Questões de Concurso Sobre colocação pronominal em português

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Q985718 Português

[...]

A caatinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor dos bichos moribundos.

– Anda, excomungado.

O pirralho não ____________, e Fabiano desejou _____________. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca _________________como um fato necessário – e a obstinação da criança __________________. Certamente esse obstáculo miúdo não era o culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde.

[...]

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. São Paulo: Editora Record, 1982.


Assinale a alternativa que preenche os espaços de forma correta.

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Q985350 Português

Lembrou-me vestir a farda de alferes. Vesti-a, assim me aprontei de todo; e, como estava defronte do espelho, levantei os olhos, e... não lhes digo nada; o vidro então reproduziu-me a figura integral; nenhuma linha de menos, nenhum contorno diverso.

ASSIS, Machado de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. v. II.


Dos trechos destacados, em qual deles o pronome empregado viola as regras de colocação pronominal?

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Q984508 Português
Marque a opção CORRETA quanto à colocação pronominal.
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Q983218 Português
No período “Eu vi a moça triste”, só NÃO existe:
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Q983188 Português

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De acordo com a norma padrão da língua, o pronome oblíquo átono "me"

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Q983185 Português

Leia, atentamente, a anedota.


Joãozinho chamou o táxi e perguntou:

- Moço, quanto o senhor cobra

para me levar para o aeroporto?

E o taxista respondeu:

- R$15,00

- E as malas?

- As malas eu não cobro nada.

- Então leve as malas que eu

vou a pé.

Fonte: https://me.me/i/joaozinho-chamou-o-taxi-e-perguntou-moco-quanto-o-senhor-678985

Na frase "Então leve as malas que eu vou a pé", podemos substituir “as malas” pelo pronome oblíquo “as”. Marque a alternativa que apresenta a forma CORRETA desta substituição.

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Ano: 2019 Banca: IADES Órgão: AL-GO Prova: IADES - 2019 - AL-GO - Revisor Ortográfico |
Q982738 Português
Em relação à sintaxe de orações do texto, assinale a alternativa correta.
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Q981439 Português

A respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o item a seguir.


Na linha 21, a correção gramatical do texto seria comprometida se o termo “se” fosse posicionado após a forma verbal “referem”, da seguinte forma: referem-se.

Alternativas
Q981328 Português

Julgue o item a seguir, com relação às ideias, aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto anterior.


A correção gramatical do texto seria mantida caso, no trecho “passam a se comportar” (l.14), o vocábulo “se” fosse deslocado para depois da forma verbal “comportar”, da seguinte maneira: passam a comportar-se.

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Q981069 Português

                                        Ano Bom   

                                                      (Sérgio Porto)
 
       Felizmente somos assim, somos o lado bom da humanidade, a grande maioria, os de boa-fé. Baseado em nossa confiança no destino, em nossas sempre renovadas esperanças, é que o mundo consegue funcionar regularmente, deixando-nos a doce certeza – embora nossos incontornáveis amargores – de que viver é bom e vale a pena. E nós – graças às três virtudes teologais, às quais nos dedicamos suavemente, sem sentir, amando a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos; graças a elas, achamos sinceramente que o ano que entra é o Ano-Bom, tal como aconteceu no dezembro que se foi e tal como acontecerá no dezembro que virá. 

      Todos com ar de novidade, olhares onde não se esconde a ansiedade pela noite de 31, vamos distribuindo os nossos melhores votos de felicidades: 

      - Boas entradas no Ano-Bom! 

      - Igualmente, para você e todos os seus. 

      E os dois que se reciprocaram tão belas entradas seguem os seus caminhos, cada qual para o seu lado, com um embrulho de presentes debaixo do braço e um mundo de planos na cabeça.  

      Ninguém duvida de que este, sim, é o Ano-Bom. 

      Pois se o outro não foi! 

      E mesmo que tivesse sido, já não interessa mais – passou. E como este é o que vamos viver, este é o bom. Ademais, se é justo que desejemos dias melhores para nós, nada impede àqueles que foram felizes de se desejarem dias mais venturosos ainda. Por isso, lá vamos todos pródigos em boas intenções, distribuindo presentes para alguns, abraços para muitos e bons presságios para todos. 

      - Boas entradas de Ano-Bom! 

      - Igualmente, para você e todos os seus. 

      A mocinha comprou uma gravata de listras, convencida pelo caixeiro de que o patrão era discreto. O rapaz comprou o perfume que o contrabandista jurou que era verdadeiro. Senhoras, a cada compra feita, tiram uma lista da bolsa e riscam um nome. Homens de negócios se trocarão aquelas cestas imensas, cheias de papel, algumas frutas secas, outras não, e duas garrafas de vinho, se tanto. Ao nosso lado, no lotação, um senhor de cabeça branca trazia um embrulho grande, onde adivinhamos um brinquedo colorido. De vez em quando ele olhava para o embrulho e sorria, antegozando a alegria do neto. 

      No mais, os planos de cada um. Este vai juntar dinheiro, aquele acaricia a possibilidade de ter o seu longamente desejado automóvel. Há ainda uma jovem que ainda não sabe com quem, mas quer casar. Há um homem e o seu desejo, uma mulher e a sua esperança. Uma bicicleta para o menininho, boneca que diz “mamãe” para a garotinha; letra “O” para o funcionário; viagens para Maria; uma paróquia para o senhor vigário; um homem para Isabel – a sem pecados; Oswaldo não pensa noutra coisa; o diplomata quer Paris; o sambista um sucesso; a corista uma oportunidade; muitos candidatos vão querer a presidência; muitas mães querem filhos; muitos filhos querem um lar; há os que querem sossego; d. Odete, ao contrário, está louca pra badalar; fulano finge não ter planos; por falta de imaginação, sujeitos que já têm, querem o que têm em dobro, e, na sua solidão, há um viúvo que só pensa na vizinha. 

      Todos se conhecem com maior ou menor grau de intimidade e, quando se encontram, saúdam-se: 

      - Boas entradas de Ano-Bom! 

      - Igualmente, para você e todos os seus. 

      Felizmente somos assim. Felizmente não paramos para meditar, ter a certeza de que este não é o Ano-Bom porque é um ano como outro qualquer e que, através de seus trezentos e sessenta e cinco dias, teremos que enfrentar os mesmos problemas, as mesmas tristezas e alegrias. Principalmente erraremos da mesma maneira e nos prometeremos não errar mais, esquecidos de nossos defeitos e virtudes, os defeitos e virtudes que carregaremos até o último ano, o último dia, a última hora, a hora de nossa morte... amém! 

      Mas não vamos nos negar esperanças, porque assim é que é humano; nem nos neguemos o arrependimento de nossos erros, embora, no ano novo, voltemos a errar da mesma forma, o que é mais humano ainda. 

      Recomeçar, pois – ou, pelo menos, o desejo sincero de recomeçar -, a cada nova etapa, com alento para não pensar que, tão pronto estejam cometidos todos os erros de sempre, um outro ano virá, um outro Ano-Bom, no qual entraremos arrependidos, a fazer planos para o futuro, quando tudo acontecerá outra vez. 

      Até lá, no entanto, teremos fé, esperança e caridade bastante para nos repetirmos mutuamente: 

      - Boas entradas de Ano-Bom!

      - Igualmente, para você e todos os seus.
 
Porto, Sérgio. O homem ao lado: crônicas / Sérgio Porto – 1ª ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

A construção adiante transcrita servirá de base para a questão: “Mas não vamos nos negar esperanças, porque assim é que é humano;...”

De acordo com a observância das normas de colocação pronominal, a expressão verbal “nos negar” contém:
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Q980486 Português
Leia: “Desenterrando coisas valiosas estaremos chamando a desgraça. Aproximando-se o dia da purificação, o céu encobrir-se-á de teias de aranha. Um vaso cheio de cinzas poderá um dia cair do céu; poderá queimar a terra e agitar os mares.” (Texto de encerramento do filme Koyaanisqatsi) Em relação ao texto, é incorreto afirmar que:
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Q979914 Português

            João Cruz e Sousa (1861 - 1898), lançador do Simbolismo no Brasil, é situado, por alguns estudiosos, junto de Mallarmé e Stefan George, entre os três maiores simbolistas do mundo, formando a “grande tríade harmoniosa”.

            Além de ter uma boa apresentação física, era um homem extremamente culto e elogiado por seus mestres. Mas nada disso, para as pessoas da época, superava o fato de ser negro, o que lhe causou sérios problemas.

            Em vida, sofreu muito e não conheceu o sucesso. Mudou-se de Santa Catarina (seu estado natal) para o Rio de Janeiro e, com muito empenho, chegou a ser arquivista da Central do Brasil, cargo que lhe garantia subsistência e não valorizava sequer um décimo de sua capacidade intelectual. Terminou atacado pela “doença dos poetas”, a tuberculose, que matou, junto com ele, toda sua família.

            É nesse ambiente de dor que nasce sua incrível obra, onde transparecem a melancolia e a revolta, porém com versos magicamente ricos e sonoros. Arte é a palavra-chave. Arte libertária, ansiosa, criativa, que foge dos padrões métricos sem perder a classe e a musicalidade. Cruz e Sousa é, sem dúvida, um dos maiores expoentes da poesia brasileira. Entre suas obras estão Missal, Broquéis, Os Faróis e Últimos Sonetos, todos livros de poesia.

(brasilescola.uol.com.br/biografa/joao-cruz-sousa)

A expressão sublinhada do texto apresenta um pronome enclítico. De acorco com a norma gramatical de seu uso, a ênclise ocorre:
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Q979732 Português
No registro formal de linguagem escrita, para a colocação de pronomes, as normas oficiais da gramática do português estabelecem o emprego de
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Q979130 Português

                                               Olivia

                                                                           Luís Fernando Veríssimo.

      Querida Olivia Schmid, muito obrigado pela carta que você mandou no hospital Pro Cardíaco, quando soube que eu estava internado lá, semana passada. Sua carta me emocionou, bem como as muitas mensagens que recebi dos amigos e de desconhecidos como você, desejando meu restabelecimento. O restabelecimento era garantido, pois eu estava nas mãos dos médicos Claudio Domenico, Marcos Fernandes, Aline Vargas, Felipe Campos e toda a retaguarda de craques do hospital, além do dr. Alberto Rosa e do dr. Eduardo Saad, que instalou no meu peito o marca-passo que, se entendi bem, vai me permitir competir. Mas, infelizmente, não pude responder sua cartinha porque você não colocou seu endereço. Só sei que você se chama Olivia (lindo nome), tem 10 anos, mora na Tijuca e cursa o quinto ano da Escola Municipal Friedenreich. E que gosta muito de ler.

      Você me fez uma encomenda: pediu que eu escrevesse uma história sobre pessoas que não gostam de acordar cedo de manhã, como você. Vou escrever a história, Olivia, inclusive porque pertenço à mesma irmandade. Concordo que não existe maldade maior do que tirar a gente do quentinho da cama com o pretexto absurdo de que é preciso ir à escola, trabalhar etc., todas essas coisas que não se comparam com o prazer de ficar na cama só mais um pouquinho. Acho até que poderíamos formar uma associação de pessoas que pensam como nós, uma Associação dos que Odeiam Sair da Cama de Manhã (AOSCM). Poderíamos até fazer reuniões do nosso grupo - desde que não fossem muito cedo de manhã, claro.

      Você me fez um pedido e eu vou fazer um a você, Olivia. Por favor, continue sendo o que você é. Não, não quero dizer leitora dos meus livros, se bem que isto também. Continue sendo uma pessoa que consegue emocionar outra pessoa com um simples ato de bondade, sem qualquer outro pretexto a não ser sua vontade de ser solidária. Você deve ter notado que o pessoal anda muito mal-humorado, Olivia. Se desentendem e brigam porque um não tolera a opinião do outro. Conversa vira bate- boca, debate vira, às vezes, até troca de tapas. Uma das crises em que o Brasil está metido é uma crise de civilidade. Não deixe que nada disso mude a sua maneira de ser, Olivia. O seu simples ato de bondade vale mais do que qualquer um desses discursos rancorosos. Animou meu coração mais do que um marca-passo. O Brasil precisa muito de você, Olivia.

O primeiro período do texto apresenta falhas em relação à norma culta:
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Q979039 Português

Existir, a que será que se destina?


            Quando entra no ar a vinheta do Jornal Nacional, meu coração vai apertando porque sei que lá vem. Não me refiro às quedas na bolsa, à desvalorização do real ou às exigências do FMI, que tudo isso já vi. Refiro-me às consequências de um mundo hostil, predatório e tremendamente injusto, seja no Brasil, em Ruanda ou em qualquer lugar onde crianças passem fome, senhoras durmam em calçadas tentando matricular seus filhos ou aposentados morram em corredores de hospitais. Cada vez mais difícil digerir a vida como ela é para a maioria.

            As crianças que eu conheço estudam em escola particular, compram livros, vão ao cinema, tomam lanches, são sócias de um clube, possuem roupas coloridas, têm brinquedos, praticam esportes, vão à praia e no primeiro sinal de doença, as mães telefonam para o médico e marcam consulta para o mesmo dia, tendo a seu dispor ar-condicionado e competência. Tudo caro. É o preço de poder ter um dia feliz entre duas noites de sono. 

            As crianças que não conheço não têm nada disso, e quando forem adultas terão menos ainda, porque até a inocência irão perder. Nunca viram um hambúrguer, não sabem o gosto que a Fanta tem, dos picolés sentem o gosto apenas do palito, não têm leite de manhã e não têm molho para o macarrão que às vezes comem. Mascam chicletes usados, assim como seus pais fumam baganas encontradas no chão. Um estômago vazio entre duas noites de sono. 

            Para a maior parte das pessoas, o espaço que existe entre nascer e morrer não é ocupado. Não comem, e não comendo, não estudam, e não estudando, não trabalham e não trabalhando, não existem. São fantasmas que não conseguem libertar-se do próprio corpo. Nós enquanto isso, discutimos o novo disco da Alanis Morrisete, aplaudimos a chegada do Xenical, vemos as fotos do Morumbi Fashion, comemoramos o centenário de Hitchcock, comentamos o lançamento do novo Renault Clio, torcemos por Central do Brasil. Saímos para dançar, provamos comida árabe, andamos de banana boat, fazemos terapia e regamos girassóis. Fazemos interurbanos, jogamos no Toto Bola, compramos o batom que seduz os moços e a espuma de barbear que seduz as moças. Bem alimentados, instruídos e com um mínimo de saldo no banco, ocupam o espaço entre acordar e adormecer. 

            Quem não come, não sabe ler e não tem medicamento não ocupa espaço algum. Flutua no vácuo, respira por aparelhos, ignora a própria existência, só sabe que está vivo porque, de vez em quando, sofre um pouco mais que o normal, porque o normal é sofrer bastante, mas não a ponto de não haver diferença entre nascer ou morrer. 

Fonte: Marta Medeiros, fev/1999, p. 162.

Sobre a colocação do pronome oblíquo em: “Não me refiro às quedas na bolsa, (...)”, é correto afirmar:
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Q978983 Português

O LOBO MORAVA EM CASA

            Rosângela Sales Cohen, 56 anos, de Belém do Pará. A história que tenho para contar é semelhante à de Chapeuzinho Vermelho. Só que o lobo morava em minha casa. Era o meu pai. Fui abusada por ele durante a infância e a adolescência. 

            Sou a 13ª de uma família de catorze irmãos de Belém do Pará. Por alguma razão, meu pai me escolheu quando eu era tão novinha que nem lembro a idade que tinha. Na calada da noite, ele ia à minha cama, fazia o que queria comigo e depois ia embora. Eu era muito pequena, não tinha noção do que era certo ou errado. Tudo foi piorando à medida que não queria mais satisfazer seus desejos, ele começou a me ameaçar, dizendo que deixaria a família passar fome. Toda a minha pureza virou indiferença. Desenvolvi um mecanismo de autodefesa que consistia em anular todos os meus sentimentos bons ou ruins. Tornei-me um ser não vivo. E tenho lembranças fragmentadas daquela época.

            Por volta dos 5 anos, tive uma de minhas experiências mais traumáticas. Ouvi de um familiar que eu gostava daquilo. Era como se eu houvesse seduzido meu pai. Aquelas palavras foram como uma faca cortando minha alma. Passei a ser acometida por uma febre psicológica, que me fazia delirar a mais de 40 graus. Estavam me acusando de algo do qual era vítima, e o fato de todos saberem o que acontecia e ninguém fazer nada me revoltava ainda mais. Passei a me sentir, de fato, culpada. Tinha nojo de mim mesma, além de muita vergonha. Acima de tudo, havia o medo.

            Então, um dia, quando eu já tinha 15 anos, meu pai acabou sendo expulso de casa pelos meus irmãos por causa das maldades que fazia comigo. Acreditei que meus problemas haviam acabado. Aos 16 anos, tive o meu primeiro namorado. Ficamos três anos juntos, e ele sempre foi muito respeitoso comigo. Quando tinha 20 anos, comecei a namorar um rapaz que conheci na saída da faculdade. Na época, tinha planos de me casar, constituir uma família, ir para bem longe da minha casa. E, por isso, eu o via como uma espécie de "salvador”. Em uma ocasião, saímos para ir a uma festa. A noite estava ótima, até a hora de ir embora... Na volta para casa, ele parou no motel. Em dado momento, começou a me olhar de maneira estranha, de uma forma que eu já conhecia. Fingi que estava passando mal e me tranquei no banheiro, chorando desesperadamente. Ele, então, começou a ficar agressivo e a dar murros na porta, dizendo que iria arrombá-la. Abri a porta e aconteceu o que eu previra. 

            A sensação de impotência era o que mais me afligia. No fim, a violência emocional é muito maior do que a física. Na manhã seguinte, ele me deixou em casa, como se nada tivesse acontecido, e ainda acenou para minha mãe com um sorriso. Disse a ele que, se voltasse a se aproximar de mim, iria denunciá-lo por estupro. Ele nunca mais apareceu.

            Os abusos me fizeram desenvolver fobias e síndromes, doenças psicossomáticas que passei a estudar para procurar respostas quando ingressei no curso de psicologia. Eu havia me tornado uma pessoa amarga e egoísta, que magoava os outros. A simples aproximação de alguém me causava pânico. Curei-me física, emocional e espiritualmente em um retiro religioso em Curitiba, onde fiquei por um mês. Deus me deu condições de lutar contra o ódio e o medo que me congelavam. Descobri que era capaz de amar e me deixar ser amada. O mais difícil foi perdoar, mas consegui. 

            Hoje sou mãe de três filhas e avó de duas netas, além de ser dona de uma corretora de imóveis. Faço esse relato com um sorriso no rosto porque consegui criar três mulheres fortes e independentes. Pretendo publicar um livro com a história da minha vida para conscientizar as pessoas sobre a realidade do estupro. O nome do livro será Superação.

(Fonte: Depoimento colhido por Eduardo Gonçalves. Revista Veja, n° 2483)

Assinale a alternativa em que a colocação pronominal segue o nível coloquial.
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Q978979 Português

O LOBO MORAVA EM CASA

            Rosângela Sales Cohen, 56 anos, de Belém do Pará. A história que tenho para contar é semelhante à de Chapeuzinho Vermelho. Só que o lobo morava em minha casa. Era o meu pai. Fui abusada por ele durante a infância e a adolescência. 

            Sou a 13ª de uma família de catorze irmãos de Belém do Pará. Por alguma razão, meu pai me escolheu quando eu era tão novinha que nem lembro a idade que tinha. Na calada da noite, ele ia à minha cama, fazia o que queria comigo e depois ia embora. Eu era muito pequena, não tinha noção do que era certo ou errado. Tudo foi piorando à medida que não queria mais satisfazer seus desejos, ele começou a me ameaçar, dizendo que deixaria a família passar fome. Toda a minha pureza virou indiferença. Desenvolvi um mecanismo de autodefesa que consistia em anular todos os meus sentimentos bons ou ruins. Tornei-me um ser não vivo. E tenho lembranças fragmentadas daquela época.

            Por volta dos 5 anos, tive uma de minhas experiências mais traumáticas. Ouvi de um familiar que eu gostava daquilo. Era como se eu houvesse seduzido meu pai. Aquelas palavras foram como uma faca cortando minha alma. Passei a ser acometida por uma febre psicológica, que me fazia delirar a mais de 40 graus. Estavam me acusando de algo do qual era vítima, e o fato de todos saberem o que acontecia e ninguém fazer nada me revoltava ainda mais. Passei a me sentir, de fato, culpada. Tinha nojo de mim mesma, além de muita vergonha. Acima de tudo, havia o medo.

            Então, um dia, quando eu já tinha 15 anos, meu pai acabou sendo expulso de casa pelos meus irmãos por causa das maldades que fazia comigo. Acreditei que meus problemas haviam acabado. Aos 16 anos, tive o meu primeiro namorado. Ficamos três anos juntos, e ele sempre foi muito respeitoso comigo. Quando tinha 20 anos, comecei a namorar um rapaz que conheci na saída da faculdade. Na época, tinha planos de me casar, constituir uma família, ir para bem longe da minha casa. E, por isso, eu o via como uma espécie de "salvador”. Em uma ocasião, saímos para ir a uma festa. A noite estava ótima, até a hora de ir embora... Na volta para casa, ele parou no motel. Em dado momento, começou a me olhar de maneira estranha, de uma forma que eu já conhecia. Fingi que estava passando mal e me tranquei no banheiro, chorando desesperadamente. Ele, então, começou a ficar agressivo e a dar murros na porta, dizendo que iria arrombá-la. Abri a porta e aconteceu o que eu previra. 

            A sensação de impotência era o que mais me afligia. No fim, a violência emocional é muito maior do que a física. Na manhã seguinte, ele me deixou em casa, como se nada tivesse acontecido, e ainda acenou para minha mãe com um sorriso. Disse a ele que, se voltasse a se aproximar de mim, iria denunciá-lo por estupro. Ele nunca mais apareceu.

            Os abusos me fizeram desenvolver fobias e síndromes, doenças psicossomáticas que passei a estudar para procurar respostas quando ingressei no curso de psicologia. Eu havia me tornado uma pessoa amarga e egoísta, que magoava os outros. A simples aproximação de alguém me causava pânico. Curei-me física, emocional e espiritualmente em um retiro religioso em Curitiba, onde fiquei por um mês. Deus me deu condições de lutar contra o ódio e o medo que me congelavam. Descobri que era capaz de amar e me deixar ser amada. O mais difícil foi perdoar, mas consegui. 

            Hoje sou mãe de três filhas e avó de duas netas, além de ser dona de uma corretora de imóveis. Faço esse relato com um sorriso no rosto porque consegui criar três mulheres fortes e independentes. Pretendo publicar um livro com a história da minha vida para conscientizar as pessoas sobre a realidade do estupro. O nome do livro será Superação.

(Fonte: Depoimento colhido por Eduardo Gonçalves. Revista Veja, n° 2483)

O excerto: "Tornei-me um ser não vivo. E tenho lembranças fragmentadas daquela época." apresenta um deslize em relação à norma culta de:
Alternativas
Q977932 Português

Tudo o que não puder contar, não faça:

integridade é não agir errado mesmo sozinho


         Immanuel Kant, famoso filósofo alemão do século 18, dizia: “Tudo o que não puder contar como faz, não faça!”. Ao jogarmos um simples papelzinho pela janela não temos consciência alguma de que não se trata apenas de um simples papelzinho. O que está por trás disso é absolutamente sério. O que estamos fazendo conosco, com o meio em que vivemos e com o mundo? Há que se dizer que culpar terceiros sempre nos traz alívio.

            Mas não é um simples papelzinho... Se jogarmos três ao dia, serão quatorze por semana, e se milhões de pessoas de todo o mundo jogarem três míseros papéis por dia? Um dos maiores responsáveis por alagamentos nas cidades é o lixo, acarreta entupimento de bueiros e canalizações, levando a dispersar doenças e incômodo à população em geral. 

           O âmago desta questão é a consciência. Nos dias de hoje coletamos informações prontas e não levamos questões reflexivas ao cotidiano agitado e quase atropelado pelo que não nos afeta tanto por enquanto.

     O que seremos no futuro? Seremos seres abastecidos virtualmente, mas submergidos no lixo? A grande preocupação é que a realidade virtual se sobreponha à realidade real!

            A vida no planeta como a conhecemos acabará de forma dramática, e somente através desse processo de conscientização poderemos garantir a sustentabilidade ambiental. Sustentabilidade: “Pensar globalmente, agir localmente”. Não é um simples papelzinho. É questão de educação, caráter, reflexão!

(Mario Sergio Cortella. http://mariosergiocortella.com. Adaptado)

Considerando-se as regras de concordância e de colocação pronominal da norma-padrão, as expressões destacadas no trecho “... coletamos informações prontas e não levamos questões reflexivas ao cotidiano...” estarão correta e respectivamente substituídas por
Alternativas
Q977455 Português

“______________ redes de comida mexicana que não ______________ somente a modalidade doce. Ana Maria Braga falou dez minutos sobre abacate em seu programa; há quem ______________ como maionese, de maneira mais elaborada. É uma fruta muito versátil.”

(https://noticias.bol.uol.com.br. Adaptado)

De acordo com a norma-padrão, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:

Alternativas
Q977441 Português

Leia a tira para responder a questão.



Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas do segundo e do terceiro quadrinho da tira devem ser preenchidas, respectivamente, com: 

Alternativas
Respostas
1741: A
1742: D
1743: E
1744: B
1745: A
1746: B
1747: D
1748: C
1749: C
1750: D
1751: A
1752: A
1753: B
1754: D
1755: A
1756: E
1757: E
1758: A
1759: E
1760: E