Questões de Português - Crase para Concurso
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Muita lógica para nada?
1 Muitas pessoas, ao longo da história, já esbravejaram contra a tentativa de racionalização e organização do pensamento por meio da lógica. Desde Sócrates, que via os sofistas como um grupo que se aproveitava da argumentação para confundir o povo e distorcer a verdade, até os pós-modernos (que desacreditam da própria noção de verdade e da lógica), temos visto todo tipo de argumentação contra a argumentação. E dentre os muitos exemplos que existem nesse sentido, talvez uma das mais espirituosas seja essa frase de Dostoiévski:
2 O homem tem tal predileção por sistemas e deduções abstratas que está disposto a distorcer intencionalmente a verdade, a negar a evidência dos seus sentidos só para justificar sua lógica. (Dostoiévski)
3 Por mais que pareça estranho esse tipo de desapreço pelo racional, especialmente se o que nos define como seres humanos é justamente a capacidade de organizar o pensamento, é importante considerar que a descrença na lógica decorre muitas vezes da observação do uso da racionalização para distorcer a realidade ou ganhar debates fingindo a verdade a que não se tem. Uma das coisas que Nietzsche criticava na filosofia era justamente a quantidade gigantesca de autores que, fingindo agir em nome da razão, lutavam impiedosamente para defender suas paixões. Nada de errado com as paixões, obviamente, o problema é não assumir a real intenção da filosofia: se esconder atrás de argumentos lógicos apenas para convencer os leitores de crenças e desejos muito particulares.
4 Não acho que a lógica é um problema. Mas concordo que devemos ponderar sobre sua utilização, pensando especialmente sobre o fato de que, muitas vezes, a ausência de argumentos sistematizados pode trazer benefícios evidentes (e a arte é o melhor exemplo disso). Por outro lado, vale ponderar também sobre o fato de que a lógica por si só não é sinal de verdade. Afinal, um bom argumento é aquele que tem a forma correta, não o conteúdo. E quem estuda lógica (olha só a utilidade dela aqui) geralmente consegue perceber essa diferença.
Extraído de: https://marcosramon.net/posts/muita-logica-para-nada/
A cartomante
Não havia dúvida que naqueles atrasos e atrapalhações de sua vida alguma influência misteriosa preponderava. Era ele tentar qualquer coisa, logo tudo mudava. Esteve quase para arranjar-se na saúde pública; mas assim que obteve um bom “pistolão”, toda a política mudou. Se jogava no bicho, era sempre o grupo seguinte ou o anterior que dava. Tudo parecia mostrar-lhe que ele não deveria ir para diante. Se não fossem as costuras da mulher, não sabia bem como poderia ter vivido até ali. Há cinco anos que não recebia vintém de seu trabalho. Uma nota de dois mil-réis, se alcançava ter na algibeira por vezes, era obtida com o auxílio de não sabia quantas humilhações, apelando para a generosidade dos amigos.
Queria fugir, fugir para bem longe, onde a sua miséria atual não tivesse o realce da prosperidade passada; mas, como fugir? Onde havia de buscar dinheiro que o transportasse, a ele, à mulher e aos filhos? Viver assim era terrível! Preso à sua vergonha como a uma calceta, sem que nenhum código e juiz tivessem condenado, que martírio!
A certeza, porém, de que todas as suas infelicidades vinham de uma influência misteriosa, deu-lhe mais alento. Se era “coisa-feita”, havia de haver por força quem a desfizesse. Acordou mais alegre e se não falou à mulher alegremente era porque ela já havia saído. Pobre de sua mulher! Avelhantada precocemente, trabalhando que nem uma moura, doente, entretanto a sua fragilidade transformava-se em energia para manter o casal.
Ela saía, virava a cidade, trazia costuras, recebia dinheiro, e aquele angustioso lar ia se arrastando, graças aos esforços da esposa.
Bem! As coisas iam mudar! Ele iria a uma cartomante e havia de descobrir o que é que atrasava sua vida.
Saiu, foi à venda e consultou o jornal. Havia muitos videntes, espíritas, teósofos anunciados; mas simpatizou com uma cartomante,
cujo anúncio dizia assim: “Madame Dadá, sonâmbula, extralúcida, deita as cartas e desfaz toda a espécie de feitiçaria, principalmente
a africana. Rua, etc.”.
Não quis procurar outra; era aquela, pois já adquirira a convicção de que aquela sua vida vinha sendo trabalhada pela mandinga
de algum preto-mina, a soldo do seu cunhado, Castrioto, que jamais vira com bons olhos o seu casamento com a irmã.
Arranjou com o primeiro conhecido que encontrou o dinheiro necessário, e correu depressa para a casa de Madame Dadá.
O mistério ia desfazer-se e o malefício ser cortado. A abastança voltaria a casa; compraria um terno para Zezé, umas botinas para Alice, a filha mais moça; e aquela cruciante vida de cinco anos havia de lhe ficar na memória como passageiro pesadelo.
Pelo caminho tudo lhe sorria. Era o sol muito claro, e doce, um sol de junho; eram as fisionomias risonhas dos transeuntes; e o mundo que até ali lhe aparecia mau e turvo, repentinamente lhe surgia claro e doce.
Entrou, esperou um pouco, com o coração a lhe saltar do peito.
O consulente saiu e ele foi afinal à presença da pitonisa. Era sua mulher.
(Contos completos de Lima Barreto. Por: Lima Barreto. 2010. Adaptado.)
“[...] salvo um homem que estava à porta de uma loja [...]”
Assinale a alternativa em que a crase foi empregada corretamente, tal como no fragmento apresentado.
• A velha diz que o velho ronca quando dorme, ele diz ______ ela que é mentira.
• A empregada chega _____ casa do casal pela manhã, faz o almoço, deixa o jantar e sai cedo.
• E em seguida, o casal começa ______ ouvir um sussurro. É uma voz indefinida.
De acordo com a norma-padrão, as lacunas devem ser preenchidas, respectivamente, com:
“Um dos principais eventos nacionais voltados ao reconhecimento e ............. divulgação de profissionais e instituições que fazem ............. diferença na nossa música, Prêmio da Música Brasileira, revelou os indicados para ............ 31ª edição, marcada para o dia 12 de junho de 2024, ............. 20 horas, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. ........... quem diga que esse é o maior evento da nossa indústria musical. O homenageado nessa edição de 2024 será Tim Maia.”
Assinale a alternativa que completa correta e sequencialmente as lacunas do texto.
Considere o período a seguir.
Nesse período, a ocorrência do acento grave justifica-se
[Questão Inédita] A diferença entre igualdade e equidade se dá pelo direito à diferença...
A razão do acento grave na frase acima repete-se na alternativa:
O Brasil inteiro está comentando a lista de convocados pelo técnico, uns o criticando, outros o absolvendo, e daqui a pouco uma nova Copa começará em que a nossa seleção terá boa chance de vencer, e alguma de perder. Já não passamos por isso antes, igualzinho?
A alternativa em que esses trechos estão substituídos de acordo com a norma-padrão de regência e emprego do sinal de crase é:
A água é um recurso natural essencial aos seres vivos e, por essa razão, encontrá-la em outros planetas é fundamental __________ manutenção dos astronautas nesses novos locais, o que os habilitaria ___________ explorá-los e garantiria ___________sua sobrevivência.
• Não sei onde meu pai arranjou aquele almanaque que catalogava os municípios das Minas Gerais, um _________ um.
• Tenho de confessar que, igual _________ , ainda não vi outro.
• O almanaque, além de exaltar as belezas do lugar e as excelências do clima, listando os vultos mais ilustres, descrevia o povo, ___________ começar, como era de se esperar, pelos capitalistas, fazendeiros e donos de lojas...
De acordo com a norma-padrão, as lacunas dos enunciados devem ser preenchidas, respectivamente, com: