Questões de Concurso
Comentadas sobre coesão e coerência em português
Foram encontradas 4.202 questões
Atenção: Leia o texto “Liberdade e necessidade ao revés”, de Eduardo Giannetti, para responder às questões de números 6 a 12.
“Por meios honestos se você conseguir, mas por quaisquer meios faça dinheiro”, preconiza - prenhe de sarcasmo - o verso de Horácio. Desespero, precisão ou cobiça, dentro ou fora da lei: o dinheiro nos incita a fazer o que de outro modo não faríamos. Suponha, entretanto, um súbito e imprevisto bafejo da fortuna - um prêmio lotérico, uma indenização milionária, uma inesperada herança. Quem continuaria a fazer o que faz para ganhar a vida caso não fosse mais necessário fazê-lo? Estamos acostumados a considerar o trabalho como algo a que nos sujeitamos, mais ou menos a contragosto, para obter uma renda - como um sacrifício ou necessidade imposta de fora; ao passo que o consumo é tomado como a esfera por excelência da livre escolha: o território sagrado para o exercício da nossa liberdade individual. A possibilidade de satisfazer, ainda que parcialmente, nossos desejos e fantasias de consumo se afigura como a merecida recompensa - ou suborno, diriam outros - capaz de atenuar a frustração e aliviar o aborrecimento de ocupações que de outro modo não teríamos e não nos dizem respeito.
Daí que, na feliz expressão do jovem Marx, “o trabalhador só se sente ele mesmo quando não está trabalhando; quando ele está trabalhando, ele não se sente ele mesmo”. - Mas, se o mundo do trabalho está vedado às minhas escolhas e modo de ser; onde poderei expressar a minha individualidade? Impedido de ser quem sou no trabalho - escritório, chão de fábrica, call center, guichê, balcão -, extravaso a minha identidade no consumo - shopping, butique, salão, restaurante, showroom. Fonte de elã vital, o ritual da compra energiza e a posse ilumina a alma do consumidor. A compra de bens externos molda a identidade e acena com a promessa de distinção: ser notado, ser ouvido, ser tratado com simpatia, respeito e admiração pelos demais. Não o que faço, mas o que possuo - e, sobretudo, o que sonho algum dia ter - diz ao mundo quem sou. Servo impessoal no ganho, livre e soberano no gasto.
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016)
O termo sublinhado em “Estamos acostumados a considerar o trabalho como algo a que nos sujeitamos, mais ou menos a contragosto, para obter uma renda” (1o parágrafo) refere-se a
Atenção: Leia o conto “Casos de baleias”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder às questões de números 1 a 5.
A baleia telegrafou ao superintendente da Pesca, queixando-se de que estava sendo caçada demais, e a continuar assim sua espécie desapareceria com prejuízo geral do meio ambiente e dos usuários.
O superintendente, em ofício, respondeu à baleia que não podia fazer nada senão recomendar que de duas baleias uma fosse poupada, e esta ganhasse número de registro para identificar-se.
Em face dessa resolução, todas as baleias providenciaram registro, e o obtiveram pela maneira como se obtêm essas coisas, à margem dos regulamentos. O mar ficou coalhado de números, que rabeavam alegremente, e o esguicho dos cetáceos, formando verdadeiros festivais no alto oceano, dava ideia de imenso jardim explodindo em repuxos, dourados de sol, ou prateados de lua.
Um inspetor da Superintendência, intrigado com o fato de que ninguém mais conseguia caçar baleia, pôs-se a examinar os livros e verificou que havia infinidade de números repetidos. Cancelou-se o registro, e os funcionários responsáveis pela fraude, jogados ao mar, foram devorados pelas baleias, que passaram a ser caçadas indiscriminadamente. A recomendação internacional para suspender a caça por tempo indeterminado só alcançará duas baleias vivas, escondidas e fantasiadas de rochedo, no litoral do Espírito Santo.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. São Paulo: Companhia das Letras, 2012)
Retoma um termo mencionado anteriormente no texto a palavra sublinhada no seguinte trecho:
FIPA Brasil-Portugal: Desafios e conquistas na preservação do patrimônio histórico são debatidos em São Luís (MA)
- Começou. De hoje até sexta-feira (14 a 16/06/2023), o Centro Histórico de São Luís
- (Maranhão) se torna o _________ das discussões sobre conservação e reuso do Patrimônio
- Arquitetônico no Brasil e em Portugal. Com o tema “Diversidade em diálogos permanentes”, o
- 9º Fórum Internacional de Patrimônio Arquitetônico (FIPA) reúne os mais importantes
- pesquisadores da área de patrimônio dos dois países, em uma troca de conhecimentos e
- experiências vibrante e intensa O objetivo é trazer à tona as técnicas e soluções mais recentes,
- unindo inovação e tradição.
- O FIPA foi idealizado pelas arquitetas Maria Rita Amoroso, brasileira, e Alice Tavares,
- portuguesa, com o objetivo de fortalecer a relação entre Portugal e Brasil no campo do
- patrimônio, discutindo técnicas construtivas e promovendo a valorização, conservação e
- salvaguarda de bens materiais e imateriais nos dois países. “O FIPA certifica a força da união
- Brasil-Portugal. Trabalha a diversidade das culturas que nos faz progredir juntos. Diálogos
- conscientes, resilientes, históricos e artísticos”, disse Maria Rita na solenidade de abertura.
- O presidente da União Internacional de Arquitetos (UIA), José Luis Cortés, parabenizou os
- organizadores do FIPA pelos resultados alcançados ao longo dos anos. “Como vocês sabem,
- proteger o Patrimônio Histórico foi a missão que norteou a criação da UIA em 1948. A Europa
- estava destruída pela Guerra. Unimos 120 países nessa missão e desde então temos trabalhado
- com esse tema em todo o mundo”, disse. Ele também destacou a importância dos centros
- históricos para o debate sobre sustentabilidade e mudanças climáticas.
- “Este evento integra três vértices da minha vida: patrimônio, pesquisa científica e militância
- profissional”, disse a presidente do CAU Brasil, Nadia Somekh. “Não podemos esquecer que a
- questão do patrimônio é uma questão urbana. O Brasil precisa de Arquitetura e Urbanismo. Não
- falta trabalho para os arquitetos realizarem. Precisamos sensibilizar a população sobre a
- Arquitetura, sobre o Patrimônio e sobre a Amazônia”.
- Coordenador do FIPA Portugal e professor da Universidade de Aveiro, Aníbal Costa enfatizou
- a dificuldade de colocar o conhecimento acadêmico em prática, em aproximar a teoria da
- realidade. “É difícil colocar esse conhecimento na utilização do dia a dia. Essa é uma dificuldade
- que existe em Portugal e no Brasil”, afirmou, reforçando a necessidade de unir esforços em
- eventos como o FIPA, para conservar e salvaguardar o patrimônio histórico.
