Questões de Português - Classificação dos verbos (Regulares, Irregulares, Defectivos, Abundantes, Unipessoais, Pronominais) para Concurso
Foram encontradas 918 questões
Atenção: Nesta prova, considera-se uso correta da Língua Portuguesa o que está de acordo com a norma padrão escrita.
Leia o texto a seguir para responder as questões sobre seu conteúdo.
IMPEACHMENT É O MESMO QUE IMPEDIMENTO?
Por Aldo Bizzocchi. Disponível em: http://revistalingua.com.br/textos/blog- abizzocchi/impeachment-e-omesmo- que- impedimento-338123-1.asp Acesso em 21 abr 2016.
Nestes dias em que, diante do mar de lama que ameaça soterrar o governo brasileiro, setores da sociedade já começam a clamar pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff, muitos cronistas têm empregado o termo vernáculo "impedimento" em substituição ao anglicismo impeachment, o que faz ressurgir a dúvida: impeachment e impedimento são a mesma coisa? Em outras palavras, é lícito traduzir o termo inglês pelo português? Mais ainda, é aconselhável fazer isso?
O impeachment é a figura jurídica surgida no mundo anglo-saxônico que permite ao parlamento cassar o mandato do chefe do Executivo diante de acusações comprovadas de improbidade no exercício do cargo. O substantivo inglês impeachment, assim como o verbo empeach, provêm do antigo francês empêcher, "impedir", e empêchement, "impedimento", por sua vez originários do baixo latim impedicare, derivado de pedica, "ferros que se prendem aos pés do prisioneiro para impedir seu movimento". Daí talvez a tendência de traduzir impeachment como "impedimento". No entanto, o próprio inglês distingue impeach, "fazer acusações contra, acusar de improbidade no exercício de mandato", de impede, "impedir, obstruir, impossibilitar". E a Constituição brasileira prevê o impedimento, temporário ou permanente, de um mandatário como justificativa para que seu suplente ocupe o cargo. Ou seja, uma doença ou viagem ao Exterior são motivos de impedimento do presidente, quando então o vice assume o posto. Esses impedimentos por razões corriqueiras nada têm a ver com o impeachment, que só se aplica em caso de acusação grave, que desautorize moralmente o presidente de permanecer no cargo. Nesse sentido, seria melhor traduzir impeachment por "cassação" do que por "impedimento".
Logo, a tradução de impeachment por "impedimento" é inadequada, embora favorecida por uma certa semelhança sonora e parentesco etimológico. Evidentemente, o presidente cassado por impeachment fica definitivamente impedido de exercer seu mandato, mas, se o impeachment é um caso particular de impedimento, a recíproca não é verdadeira: nem todo impedimento se dá por impeachment.
Aldo Bizzocchi é doutor em Linguística pela USP, com pós- doutorado pela UERJ, pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Etimologia e História da Língua Portuguesa da USP, com pós- doutorado na UERJ. É autor de Léxico e Ideologia na Europa Ocidental (Annablume) e Anatomia da Cultura (Palas Athena). www.aldobizzocchi.com.br
A frase “a Constituição brasileira prevê o impedimento, temporário ou permanente, de um mandatário como justificativa para que seu suplente ocupe o cargo” está na voz ativa. Na voz passiva, ela assumiria corretamente qual das formas apontadas nas alternativas a seguir? Assinale-a.
INSTRUÇÕES: As questões de 1 a 4 dizem respeito ao TEXTO 1. Leia-o atentamente antes de respondê-las.
