A urgente necessidade de aumentar a resiliência
cibernética do Brasil
O Brasil, ao fortalecer sua infraestrutura cibernética e criar
políticas eficazes, não apenas aumenta a própria
resiliência, mas também contribui para a estabilidade e a
busca da segurança global no combate aos cibercriminosos
» Luana Tavares e Fábio Diniz, Fundadores do Instituto Nacional de
Combate ao Cibercrime.
29/04/24
Nos últimos anos, o Brasil e o mundo TÊM1
enfrentado desafios significativos no que diz respeito à
segurança cibernética, com ataques frequentes que
expõem a premente necessidade de construirmos uma
cultura de segurança no ambiente digital. A recente
violação ao sistema de pagamentos da União (Sistema
Integrado de Administração Financeira — Siafi), cujas
suspeitas indicam ter partido do roubo e uso indevido de
credenciais de servidores públicos, resultou no desvio de
R$ 3,5 milhões em recursos da União, estimativa atual do
governo, e é um dos casos que reforçam a importância de
acelerar a implementação de uma política nacional de
cibersegurança.
Essa [política] não deve apenas estabelecer
normas e regulamentações robustas para proteger os
sistemas nacionais, mas também garantir a construção de
uma cultura [nacional] de proteção no [ciberespaço] e
rápida atualização das estratégias de defesa em resposta
às ameaças [emergentes]. A resiliência cibernética do
Brasil no cenário [digital] depende da capacidade do país
de proteger suas infraestruturas [críticas] e dados
[sensíveis], como os que foram utilizados nessa violação,
contra [invasores] mal-intencionados.
Nesse contexto complexo, a atuação da sociedade
civil organizada e dos setores produtivos é de extrema
relevância e DEVE2
colaborar estreitamente com o Estado
nas principais demandas e preocupações dos cidadãos e
dos mais diversos segmentos da economia. A principal
colaboração, neste momento, deve se concentrar em
garantir insumos ao desenvolvimento da Estratégia
Nacional de Cibersegurança. Esse trabalho está sendo
realizado pelo Comitê Nacional de Cibersegurança, sob a
coordenação do Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República (GSI).
Essa é uma prática que países como EUA, Reino
Unido e, mais recentemente, Chile já IMPLEMENTARAM3 e
visa fornecer um panorama detalhado dos desafios e
necessidades relacionados à segurança cibernética com
olhar multissetorial e sistêmico, bem como prioridades e
medidas para atendê-los. O objetivo é assegurar que esse
documento seja um verdadeiro compromisso nacional
abrangente e alinhado com as necessidades reais do país,
tanto nos aspectos econômicos e de segurança quanto no
aspecto social, uma vez que todos esses ataques TEM4
influência direta sobre os cidadãos.
Além disso, a relevância do GSI e os investimentos
realizados para o fortalecimento da ação da Polícia Federal
são inquestionáveis. O GSI desempenha um papel crucial
na coordenação das ações de defesa cibernética em nível
nacional, enquanto a PF, com o trabalho imprescindível de
investigação, necessita de recursos adicionais (e não de
cortes) para expandir sua capacidade tecnológica e
operacional. Investir na infraestrutura, na capacitação e
nas ferramentas necessárias para essas instituições é
essencial para que possam efetivamente educar, prevenir,
identificar e responder a incidentes cibernéticos.
A proteção no espaço digital não é apenas uma
questão tecnológica, mas, sim, de segurança aos ativos
nacionais. O Brasil, ao fortalecer sua infraestrutura
cibernética e criar políticas eficazes, não apenas aumenta a
própria resiliência, mas também contribui para a
estabilidade e a busca da segurança global no combate aos
cibercriminosos. Portanto, é imperativo que HAJA5 um
compromisso contínuo e reforçado do governo e de toda a
sociedade para enfrentar esses desafios com a seriedade e
a urgência que eles requerem.
Ao se considerar o futuro da cibersegurança no
Brasil, é fundamental que todas as medidas sejam tomadas
não apenas reativamente, mas, principalmente,
proativamente. Se queremos vencer essa batalha,
precisamos estar sempre um passo à frente dos criminosos
cibernéticos, com políticas e práticas que se adaptem
rapidamente às novas tecnologias e aos métodos de
ataque. Para tanto, devemos atuar na construção de uma
cultura nacional nesse tema, com a implementação efetiva
de uma política de cibersegurança. Só assim, o Brasil
poderá assegurar a integridade de sua infraestrutura
crítica e a proteção de seus cidadãos no ambiente digital.
TAVARES, Luana; DINIZ, Fábio. A urgente necessidade de aumentar a
resiliência cibernética do Brasil. Correio Braziliense, 29 de abril de 2024.
Disponível em:
https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2024/04/6846936-artigoa-urgente-necessidade-de-aumentar-a-resiliencia-cibernetica-dobrasil.html. Acesso em: 29 abr. 2024. Adaptado.