- Por conseguinte, Leandro Grass, presidente do Iphan, destacou que o Patrimônio deve
- ser discutido com vistas à promoção da cidadania. “Que as tecnologias e conhecimentos aqui
- debatidos possam servir à cidadania, com foco no ser humano. O Patrimônio é a história das
- pessoas, suas esperanças e seus sentimentos”, disse.
(Disponível em: https://caubr.gov.br/fipa-brasil-portugal-desafios-e-conquistas-na-preservacao-do-patrimonio-historico-sao-debatidos-em-sao-luis-ma/ – texto adaptado especialmente para esta prova).
O termo “que”, localizado na linha 16, possui como referente:
FIPA Brasil-Portugal: Desafios e conquistas na preservação do patrimônio histórico são debatidos em São Luís (MA)
- Começou. De hoje até sexta-feira (14 a 16/06/2023), o Centro Histórico de São Luís
- (Maranhão) se torna o _________ das discussões sobre conservação e reuso do Patrimônio
- Arquitetônico no Brasil e em Portugal. Com o tema “Diversidade em diálogos permanentes”, o
- 9º Fórum Internacional de Patrimônio Arquitetônico (FIPA) reúne os mais importantes
- pesquisadores da área de patrimônio dos dois países, em uma troca de conhecimentos e
- experiências vibrante e intensa O objetivo é trazer à tona as técnicas e soluções mais recentes,
- unindo inovação e tradição.
- O FIPA foi idealizado pelas arquitetas Maria Rita Amoroso, brasileira, e Alice Tavares,
- portuguesa, com o objetivo de fortalecer a relação entre Portugal e Brasil no campo do
- patrimônio, discutindo técnicas construtivas e promovendo a valorização, conservação e
- salvaguarda de bens materiais e imateriais nos dois países. “O FIPA certifica a força da união
- Brasil-Portugal. Trabalha a diversidade das culturas que nos faz progredir juntos. Diálogos
- conscientes, resilientes, históricos e artísticos”, disse Maria Rita na solenidade de abertura.
- O presidente da União Internacional de Arquitetos (UIA), José Luis Cortés, parabenizou os
- organizadores do FIPA pelos resultados alcançados ao longo dos anos. “Como vocês sabem,
- proteger o Patrimônio Histórico foi a missão que norteou a criação da UIA em 1948. A Europa
- estava destruída pela Guerra. Unimos 120 países nessa missão e desde então temos trabalhado
- com esse tema em todo o mundo”, disse. Ele também destacou a importância dos centros
- históricos para o debate sobre sustentabilidade e mudanças climáticas.
- “Este evento integra três vértices da minha vida: patrimônio, pesquisa científica e militância
- profissional”, disse a presidente do CAU Brasil, Nadia Somekh. “Não podemos esquecer que a
- questão do patrimônio é uma questão urbana. O Brasil precisa de Arquitetura e Urbanismo. Não
- falta trabalho para os arquitetos realizarem. Precisamos sensibilizar a população sobre a
- Arquitetura, sobre o Patrimônio e sobre a Amazônia”.
- Coordenador do FIPA Portugal e professor da Universidade de Aveiro, Aníbal Costa enfatizou
- a dificuldade de colocar o conhecimento acadêmico em prática, em aproximar a teoria da
- realidade. “É difícil colocar esse conhecimento na utilização do dia a dia. Essa é uma dificuldade
- que existe em Portugal e no Brasil”, afirmou, reforçando a necessidade de unir esforços em
- eventos como o FIPA, para conservar e salvaguardar o patrimônio histórico.
- Por conseguinte, Leandro Grass, presidente do Iphan, destacou que o Patrimônio deve
- ser discutido com vistas à promoção da cidadania. “Que as tecnologias e conhecimentos aqui
- debatidos possam servir à cidadania, com foco no ser humano. O Patrimônio é a história das
- pessoas, suas esperanças e seus sentimentos”, disse.
(Disponível em: https://caubr.gov.br/fipa-brasil-portugal-desafios-e-conquistas-na-preservacao-do-patrimonio-historico-sao-debatidos-em-sao-luis-ma/ – texto adaptado especialmente para esta prova).
Em relação aos recursos coesivos, analise as assertivas abaixo:
I. O pronome pessoal “Ele” (l. 18) possui como referente o termo “tema”, localizado anteriormente na mesma linha.
II. A expressão “Este evento”, localizada na linha 20, refere-se ao Fórum Internacional de Patrimônio Arquitetônico.
III. Os pronomes possessivos “suas” (l. 33) e “seus” (l. 33) têm o mesmo referente, o qual é representado pela palavra “pessoas” (l. 33).
Quais estão corretas?
Texto para responder às questões 5 e 6.
1 Em vista da proeminência dos jesuítas como
aristocracia intelectual e cultural da Colônia, e do
consequente interesse de seus monumentos, a destruição e
4 desfiguração em larga escala que os atingiu são uma perda
lastimável para o patrimônio brasileiro.
Contudo, em certos casos, foram preservadas plantas,
7 elevações e vistas de obras que depois se perderam ou foram
modificadas a ponto de ficarem irreconhecíveis. O Arquivo
Militar do Rio de Janeiro, em particular, conserva uma
10 coleção de desenhos setecentistas das construções dos
jesuítas no Brasil, feitos por engenheiros militares
portugueses, que foram exaustivamente estudados por
13 Robert C. Smith.
BURY, John. Arquitetura e Arte no Brasil Colonial. Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira (org.). Brasília, DF: IPHAN/MONUMENTA, 2006, p. 68, com adaptações.
A palavra “Contudo”, linha 6, sublinhada no texto pode ser substituída, sem prejuízo ao sentido original do texto, por
TEXTO I - base para responder às questões de 01 a 06
Tratamento de dados pessoais pelo poder público
Apresentação
O tratamento de dados pessoais pelo Poder Público possui muitas peculiaridades, que decorrem, em geral, da necessidade de compatibilização entre o exercício de prerrogativas estatais típicas e os princípios, regras e direitos estabelecidos na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 - LGPD).
Diante desse cenário, o desafio posto é o de estabelecer parâmetros objetivos, capazes de conferir segurança jurídica às operações com dados pessoais realizadas por órgãos e entidades públicos. Trata-se de assegurar a celeridade e a eficiência necessárias à execução de políticas e à prestação de serviços públicos com respeito aos direitos à proteção de dados pessoais e à privacidade.
Entre outros aspectos relevantes, muitos órgãos e entidades públicos têm questionado a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) sobre (i) o âmbito de incidência da LGPD e a aplicação de seus conceitos básicos ao setor público; (ii) a adequada interpretação das bases legais que autorizam o tratamento de dados pessoais; (iii) os requisitos e as formalidades a serem observados nas hipóteses de uso compartilhado de dados pessoais; e (iv) a relação entre as normas de proteção de dados pessoais e o acesso à informação pública.