TEXTO 1
Aprenda a cuidar melhor dos pés, esses injustiçados
1 Normalmente não dispensamos a esses fiéis
escudeiros a atenção que merecem. Pior: quase
sempre os ignoramos, quando não os castigamos
com excesso de peso e sapatos que são
5 verdadeiros instrumentos de tortura. Mas ainda
está em tempo de tratar melhor os pés, que depois
dos 50 exibem os tristes resultados de décadas de
negligência. Pacientes diabéticos já são orientados
pelos médicos para redobrar os cuidados com essa
10 parte do corpo, mas mesmo quem não sofre da
doença ou de problemas como joanetes ou artrose
deve tomar precauções. Não perca seus pés de
vista: depois do banho, enxugue bem entre os
dedos, porque a umidade facilita a proliferação de
15 fungos. Verifique se a pele apresenta bolhas,
manchas avermelhadas ou algum ferimento. E
aprenda a tratá-los com mais carinho, porque são
fundamentais para nos manter ativos. Alguns
cuidados fundamentais para os pés são: manter
20 uma boa hidratação, manter as unhas sempre
limpas e aparadas, evitar sapatos inadequados,
promover o descanso, bem controlar o peso. em
G1 Disponível https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/aprenda-a-cuidar-melhor-dos-pes-esses-injusticados.ghtml (Fragmento adaptado) - Acesso em 22. jan. 2018
“Normalmente não dispensamos a esses fiéis escudeiros a atenção que merecem.” (linhas 1 e 2). Assinale o tempo e o modo verbal nos quais se encontra o verbo destacado:
Leia o texto para responder às questões de números 01 a 05.
A hipótese das avós
A maioria dos vertebrados morre quando o vigor reprodutivo chega ao fim. Seres humanos são uma das raras exceções.
Sob a perspectiva evolucionista, qual seria a explicação para que as avós, mulheres já estéreis que pouco contribuem para a produção de alimentos, permaneçam vivas e com a cognição preservada? Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) propõe uma explicação genética para esse fenômeno.
Em 1998, um trabalho de campo havia mostrado que no grupo Hazda, de caçadores-coletores da Tanzânia, sobreviviam mais crianças nas famílias com avós que ajudavam a alimentá-las e lhes transmitiam tradições culturais e ensinamentos ecológicos. Graças a essa atuação, seus genes levariam vantagem na passagem para as novas gerações, teoria que ficou conhecida como “a hipótese das avós”.
A deterioração da capacidade cognitiva associada ao envelhecimento, entretanto, compromete essas vantagens.
No estudo da PNAS, o grupo de Ajit Varki e Pascal Gagneux, da Universidade da Califórnia, avaliou a contribuição de um gene (CD33) envolvido no controle das respostas inflamatória e imunológica à doença de Alzheimer, enfermidade característica da fase pós-reprodutiva.
Pesquisas anteriores haviam documentado que esse gene tem duas variantes, uma das quais predispõe à doença, enquanto a outra protege contra ela. Para elucidar o papel do gene, o grupo comparou essas duas variantes com as dos chimpanzés, nossos parentes mais chegados. Verificaram que seres humanos e chimpanzés apresentam níveis semelhantes da variante deletéria, enquanto a protetora atinge níveis quatro vezes mais elevados entre nós. Esse achado sugere que os chimpanzés, primatas em que a morte costuma coincidir com o fim do período de fertilidade, nunca viveram o suficiente para usufruir as vantagens da variante protetora.
Pesquisando em bancos de dados do Projeto Genoma, os autores encontraram a variante protetora em etnias africanas, americanas, europeias e asiáticas.
O gene protetor, no entanto, não está presente em todas as pessoas. De qualquer forma, é muito interessante descobrir que nossa espécie selecionou uma variante para nos proteger de uma doença que somente se instalará na oitava ou na nona década de vida, fase distante da seleção reprodutiva. Esse mecanismo seletivo operaria no sentido de maximizar as contribuições de indivíduos em idade pós-reprodutiva, para a sobrevivência dos mais novos.
Os autores concluem que “as avós são tão importantes, que nós evoluímos genes para proteger suas mentes”.
(Drauzio Varella. www.cartacapital.com.br/revista/881/a-hipotese-das-avos, 27.12.2015. Adaptado)
A forma verbal que contém sentido de hipótese está destacada em:
Assinale a alternativa onde o verbo está na voz reflexiva.
