Questões de Português - Colocação Pronominal para Concurso

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Q1126308 Português
PROJEÇÃO PSICOLÓGICA e INGRATIDÃO:
a incongruência na falta de consciência dos
próprios problemas
Adilson Cabral

    Não se pode analisar o ser humano dentro de critérios lógicos e totalmente racionais. Por esta razão, a ingratidão humana, quando analisada sob a ótica da projeção psicológica, em vez de denotar uma falta de caráter, torna-se uma carência de desenvolvimento egoico, quase que uma infantilidade (que por infelicidade da humanidade, ainda é muito recorrente, independentemente da idade, classe social ou formação educacional dos indivíduos). Não há correlação direta entre um maior nível educacional e um menor nível de projeção nas relações pessoais do indivíduo (mesmo que às vezes tenho a impressão que quanto mais instruídas algumas pessoas, mais insensíveis à sua própria carência egoica elas são... e mais necessitadas de um bom e longo tratamento psicoterápico também... chego a pensar que pessoas mais simples são mais saudáveis em termos psicológicos... mas isto é tema para futuras postagens). Mas o que é projeção, então? O que ela tem a ver com a ingratidão? Comecemos por aí, então...
      Projeção é nossa capacidade de negar em nós mesmos algo que nos incomoda, 'projetando' este mal em quem está mais próximo de nós. Melhor dizendo: nossa incapacidade de aceitar nossos defeitos, nossos PIORES DEFEITOS, diga-se de passagem. Somos capazes de admitir pequenas falhas, mas grandes defeitos... só os grandes seres humanos é que são capazes de admitir.
     A projeção existe desde nosso nascimento, e é extremamente necessária para nossa rápida adaptação ao ambiente: ferramenta essencial de formação do Ego. Ego que é quem somos (ou pelo menos quem achamos que somos), é a separação entre o Eu e o Outro, entre você e sua mãe (principalmente). Sem o Ego, você não pensaria sozinho, não iria querer nada (quereria o que os outros quisessem por você), não teria opinião, não seria ninguém. Pense em um fantoche: seria alguém sem ego.
    Com a Projeção, o Ego se fortifica enquanto você forma sua personalidade: a criança é capaz então de se ver como 'boazinha', e acreditar em si própria, negando seus próprios defeitos. Até este ponto, isto é saudável. A criança naturalmente projeta quando, por exemplo, diz que quem quebrou o vaso foi a 'bola', e não quem a chutou... que quem comeu o bolo foi o 'gatinho', e não ela que era a única capaz de abrir a porta da geladeira naquele momento e local.
      A coisa começa a tomar outra figura quando crescemos, ganhamos a capacidade de saber bem quem somos, conhecemos nossos defeitos mas passamos a justificá-los... esta 'racionalização' de nossos próprios defeitos (comum e diretamente proporcional à capacidade intelectual do indivíduo) é capaz de fazer grandes estragos, principalmente na vida das pessoas que estão em volta do 'projetor'. Dona da verdade, para esta pessoa tudo se justifica porque ela 'está certa', e qualquer um que discorde ou tenha outra opinião estará errado. Os demais passam, então, a receber toda a carga de projeção deste indivíduo, pela sua incapacidade de evoluir reconhecendo suas próprias carências e defeitos.
      Vamos ser mais claros citando exemplos: imagine alguém que passe boa parte de seu tempo de trabalho no computador fazendo outra coisa que não trabalhar (navegando na internet, no facebook, fazendo atividades alheias ao seu trabalho), enquanto seus colegas de trabalho simplesmente se esgotam com enorme quantidade de serviço. É impossível que o inconsciente desta pessoa não a cobre, não transmita-lhe culpa de sua atitude incorreta... mas a reação do ego infantil deste indivíduo será a contrária da que realmente se esperaria de um verdadeiro adulto: ela adotará um discurso e uma atitude de que trabalha mais do que os outros, que estes deveriam receber mais carga de trabalho pois sua situação, em sua visão, seria injusta... um contrassenso, não é? Sim, mas é isto que ocorrerá: a pessoa que projeta o faz lançando nos outros suas próprias falhas...e não para por aí.
       Pense em alguém que ajude esta pessoa com carência egoica... este(a) será uma tela de projeção para os piores defeitos do projetor. E é aí que chegamos ao tema da ingratidão: pessoas altamente projetivas (portadoras de um ego mal formado, infantil) agem com o que seria caracterizado como 'ingratidão': ao mesmo tempo em que você age com profissionalismo, seriedade e honestidade, esta pessoa tentará lhe identificar como preguiçoso, desonesto, mentiroso, infantil... exatamente as próprias características que lhe pertencem.
      A culpa, a vergonha, a inferioridade, a incapacidade, e todos os demais maus sentimentos que elas sentem são insuportáveis para seu pequeno e mal formado ego, sendo, portanto, lançados no inconsciente. Lá, esses conteúdos só tem duas alternativas: atacar a si próprio(a) (o pior caminho, transformar-se em uma doença ao somatizar-se, em uma neurose profunda ou em uma psicose nos piores casos) ou lançá-los na direção de quem estiver mais próximo e suscetível (geralmente pessoas com características contrárias aos seus defeitos, e às quais, no fundo, invejam, ou no mínimo desejariam ser iguais). O último é o caminho mais fácil, mais natural, o mais seguido pelas pessoas.
     É aí que nascem as grandes injustiças nos ambientes de trabalho, nas salas escolares, na vida social no geral. Quanto maior o cargo do projetor, maior sua capacidade de fazer besteira e cometer grandes injustiças na vida das demais pessoas, por conta de sua própria inferioridade de maturidade psicológica, sua falha no desenvolvimento egoico. E infelizmente, ainda não temos muitos meios para nos defendermos deste tipo de 'doente'.
     O máximo que podemos fazer, quando somos obrigados a estar em ambientes assim, é ficarmos calados e nos afastarmos (quando for possível). Qualquer coisa que tentar dialogar com alguém projetando sobre você seus próprios defeitos é conseguir fornecer mais material para queimar no 'fogo' de sua projeção. Lembre-se: o que ela está vendo em você está na cabeça dela, não em você; você não conseguirá mudar a imagem que este tipo de pessoa tem de você até que ela procure um profissional de psicologia para tratar sua falha de desenvolvimento psicológico.
   É lamentável quando vemos pessoas altamente instruídas e incapazes de reconhecer suas próprias falhas, seus próprios deslizes. Costumamos vê-las apresentando um discurso totalmente alheio às suas próprias ações, e se você tentar confrontá-la com suas próprias ações, provavelmente ela se tornará irascível e despejará contra você toda uma série de insultos e ironias, se não passar para um ataque físico: a pior coisa que um 'projetor' quer à sua frente é ser confrontado com a realidade: sua própria realidade (a de uma criança fragilizada e birrenta, no corpo de um adulto). (...)



Em relação ao texto, julgue, como VERDADEIRO ou FALSO, o item a seguir
Em “É impossível que o inconsciente desta pessoa não a cobre, não transmita-lhe culpa de sua atitude incorreta...”, a ênclise foi utilizada na forma verbal em destaque por questão de harmonia no texto, conforme rege o padrão culto da língua.
Alternativas
Q1126250 Português
Assinale a alternativa correta, quanto à colocação pronominal.
Alternativas
Q1125689 Português

Texto 2


                 


Com base nas ideias do texto, julgue o item a seguir.


A substituição de “Trata-se” (linha 20) por Esse fato trata-se manteria a correção e a coerência do texto.

Alternativas
Q1125429 Português
Mafalda: uma grande menina
Jornal do Brasil
Maria Clara Lucchetti Bingemer

      Incrível, querida Mafalda, que você já esteja com meio século de existência. Parece que foi ontem que travei conhecimento com você e sua turma de crianças diferenciadas. E desde o primeiro momento, confesso que me apaixonei por você, tão idealista, com seu jeito politizado e, ao mesmo tempo, terno.
      Você, querida Mafalda, na verdade é uma apaixonada pelas pessoas e pelo mundo. Você ama os outros e as coisas que existem ao seu redor. Por isso mesmo é muito exigente com elas. Os primeiros a sentir o peso de sua exigência são seus pais. Como você deve tê-los enchido de ansiedade, menina de cabelos pretos e olhar perscrutante. Suas perguntas os deixam de olhos abertos a noite toda, sem conciliar o sono, indagando-se o que você quer dizer e onde quer chegar.
         Mas ao mesmo tempo, com toda a sua crítica a tudo e todos em sua casa – a começar pela sopa tão odiada “que é para a infância o que é o comunismo para a democracia” –, você ama seus pais e os olha com uma ternura que perdoa suas limitações e acolhe suas imperfeições na difícil arte de te amar. Seu irmãozinho Guille é objeto igualmente de sua ternura e desde pequeno já começa a assimilar sua visão crítica do mundo e da realidade. Vai longe esse menino!
         Com sua turma de amigos, já brinquei muitas vezes e entrei na roda do teimoso e pão-duro Manolito, da alienada Susanita, do terno Felipe... junto com você. Sempre foi uma delícia ver como você interage com eles, amiga, companheira, mas também verdadeira, sabendo levantar a voz e ser crítica quando é necessário. Às vezes, a insensibilidade de Susanita, ou as “viagens” de Felipe impacientam você, que vai então refugiar-se no seu quarto e pensar, pensar e mais pensar. Porém, muitas vezes você se diverte com eles como criança da sua idade e eu, avó que já sou, morro de rir dessas brincadeiras que me fazem lembrar meus netos.
          Sua relação de maior afeto, no entanto, Mafalda, é com o mundo. Só nele eu já vi você enternecida e cheia de compaixão. Seu coração sensível e sua mente brilhante e perspicaz têm profunda pena deste mundo tão louco, tão injusto, mas também tão sofrido, tão combalido por guerras, lutas fratricidas, injustiças de toda sorte. Sua cabecinha não para de se perguntar uma e outra vez o porquê de tudo que acontece e deforma este mundo que poderia ser pacífico. Talvez de todas as suas tirinhas a que mais me enterneceu tenha sido aquela onde você aparece em atitude protetora ao lado do globo terráqueo colando um band-aid sobre sua superfície.
      Isso diz muito sobre sua personalidade. Enraivecida, rebelde, não se conformando com o mundo tal qual é. Mas também carinhosa, compassiva, compreensiva com as limitações de todos e também deste mundo, que é a nossa, a sua casa e que sofre bastante com os desvarios e loucuras dos seres humanos. Tal como seu criador, Quino, você é uma pessoa pacífica, mas que não suporta injustiças. E por isso se enraivece quando elas acontecem.
      Neste seu aniversário de meio século, quero agradecer a você a grande inspiração que tem sido para mim. São cinquenta anos que você nos encanta, nos faz rir, pensar, refletir, chorar e ter mais força para enfrentar o cotidiano às vezes bem duro que é o nosso.
      Sobretudo nós, mulheres, devemos muito a você. Quando nos desesperamos com a idade que nos faz engordar, você nos ensina que na verdade não acumulamos gordura saturada e sim inteligência, saber, conhecimento. E como tanta sabedoria não cabe em nossa cabeça, mas se esparrama por nosso corpo, nossas formas se avolumam e se arredondam. Mas isso não significa que somos gordas, e sim cultas, muito cultas.
     Por ser inteligente, politizada e culta, querida Mafalda, você chega à chamada “meia idade” sem achar que a academia de ginástica é o lugar mais importante do mundo, nem que tem que ter aos 50 o mesmo corpo que tinha aos 18. Você sabe que o mais importante se leva na cabeça e no coração, e não na cintura, nos quadris ou nos seios.(...)

Fonte: http://www.jb.com.br/index.php?id=/acervo/materia.php&cd_
matia=733590&dinamico=1&preview=1

Em relação ao texto “Mafalda: uma grande menina”, julgue, como VERDADEIRO ou FALSO, o item a seguir.

Em “São cinquenta anos que você nos encanta, nos faz rir, pensar, refletir, chorar e ter mais força para enfrentar o cotidiano às vezes bem duro que é o nosso.”, o pronome em destaque está em posição inadequada, pois, conforme a regra padrão culta da língua escrita, ele deveria estar colocado após o verbo.
Alternativas
Q1125125 Português
A fala da professora poderia ser reescrita, de acordo com a norma-padrão da língua, da seguinte forma:
Alternativas
Respostas
1586: E
1587: A
1588: E
1589: C
1590: D