Considerando essas questões, o presente Guia Orientativo busca delinear parâmetros que possam auxiliar entidades e órgãos públicos nas atividades de adequação e de implementação da LGPD. As orientações apresentadas constituem um primeiro passo no processo de delimitação das interpretações sobre a LGPD aplicáveis ao Poder Público. Por isso, a versão publicada ficará aberta a comentários e contribuições de forma contínua, com o fim de atualizar o Guia oportunamente, à medida que novas regulamentações e entendimentos forem estabelecidos, a critério da ANPD. As sugestões podem ser enviadas para a Ouvidoria da ANPD, por meio da Plataforma Fala.BR (https://falabr.cgu.gov.br/).
Cumpre enfatizar que não é objeto deste Guia a definição de conceitos básicos previstos na LGPD. Em caso de dúvida, sugere-se consultar a página de documentos e publicações da ANPD, na qual estão disponíveis orientações mais específicas sobre esses conceitos, a exemplo do Guia Orientativo para Definições dos Agentes de Tratamento de Dados Pessoais e do Encarregado.
O Guia inicia com uma breve explanação sobre a LGPD, o conceito de Poder Público e as competências da ANPD. A seguir, são apresentadas orientações sobre as bases legais mais comuns e os mais relevantes princípios que devem nortear o tratamento de dados pessoais por entidades e órgãos públicos. Na parte final, serão abordadas duas operações específicas de tratamento de dados pessoais pelo Poder Público: o compartilhamento e a divulgação de dados pessoais, sempre sob o enfoque da conformidade do tratamento com a LGPD. Os Anexos | e |l trazem, respectivamente, um sumário das recomendações apresentadas na análise dos dois casos específicos mencionados.
A LGPD, o poder público e as competências da ANPD
A LGPD foi promulgada em 2018 e tem como objetivo regulamentar o tratamento de dados pessoais para garantir o livre desenvolvimento da personalidade e a dignidade da pessoa humana. Para isso, a lei estabelece uma série de regras a serem seguidas pelos agentes de tratamento, incluindo o Poder Público.
O termo “Poder Público” é definido pela LGPD de forma ampla e inclui órgãos ou entidades dos entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e dos três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), inclusive das Cortes de Contas e do Ministério Público. Assim, os tratamentos de dados pessoais realizados por essas entidades e órgãos públicos devem observar as disposições da LGPD, ressalvadas as exceções previstas no art. 4º da lei.
Também se incluem no conceito de Poder Público: (i) os serviços notariais e de registro (art. 23, §4º); e (ii) as empresas públicas e as sociedades de economia mista (art. 24), neste último caso, desde que (ii.i.) não estejam atuando em regime de concorrência; ou (ii.ii) operacionalizem políticas públicas, no âmbito da execução destas.
A LGPD visa, ainda, assegurar que dados pessoais sejam utilizados de forma transparente e com fins legítimos, ao mesmo tempo garantindo os direitos dos titulares. Especificamente em relação ao Poder Público, a LGPD (art. 55-J, Xl e XVI) prevê que a ANPD pode solicitar informe específico sobre o âmbito, a natureza dos dados e demais detalhes envolvidos na operação, bem como realizar auditorias sobre o tratamento de dados pessoais. O art. 52, § 3º, estabelece quais sanções podem ser aplicadas às entidades e aos órgãos públicos, com expressa exclusão das penalidades de multa simples ou diária previstas na LGPD.
Importante ressaltar que a ANPD é o órgão central de interpretação da LGPD e do estabelecimento de normas e diretrizes para sua implementação, no que se inclui a deliberação administrativa, em caráter terminativo, sobre a interpretação da lei e sobre as suas próprias competências e casos omissos (art. 55-K, parágrafo único; art. 55-J, XX). Além disso, a autoridade nacional detém competência exclusiva para aplicar as sanções administrativas previstas na LGPD, com prevalência de suas competências sobre outras correlatas de entidades e órgãos da administração pública no que se refere à proteção de dados pessoais (art. 55-K).
Assim, a ANPD possui competência originária, específica e uniformizadora no que concerne à proteção de dados pessoais e à aplicação da LGPD, previsão legal que deve ser interpretada de forma a se compatibilizar com a atuação de outros entes públicos que possam eventualmente tratar sobre o tema. A esse respeito, a LGPD (art. 55-J, § 3º) estabelece que à ANPD deve atuar em coordenação e articulação com outros órgãos e entidades públicos, visando assegurar o cumprimento de suas atribuições com maior eficiência e promover o adequado funcionamento dos setores regulados.
Importante ressaltar, por fim, que o servidor público que infrinja a LGPD também é passível de responsabilização administrativa pessoal e autônoma, conforme o art. 28 do Decreto Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro). Dessa forma, tratar dados pessoais indevidamente, como, por exemplo, vendendo banco de dados, alterando ou suprimindo cadastros de forma inadequada ou usando dados pessoais para fins ilegítimos pode levar à responsabilização do servidor público que praticou o ato ilegal.
Fonte: https://www.gov.br/anpd/pt-br/documentos-e-publicacoes/guia-poder-publico-anpd-versao-final.pdf (adaptado). Acesso em: 19 ago. 2022.
Observe novamente o parágrafo a seguir:
"Cumpre enfatizar que não é objeto deste Guia a definição de conceitos básicos previstos na LGPD. Em caso de dúvida, sugere-se consultar a página de documentos e publicações da ANPD, na qual estão disponíveis orientações mais específicas sobre esses conceitos, a exemplo do Guia Orientativo para Definições dos Agentes de Tratamento de Dados Pessoais e do Encarregado”.
Com base na leitura dessa passagem, qual das palavras destacadas nas alternativas abaixo estabelece coesão referencial retomando um termo que a antecede?
Considere o discurso a seguir, proferido na Câmara dos Deputados, em homenagem póstuma ao presidente americano John Kennedy, para responder as próximas questões.
"Foi como se uma luz se tivesse apagado, de repente, no mundo. Foi como se uma noite de angústia e de soturnos íncubos tivesse baixado, repentinamente, sobre a face da Terra. Foi como se um pesadelo e uma delirante alucinação tivesse, inesperadamente, dilacerado nas suas garras de loucura o coração de milhões de homens. Eram aquelas horas mansas e preguiçosas, quando a tarde escorre, plácida, para os braços do crepúsculo, velho e cansado porteiro da noite; mas aquele dia, a noite se antecipou. la descer primeiro sobre os corações; depois, sobre o mundo. A noite com o seu mistério, a noite com os seus fantasmas, a noite com o seu pavor, a noite com a sua mentira, a noite com as suas armadilhas sagazes e as suas emboscadas traiçoeiras, a noite com os seus laços bem urdidos e os seus venenos sutis, com os seus gritos solitários e os seus uivos lancinantes, a noite que gela o coração e acoberta o crime, a noite que atrai vítima desprevenida e empresta à morte o seu regaço de sombra para a solerte tocaia; aquele dia, a noite chegou inesperada, trazendo no seu bojo a gargalhada sinistra que, num átimo - num átimo quase eterno, num átimo que fixou o tempo e estancou o fluxo da história -, ecoou pelos quatro cantos do mundo, como que desafiando a mais tenaz capacidade de crer, zombando da mais desesperada esperança e deixando escorrer a baba envenenada do ódio inimaginável, do ódio que se julgara proscrito, para sempre, da conveniência humana. Com os olhos vendados pela súbita escuridão e velados pelas primeiras lágrimas que nenhuma força humana consegue reter, homens e mulheres de todas as raças e de todas as crenças tentaram agarrar-se a alguma coisa que lhes permitisse não crer, que desmentisse as palavras sinistras que, àquela hora, já se atropelavam nas asas das ondas velozes por sobre montanhas e mares, cidades e vales, até a última fronteira do mundo. Mas, ai de nós, a verdade temida, a verdade terrível, a verdade jamais pressentida, era, desgraçadamente, a verdade verdadeira. A milhares de quilômetros, numa cidade embandeirada em festa, entre flores e aclamações, entre os gritos dos peões na pradaria sem fim, ao cheiro acre do petróleo brotando aos borbotões do solo esturricado, alguém fechara a derradeira porta à compreensão e à fraternidade, e uma janela se abrira ao ódio assassino, covarde e desvairado. Sobre ela a morte se debruçara paciente e tranquila, fria e calculada. Como quem sabe que a presa não lhe fugirá. Como quem não tem pressa, porque conhece a sua hora. Como o caçador previdente a quem o instinto não engana e sabe que a flecha da sua aljava é ligeira, e certeiro seu olho experimentado. Como o encenador que prepara a tragédia para que o herói caia, entre o céu e a terra, ao som das tubas gloriosas, ao rufar de místicos tambores, ante o espanto da multidão colhida de surpresa e as vozes do coro que justifica, soturno, a catástrofe."
(Deputado Padre Godinho, Homenagem póstuma a John Kennedy, 1963, com adaptações).
No trecho que se inicia com "A noite com o seu mistério ... ", o autor repete várias vezes a expressão "a noite com". Tal recurso estilístico é característico de uma figura de linguagem, a qual é denominada:
De quem é a inteligência artificial?
Por Bruna Lombardi
01 Grandes mestres ultrapassam fronteiras, usos e costumes, linguagem, as mais diversas
02 culturas, crenças e superstições. Porque o sentido da humanidade está acima disso tudo. Vai
03 além de raças, gêneros e posição social. Trata do que nos une e não do que nos separa.
04 A arte dos grandes mestres toca aquele ponto do sentimento universal. Grandes mentes nos
05 elevam ao mais alto patamar do humanismo.
06 E agora, para onde vamos se as grandes mentes se tornam artificiais? Se a inteligência
07 suprema será a de megacomputadores que acumulam todo o conhecimento do mundo? Atônitos,
08 nos perguntamos e tentamos imaginar a cara desse futuro próximo.
09 Tenho participado de palestras, debates e mesas redondas com muita gente discutindo
10 sua visão futurista, para alguns, otimista, para outros, apocalíptica.
11 Todo bom autor de ficção científica já escreveu alguma coisa sobre as máquinas
12 dominarem o mundo. A criatura mata o criador, como numa das cenas mais poderosas e icônicas
13 do cinema, no Blade Runner original, quando o androide finalmente consegue encontrar quem o
14 fabricou e, entre amor e ódio, discute sua finitude, como um humano falando com Deus.
15 Sem levar em conta esse olhar fantasioso, máquinas são máquinas. E ninguém pode
16 acusar uma máquina ___ nada, exceto talvez as impressoras, que realmente parecem ter
17 vontade própria e só imprimem quando querem. Tudo o que usamos são ferramentas, criadas
18 por pessoas e usadas por pessoas.
19 Muita gente discute as possibilidades alarmantes com as quais a inteligência artificial (IA)
20 nos surpreenderia. Muitos questionam se ela vem para o bem ou para o mal. Estuda-se a história
21 da humanidade através de suas guerras, de suas conquistas e de sua arte para compreender o
22 indivíduo e sua evolução. A arte traduz cada momento histórico e com certeza nos ensina mais
23 do que as guerras.
24 Assim como os grandes mestres, a IA atingirá a todos em maior ou menor escala. Para
25 analisar o efeito da IA, é preciso entender por quem serão programadas as máquinas. Com que
26 versão do pensamento humano serão alimentadas? Qual será a somatória de princípios éticos e
27 morais? Qual a escala de valores? De quem elas serão a verdadeira tradução? A quem elas
28 servirão?
29 Para Krishnamurti, não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade doente.
30 Para ele, a verdadeira revolução não é violenta, ela vem através do despertar da inteligência e
31 pela união de pessoas que podem influenciar e promover, aos poucos, gradualmente,
32 transformações radicais na sociedade.
33 O futuro desse mundo polarizado vai refletir quais correntes de pensamento? Que ideias
34 e ideologias vão ser programadas na grande rede neural da inteligência artificial? Assim como
35 em qualquer família, o que é ensinado aos filhos vai definir o que eles se tornarão, as máquinas
36 podem se transformar nas poderosas mentoras da guerra, do ódio, do domínio e da segregação.
37 Ou podem seguir os grandes mestres e compreender o mundo através da arte, do conhecimento
38 e inovação.
39 A tecnologia traz avanços gigantes na nossa caminhada, mas quem a programa e usa é
40 que vai definir nosso rumo.
(Disponível em: gauchazh.clicrbs.com.br – texto adaptado especialmente para esta prova).
Considerando o emprego de mecanismos de coesão no texto, analise as assertivas a seguir, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas.
( ) Nas linhas 13-14, na expressão “quem o fabricou”, a palavra “o” é um artigo definido que se refere à palavra “androide”.
( ) Na linha 19, o pronome relativo “as quais” tem como referente o substantivo “possibilidades”.
( ) Na linha 27, o pronome pessoal “elas” tem como referente a palavra “máquinas” (l. 25).
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
Leia o Texto I para responder às questões de 21 a 29.
TEXTO I
OS IDIOTAS DA OBJETIVIDADE
(Nelson Rodrigues)
Sou da imprensa anterior ao copy desk. Tinha treze anos quando me iniciei no jornal, como repórter de polícia. Na redação não havia nada da aridez atual e pelo contrário: — era uma cova de delícias. O sujeito ganhava mal ou simplesmente não ganhava. Para comer, dependia de um vale utópico de cinco ou dez mil-réis. Mas tinha a compensação da glória. Quem redigia um atropelamento julgava-se um estilista. E a própria vaidade o remunerava. Cada qual era um pavão enfático. Escrevia na véspera e no dia seguinte via-se impresso, sem o retoque de uma vírgula. Havia uma volúpia autoral inenarrável. E nenhum estilo era profanado por uma emenda, jamais.
