Questões de Português - Colocação Pronominal para Concurso

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Q1132009 Português

                                  Considerações sobre a loucura

                                                                                                            Ferreira Gullar


      Ouço frequentemente pessoas opinarem sobre tratamento psiquiátrico sem na verdade conhecerem o problema. É bacana ser contra internação. Por isso mesmo traçam um retrato equivocado de como os pacientes eram tratados no passado em manicômios infernais por médicos que só pensavam em torturá-los com choques elétricos, camisas de força e metê-los em solitárias.

      Por isso mesmo exaltam o movimento antimanicomial, que se opõe à internação dos doentes mentais. Segundo eles, os pacientes são metidos em hospitais psiquiátricos porque a família quer se ver livre deles. Só pode fazer tal afirmação quem nunca teve que conviver com um doente mental e, por isso, ignora o tormento que tal situação pode implicar.

      Nada mais doloroso para uma mãe ou um pai do que ter de admitir que seu filho é esquizofrênico e ser, por isso, obrigado a interná-lo. Há certamente pais que se negam a fazê-lo, mas ao custo de ser por ele agredido ou vê-lo por fim à própria vida, jogando-se da janela do apartamento.

      Como aquelas pessoas não enfrentam tais situações, inventam que os hospitais psiquiátricos, ainda hoje, são locais de tortura. Ignoram que as clínicas atuais, em sua maioria, graças aos remédios neuroléticos, nada têm dos manicômios do passado.

      Recentemente, num desses programas de televisão, ouvi pessoas afirmarem que o verdadeiro tratamento psiquiátrico foi inventado pela médica Nise da Silveira, que curava os doentes com atividades artísticas. Trata-se de um equívoco. A terapia ocupacional, artística ou não, jamais curou algum doente.

      Trata-se, graças a Nise, de uma ocupação que lhe dá prazer e, por mantê-lo ocupado, alivia-lhe as tensões psíquicas. Quando o doente é, apesar de louco, um artista talentoso, como Emygdio de Barros ou Arthur Bispo do Rosário, realiza-se artisticamente e encontra assim um modo de ser feliz.

      Graças à atividade dos internados no Centro Psiquiátrico Nacional, do Engenho de Dentro, no Estado do Rio, criou-se o Museu de Imagens do Inconsciente, que muito contribuiu para o reconhecimento do valor estético dos artistas doentes mentais. Mas é bom entender que não é a loucura que torna alguém artista; de fato, ele é artístico apesar de louco.

      Tanto isso é verdade que, das dezenas de pacientes que trabalharam no ateliê do Centro Psiquiátrico, apenas quatro ou cinco criaram obras de arte. Deve-se reconhecer, também, que conforme a personalidade de cada um seu estado mental compõe a expressão estética que produz.

      No tal programa de TV, alguém afirmou que, graças a Nise da Silveira, o tratamento psiquiátrico tornou-se o que é hoje. Não é verdade, isso se deve à invenção dos remédios neurolépticos que possibilitam o controle do surto psíquico.

      É também graças a essa medicação que as internações se tornaram menos frequentes e, quando necessárias, duram pouco tempo – o tempo necessário ao controle do surto por medicação mais forte. Superada a crise, o paciente volta para casa e continua tomando as doses necessárias à manutenção da estabilidade mental.

      Não pretendo com esses argumentos diminuir a extraordinária contribuição dada pela médica Nise da Silveira ao tratamento dos doentes mentais no Brasil. Fui amigo dela e acompanhei de perto, juntamente com Mário Pedrosa, o seu trabalho no Centro Psiquiátrico Nacional. 

      Uma das qualidades dela era o seu afeto pelas pessoas e particularmente pelo doente mental. Eis um exemplo: como o Natal se aproximava, ela perguntou aos pacientes o que queriam de presente. Emygdio respondeu: um guarda-chuva.

      Como dentro do hospital naturalmente não chovia, ela concluiu que ele queria ir embora para casa. E era. Ela providenciou para que levasse consigo tinta e tela, a fim de que não parasse de pintar.