AS QUESTÕES DE 1 A 10 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
Quando o sentido é subvertido
- O consumismo, isto é, a compra exagerada, a acumulação irrestrita e a substituição precoce
- dos bens de consumo é uma marca da nossa sociedade. A sedução e o efêmero orientam a frenética
- renovação do que existe e a criação de novas necessidades. Entre outros problemas, essa dinâmica
- gera a exploração predatória dos recursos naturais, o sofrimento dos animais não humanos, a
- naturalização do desperdício e a supressão da singularidade do indivíduo.
- Atualmente, a mentalidade consumidora infiltrou-se nos relacionamentos, na espiritualidade,
- na política e até na ordenação do tempo disponível. Assim, de modo geral, as pessoas têm suas vidas
- mercantilizadas, isto é, orientadas pelos princípios e lógica do mercado. Portanto não é de se
- estranhar que elas busquem nos bens de consumo, dentre outras coisas, a resposta às suas questões
- existenciais.
- Uma característica do ethos consumista atual é o que Gilles Lipovetsky denomina consumo
- experiência. Três dos seus aspectos são: 1) a busca por aventuras em locais que prometem o
- inesperado sem abrir mão do conforto e da segurança; 2) a procura por sensações novas nas
- mercadorias; e 3) a conquista da harmonia interior sem esforço e de modo imediato. Entretanto, os
- produtos e serviços que se enquadram nesse tipo de consumo, quando não esvaziam o sentido do que
- é vendido, o subvertem. Para mostrar isso, devemos pensar a razoabilidade destes para além do viés
- empreendedor-consumista. Vejamos alguns exemplos.
- Creio que todos já fizeram ou ouviram falar em piquenique. Pois bem, na cidade de São
- Paulo, um local vende a ideia dessa experiência sem inconvenientes e sem preocupações, que pode
- ser um ambiente com paredes decoradas, um teto feito com guarda-chuvas coloridos, algumas mesas
- de madeira postadas sobre uma grama artificial. A cesta de alimentos é fornecida pela própria casa.
- Mas será que este serviço entrega o que promete?
- Neste espaço, não precisamos planejar nada, não tomaremos uma eventual chuva, estaremos
- mais protegidos de um assalto e sequer nos preocuparemos com formigas que possam nos picar.
- Porém, é fato que isso subverte a experiência do piquenique, na medida em que a empobrece e a
- reduz enormemente. Ora, a graça do piquenique está nas descobertas que um ambiente não
- controlado proporciona, no planejamento do que levar, no pé na terra ou na grama real - enfim, é o
- contato com a natureza. Colocando de outra forma, esse tipo de serviço subverte a aventura real, pois
- o sentido dessa conflita com o que é controlado e seguro. Desse modo, esse piquenique não passa de
- um simulacro.
- O segundo aspecto do consumo experiencial é refletido pela onda gourmetizadora, que
- chegou até à pipoca! A versão gourmet da pipoca tem diversos sabores, vem dentro de latas
- decoradas, é exposta em carrinhos bem acabados e custa, muitas vezes, muito mais que a
- convencional. Na página de uma das marcas desse produto (procure no Google por pipoca gourmet),
- a criadora diz que pensou em proporcionar ao freguês uma experiência diferenciada, não só através
- da pipoca, mas também por meio de uma embalagem que envolve e encanta o cliente.
- Embora especiarias tenham sido adicionadas e a apresentação da pipoca seja diferente, isso
- não é razoável. Primeiramente porque você vai consumir um produto frio e que não é fresco, pois não
- é feito na hora. Ao criar-se uma atmosfera mágica em torno da pipoca, vende-se algo que esta não
- pode entregar, pois os signos e imagens a ela associados excedem as suas qualidades efetivas. Mais
- que isso, a versão gourmet não é superior à convencional, ela é apenas diferente. Desse modo, como
- na maioria dos produtos gourmetizados, o conceito excede o produto.
- O mercado também atende àqueles que querem a solução dos seus conflitos e conforto
- psíquico de modo rápido e fácil. A proliferação dos livros de autoajuda nas livrarias, que lotam as
- prateleiras e têm um lugar de destaque, é um exemplo disso. Em geral, duas são as ideias implícitas
- nos livros de autoajuda: a) receitas de felicidade e sucesso podem ser compradas e; b) seguindo o
- ensinamento destes livros, o sujeito, por meio da sua vontade, vai saber lidar e solucionar os
- problemas que o atingem.
- Talvez os manuais de autoajuda sirvam como paliativos - mas, eles não podem entregar o
- que prometem, pois esquemas prontos não respondem à singularidade do indivíduo. Ao venderem a
- ideia de que a conquista da felicidade só depende do leitor, não se considera que o sujeito está imerso
- num contexto onde existem variáveis que atuam em sua vida e que podem não serem controladas.
- Em parte, o consumo experiencial explica-se como um sintoma de uma sociedade que
- almeja a euforia perpétua, legitima os simulacros publicitários, festeja toda e qualquer novidade
- mercadológica, quer saúde física e mental rapidamente e sem esforço... Enfim, que procura a razão
- do seu existir no mercado. Contudo, esses produtos e serviços não têm razoabilidade, tendo em vista
- que se apropriam de atividades e ideias e as subvertem, espetacularizam o banal, e vendem a falsa
- ideia que a felicidade pode ser comprada. Isso evidencia o empobrecimento subjetivo e a
- heteronomia do sujeito nestas relações mercantis.
Quando o sentido é subvertido, Daniel Borgon. FILOSOFIA, Ciência & Vida, Ano IX, nº 120, p.72.
Ao reescrever a oração “O segundo aspecto do consumo experiencial é refletido pela onda gourmetizadora” (L.31) para a voz ativa, a forma verbal fica no seguinte modo e tempo:
“Todas as paixões e excessos que são permitidos, e até divertidos e catárticos, nas discussões de futebol só produzem discórdia, mentiras e mais intolerância no debate político e cultural”.
Nesse segmento do texto, os elementos que não equivalem estruturalmente são:
Com base no texto, assinale a alternativa que contém a classificação correta dos verbos destacados abaixo:
I. “Como dizem os especialistas” (linha 18) II. “Assim disse o genial escritor Mia Couto” (linha 20) III. “Imagine se contribuíssemos com a literatura...” (linha 26)
Contemplando o rosto do outro
asd Está nas livrarias o álbum de fotos de Vivian Maier. [...] Paisagens urbanas, pessoas e costumes americanos, registrados entre as décadas de 1950 e 1990. Essas fotos foram descobertas pelo historiador John Maloof que, em 2007, arrematou em leilão a caixa que guardava os negativos (a fotógrafa perdera o direito de acesso à caixa, por não ter dinheiro para resgatá-la do guarda-volumes em que a mantivera).
asd Vivian Maier era governanta de família rica de Chicago que depois se transferiu para Nova York. Sozinha pelas ruas da cidade, fotografava, com sua Rolleiflex, o que a interessava e que nunca mostrou a ninguém. Ela montou assim um mapa antropológico da América do pós-guerra, um mundo de classe média afluente, de miseráveis nas esquinas, de crianças sujas e mulheres de casacos de pele, de pilhas de caixotes abandonados e estações de metrô cheias de gente. Inspirada, Vivian Maier fotografou-se a si mesma, usando vitrines e espelhos de lojas, bem como sua própria sombra na calçada.
asd Ignorante do resto do mundo, Vivian Maier [...] era apenas intuitiva e curiosa, procurava na rua o que não via na casa de família em que trabalhava. O que não conhecia.
asd Um fotógrafo culto como Sebastião Salgado apoia seu assunto (os deserdados) em composições de espaço e de coisas, nuvens, florestas, montanhas que são alvos simultâneos de sua obra. A superfície artística do objeto de seu foco. Franceses como Pierre Verger e Raymond Depardon, que se dedicaram a registrar a África e os africanos, o fizeram por amor ao que fotografavam, mais que por fidelidade ideológica ou dever de ofício.