Durante várias gerações foi assim e sempre assim. De repente, explodiu o copy desk. Houve um impacto medonho. Qualquer um na redação, seja repórter de setor ou editorialista, tem uma sagrada vaidade estilística. E o copy desk não respeitava ninguém. Se lá aparecesse um Proust, seria reescrito do mesmo jeito. Sim, o copy desk instalou-se como a figura demoníaca da redação.
Falei no demônio e pode parecer que foi o Príncipe das Trevas que criou a nova moda. Não, o abominável Pai da Mentira não é o autor do copy desk. Quem o lançou e promoveu foi Pompeu de Sousa. Era ainda o Diário Carioca, do Senador, do Danton. Não quero ser injusto, mesmo porque o Pompeu é meu amigo. Ele teve um pretexto, digamos assim, histórico, para tentar a inovação.
Havia na imprensa uma massa de analfabetos. Saíam as coisas mais incríveis. Lembro-me de que alguém, num crime passional, terminou assim a matéria: — “E nem um goivinho ornava a cova dela”. Dirão vocês que esse fecho de ouro é puramente folclórico. Não sei e talvez. Mas saía coisa parecida. E o Pompeu trouxe para cá o que se fazia nos Estados Unidos — o copy desk.
Começava a nova imprensa. Primeiro, foi só o Diário Carioca; pouco depois, os outros, por imitação, o acompanharam.
Rapidamente, os nossos jornais foram atacados de uma doença grave: — a objetividade. Daí para o “idiota da objetividade” seria um passo. Certa vez, encontrei-me com o Moacir Werneck de Castro. Gosto muito dele e o saudei com a mais larga e cálida efusão. E o Moacir, com seu perfil de Lord Byron, disse para mim, risonhamente: — “Eu sou um idiota da objetividade”.
Também Roberto Campos, mais tarde, em discurso, diria: — “Eu sou um idiota da objetividade”. Na verdade, tanto Roberto como Moacir são dois líricos. Eis o que eu queria dizer: — o idiota da objetividade inunda as mesas de redação e seu autor foi, mais uma vez, Pompeu de Sousa. Aliás, devo dizer que o copy desk e o idiota da objetividade são gêmeos e um explica o outro.
E toda a imprensa passou a usar a palavra “objetividade” como um simples brinquedo auditivo. A crônica esportiva via times e jogadores “objetivos”. Equipes e jogadores eram condenados por falta de objetividade. Um exemplo da nova linguagem foi o atentado de Toneleros. Toda a nação tremeu. Era óbvio que o crime trazia, em seu ventre, uma tragédia nacional. Podia ser até a guerra civil. Em menos de 24 horas o Brasil se preparou para matar ou para morrer. E como noticiou o Diário Carioca o acontecimento? Era uma catástrofe. O jornal deu-lhe esse tom de catástrofe? Não e nunca. O Diário Carioca nada concedeu à emoção nem ao espanto. Podia ter posto na manchete, e ao menos na manchete, um ponto de exclamação. Foi de uma casta, exemplar objetividade. Tom estrita e secamente informativo. Tratou o drama histórico como se fosse o atropelamento do Zezinho, ali da esquina.
Era, repito, a implacável objetividade. E, depois, Getúlio deu um tiro no peito. Ali estava o Brasil, novamente, cara a cara com a guerra civil. E que fez o Diário Carioca? A aragem da tragédia soprou nas suas páginas? Jamais. No princípio do século, mataram o rei e o príncipe herdeiro de Portugal. (Segundo me diz o luso Álvaro Nascimento, o rei tinha o olho perdidamente azul). Aqui, o nosso Correio da Manhã abria cinco manchetes. Os tipos enormes eram um soco visual. E rezava a quinta manchete: “HORRÍVEL EMOÇÃO!”. Vejam vocês: — “HORRÍVEL EMOÇÃO!”.
O Diário Carioca não pingou uma lágrima sobre o corpo de Getúlio. Era a monstruosa e alienada objetividade. As duas coisas pareciam não ter nenhuma conexão: — o fato e a sua cobertura.
Estava um povo inteiro a se desgrenhar, a chorar lágrimas de pedra. E a reportagem, sem entranhas, ignorava a pavorosa emoção popular. Outro exemplo seria ainda o assassinato de Kennedy.
Na velha imprensa as manchetes choravam com o leitor. A partir do copy desk, sumiu a emoção dos títulos e subtítulos. E que pobre cadáver foi Kennedy na primeira página, por exemplo, do Jornal do Brasil. A manchete humilhava a catástrofe. O mesmo e impessoal tom informativo. Estava lá o cadáver ainda quente. Uma bala arrancara o seu queixo forte, plástico, vital. Nenhum espanto da manchete. Havia um abismo entre o Jornal do Brasil e a tragédia, entre o Jornal do Brasil e a cara mutilada. Pode-se falar na desumanização da manchete.
O Jornal do Brasil, sob o reinado do copy desk, lembra-me aquela página célebre de ficção. Era uma lavadeira que se viu, de repente, no meio de uma baderna horrorosa. Tiro e bordoada em quantidade. A lavadeira veio espiar a briga. Lá adiante, numa colina, viu um baixinho olhando por um binóculo. Ali estava Napoleão e ali estava Waterloo. Mas a santa mulher ignorou um e outro; e veio para dentro ensaboar a sua roupa suja. Eis o que eu queria dizer: — a primeira página do Jornal do Brasil tem a mesma alienação da lavadeira diante dos napoleões e das batalhas.
E o pior é que, pouco a pouco, o copy desk vem fazendo do leitor um outro idiota da objetividade. A aridez de um se transmite ao outro. Eu me pergunto se, um dia, não seremos nós 80 milhões de copy desks? (...)
Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/os-idiotas-da-objetividade-cronica-de-nelson-rodrigues/ (Adaptado). Acesso em: 8 jan. 2023.
José Carlos de Azeredo (2008, p. 100) afirma: “A informação contida em um texto é distribuída e organizada em seu interior graças ao emprego de certos recursos léxicos e gramaticais. À articulação desses recursos em benefício da expressão do sentido e de sua compreensão dá-se o nome de coesão textual”.
Considerando a definição acima, seu conhecimento sobre o assunto e o conteúdo do Texto I, julgue os itens a seguir como verdadeiros (V) ou falsos (F).
I. Conjunções são termos gramaticais que articulam orações e termos de mesma função sintática, estabelecendo entre eles o que se chama de coesão referencial.
