Leia o texto para responder à questão.
A capacidade de apagar a própria conta do Facebook e
a audácia de gabar-se disso não se devem a uma suposta
superioridade intelectual, mas a condições privilegiadas.
Para milhões de pessoas fora da América do Norte e Europa
Ocidental, a realidade é outra: o Facebook é a internet.
Quando se apaga a conta, é como se o indivíduo se retirasse
para as profundezas escuras da selva.
A maioria dos usuários ocidentais de redes sociais
provavelmente não tem consciência da extensão com que o
Facebook permeia o cotidiano de outros países. Escrevo em
Kiev, capital da Ucrânia, onde meu plano local de telefonia
celular inclui acesso gratuito ao Facebook, ao Facebook
Messenger e às suas subsidiárias, WhatsApp e Instagram,
entre outros serviços.
Na Ucrânia, cada vez mais, a plataforma se torna a
rede social para todos os fins. Enquanto americanos usam
o e-mail para sua correspondência profissional e o LinkedIn
para contatos profissionais, os ucranianos se valem do
Facebook também para essas finalidades, incluindo todas as
suas credenciais e filiações profissionais em seu perfil.
A situação na Ucrânia é algo que provavelmente é
familiar aos brasileiros, onde as operadoras de celular
também oferecem acesso gratuito às plataformas de rede
social. Informa-me por e-mail minha colega Anna Prusa, do
Brazil Institute do Wilson Center, que, assim como ocorre na
Ucrânia, “Facebook e WhatsApp são fundamentais no que se
refere à comunicação entre os brasileiros, desde grupos de
família até comunicações profissionais.”
Com o acesso ao celular tornando-se onipresente, mais
pessoas hoje fazem uso quase exclusivamente de serviços
baseados na internet. Mais de 83% dos brasileiros fizeram
uma chamada de vídeo ou voz no ano passado por meio de
algum aplicativo da internet.
(Nina Jankowicz. Abandonar o Facebook é mais fácil para países ricos.
www1.folha.uol.com.br, 18.05.2019. Adaptado)