asd [...] É assim que Vivian Maier procura oferecer a ela mesma (posto que não contava com espectadores) o entendimento do outro. [...] Quando a câmera fotográfica foi inventada, em 1839, seu objetivo era esse mesmo. Como estamos em meados do século 19, o rosto do outro preferencial era, em geral, o de um herói público, de uma estrela do teatro, de uma família nobre (Dom Pedro II, um entusiasta da novidade tecnológica, se deixou fotografar perplexo diante das Pirâmides do Egito, em sua viagem particular ao Oriente Médio).
asd A morte democratizou o rosto que a câmera devia procurar. O húngaro Robert Capa, cobrindo guerras na primeira metade do século 20, inaugurou esse viés com seu célebre registro do momento da morte de um anônimo republicano espanhol, atingido por bala franquista. Essa foto ilustrou reportagem da revista Life, no ano de 1937, excitando o mundo inteiro com o glamour da miséria humana. Capa e parceiros inauguravam um novo jeito de fotografar o homem e o mundo. Ou o homem no mundo. Com dor.
asd Foi só por aí que a fotografia começou a ser reconhecida como arte, mesmo que saibamos do valor das fotos históricas anteriores a esse tempo, uma descoberta de nós mesmos no passado. Como nas de Marc Ferrez ou Augusto Malta, registros do Rio de Janeiro do final do século 19. Ou como na foto de Antonio Luiz Ferreira de missa no Campo de São Cristóvão, em 17 de maio de 1888, festa religiosa pela Abolição da Escravatura. Nessa última, pesquisadores do Portal Brasiliana Fotográfica identificaram recentemente o rosto de Machado de Assis, no meio de uma multidão de 30 mil pessoas.
asd Em seu livro sobre fotografia, “Regarding the pain of others” (numa tradução livre, “Contemplando a dor de outros”), Susan Sontag escreve que “a fotografia é como uma citação, uma máxima, um provérbio”, aludindo ao efeito de permanência das fotos, uma tradição nova da qual o homem não pode mais escapar. Nem tem razão para isso. [...]
Cacá Diegues, O Globo, 21/06/2015.
1º Caderno. Opinião. Excerto.
Considerar o seguinte fragmento, para responder às questões 04 e 05.
“a fotógrafa perdera o direito de acesso à caixa, por não ter dinheiro para resgatá-la do guarda-volumes em que a mantivera ” (1º parágrafo) |
Os verbos em destaque encontram-se no pretérito mais que perfeito do modo indicativo. A flexão nesse mesmo tempo se torna obrigatória para preencher corretamente a lacuna da frase com o verbo entre parênteses:
TEXTO 3
Fonte: plus.google.com
Paulo Leminski (1944-1989)
Aviso aos náufragos
Esta página, por exemplo,
não nasceu para ser lida.
Nasceu para ser pálida,
um mero plágio da Ilíada,
alguma coisa que cala,
folha que volta pro galho,
muito depois de caída.
Nasceu para ser praia,
quem sabe Andrômeda, Antártida
Himalaia, sílaba sentida,
nasceu para ser última
a que não nasceu ainda.
Palavras trazidas de longe
pelas águas do Nilo,
um dia, esta página, papiro,
vai ter que ser traduzida,
para o símbolo, para o sânscrito,
para todos os dialetos da Índia,
vai ter que dizer bom-dia
ao que só se diz ao pé do ouvido,
vai ter que ser a brusca pedra
onde alguém deixou cair o vidro.
Não é assim que é a vida?
Do título instigante ao belo e articulado corpo do poema, Leminski deixa clara sua estratégia provocativa de desmontar/remontar referências e sentidos. Um dos recursos que utiliza para isso é o da inversão. O aviso é aos ‘náufragos’ e não aos ‘navegantes’; a página em que escreve (o eu poético) ‘não nasceu para ser lida’, mas para ser pálida, para calar.
Assinale, adiante, a alternativa com o(s) verso(s) que NÃO expressa(m) esse recurso.