II. A elipse pode ser, além de figura de linguagem, um mecanismo coesivo, como se observa na relação entre as duas frases da seguinte passagem do texto: “O sujeito ganhava mal ou simplesmente não ganhava. Para comer, dependia de um vale utópico de cinco ou dez mil-réis”.
III. Em “Era uma lavadeira que se viu, de repente, no meio de uma baderna horrorosa”, a palavra “que” é um mecanismo coesivo que introduz uma oração subordinada substantiva para completar o sentido do substantivo “lavadeira”.
IV. Em “Era óbvio que o crime trazia, em seu ventre, uma tragédia nacional”, a palavra “que” é um mecanismo coesivo que introduz uma oração subordinada substantiva encaixada na função de sujeito da oração principal.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
Fonte: AZEREDO, José Carlos. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008.
Um parágrafo bem redigido deve mostrar unidade, coerência, variedade e harmonia.
O parágrafo abaixo que mostra todas essas qualidades é:
Texto para os itens de 1 a 7.
1 Na Grécia Antiga, três séculos antes de Cristo, foi
fundada a Escola Estoica. O ideal de seus seguidores era
viver “de acordo com a natureza”, e assumir uma atitude
4 impassível e racional diante dos acontecimentos, fossem
eles marcados pela dor ou pelo prazer. Séculos mais
tarde, de acordo com os valores da cultura judaico-cristã,
7 a dor passou a ser encarada como forma de redimir os
pecados intrínsecos à espécie humana, ou como castigo
pelos erros cometidos. Prova disso está nas súplicas — “A
10 vós suplicamos gemendo e chorando neste vale de
lágrimas” —, ou na ira divina ao punir a desobediência
de Eva no Paraíso: “Entre dores darás à luz os filhos”.
13 Nem os poetas escaparam dessa postura de aceitação
da dor— “Ser mãe é padecer no Paraíso” — como mal
necessário a caminho da redenção.
16 Sob o enfoque da medicina moderna, porém,
a dor é um sinal de alarme e o sofrimento que provoca,
além de absolutamente inútil, debilita o organismo e
19 compromete a qualidade de vida. Mas nem sempre
se pensou assim. Durante muito tempo, as faculdades de medicina e
de enfermagem não capacitaram os
22 alunos para lidar com a dor, fosse ela aguda ou crônica,
e muitos médicos estão despreparados para enfrentar
esse desafio, apesar dos avanços tecnológicos e na área
25 da farmacologia. Não estamos nos referindo aqui às
dores mais leves que passam com a administração de
analgésicos comuns, mas às dores agudas e crônicas, que
28 requerem tratamento mais agressivo e especializado.
Hoje, infelizmente, a despeito de todo o
progresso terapêutico, essas dores ainda não recebem a
31 abordagem necessária e estão se transformando em um
problema de saúde pública no Brasil.
Internet: <www.drauziovarella.uol.com.br>(com adaptações).
Em relação à pontuação do período do texto “Não estamos nos referindo aqui às dores mais leves que passam com a administração de analgésicos comuns, mas às dores agudas e crônicas, que requerem tratamento mais agressivo e especializado” (linhas de 25 a 28), uma alteração que manteria a coerência e a correção gramatical do trecho seria a inserção de vírgula após
STJ na luta contra o juridiquês
Por Superior Tribunal de Justiça
- Se o idioma oficial do Brasil é o português, a língua predominante na Justiça, ao longo dos
- tempos, tem sido o "juridiquês" – uma mistura de palavreado técnico com estilo rebuscado e
- doses abundantes de termos em latim, muito .... gosto dos profissionais do direito, mas de difícil
- compreensão para o público leigo.
- No dia ___ dia dos processos, uma norma que se aplica a situações passadas tem efeito ex
- tunc; a repetição de uma situação jurídica é bis in idem; e, se for apenas para argumentar,
- pode-se dizer ad argumentandum tantum. E nem só de latim vive a complicação: denúncia virou
- exordial increpatória; inquérito policial, caderno indiciário; petição inicial, peça incoativa.
- Ciente da importância da informação para o exercício da cidadania, o Superior Tribunal de
- Justiça (STJ) tem adotado, ao longo do tempo, uma série de medidas para levar o conhecimento
- sobre as decisões judiciais para além dos profissionais especializados, tornando mais abrangente
- sua comunicação com a sociedade – o que inclui a opção por uma linguagem bem diferente
- daquela que se consagrou no cotidiano forense.
- A mais recente iniciativa da corte nessa direção foi o lançamento de uma nova ferramenta
- em seu portal na internet, destinada a facilitar a compreensão dos julgamentos pelo público não
- familiarizado com a linguagem jurídica: agora, as notícias trazem um resumo simplificado, que
- apresenta o ponto principal da matéria em termos acessíveis para o leigo e está disponível em
- um ícone logo abaixo do título de cada texto.
- A medida está alinhada com as diretrizes do Pacto Nacional do Judiciário pela Linguagem
- Simples, lançado em dezembro de 2023 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mas integra
- uma política de aproximação com o cidadão que o STJ já vem seguindo há bastante tempo.
- A simplificação da linguagem é uma preocupação constante da Secretaria de Comunicação
- Social (SCO), em respeito à Política de Comunicação Institucional do STJ, especialmente ao
- disposto em seus artigos 11 e 13, que exigem clareza, precisão, qualidade e acessibilidade na
- divulgação de informações sobre as decisões, a jurisprudência, os serviços, os projetos e as
- ações da corte.
- Atenta ___ necessidades de democratização da informação, a SCO tem apresentado, em
- suas diferentes plataformas, produtos que facilitam a compreensão da atividade jurisdicional
- pelo público não especializado.
- O Pacto Nacional do Judiciário pela Linguagem Simples materializa os esforços para atender
- a Estratégia Nacional do Poder Judiciário 2021-2026, especificamente no que diz respeito à
- adoção de uma linguagem direta e compreensível pelo público leigo, tanto nas decisões judiciais
- quanto nas comunicações em geral.
- Ao anunciar o pacto durante o 17º Encontro Nacional do Poder Judiciário, em Salvador, o
- ministro Luís Roberto Barroso – presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do CNJ –
- apontou a relevância de aprimorar ___ comunicação com os jurisdicionados. "A linguagem
- codificada e inacessível torna-se um instrumento de e...clusão; precisamos ser capazes de usar
- uma linguagem mais compreensível e inclusiva para todas as pessoas", declarou.
- O pacto dispõe que o uso de vocabulário técnico não deve representar uma barreira ao
- entendimento das decisões judiciais. Assim, simplificar a linguagem nas decisões, sem deixar de
- lado a precisão técnica, passa a ser mais um dos desafios da magistratura para ampliar o acesso
- à Justiça e à informação – direitos previstos na Constituição Federal de 1988.