      Ele se foi, mas, passado algum tempo, alguém toca a campainha do gabinete da médica. Ela abre a porta, era o Emygdio, de paletó, gravata e maleta na mão. “Voltei para continuar pintando, porque lá em casa não dava pé.” E ficou pintando ali até completar 80 anos, quando, por lei, teve que deixar o hospital e ir para um abrigo de idosos, onde morreu anos depois.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2016/02/174 1258-consideracoes-sobre-a-loucura.shtml)

No que se refere às regras de colocação pronominal, assinale a alternativa em que a posição do termo destacado pode ser alterada.
Alternativas
Q1130544 Português
Leia o texto para responder à questão.

Violência na fronteira

    As agressões contra imigrantes venezuelanos em Pacaraima (RR), no sábado [18.08.2018], envergonham o país.
    Por mais que se compreendam as tensões sociais exacerbadas pelo influxo contínuo de refugiados, não há como relevar o recurso à violência para expulsar famílias que deixaram tudo para trás, empurradas pelo desespero.
    É impossível minimizar o desastre social, econômico e político que se abate sobre a nação vizinha, sob a autoridade do ditador Nicolás Maduro.
    Fome, desabastecimento, repressão e criminalidade urbana impulsionam a busca por uma vida melhor, ou pela simples sobrevivência. Nada diverso dos motivos que levaram pioneiros de outras regiões brasileiras a povoar Roraima, poucas décadas atrás, se bem que não sob ameaça de uma guerra civil.
    Um estado não pode arcar sozinho com o inegável ônus representado pela onda de venezuelanos. Os sistemas de saúde e segurança pública, numa região pobre, são despreparados para lhe fazer frente. O governo federal deve agir, com mais decisão.
    O Brasil tem larga tradição de receber imigrantes. Há que mantê-la, o que não se separa da responsabilidade de organizar o fluxo, sem atenção para considerações miúdas quanto a interesses de política provinciana em ano eleitoral.
    Atribuir a violência aos recém-chegados não se sustenta em fatos, ainda que episódios isolados possam ocorrer. Roraima já enfrentava guerra sangrenta entre facções nacionais do tráfico.
    A primeira preocupação deve ser evitar que a escalada de tensão degenere em uma voga xenófoba, mesmo porque nada indica que os venezuelanos encontrem, em breve, incentivos para deixar de fugir.
(Editorial. Folha de S.Paulo. 23.08.2018. Adaptado)
Assinale a alternativa que atende à norma-padrão de colocação pronominal.
Alternativas
Q1129773 Português
Na linha 25, observando a colocação do pronome oblíquo “nos”, percebemos a ocorrência de próclise. Assinale a alternativa na qual o pronome oblíquo está colocado INCORRETAMENTE, de acordo com a norma culta.
Alternativas
Q1127979 Português
Texto para responder à questão.

Como não ser feliz
Nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente

    A moça aproximou-se após esperar alguns minutos na fila da tarde de autógrafos na livraria e disparou, com um sorriso entre dentes, à queima-roupa:
    - Você é feliz?
    Respondi, afável mas secamente:
    - Não!
    - Jura? Não acredito!
    A essa altura, começava a pensar, pelo teor da conversa, tratar-se de pura gozação. Mas vi que era a sério quando ela tascou: - Você passa a impressão de que é bem feliz... Pedi breve licença às pessoas na fila. E avancei no debate:
    - Veja, nós não nascemos pra ser felizes. Isso é uma descoberta, um anseio recente... Há 200 anos, tudo que as pessoas queriam era sobreviver, chegar aos 30 anos... No começo dos tempos, você acha que o homem tinha tempo pra pensar em felicidade enquanto fugia dos dinossauros e outras ameaças? Ela ficou parada, certamente surpresa com argumento tão inusitado. Continuei:
    - Quantas “pessoas felizes" você conhece?
    - Não muitas - ela respondeu, já um tanto desolada.
    - Eu não conheço nenhuma - sentenciei, quase amargo.
    Ela riu um riso sem graça. Aliviei um pouco.
    - O que acontece é que algumas pessoas são bem resolvidas com seu trabalho, têm uma vida familiar relativamente tranquila... Essas pessoas talvez pareçam felizes, não demonstram amargura com a vida. E talvez eu seja uma delas. Prefiro acreditar nisso.
    Ela balançou a cabeça, resignada. E eu, concluindo meu pensamento:
    - “Ser feliz” hoje em dia tem mais a ver com poder financeiro, desejos de consumo sem-fim, que com qualquer outra coisa. Mas pense comigo: se você não vive desesperadamente pelo dinheiro, não tem sonhos impossíveis, fica mais fácil viver, mais fluente, mais tranquilo...
    A essa altura eu já me sentia protagonista da palestra “Lair Ribeiro para jovens que sonham com a felicidade”. Só que às avessas, ensinando não como ser feliz, mas como não ser.
    - Se você dedica mais tempo ao lúdico e vive menos pressionado pela corrida do ouro que virou nosso tempo, você terá mais tempo para o que importa... Isso, talvez, seja felicidade, vai saber.
    - É, mas... e o dinheiro? - ela retrucou, mostrando não sertão avoada assim. 
    - Se nos satisfizéssemos em ganhar apenas o necessário para viver bem, confortavelmente, sem sacrifícios, seria ótimo. Mas nossa natureza sempre pede mais... E isso torna as pessoas bastante infelizes, viram escravas do dinheiro...
    A fila já chiava, por conta da espera, interrompida por esse debate misterioso, para o qual os demais não foram convidados. Ainda ilustrei rapidamente, para finalizar, com um filme argentino obscuro que o vi há algum tempo, uma espécie de comédia surreal e filosófica em que dois funcionários de uma companhia elétrica ou de esgotos vagam pela cidade, vivendo situações estranhas e mesmo delirantes. Em dado momento, um fala ao outro: “Preciso ir, tenho que dormir, estou muito cansado.” Ao que o outro diz: “Ok, nos encontramos às sete então?" E o primeiro diz: “Não, preciso dormir pelo menos oito horas, senão não descanso." O outro contra-ataca: “Essa história de dormir oito horas por dia é uma invenção burguesa. Você acha que no tempo das guerras as pessoas pensavam nisso? Na Idade Média, você acha que alguém dormia oito horas por dia?” O outro fica sem palavras.
    Para arrematar nossa conversa, disse-lhe:
    - É a mesma coisa. Um guerreiro assírio não devia pensar em felicidade, apenas em sobreviver à próxima guerra. Assim é que deveríamos pensar, em sobreviverá próxima guerra. E só.
    Sorri. Ela também sorriu.
    - Fiquei muito feliz de ter você aqui nesta tarde - ainda lhe disse (enfatizando a palavra feliz) à guisa de ironia, mas não sem verdade.
BALEIRO, Zeca. Como não ser feliz. IstoÉ, dez.2012. Disponível em http://istoe.com.br (Adaptado)
Do ponto de vista da norma culta, a única substituição de posição e/ou uso pronominal que poderia ser feita, sem alteração de valor semântico e linguístico, seria:
Alternativas
Ano: 2019 Banca: FEPESE Órgão: Prefeitura de Florianópolis - SC Provas: FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Assistente Social | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Analista de Sistemas | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Assistente Jurídico | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Fonoaudiólogo | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Economista | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Farmacêutico | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Engenheiro Sanitarista e Ambiental | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Farmacêutico e Bioquímico | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Médico - Clínica Médica | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Médico - Psiquiatra | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Médico do Trabalho | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Médico Veterinário | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Nutricionista | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Pedagogo | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Profissional de Educação Física | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Psicólogo | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Bibliotecário | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Historiador | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Engenheiro Civil | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Antropólogo | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Arquiteto | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Engenheiro Agrônomo | FEPESE - 2019 - Prefeitura de Florianópolis - SC - Fisioterapeuta |
Q1126665 Português

Leia a tirinha.


Imagem associada para resolução da questão


Analise as afirmativas abaixo em relação à tirinha.


1. O humor da tirinha reside no fato de a namorada perceber, na fala do namorado, os problemas gramaticais e não gostar deles.

2. Em sua fala, a namorada faz referência à colocação pronominal.

3. O namorado faz a colocação pronominal errada em todas as falas.

4. Para corrigir suas falas, o namorado deveria usar a ênclise em todas as falas.

5. Para corrigir a frase: “Nunca deixe-me!” será necessário usar a próclise, assim: ”Nunca me deixe”.


Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.

Alternativas
Respostas
1581: C
1582: D
1583: D
1584: A
1585: D