LÍNGUA PORTUGUESA
TEXTO 1
Este é um fragmento inicial do artigo “Foucault, as Palavras e as Coisas”, de Fran Alvina, publicado em setembro último no blog OUTRAS PALAVRAS. Leia-o, atentamente e responda às questões propostas a seguir:
“(…) Nas ‘democracias’ esvaziadas, não se tenta usurpar apenas o poder político, mas também o sentido dos termos. Por isso, a Resistência é também um ato linguístico.”
Parafraseando um texto clássico de Michel Foucault, As palavras e As Coisas [Le Mots et Les Choses], que agora em 2016 completa 50 anos de sua primeira edição, podemos afirmar que o poder se exerce sobre as palavras e as coisas. E nesses dias trágicos da vida nacional popular, tal se mostra cada vez mais claramente. O pen- sador francês nos faz ver ao longo de sua obra, arguta e perspicaz, que o poder não se exerce apenas sob a forma dos aparelhos repressores — ou seja, o poder não é apenas aquele que se impõe pela força física, pela coação do corpo. O poder também se faz no e por meio dos discursos. Mesmo aqueles que não são proferidos dos clássicos lugares do poder, são discursos de poder. Por isso, o caráter discursivo do Golpe não é menor que seu caráter político. São indissociáveis, pois não há política sem discurso, não há vida política sem a ação das palavras que significam e ressignificam as coisas. Sem a palavra, sobra ao poder apenas a coação física, mas essa forma, embora possa ser mais rápida e direta, é menos sutil, portanto mais fácil de ser denunciada.(…)”
Fran Alavina. http://outraspalavras.net/brasil/foucault-as-palavras-e-as-coisas/
“não há política sem discurso”
Nesse trecho do texto, quanto à classe gramatical, as palavras destacadas são, respectivamente:
“Vós optais pelo que é fácil”. O verbo em destaque encontra-se conjugado, em tempo e modo, no:
“Neste caso, recorreremos à justiça!”. De acordo com a predicação verbal, o termo em destaque na oração classifica-se como:
Quanto às vozes verbais, marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
( ) O menino feriu-se com a faca. (Voz passiva sintética)
( ) A conta foi paga pelo supervisor. (Voz reflexiva)
( ) O sujeito escreveu em todos os muros. (Voz ativa)
Leia o texto a seguir para responder as próximas 7 (sete) questões.
A IMPORTÂNCIA DO CACOETE NA EVOLUÇÃO LINGUÍSTICA
Por Aldo Bizzochi. Adaptado de:
http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-abizzocchi/a-importancia-docacoete-na-evolucao-linguistica-337681-1.asp Acesso em 30 mar 2015.
A maior parte das inovações linguísticas surge da fala informal e não da fala ou da escrita formais. Exceto por neologismos técnicos, que em geral nascem em textos acadêmicos impressos, é sempre a fala popular que institui novas pronúncias (e, no limite, conduz à mutação fonética), novas construções sintáticas (por exemplo, a tendência à próclise é uma criação da fala brasileira) e novas palavras.
Por isso mesmo, é nos períodos costumeiramente chamados "de barbárie", em que não há ensino formal da língua, e quase todos os falantes são ágrafos, que as mudanças linguísticas ocorrem mais depressa. Não foi por outra razão que a língua da Lusitânia passou, durante a Alta Idade Média (séculos 5 a 11 d.C.), isto é, em apenas seis séculos, do latim vulgar ao ibero-romance e deste ao galego-português, ou português arcaico. Em compensação, a partir do estabelecimento do Estado português e da institucionalização da educação, sobretudo a partir do século 16, a língua mudou relativamente pouco. Isso significa que o português de Camões está mais próximo do atual que daquele das cantigas trovadorescas.
