Questões de Português - Análise sintática para Concurso

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Q2380210 Português
Médicos alertam para riscos de cirurgia de mudança da cor dos olhos

Danos causados por tatuagem da córnea podem ser irreversíveis

        A mudança da cor dos olhos por meio de pigmentação feita em intervenção cirúrgica é procedimento de alto risco, com resultados irreversíveis, e deve ser realizado apenas sob estrita recomendação médica. O alerta é do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), que chama a atenção para publicações em redes sociais de pessoas que alegam terem se submetido à chamada ceratopigmentação com fins meramente estéticos, mais conhecido como tatuagem da córnea.

       Na maioria das vezes, tal procedimento é indicado somente para pacientes com cegueira permanente (ou com baixa visão extrema) com o objetivo de tentar recuperar a aparência de um olho normal. Dentre os problemas que podem ser causados pelo uso indevido dessa técnica estão o surgimento de lesões na córnea, que podem ser persistentes e levar à perfuração do olho, infecções graves (até no interior do olho), e aumento da pressão dentro do olho.

       Pacientes que já usaram a técnica informam dificuldade de enxergar, dor no olho, ardência, sensação de areia, aversão à luz e lacrimejamento persistente. Todas essas situações podem levar à redução da visão do paciente, seja na periferia ou no centro da visão, evoluindo, em alguns casos, para a cegueira permanente.
      Na chamada “tatuagem da córnea”, ou ceratopigmentação, é empregada uma técnica cirúrgica na qual micropigmentos de diferentes cores são implantados nas camadas mais internas da córnea para alterar sua coloração. O procedimento é destinado, principalmente, ao tratamento de manchas brancas que acometem os olhos de pacientes cegos.

     “Muitos pacientes que apresentam cegueira permanente em um olho sofrem com o estigma social que sua aparência pode provocar. A ceratopigmentação é uma técnica indicada para casos em que o paciente cego não se adapta à lente de contato cosmética (lente de contato colorida), ou quando não há indicação de evisceração ou enucleação (retirada do globo ocular) para adaptação de prótese ocular”, esclarece a cirurgiã oftalmologista Juliana Feijó Santos.

     “É importante enfatizar que a ceratopigmentação refere-se apenas à coloração corneana, sendo a modificação da coloração escleral (a parte branca do olho) totalmente proscrita (não deve ser realizada)”, destaca.
      A ceratopigmentação ganhou visibilidade no país nos primeiros dias de 2024 após a publicação de vídeo em rede social no qual uma brasileira com visão saudável afirma que realizou a cirurgia para mudar a cor dos olhos na Suíça. As imagens foram compartilhadas na página da clínica responsável pelo procedimento e já ganharam mais de 14 milhões de visualizações.

    No Brasil, o uso da ceratopigmentação para fins estéticos é desaconselhado pelo CBO em pacientes saudáveis. Segundo o conselho, o procedimento é recomendado exclusivamente para pessoas que perderam a visão e pode ser realizado apenas quando a córnea já está comprometida. O Conselho Federal de Medicina (CFM) também não autoriza o uso da técnica com essa finalidade.

    “Como em todos os procedimentos cirúrgicos, os principais riscos são de infecção e inflamação do olho operado”, alerta Juliana Feijó, especialista em córnea. Ela ressalta ainda que são poucas as evidências científicas dos efeitos de longo prazo do uso de pigmento no estroma corneano, corroborando a necessidade de cautela na busca pela ceratopigmentação. Outro ponto do alerta do CBO vem do fato da ceratopigmentação dificultar futuros exames e procedimentos oculares, como o mapeamento de retina e a cirurgia de catarata.

     Segundo a médica, mesmo como prática reparadora usada no atendimento de pacientes cegos, a cirurgia só deve ser realizada em um cenário em que sejam observados cuidados de biossegurança e com uma boa orientação pós-operatória, pois trata-se de um ato médico invasivo e de alto risco.

     “É muito importante estar atento ao estado prévio do olho a ser operado, uma vez que a patologia de base pode influenciar nas intercorrências, como perfurações em córneas finas, neoplasias [tumores] não diagnosticadas previamente, ou até o desenvolvimento de herpes ocular, ou rejeição de um transplante de córnea preexistente”, acrescenta Juliana.

     Quanto à infraestrutura do local do atendimento, o CBO diz que deve ser realizado em centro cirúrgico e com o paciente anestesiado. No pós-operatório, é imprescindível um seguimento clínico e uso correto dos colírios, para redução de riscos. Para pessoas que pretendem mudar sua imagem com a mudança na cor dos olhos, a indicação é de uso de outras estratégias, bem mais seguras.

     De acordo com a presidente do CBO, Wilma Lelis, pessoas com boa saúde ocular que, por motivos estéticos, desejem mudar a cor dos olhos têm como melhor alternativa o uso de lentes de contato cosméticas. Wilma alerta que mesmo elas devem ser usadas sempre com acompanhamento de um oftalmologista e os cuidados de higiene adequados, visto que a lente também interfere na biologia lacrimal e da superfície ocular com potenciais riscos.

   “O CBO recomenda que, em qualquer situação, medidas que possam trazer impacto na saúde ocular sejam amplamente discutidas com um médico oftalmologista. Ao fazermos essa orientação, com base em conhecimento técnico e científico reconhecido, queremos proteger a saúde da população e chamar a atenção para eventuais riscos aos quais pode ser exposta desnecessariamente”, concluiu Wilma.


(https://jc.ne10.uol.com.br/colunas/saude-e-bem-estar/2024/01/15658069-medicos-alertam-para-riscos-de-cirurgiade-mudanca-da-cor-dos-olhos.html . Acesso em 12/01/2024)
No fragmento: “tal procedimento é indicado”, o termo destacado exerce a mesma função sintática do elemento sublinhado em:
Alternativas
Q2379956 Português
Empreendedores culturais são o futuro que não demora



         Há algo de bonito e triste que sempre me chama atenção na letra de Fórmula Mágica da Paz, dos Racionais MC’s. Na letra, dizem que o espaço onde viviam nos anos 90 era como um campo minado, cheio de problemáticas estruturais. Mesmo assim, eles não desistiram de encontrar uma saída, uma solução. De lá para cá, passaram-se quase 30 anos e ainda identificamos pontos em comum com aquela realidade.

      O país, que foi marcado pela colonização e conflitos diversos, é palco de características únicas que atravessam e reverberam até os dias de hoje tanto nas vivências como na expressão artística da população preta e pobre. Em 2019, enquanto prestava mentorias com OPreta para empreendedoras negras e indígenas a convite da Feira Preta, aprendi a usar uma expressão que define bem essa gana por sobrevivência, esse jeitinho brasileiro de não desistir nunca: a sevirologia, arte de se virar e achar uma solução para tudo.

     O empreendedor cultural, assim como o empreendedor social, não busca somente resultados financeiros, mas também resultados com missão social-cultural. Esse empreendedor observa oportunidades, ou seja, onde o Estado atua de maneira desigual e insuficiente, lá está esse empreendedor investindo recursos financeiros ou não para realização de atividades que fomentem o bem-viver, a educação e formação de cidadãos.

         De acordo com pesquisa da Unesco, antes da pandemia, segmentos culturais e criativos tinham previsão de gerar R$ 43,7 bilhões para o Produto Interno Bruto (PIB) até 2021. Entretanto, conforme indicaram os resultados da Pesquisa da FGV, os setores de economia criativa, com atividades do setor cultural, estão entre os mais prejudicados pela recente crise sanitária.

         Felizmente, não é difícil afirmar que há uma crescente positiva em relação às expressões artísticas empreendedoras e autônomas, em diferentes formatos, não só musicais. Vemos celulares simples como trampolins para pessoas saírem do anonimato e protagonizarem suas narrativas cotidianas, a exemplo disso destaco a Fernanda Souza (@correrua) e Jef Delgado (@jefdelgado), diretores criativos e fotógrafos que alcançaram grandes marcas e símbolos relevantes para a cultura nacional e internacional.

       É possível que a associação não seja automática, mas acredito que pertencemos a uma geração que responde ao tempo. Refletimos o passado e desfrutamos, no presente, de direitos conquistados. Peço licença aos meus mais velhos para citar a ideologia de Sankofa, ao retornar ao passado ressignificamos o presente e construímos o futuro. E em minha opinião, no futuro, empreendedores culturais serão inevitáveis e contundentes para a sustentação da economia do país, talvez do mundo.


(Leila Evelyn dos Santos, “Empreendedores culturais são o
futuro que não demora”. Folha de S.Paulo, 28.07.2023. Adaptado)
Na passagem do 5º parágrafo – ... não é difícil afirmar que há uma crescente positiva... –, os termos destacados pertencem, correta e respectivamente, às mesmas classes de palavras daqueles destacados em:
Alternativas
Q2378820 Português

INSTRUÇÃO: Leia o texto I para responder à questão.


TEXTO I

Minha cachorra não sabe o que fizemos com o planeta


Giovana Madalosso


Eu e a minha cachorra costumamos sair para o nosso passeio noturno. Eu sei de quais canteiros ela mais gosta, que plantas prefere cheirar, por qual portão do prédio prefere voltar. Ela também me conhece. Caramba! A gente sabe que possivelmente esquecerei o controle remoto, que teremos que voltar pra pegar, que nessa hora direi algum palavrão em voz alta e, em algum momento, darei uma olhada no celular.


Ontem foi uma dessas noites em que saímos juntas. Quente demais para o mês de junho, eu usando uma blusa fina quando deveria estar de casaco. O que me fez pensar na crise climática. Segundo a ONU, os próximos cinco anos serão os mais quentes já registrados, com 98% de chance de que as temperaturas globais atinjam níveis recordes – e não, isso não é só devido ao El Niño.


Enquanto penso nisso, minha cachorra cheira o mato que cresce entre os paralelepípedos ao nosso redor, retardando ao máximo a sua volta para o apartamento. Puxo suavemente a sua coleira. É hora de ir.


Caminhamos em direção ao portão pelo qual ela prefere passar. Apalpo os meus diversos bolsos em busca do controle remoto. Trocamos um olhar, quem sabe até um sorriso maroto, o meu em forma de dentes, o dela em forma de rabo que abana, marcando uma possível consciência mútua do quanto sou atrapalhada, do quanto sempre demoramos para sair e para entrar.


De repente, me ocorre que ela sabe muito mais do que imagino. Talvez até perceba que o planeta está mudando, que há algo de estranho no ar mais quente e poluído.


Finalmente encontro o controle e entramos pelo portão, costuradas pelos nossos passos e pela certeza de que, conscientes ou não das mudanças ambientais, seguiremos juntas, seguiremos todos juntos, dividindo o mesmo presente, o mesmo futuro e o mesmo espaço – este planeta chamado Terra, para o qual ainda não descobriram um substituto.


FOLHA DE S.PAULO, 25 jun. 2023 (adaptado). 

Leia o trecho do texto I a seguir.

“[...] nessa hora direi algum palavrão em voz alta e, em algum momento, darei uma olhada no celular.”

Sobre o período, as expressões citadas e a função sintática transcritos no trecho, analise as afirmativas a seguir.


I.    “em algum momento” indica uma circunstância de finalidade.
II.   O período é composto por subordinação e possui três orações.
III.  O sujeito da primeira oração está subentendido na pessoa do verbo.
IV. “algum palavrão” é o objeto direto, pois não está regido de preposição.


Estão corretas as afirmativas
Alternativas
Q2378490 Português


Ricardo Grandi Bianco. Internet: politize.com.br (com adaptações).

Julgue o item, em relação às ideias do texto. 


Dadas as relações sintático-semânticas do último período do segundo parágrafo, é correto afirmar que, após o vocábulo “as”, no trecho “melhor do que as atuais” (linha 7), está subentendido o termo realidades.

Alternativas
Q2378332 Português
Texto CB1A1-III

        Toda língua satisfaz à necessidade humana de comunicação. Embora muitas pessoas do mundo de hoje sejam tentadas a gastar mais tempo em mídias sociais do que talvez deveriam, é o impulso das trocas linguísticas que as está levando a essa situação. Não importa o quão ocupadas algumas pessoas estejam, é difícil não participarem de alguma conversa na tela à sua frente, para opinar sobre assuntos dos quais elas sabem pouco e se importam menos ainda. Seja por meio de conversas informais, da absorção de informações vindas da televisão, da discussão de jogos ou da leitura/escrita de romances, falar e escrever conecta os humanos, de modo ainda mais íntimo, em uma comunidade.


Daniel Everett. Linguagem: a história da maior invenção da humanidade. Tradução de Mauricio Resende. São Paulo: Editora Contexto, Belo Horizonte: Gutenberg, 2019, p. 12-13 (com adaptações).

Julgue o item a seguir, relativo a aspectos linguísticos do texto CB1A1-III.


No trecho “é o impulso das trocas linguísticas que as está levando a essa situação” (segundo período), seria gramaticalmente correta a colocação da forma pronominal “as” em ênclise à forma de gerúndio “levando” — levando-as. 

Alternativas
Respostas
1886: E
1887: A
1888: D
1889: E
1890: C