(Disponível em: www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/2024/24032024-STJ-na-luta-contra-o-juridiques-e-por-uma-comunicacao-mais-eficiente-com-a-sociedade.aspx – texto adaptado especialmente para esta prova).
Considerando o emprego de elementos coesivos, analise as assertivas a seguir e assinale V, se verdadeiras, ou F, se falsas.
( ) Na linha 13, o pronome demonstrativo “daquela” substitui a palavra “linguagem” (l. 12), que está elíptica.
( ) Na linha 21, o pronome relativo “que” tem como referente a palavra “cidadão” (l. 21).
( ) Na linha 24, o pronome relativo “que” tem como referente a palavra “artigos” (l. 24).
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
Texto I
Os desafios das mulheres que começam em casa e se consolidam na política
Somados à dupla/tripla jornada, há a desigualdade de gênero e o assédio, em todos os ambientes
1 Todos os anos fazemos pesquisas sobre as mulheres para monitorar o avanço ou o retrocesso nesse
tema relevante.
Há mudanças? Há! Mas numa escala e velocidade tão menores do que é necessário que, não raro, temos
que lutar contra o desânimo. Como mudar? Os processos são lentos, mas reside nos programas e
5 políticas públicas o caminho mais eficiente para a universalização de mudanças.
E elas, as políticas, têm acontecido? Sim, mas os mecanismos de dissuasão e as malandragens têm sido
mais eficientes. O ditado do crime que compensa muitas vezes se materializa nesses casos. Com isso
levamos mais tempo — ou perdemos mais tempo — para transformações inexoráveis. Por exemplo: os
partidos políticos são obrigados a ter 30% de candidatas mulheres e investir a mesma proporção do fundo
10 partidário em candidatas. Na última eleição, várias artimanhas foram constatadas para burlar a regra, com
candidaturas laranja para, na realidade, canalizar recursos para o partido e candidaturas masculinas.
Resultado das eleições municipais de 2020: em números redondos, dos 56 mil vereadores eleitos,
somente 9.000 (16%) são mulheres e 47 mil (84%), homens. A sub-representação das mulheres atrasa a
definição de políticas que promovem equidade de gênero.
15 Na pesquisa do Instituto Cidades Sustentáveis/Rede Nossa São Paulo, realizada pelo Ipec na cidade de
São Paulo, duas em cada três mulheres declaram ter sofrido algum tipo de assédio: gestos, olhares
incômodos e comentários invasivos. O lugar onde mais ocorrem é no transporte coletivo, seguido do
ambiente de trabalho. O fato de sabermos que há assédio e onde ocorre contribui para a construção de
soluções. A partir daí é questão de conscientização e decisão política.
20 Os registros de violência contra mulheres aumentaram 700% de 2016 para 2023. Eram 1.276 casos e,
agora, são 9.150. Os números não garantem que os casos aumentaram porque podem indicar a enorme
subnotificação de um passado regido pelo medo e que, paulatinamente, se altera devido ao encorajamento
proporcionado pelo ganho de consciência.
Quando a pergunta é como enfrentar a violência, quase a metade responde: aumentar a punição. Em
25 seguida vêm as medidas protetivas e as campanhas de comunicação. Idealmente, os políticos deveriam
criar políticas para causas comuns e de interesse público, pois representam a população como um todo.
Mas uma maior representação feminina na Câmara de Vereadores ajudaria muito nessas mudanças. Hoje,
a câmara de São Paulo tem 23% de mulheres. Das capitais, Porto Alegre é a que apresenta o maior
percentual de vereadoras, 30%, e Campo Grande, o menor (3%).
30 No mundo da política, as mulheres estão sub-representadas, lembrando que são 51,5% da população
brasileira. No governo Bolsonaro, eram 13% do ministério e, no atual governo Lula, 29%. Na alta liderança
do poder público, elas são 34%.
No mundo empresarial não é diferente — as mulheres também são sub-representadas: 38% ocupam
cargos de liderança, sendo que somente 6% são mulheres negras e 17% são CEOs. No que diz respeito a
35 salários, elas recebem 22% a menos do que homens na mesma função.
A divisão de tarefas domésticas segue desigual. Quatro em cada dez lares de São Paulo têm mulheres
como totalmente responsáveis pela maior parte dos afazeres: limpar a casa, preparar refeições e lavar a
louça são as tarefas mais citadas. Aos homens cabem a manutenção da casa e a retirada do lixo. A
diferença de percepção sobre a divisão de tarefas merece registro: para 32% das mulheres, os serviços
40 são divididos igualmente, mas entre os homens esse percentual sobe para 50%. Aparece aqui o
machismo ainda latente de nossa sociedade.
Dados da União Interparlamentar mostram que o Brasil ocupa a posição 143 entre 188 países no que diz
respeito à quantidade de deputadas no parlamento nacional (18%), o que dá a medida do quão atrasados
estamos se comparados a outros países.
45 Em 2024 temos eleições municipais, momento de olhar as propostas de candidatas e candidatos. Temos
hoje 658 prefeitas (12%) nas 5.570 cidades brasileiras. Diante dessa desigualdade, saber o que propõem
para reduzir a violência e o assédio, aumentar as oportunidades para as mulheres e avançar na equidade
de gênero nas cidades pode ser, sim, parâmetro para a definição do voto.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/jorge-abrahao/2024/03/os-desafios-das-mulheres-que-comecam-em-casa-e-se-consolidam-na-politica.shtml. Texto adaptado.
De acordo com o Texto I, responda às questões de números 1 a 8.
A coesão por elipse acontece pela omissão de um termo sem que se comprometa a clareza da oração, pois ele pode ser facilmente subentendido. Em “Diante dessa desigualdade, saber o que propõem...” (l. 46), a elipse do sujeito da forma verbal “propõem” retoma:
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder às questões de 7 a 10.
O povo de Dois Rios não cessava de comentar a inconcebível “sorte” do coronel Lupércio Moura, o grande milionário local. Um homem que saíra do nada. Que começara modesto menino de escritório dos que mal ganham para os sapatos, mas cuja vida, dura até aos trinta e seis anos, fora daí por diante a mais espantosa subida pela escada do dinheiro, a ponto de aos sessenta ver-se montado numa hipopotâmica fortuna de sessenta mil contos de réis.
LOBATO, Monteiro. Herdeiro de si mesmo. Disponível em: https://contobrasileiro.com.br/herdeiro-de-si-mesmo-conto-de-monteiro-lobato/. Acesso em: 3 maio 2024. [Fragmento]
No trecho “O povo de Dois Rios não cessava de comentar a inconcebível ‘sorte’ do coronel Lupércio Moura [...].”, a palavra destacada poderia ser substituída, sem perda de sentido, por
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 4.
As desigualdades e seus impactos na aprendizagem escolar
Alguns fatores podem explicar por que a educação brasileira não avança na velocidade desejável. Entre eles, podemos citar: as descontinuidades das políticas públicas, em particular nas transições de governo; os investimentos ainda insuficientes, que, apesar de terem sido ampliados nos últimos 20 anos, requerem mais esforços para essa ampliação, desde que sejam usados adequadamente; a necessidade de uma melhor formação docente, tanto a inicial como a continuada — no Brasil, a formação é muito teórica e não dialoga com o chão de escola; a necessidade de formar diretores escolares enquanto lideranças transformacionais e pedagógicas; e, por fim, um dos mais relevantes fatores consiste na desigualdade socioeconômica e racial, que pode explicar de 40% a 50% da desigualdade no desempenho escolar nas redes públicas de ensino.
RAMOS, Mozart Neves. As desigualdades e seus impactos na aprendizagem escolar. Correio Braziliense. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2024/05/6849113-as-desigualdades-e-seus-impactos-na-aprendizagem-escolar.html. Acesso em: 3 maio 2024. [Fragmento adaptado]
Um elemento responsável pela coesão textual no artigo é o
LEIA O TEXTO A SEGUIR E REPONDA AS QUESTÕES DE 4 a 8.
O que dizem as camisetas
(Fragmento)
Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tem nada escrito.
- Que é que ele está anunciando? - indagou o cabo eleitoral, apreensivo. - Será que faz propaganda do voto em branco? Devia ser proibido!
- O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser - ponderou um senhor moderado.
- Em tempo de eleição, nunca - retrucou o outro. - Ou o cidadão manifesta sua preferência política ou é um sabotador do processo de abertura democrática.
- O voto é secreto.
- É secreto, mas a camiseta não é, muito pelo contrário. Ainda há gente neste país que não assume a sua responsabilidade cívica, se esconde feito avestruz e...
- Ah, pelo que vejo o amigo não aprova as pessoas que gostam de usar uma camiseta limpinha, sem inscrição, na cor natural em que saiu da fábrica.
(...).
DRUMMOND, Carlos. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro: Record, 1987, p. 38-40.
No trecho, “Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tem nada escrito.”, a palavra sublinhada refere-se à:
O Leão e o Rato:
Um leão, cansado de tanto caçar, dormia espichado à sombra de uma boa árvore. Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou.
Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu embaixo da pata. Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse embora.
Algum tempo depois, o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguia se soltar, e fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva.
Nisso, apareceu o ratinho. Com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o leão.
MORAL DA HISTÓRIA: Uma boa ação ganha outra.
Esopo Fonte:(https://www.culturagenial.com/fabulas-de-esopo/)
Analise o trecho:
“Com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o leão.”
Indique o vocábulo que poderia substituir a palavra em destaque na frase, sem alterar seu sentido:
Vacina da dengue: Cinco pontos para entender o imunizante do Butantan
O Instituto Butantan revelou na última quarta-feira (31) novas informações sobre a sua vacina contra a dengue. Publicado na revista científica New England Journal of Medicine, o estudo mostrou que ela protegeu 79,6% dos imunizados contra pelo menos duas variantes da doença.
A notícia veio durante um aumento no número de casos de dengue no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, só nas quatro primeiras semanas de 2024, o país já registrou mais de 217 mil casos, mais que o triplo do mesmo período do ano passado.
Nesse ritmo, a estimativa é de que o país registre até 4 milhões de casos em 2024. Mas o número de possíveis vítimas da dengue é muito maior. Segundo uma pesquisa conduzida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, o número de pessoas suscetíveis a contrair o vírus pode chegar a até 6 bilhões até o ano de 2080. O motivo: o aquecimento global, que aumenta as possíveis áreas de atuação do mosquito (o Aedes aegypti adora regiões quentes, afinal).
O imunizante do Butantan foi desenvolvido para combater a infecção dos 4 sorotipos diferentes do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Contra o DENV-1, apresentou uma eficácia de 89,5%; para o DENV-2, 69,6%. Durante o período de estudos, entretanto, não foram detectadas as variantes do tipo 3 e 4. Apesar disso, os pesquisadores estão confiantes de que o imunizante também seja eficaz contra elas.
Os resultados foram publicados após o terceiro ensaio clínico, que contou com a participação de 16.235 voluntários de todo o Brasil. Com idades entre 2 e 59 anos, os voluntários estavam espalhados em 16 centros de pesquisa do país. É a última fase de testes antes de uma possível aprovação.
“Os dados da fase 3 são muito animadores. A publicação na NEJM (New England Journal of Medicine) reforça a qualidade dos ensaios clínicos conduzidos pelo Butantan, a capacidade dos centros de pesquisa e cientistas envolvidos no projeto e o reconhecimento internacional do Instituto”, disse Esper Kallás, diretor do Butantan e autor principal do novo estudo.
Fonte: Adaptado em 15/01/2024 de: https://super.abril.com.br/ciencia/vacina -da-dengue-5-pontos-para-entender-o-imunizante-do-butantan/
No trecho “Mas o número de possíveis vítimas da dengue é muito maior”, a palavra destacada por de ser substituída, sem modificar o sentido, por
Já dizia Machado de Assis que “De médico e louco todo mundo tem um pouco”. O ditado ficou famoso pelo livro O Alienista, de 1882, que faz um debate sobre a loucura. Uma frase parecida é da nordestina Nise da Silveira, grande admiradora do autor brasileiro: “Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas”.
Nise Magalhães da Silveira ajudou a escrever e revolucionar a história da psiquiatria no Brasil e no mundo. Nascida no ano de 1905 em Maceió – AL, ela ficou conhecida por humanizar o tratamento psiquiátrico e era contrária às formas de tratamento agressivas usadas em sua época, como o eletrochoque.
Inspirada em Carl Jung, um dos pais da psiquiatria, Nise foi uma das primeiras mulheres a se formar em medicina no Brasil. Em meados de 1940, ela foi pioneira na terapia ocupacional, método que utiliza atividades recreativas no tratamento de distúrbios psíquicos. A alagoana se destacou por usar a arte como uma forma de expressão e de dar voz aos conflitos internos vivenciados principalmente pelos esquizofrênicos.
Em 1956, Nise fundou a Casa das Palmeiras, um passo na direção da luta contra os hospícios, que chegaria a seu ápice com a Lei Antimanicomial, de 2001. A partir do esforço da psiquiatra e de seus pacientes, foi criado o Museu do Inconsciente, aberto até hoje no Rio de Janeiro junto ao Instituto Municipal Nise da Silveira, atual nome do Centro Psiquiátrico de Engenho de Dentro, onde a médica construiu seu projeto.
Internet: <www.brasildefato.com.br> (com adaptações).
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o item subsequente.
O emprego de vírgula imediatamente após “Rio de Janeiro”
(último período do último parágrafo) manteria a correção
gramatical e a coerência do texto.