Um dos muitos fatores que contribuem para a mudança linguística é, por incrível que pareça, o cacoete. Na fala cotidiana, em que temos de pensar e falar ao mesmo tempo, tendemos a truncar palavras e frases, a repetir elementos, seja por redundância (a fala é, por natureza, muito mais redundante que a escrita, já que o ruído na comunicação também é muito maior) ou por insegurança, e a gaguejar bastante. Também são comuns as "muletas do discurso", certas expressões-chavão que utilizamos a todo momento (como "sei lá", "tipo assim", etc.) para preencher o vazio comunicativo enquanto pensamos ou para nos aliviar do peso de termos de ser criativos o tempo todo.
Muitas características definidoras de certos idiomas, como a negação dupla em francês (jene sais pas), resultam de cacoetes que, de tão disseminados na fala popular, acabaram sendo integrados à norma e hoje fazem parte da gramática da língua. [...].
O que são esses anacolutos que transformam uma oração do tipo sujeito-predicado em uma do tipo tópico-comentário senão cacoetes de fala que se espalham por contágio? Basta assistir no YouTube a entrevistas de 30 ou 40 anos atrás e compará-las com a fala atual das pessoas na TV para observar como a frequência desse tipo de construção aumentou nos últimos anos, mesmo entre pessoas escolarizadas, como repórteres, atores e cantores de MPB.
Redundâncias como as do espanhol (Le di una manzana a la maestra, "Dei uma maçã à professora"), do italiano (Questa mela la mangio io, "Esta maçã quem vai comer sou eu") ou do inglês (At what time do you do your homework?, "A que horas você faz a lição de casa?") nada mais são do que a cristalização e subsequente oficialização de antigos cacoetes que, por terem sido introduzidos, ou pelo menos disseminados, por falantes de uma certa influência social, contaminaram a maioria dos falantes há séculos e, de tão arraigados na fala coloquial, ascenderam à categoria de leis gramaticais, tornando-se, portanto, de uso obrigatório.
“A escrita foi alterada pelas pessoas que falam o idioma.” Transpondo esse trecho para a voz ativa, a forma verbal resultante foi escrita corretamente em qual das alternativas? Assinale-a:
Texto para responder às questões de 01 a 14.
Uma velhinha
Quem me dera um pouco de poesia, esta manhã, de simplicidade, ao menos para descrever a velhinha do Westfálial E uma velhinha dos seus setenta anos, que chega todos os dias ao Westfália (dez e meia, onze horas), e tudo daquele momento em diante começa a girar em torno dela. Tudo é para ela. Quem nunca antes a viu, chama o garçom e pergunta quem ela é. Saberá, então, que se trata de uma velhinha “de muito valor”, professora de inglês, francês e alemão, mas “uma grande criadora de casos”.
Não é preciso perguntar de que espécie de casos, porque, um minuto depois, já a velhinha abre sua mala de James Bond, de onde retira, para começar, um copo de prata, em seguida, um guardanapo, com o qual começa a limpar o copo de prata, meticulosamente, por dentro e por fora. Volta à mala e sai lá de dentro com uma faca, um garfo e uma colher, também de prata. Por último o prato, a única peça que não é de prata. Enquanto asseia as “armas” com que vai comer, cnama o garçom e manda que leve os talheres e a louça da casa. Um gesto soberbo de repulsa.
O garçom (brasileiro) tenta dizer alguma coisa amável, mas ela repele, por considerar (tinha razão) a pronúncia defeituosa. E diz, em francês, que é uma pena aquele homem tentar dizer todo dia a mesma coisa e nunca acertar. Olha-nos e sorri, absolutamente certa de que seu espetáculo está agradando, Pede um filete recomenda que seja mais bem do que malpassado. Recomenda pressa, enquanto bebe dois copos de água mineral. Vem o filet e ela, num resmungo, manda voltar, porque está cru. Vai o filet, volta o filet e ela o devolve mais uma vez alegando que está assado demais. Vem um novo filet e ela resolve aceitar, mas, antes, faz com os ombros um protesto de resignação.
Pela descrição, vocês irão supor que essa velhinha é insuportável. Uma chata. Mas não. É um encanto. Podia ser avó da Grace Kelly. Uma mulher que luta o tempo inteiro pelos seus gostos. Não negocia sua comodidade, seu conforto. Não confia nas louças e nos talheres daquele restaurante de aparência limpíssima. Paciência, traz de sua casa, lavados por ela, a louça, os talheres e o copo de prata. Um dia o garçom lhe dirá um palavrão? Não acredito. A velhinha tão bela e frágil por fora, magrinha como ela é, se a gente abrir, vai ver tem um homem dentro. Um homem solitário, que sabe o que quer e não cede “isso” de sua magnífica solidão.
(MARIA, Antônio. “Com Vocês, Antônio Maria”. Rio de Janeiro: Editora Paze Terra, 1964, p. 262.)
“... traz de sua casa, lavados por ela, a louça, os talheres e o copo de prata.” (§4)
Caso a oração expressa na voz passiva do fragmento acima seja redigida na forma composta da voz ativa, uma forma de redação possível será:
Leia o texto a seguir e responda às questões de 7 a 13:
“Pode dizer-se que a presença do negro representou sempre fator obrigatório no desenvolvimento dos latifúndios coloniais. Os antigos moradores da terra foram, eventualmente, prestimosos colaboradores da indústria extrativa, na caça, na pesca, em determinados ofícios mecânicos e na criação do gado. Dificilmente se acomodavam, porém, ao trabalho acurado e metódico que exige a exploração dos canaviais. Sua tendência espontânea era para as atividades menos sedentárias e que pudessem exercer-se sem regularidade forçada e sem vigilância e fiscalização de estranhos”. (Sérgio Buarque de Holanda, in Raízes).Fonte:http://maiseducativo.com.br/interpre tar-textos-presenca-negro-nos-latifundios/
A palavra “foram” é a conjugação do verbo:
Observe a charge a seguir e responda às questões de 1 a 6:
Fonte:http://www.querodesenho.com/category/charg es/page/8/.
A palavra “criado” está na forma nominal do verbo denominada:
Leia atentamente o texto a seguir para responder às questões de 01 a 07.
O homem e a galinha
Era uma vez um homem que tinha uma galinha. Era uma galinha como as outras. Um dia a galinha botou um ovo de ouro.
O homem ficou contente. Chamou a mulher:
– Olha o ovo que a galinha botou.
A mulher ficou contente:
– Vamos ficar ricos!
E a mulher começou a tratar bem da galinha. Todos os dias a mulher dava mingau para a galinha. Dava pão-de-ló, dava até sorvete. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:
– Pra que esse luxo com a galinha? Nunca vi galinha comer pão-de-ló… Muito
menos tomar sorvete!
– É, mas esta é diferente! Ela bota ovos de ouro!
O marido não quis conversa:
– Acaba com isso mulher. Galinha come é farelo.
Aí a mulher disse:
– E se ela não botar mais ovos de ouro?
– Bota sim – o marido respondeu.
A mulher todos os dias dava farelo à galinha. E a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:
– Farelo está muito caro, mulher, um dinheirão! A galinha pode muito bem comer milho.
– E se ela não botar mais ovos de ouro?
– Bota sim – o marido respondeu.
Aí a mulher começou a dar milho pra galinha. E todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Vai que o marido disse:
– Pra que esse luxo de dar milho pra galinha? Ela que procure o de-comer no quintal!
– E se ela não botar mais ovos de ouro? – a mulher perguntou.
– Bota sim – o marido falou.
E a mulher soltou a galinha no quintal. Ela catava sozinha a comida dela. Todos os dias a galinha botava um ovo de ouro. Um dia a galinha encontrou o portão aberto. Foi embora e não voltou mais. Dizem, eu não sei, que ela agora está numa boa casa onde tratam dela a pão-de-ló.
(Ruth Rocha, Enquanto o mundo pega fogo,2. ed.Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984.p.14-9.)
Em “Acaba com isso, mulher” o tempo verbal indica:
Todas as orações abaixo, possuem verbos no pretérito perfeito do indicativo. EXCETO em:
Marque a opção em que todos os verbos estão em tempos do pretérito: