrativo na função de sujeito, comprovando a pluralidade de uso de um mesmo vocábulo.
( ) O advérbio de inclusão “também” focaliza a locução verbal, deixando pressuposta a informação, de teor irônico, de que os menores apenas podiam cometer crimes, mas não podiam ser presos.
A alternativa que traz a sequência CORRETA é:
Texto I
Quindins
asdQuando sentiu que ia morrer, o Dr. Ariosto pediu para falar a sós com a mulher, dona Quiléia (Quequé).
asd- Senta aí, Quequé.
asdEla sentou na beira da cama. Protestou, chorosa, quando o marido disse que sabia que estava no fim. Mas o Dr. Ariosto a acalmou. Os dois sabiam que ele tinha pouco tempo de vida e era melhor que enfrentassem a situação sem drama. Precisava contar uma coisa à mulher. Para morrerem paz. Contou, então, que tinha outra família.
asd- O quê, Ariosto?!
asdTinha. Pronto. Outra mulher, outros filhos, até outros netos. A dona Quiléia iria saber de qualquer maneira, pois ele incluíra a outra família no seu testamento. Mas tinha decidido contar ele mesmo. De viva, por assim dizer, voz. Para que não ficasse aquela mentira entre eles. E para que dona Quiléia fosse tolerante com a sua memória e com a outra. Promete, Quequé? Dona Quiléia chorava muito. Só pôde fazer “sim” com a cabeça. Aliviado, o Dr. Ariosto deixou a cabeça cair no travesseiro. Podia morrer em paz.
asdMas aconteceu o seguinte: não morreu. Teve uma melhora surpreendente, que os médicos não souberam explicar e que Dona Quiléia atribui à promessa que fizera a seu santo. Em poucas semanas, estava fora de cama. Ainda precisa de cuidados, é claro. Dona Quiléia tem que regular sua alimentação, dar remédio na hora certa... Ficam os dois sentados na sala, olhando a televisão, em silêncio. Um silêncio constrangido. O Dr. Ariosto arrependido de ter feito a confissão. A Dona Quiléia achando que não fica bem se aproveitar de uma revelação que o homem fez, afinal, no seu leito de morte. Simplesmente não tocam no assunto. No outro dia o Dr. Ariosto teve permissão do médico para sair, pela primeira vez, de casa. Arrumou-se. Pediu para chamarem um táxi.
asd- Quer que eu vá com você? - perguntou a mulher.
asd- Não precisa. - Você demora?
asd- Não, não. Vou só...
asdNão completou a frase. Ficaram mais alguns instantes na porta, em silêncio. Depois ele disse:
asd- Bom. Tchau.
asd- Tchau.
asdAgora, tem uma coisa: Dona Quiléia não pagou a promessa ao santo. Ainda compra quindins escondido e os come sozinha. Aliás, deu para comer quindões. Grandes, enormes, translúcidos quindões.
(Luis Fernando Veríssimo)
Em todas as opções abaixo, encontra-se destacado um exemplo de locução adverbial, exceto:
Língua Portuguesa
Leia o texto para responder às questões de números 01 a 11.
Vira e mexe alguns blogs maternos publicam textos sobre “As vantagens de ser mãe de menina” ou “Por que é bom ser mãe de menino”: “meninos não têm frescura”, “meninas são mais delicadas”, “eles são mais corajosos”, “elas são mais choronas” e por aí vai. Leio isso e tenho vontade de gritar por ver estereótipos de gênero tão pesados serem perpetuados sem nenhuma reflexão. Já pensou que seu filho é uma figura única e a infinidade de coisas que pode ser ou sentir não cabe em listas, caixas ou rótulos? Pior: que você definir como ele deve ser ou se comportar dependendo de seu gênero pode ser muito, muito cruel?
Aos meninos são permitidas vivências mais amplas. Eles podem subir muros, escalar os brinquedos do playground, enquanto as meninas não, veja bem, vai sujar seu sapato de princesa, filha, vai mostrar sua calcinha, não pega bem, filha, não é assim que uma menina brinca. E por isso, só por isso, que se perpetua a ideia de que os meninos são mais “aventureiros” e “danados” e as meninas mais “cuidadosas”. Fazemos as meninas mais infelizes, isso sim.
Ser menino também pode não ser fácil, principalmente se os pais acreditarem que podem definir o que ele deve sentir ou gostar. Meu filho adorava brincar com os carrinhos de boneca das meninas do playground do prédio. Só depois de eu dizer que “tudo bem” as mães ou babás ficavam à vontade em deixá-lo empurrar as bonecas ou carregá-las. Por que tanto receio? O que um menino pode virar depois de brincar de boneca? Um pai carinhoso e dedicado no futuro?
Uma vez, em uma loja de brinquedos, meu filho ficou empolgadíssimo ao ver uma pia que funcionava de verdade, com uma torneirinha de água. E pediu muito para que eu comprasse. As opções de cores deixavam claro para quem o brinquedo era fabricado: só havia pias rosa e lilás. “Esse brinquedo é de menina”, alertou a vendedora, cheia de boa vontade, como se eu estivesse me distraído e não percebido o “engano” ao considerar a compra. Eu disse para ela que na minha casa lavar louça é uma atividade unissex, que o pai do meu filho encara muito prato e panela suja e, por isso, brincar de casinha é uma brincadeira de menino sim. Meu filho saiu da loja feliz da vida com seu brinquedo rosa que, aliás, para ele é só uma cor, como outra qualquer. O avô estranhou o presente até eu levá-lo à reflexão: “Quantas pias de louça suja você lavou e lava na sua vida, para manter sua casa em ordem?” E só daí meu pai percebeu o tamanho da bobagem que fazia ao acreditar que lavar louça é uma atividade exclusivamente feminina.
E para quem gosta de listas, proponho uma única: “As vantagens de ser mãe de uma criança feliz.” É essa que eu espero estar escrevendo, no dia a dia, ao não determinar como meu filho pode ou não ser.
(Rita Lisauskas, A crueldade de dividir o mundo entre “coisas de menino” e “coisas de meninas”. Disponível em: . Acesso em 10-02-2016. Adaptado)
O advérbio destacado na passagem – ... você definir como ele deve ser ou se comportar dependendo de seu gênero pode ser muito, muito cruel? – tem equivalente em:
Texto para responder às questões de 01 a 15
Uma estranha descoberta
Lá dentro viu dependurados compridos casacos de peles. Lúcia gostava muito do cheiro e do contato das peles. Pulou para dentro e se meteu entre os casacos, deixando que eles lhe afagassem o rosto. Não fechou a porta, naturalmente: sabia muito bem que seria uma tolice fechar-se dentro de um guarda roupa. Foi avançando cada vez mais e descobriu que havia uma segunda fila de casacos pendurada atrás da primeira. Ali já estava meio escuro, e ela estendia os braços, para não bater com a cara no fundo do móvel. Deu mais uns passos, esperando sempre tocar no fundo com as pontas dos dedos. Mas nada encontrava.
“Deve ser um guarda-roupa colossal!”, pensou Lúcia, avançando ainda mais. De repente notou que estava pisando qualquer coisa que se desfazia debaixo de seus pés. Seriam outras bolinhas de naftalina? Abaixou-se para examinar com as mãos. Em vez de achar o fundo liso e duro do guardaroupa, encontrou uma coisa macia e fria, que se esfarelava nos dedos. “É muito estranho”, pensou, e deu mais um ou dois passos.
O que agora lhe roçava o rosto e as mãos não eram mais as peles macias, mas algo duro, áspero e que espetava.
– Ora essa! Parecem ramos de árvores!
Só então viu que havia uma luz em frente, não a dois palmos do nariz, onde deveria estar o fundo do guarda-roupa, mas lá longe. Caía-lhe em cima uma coisa leve e macia. Um minuto depois, percebeu que estava num bosque, à noite, e que havia neve sob os seus pés, enquanto outros flocos tombavam do ar.
Sentiu-se um pouco assustada, mas, ao mesmo tempo, excitada e cheia de curiosidade. Olhando para trás, lá no fundo, por entre os troncos sombrios das árvores, viu ainda a porta aberta do guarda-roupa e também distinguiu a sala vazia de onde havia saído. Naturalmente, deixara a porta aberta, porque bem sabia que é uma estupidez uma pessoa fechar-se num guarda-roupa. Lá longe ainda parecia divisar a luz do dia.
- Se alguma coisa não correr bem, posso perfeitamente voltar.
E ela começou a avançar devagar sobre a neve, na direção da luz distante.
Dez minutos depois, chegou lá e viu que se tratava de um lampião. O que estaria fazendo um lampião no meio de um bosque? Lúcia pensava no que deveria fazer, quando ouviu uns pulinhos ligeiros e leves que vinham na sua direção. De repente, à luz do lampião, surgiu um tipo muito estranho.
Era um pouquinho mais alto do que Lúcia e levava uma sombrinha branca. Da cintura para cima parecia um homem, mas as pernas eram de bode (com pelos pretos e acetinados) e, em vez de pés, tinha cascos de bode. Tinha também cauda, mas a princípio Lúcia não notou, pois ela descansava elegantemente sobre o braço que segurava a sombrinha, para não se arrastar pela neve.
Trazia um cachecol vermelho de lã enrolado no pescoço. Sua pele também era meio avermelhada. A cara era estranha, mas simpática, com uma barbicha pontuda e cabelos frisados, de onde lhe saíam dois chifres, um de cada lado da testa. Na outra mão carregava vários embrulhos de papel pardo. Com todos aqueles pacotes e coberto de neve, parecia que acabava de fazer suas compras de Natal.
Era um fauno. Quando viu Lúcia, ficou tão espantado que deixou cair os embrulhos.
– Ora bolas! - exclamou o fauno.
[...]
LEWIS, C.S. Uma estranha descoberta. In: As Crônicas de Nárnia .Tradução de Paulo Mendes Campos. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p.105-6. Volume único.
Por meio dos advérbios, um enunciador pode expressar a intensidade daquilo que ele enuncia. No primeiro parágrafo, a palavra que é advérbio e um exemplo que confirma essa afirmação é:
Leia o texto a seguir e, com base nele, responda às questões de 01 a 20.
É Páscoa! Conheça a história de escravos que penaram pelo chocolate
§ 1 A Páscoa, como todos sabemos, é o dia em que celebramos o surgimento do primeiro espécime ovíparo de coelho que metaboliza cenoura em chocolate. E como o coelho escolheu as crianças para serem, com ele, protagonistas desta data, recontarei aqui uma historieta.
§ 2 Uma ação de fiscalização de trabalhadores do governo federal libertou, há alguns anos, 150 pessoas em Placas (PA), dentre elas mais de 30 crianças. Atuavam na colheita do cacau.
§ 3 O grupo estava sujeito a condições humilhantes de habitação, alimentação e higiene. De acordo com o Ministério do Trabalho no estado, a maior parte das crianças estava doente, com leishmaniose ou úlcera de Bauru. Elas eram levadas ao trabalho para aumentar a remuneração, se sujeitando a todo tipo de situação.
§ 4 Uma das crianças havia perdido a visão ao cair de cara em um toco de árvore.
§ 5 Eles já começavam o serviço devendo aos empregadores por terem que pagar equipamentos de trabalho e bens de necessidade básica. De acordo com as informações colhidas pelos fiscais, quem não cumpria as determinações dos patrões era ameaçado de morte.
§ 6 Parte da indústria de alimentação – que ajuda o Coelho na sua tarefa pascal e compra não só cacau, mas também outras matérias-primas de setores que vêm sendo envolvidos em trabalho escravo e trabalho infantil contemporâneo – não demonstra lá muita energia para garantir o controle e a transparência de suas cadeias produtivas. Dentro e fora do Brasil.
§ 7 Há muitas formas de se controlar a qualidade da própria cadeia produtiva, tanto que em alguns setores isso já acontece. Tivemos avanços consideráveis na produção de soja, de algodão, de frutas até da pecuária bovina – recordista histórica em número de casos de trabalho escravo. Mas adotar esse comportamento significa investir uma boa grana para mudar processos. E quem quer investir grana em algo que quase ninguém se importa?
§ 8 Afinal de contas, o que é realmente fundamental para você: que uma criança não tenha perdido um olho na colheita de cacau para fazer um ovo de chocolate ou que o ovo não venha com um brinquedinho repetido?
§ 9 O consumidor não pode ser culpado porque ele não tem informação, claro. Mas, convenhamos: para que sair da ignorância? É um lugar tão quentinho, não é mesmo?
§ 10 Mudança é possível até porque ninguém quer ficar sem chocolate, que é bom. E ninguém quer gerar desemprego na indústria ou na agricultura. Tanto que temos experiências de cultivo inclusivo de cacau orgânico, feito por pequenos produtores, como aqueles do Projeto de Desenvolvimento Sustentável “Esperança'', em Anapu – pelo qual viveu e morreu a irmã Dorothy Stang.
§ 11 Mas mudança mata. Dorothy, como sabemos, suicidou-se com seis tiros, no corpo e na cabeça, em um local ermo, apenas para incriminar honestos fazendeiros da região avessos à mudança.
§ 12 Não me lembro quando deixei de ter fé no divino. Mas ainda guardo um pouco de fé no mundano, talvez por teimosia de gostar de gente, talvez só de birra com o meteoro que um dia virá dar reset no planeta. Então, me pergunto: se houvesse valores morais envolvidos na Páscoa, como liberdade e renascimento, a reflexão sobre o mundo estaria no centro do dia de hoje? Reflexão, não culpa – pois culpa é algo pegajoso e fedorento que não leva a lugar algum.
§13 Mas como não há, então viva o coelho.
(SAKAMOTO, Leonardo. É Páscoa! Conheça a história de escravos que penaram pelo chocolate. Disponível em: <http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2016/03/27/e-pascoa-conheca-a-historia-de-escravos-que-penaram-pelo-chocolate>. Acesso em: 04 abr. 2016. Adaptado.)
“Uma ação de fiscalização de trabalhadores do governo federal libertou, há alguns anos, 150 pessoas em Placas (PA), dentre elas mais de 30 crianças.” (§ 2)
No trecho acima, o termo sublinhado evidencia:
Leia o texto a seguir e, com base nele, responda às questões de 01 a 20.
É Páscoa! Conheça a história de escravos que penaram pelo chocolate
§ 1 A Páscoa, como todos sabemos, é o dia em que celebramos o surgimento do primeiro espécime ovíparo de coelho que metaboliza cenoura em chocolate. E como o coelho escolheu as crianças para serem, com ele, protagonistas desta data, recontarei aqui uma historieta.
§ 2 Uma ação de fiscalização de trabalhadores do governo federal libertou, há alguns anos, 150 pessoas em Placas (PA), dentre elas mais de 30 crianças. Atuavam na colheita do cacau.
§ 3 O grupo estava sujeito a condições humilhantes de habitação, alimentação e higiene. De acordo com o Ministério do Trabalho no estado, a maior parte das crianças estava doente, com leishmaniose ou úlcera de Bauru. Elas eram levadas ao trabalho para aumentar a remuneração, se sujeitando a todo tipo de situação.
§ 4 Uma das crianças havia perdido a visão ao cair de cara em um toco de árvore.
§ 5 Eles já começavam o serviço devendo aos empregadores por terem que pagar equipamentos de trabalho e bens de necessidade básica. De acordo com as informações colhidas pelos fiscais, quem não cumpria as determinações dos patrões era ameaçado de morte.
§ 6 Parte da indústria de alimentação – que ajuda o Coelho na sua tarefa pascal e compra não só cacau, mas também outras matérias-primas de setores que vêm sendo envolvidos em trabalho escravo e trabalho infantil contemporâneo – não demonstra lá muita energia para garantir o controle e a transparência de suas cadeias produtivas. Dentro e fora do Brasil.
§ 7 Há muitas formas de se controlar a qualidade da própria cadeia produtiva, tanto que em alguns setores isso já acontece. Tivemos avanços consideráveis na produção de soja, de algodão, de frutas até da pecuária bovina – recordista histórica em número de casos de trabalho escravo. Mas adotar esse comportamento significa investir uma boa grana para mudar processos. E quem quer investir grana em algo que quase ninguém se importa?
§ 8 Afinal de contas, o que é realmente fundamental para você: que uma criança não tenha perdido um olho na colheita de cacau para fazer um ovo de chocolate ou que o ovo não venha com um brinquedinho repetido?
§ 9 O consumidor não pode ser culpado porque ele não tem informação, claro. Mas, convenhamos: para que sair da ignorância? É um lugar tão quentinho, não é mesmo?
§ 10 Mudança é possível até porque ninguém quer ficar sem chocolate, que é bom. E ninguém quer gerar desemprego na indústria ou na agricultura. Tanto que temos experiências de cultivo inclusivo de cacau orgânico, feito por pequenos produtores, como aqueles do Projeto de Desenvolvimento Sustentável “Esperança'', em Anapu – pelo qual viveu e morreu a irmã Dorothy Stang.
§ 11 Mas mudança mata. Dorothy, como sabemos, suicidou-se com seis tiros, no corpo e na cabeça, em um local ermo, apenas para incriminar honestos fazendeiros da região avessos à mudança.
§ 12 Não me lembro quando deixei de ter fé no divino. Mas ainda guardo um pouco de fé no mundano, talvez por teimosia de gostar de gente, talvez só de birra com o meteoro que um dia virá dar reset no planeta. Então, me pergunto: se houvesse valores morais envolvidos na Páscoa, como liberdade e renascimento, a reflexão sobre o mundo estaria no centro do dia de hoje? Reflexão, não culpa – pois culpa é algo pegajoso e fedorento que não leva a lugar algum.
§13 Mas como não há, então viva o coelho.
(SAKAMOTO, Leonardo. É Páscoa! Conheça a história de escravos que penaram pelo chocolate. Disponível em: <http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2016/03/27/e-pascoa-conheca-a-historia-de-escravos-que-penaram-pelo-chocolate>. Acesso em: 04 abr. 2016. Adaptado.)
Em relação às informações sublinhadas nas passagens abaixo, assinale aquela que NÃO indica uma circunstância de lugar: