Questões de Português - Estrutura das Palavras: Radical, Desinência, Prefixo e Sufixo para Concurso
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O nobilíssimo ponto e vírgula
Estava na “capa” do UOL ontem: “Medo de ser assassinado atinge 3 em 4 brasileiros; 67% de jovens temem a PM”. Por favor, veja o ponto e vírgula, prezado leitor. Que faz ele aí? É correto o seu emprego? [...]
Posto isso, voltemos ao título do UOL e ao ponto e vírgula que há nele. Esse título diz respeito a uma pesquisa realizada pelo Datafolha e publicada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O tema da pesquisa, obviamente, é a violência no Brasil, que, como se sabe, é um país pacífico, solidário etc., etc., etc.
As duas informações que há no título são distintas: a primeira diz respeito ao medo de ser assassinado, sentimento de 76% dos entrevistados; a segunda diz respeito ao temor que 67% dos jovens entrevistados têm da Polícia Militar.
As informações são distintas, mas integram o mesmo assunto, o mesmo campo, o mesmo território, por isso foi empregado (corretissimamente) o ponto e vírgula, que separa o primeiro bloco, completo, autônomo etc., do segundo bloco, também completo, autônomo etc.
O papel do ponto e vírgula é sempre o de separar partes autônomas de um todo, isto é, blocos que apresentam sentido e informação completos e pertencem ao mesmo conjunto, ao mesmo assunto. […]
(Pasquale Cipro Neto, publicado em:<https://www1.folha.uol.com.br/ colunas/ pasquale/2016/11/1828820-o-nobilissimo-ponto-e-virgula.shtml?loggedpaywall>
O homem cuja orelha cresceu
Estava escrevendo, sentiu a orelha pesada. Pensou que fosse cansaço, eram 11 da noite, estava fazendo hora extra. Escriturário de uma firma de tecidos, solteiro, 35 anos, ganhava pouco, reforçava com extras. Mas o peso foi aumentando e ele percebeu que as orelhas cresciam. Apavorado, passou a mão. Deviam ter uns dez centímetros. Eram moles, como de cachorro. Correu ao banheiro. As orelhas estavam na altura do ombro e continuavam crescendo. Ficou só olhando. Elas cresciam, chegavam à cintura. Finas, compridas, como fitas de came, enrugadas. Procurou uma tesoura, ia cortar a orelha, não importava que doesse. Mas não encontrou, as gavetas das moças estavam fechadas. O armário de material também. O melhor era correr para a pensão, se fechar, antes que não pudesse mais andar na rua. Se tivesse um amigo, ou namorada, iria mostrar o que estava acontecendo. Mas o escriturário não conhecia ninguém a não ser os colegas de escritório. Colegas, não amigos. Ele abriu a camisa, enfiou as orelhas para dentro. Enrolou uma toalha na cabeça, como se estivesse machucado.
Quando chegou na pensão, a orelha saía pela perna da calça. O escriturário tirou a roupa. Deitou-se, louco para dormir e esquecer. E se fosse ao médico? Um otorrinolaringologista. A esta hora da noite? Olhava o forro branco, incapaz de pensar, dormiu de desespero.
Ao acordar, viu aos pés da cama o monte de uns trinta centímetros de altura. A orelha crescera e se enrolara como cobra. Tentou se levantar. Difícil. Precisava segurar as orelhas enroladas. Pesavam. Ficou na cama. E sentia a orelha crescendo, com uma cosquinha. O sangue correndo para iá, os nervos, músculos, a pele se formando, rápido. Às quatro da tarde, toda a cama tinha sido tomada pela orelha. O escriturário sentia fome, sede. Às dez da noite, sua barriga roncava. A orelha tinha caído para fóra da cama. Dormiu.
Acordou no meio da noite com o barulhinho da orelha crescendo. Dormiu de novo e quando acordou na manhã seguinte, o quarto se enchera com a orelha. Ela estava em cima do guarda-roupa, embaixo da cama, na pia. E forçava a porta. Ao meio-dia, a orelha derrubou a porta, saiu pelo corredor. Duas horas mais tarde, encheu o corredor. Inundou a casa. Os hóspedes fugiram para a rua. Chamaram a polícia, o corpo de bombeiros. A orelha saiu para o quintal. Para a rua.
Vieram os açougueiros com facas, machados, serrotes. Os açougueiros trabalharam o dia inteiro cortando e amontoando. O prefeito mandou dar a carne aos pobres. Vieram os favelados, as organizações de assistência social, irmandades religiosas, donos de restaurantes, vendedores de churrasquinho na porta do estádio, donas de casa. Vinham com cestas, carrinhos, carroças, camionetas. Toda a população apanhou carne de orelha. Apareceu um administrador, trouxe sacos de plástico, higiênicos, organizou filas, fez uma distribuição racional.
E quando todos tinham levado carne para aquele dia e para os outros, começaram a estocar. Encheram silos, frigoríficos, geladeiras. Quando não havia mais onde estocar a carne de orelha, cham aram outras cidades. Vieram novos açougueiros. E a orelha crescia, era cortada e crescia, e os açougueiros trabalhavam. E vinham outros açougueiros. E os outros se cansavam. E a cidade não suportava mais carne de orelha. O povo pediu uma providência ao prefeito. E o prefeito ao governador. E o governador ao presidente.
E quando não havia solução, um menino, diante da rua cheia de carne de orelha, disse a um policial: “Por que ó senhor não mata o dono da orelha?”
(Ignácio de Loyoia Brandão, Os melhores contos de Ignácio de
Loyola Brandão. Seleção de Deonísio da Silva. São Paulo:
Global, 1993. p.135.)
Saúde Mental: Precisamos falar sobre depressão
Mais de 11 milhões de brasileiros foram diagnosticados com a depressão, segundo a Pesquisa Nacional
de Saúde. Os jovens estão entre os mais afetados pela doença que, segundo previsão da Organização
Mundial da Saúde (OMS), poderá ser a mais incapacitante do mundo até 2020.
A juventude enfrenta desafios muitas vezes sem amparo da família ou do poder público, incluindo o
trabalho, a pressão pela sua formação escolar e escolhas de vida. Consequentemente, a saúde mental é
afetada desencadeando doenças como a depressão e a ansiedade. Frases como “fica bem”, “você precisa se
esforçar” ou “fica tranquilo” são comuns a quem está nessa condição, mas não funcionam para quem passa
todos os dias por isso.
A escola pode ser um dos grandes motores para esse problema na vida dos estudantes. Números indicam
que 56% dos alunos brasileiros ficam mais estressados durante os estudos, de acordo com o Programa de
Avaliação Internacional de Estudantes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE). Os baixos investimentos em uma educação pública de qualidade e a falta de suporte aos jovens
ampliam ainda mais esse número.
A população ainda desconhece, na prática, a doença e confunde muitas vezes como mera “tristeza” ou
“baixo astral”. Antônio Geraldo da Silva, superintendente técnico da Associação Brasileira de Psiquiatria
e presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL), afirma que "depressão não é frescura
nem falta de religiosidade. É transtorno psiquiátrico e precisa ser diagnosticado e tratado como tal".
Antônio Geraldo ressalta que é preciso quebrar o preconceito relacionado às questões de saúde mental,
levando informações corretas à população. “A psicofobia (discriminação contra os portadores de
transtornos e deficiências mentais) é um grande obstáculo a ser transpassado para que a população não
tenha vergonha de procurar ajuda”, afirma o psiquiatra.
De acordo com Antônio, alguns cuidados podem ser tomados para que se tenha uma boa saúde mental:
aumentar a frequência de exercícios físicos, mantendo a prática regular; cuidar da alimentação; aumentar a
frequência de atividades prazerosas, sozinhas ou em grupo, tudo isso ajuda a manter uma boa saúde mental.
“O isolamento social é comprovadamente adoecedor”, ressalta o psiquiatra.
Antônio destaca que “quanto mais cedo o diagnóstico e o tratamento da depressão e/ou ansiedade, mais
fácil de se tratar e devolver ao paciente uma vida sem prejuízos”.
A situação deve ser tratada como questão de saúde pública para prevenir que os jovens aumentem as
estimativas sobre a doença. Para quem sofre com a depressão e a ansiedade, a vida perde cores, levando
muitos a tirarem a própria vida como única solução. Atualmente, o suicídio é a segunda principal causa de
óbito entre os jovens de 10 a 24 anos, de acordo com a OMS.
A vida se torna um peso a ser carregado por quem sofre dos estágios mais avançados da doença. A taxa
de suicídios de jovens subiu 10% desde 2002, entre a população de 15 a 29 anos no Brasil de acordo com
o Mapa da Violência de 2017, publicado com base nos dados do Sistema de Informações de Mortalidade
(SIM) do Ministério da Saúde.
As mortes por suicídio estão diretamente ligadas a transtornos mentais diagnosticados ou não, tratados
de forma inadequada ou não tratados de forma alguma. De acordo com Antônio Geraldo, “quanto mais as
pessoas tiverem acesso à informação, entendendo que o suicídio é uma emergência médica, mais chances
teremos de diminuir os números relacionados a essa triste realidade”.
“Pensar em saúde mental de qualidade é entender que o psiquiatra não é ‘médico de loucos’,
incentivando a busca por auxílio psiquiátrico sempre que observados os sintomas iniciais de quaisquer
transtornos”, conclui Antônio.
Sabendo que o sufixo é um elemento formador de novas palavras, atente para o que se diz a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.
( ) –mento, de “aproveitamento” (linha 14), é um sufixo formador de substantivo.
( ) –ção, de “licitação” (linha 18), é um sufixo formador de substantivo derivado de verbo.
( ) –dor, de “pescador” (linha 34), é um sufixo de adjetivo que exprime o agente.
( ) –vel, de “imprestável” (linha 42), é um sufixo formador de substantivo que exprime negação.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a. seca; casa; gasolina; serpente; estrada; pássaro; esquece (poema); b. extremamente; precipitação (verbete da web).
Para criar condições de assimilação do objeto de conhecimento nomeado fono-ortografia, o professor levará o aluno a
TEXTO 3:
XXXXXX
FORMA FARMACÊUTICA E APRESENTAÇÕES
Solução oral (gotas): embalagens com 1 e 25 frascos de 15 ml
USO PEDIÁTRICO OU ADULTO
(...)
INFORMAÇÕES AO PACIENTE
·· Ação esperada do medicamento: XXXXXX é utilizado como analgésico e antipirético,
ou seja, no combate à dor e à febre. Sua ação analgésica se faz sentir cerca de 30 minutos
após a administração e se prolonga por 4 a 6 horas. ·· Cuidados de armazenamento:
Conservar o produto em temperatura ambiente (entre 15 e 30ºC). Proteger da luz.
·· Prazo de validade: 24 meses a partir da data de fabricação, o que pode ser verificado na
embalagem externa do produto. Não use o medicamento se o prazo de validade estiver
vencido.
Gravidez e lactação: Embora seja permitido o uso de XXXXXX durante a gravidez, sua
administração deve ser restrita aos casos necessários e por curto período. Informe seu
médico a ocorrência de gravidez na vigência do tratamento ou após o seu término. Informe
também se está amamentando.
· Cuidados de administração: Siga a orientação do seu médico, respeitando sempre os
horários, as doses e a duração do tratamento. No caso de persistência dos sintomas, procure
orientação médica.
· Interrupção do tratamento: Não interromper o tratamento sem o conhecimento do seu
médico.
· Reações adversas: Informe seu médico o aparecimento de reações desagradáveis.
“TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS.”
·· Ingestão concomitante com outras substâncias: Evite ingerir o medicamento juntamente
com alimentos, pois sua absorção ficará mais lenta. Evite também ingerir álcool durante o
tratamento, pois o uso de XXXXXX com álcool é tóxico para o fígado.
·· Contra- indicações e Precauções: Pacientes alérgicos ao ácido acetilsalicílico (aspirina)
devem ter cuidado ao usar o XXXXXX
Caso surja durante o uso de XXXXXX qualquer reação inesperada, o tratamento deve ser
descontinuado e seu médico deve ser informado.
Siga rigorosamente a dose recomendada. No caso de ingestão acidental de dose excessiva
ou suspeita de que isto tenha ocorrido, procure imediatamente um serviço médico de urgência.
Informe seu médico sobre qualquer medicamento que esteja usando, antes do início, ou
durante o tratamento.
“NÃO TOME REMÉDIO SEM O CONHECIMENTO DO SEU MÉDICO, PODE SER PERIGOSO PARA A SAÚDE.”
(...)
INDICAÇÕES
Como analgésico- antipirético. O XXXXXX está indicado para aliviar dores leves ou moderadas
e para reduzir a febre. Só proporciona alívio sintomático; quando for necessário, deve-se
administrar uma terapia adicional para tratar a causa da dor ou da febre. O XXXXXX pode
ser utilizado quando a terapia com ácido acetilsalicílico não for aconselhável ou for contraindicada,
por exemplo, em pacientes que recebem anticoagulantes ou uricosúricos,
hemofílicos ou pacientes com outros problemas hemorrágicos e naqueles com enfermidade
do trato gastrointestinal superior.
CONTRA-INDICAÇÕES
Pacientes reconhecidamente hipersensíveis ao XXXXXX ou aos outros componentes da
fórmula.
PRECAUÇÕES
Ocorrendo reação de hipersensibilidade ao XXXXXX, a administração do medicamento
deve ser suspensa. Gravidez: Não se têm descrito problemas em humanos. Embora não
tenham sido realizados estudos controlados, demonstrou- se que o XXXXXX atravessa a
placenta. É admitido seu uso durante a gravidez; entretanto, deve ser sempre considerado
o risco potencial de qualquer medicamento causar dano ao feto. Seu uso deve ser restrito
aos casos necessários e deve ser por curto período.
Sensibilidade Cruzada e/ou Problemas Associados: Os pacientes com intolerância ao
ácido acetilsalicílico podem não apresentá- la em relação ao XXXXXX ; no entanto, têm sido
descritas ligeiras reações broncoespasmódicas com paracetamol em alguns asmáticos
sensíveis ao ácido acetilsalicílico (menos de 5% dos ensaiados).
TEXTO 3:
XXXXXX
FORMA FARMACÊUTICA E APRESENTAÇÕES
Solução oral (gotas): embalagens com 1 e 25 frascos de 15 ml
USO PEDIÁTRICO OU ADULTO
(...)
INFORMAÇÕES AO PACIENTE
·· Ação esperada do medicamento: XXXXXX é utilizado como analgésico e antipirético,
ou seja, no combate à dor e à febre. Sua ação analgésica se faz sentir cerca de 30 minutos
após a administração e se prolonga por 4 a 6 horas. ·· Cuidados de armazenamento:
Conservar o produto em temperatura ambiente (entre 15 e 30ºC). Proteger da luz.
·· Prazo de validade: 24 meses a partir da data de fabricação, o que pode ser verificado na
embalagem externa do produto. Não use o medicamento se o prazo de validade estiver
vencido.
Gravidez e lactação: Embora seja permitido o uso de XXXXXX durante a gravidez, sua
administração deve ser restrita aos casos necessários e por curto período. Informe seu
médico a ocorrência de gravidez na vigência do tratamento ou após o seu término. Informe
também se está amamentando.
· Cuidados de administração: Siga a orientação do seu médico, respeitando sempre os
horários, as doses e a duração do tratamento. No caso de persistência dos sintomas, procure
orientação médica.
· Interrupção do tratamento: Não interromper o tratamento sem o conhecimento do seu
médico.
· Reações adversas: Informe seu médico o aparecimento de reações desagradáveis.
“TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA DO ALCANCE DAS CRIANÇAS.”
·· Ingestão concomitante com outras substâncias: Evite ingerir o medicamento juntamente
com alimentos, pois sua absorção ficará mais lenta. Evite também ingerir álcool durante o
tratamento, pois o uso de XXXXXX com álcool é tóxico para o fígado.
·· Contra- indicações e Precauções: Pacientes alérgicos ao ácido acetilsalicílico (aspirina)
devem ter cuidado ao usar o XXXXXX
Caso surja durante o uso de XXXXXX qualquer reação inesperada, o tratamento deve ser
descontinuado e seu médico deve ser informado.
Siga rigorosamente a dose recomendada. No caso de ingestão acidental de dose excessiva
ou suspeita de que isto tenha ocorrido, procure imediatamente um serviço médico de urgência.
Informe seu médico sobre qualquer medicamento que esteja usando, antes do início, ou
durante o tratamento.
“NÃO TOME REMÉDIO SEM O CONHECIMENTO DO SEU MÉDICO, PODE SER PERIGOSO PARA A SAÚDE.”
(...)
INDICAÇÕES
Como analgésico- antipirético. O XXXXXX está indicado para aliviar dores leves ou moderadas
e para reduzir a febre. Só proporciona alívio sintomático; quando for necessário, deve-se
administrar uma terapia adicional para tratar a causa da dor ou da febre. O XXXXXX pode
ser utilizado quando a terapia com ácido acetilsalicílico não for aconselhável ou for contraindicada,
por exemplo, em pacientes que recebem anticoagulantes ou uricosúricos,
hemofílicos ou pacientes com outros problemas hemorrágicos e naqueles com enfermidade
do trato gastrointestinal superior.
CONTRA-INDICAÇÕES
Pacientes reconhecidamente hipersensíveis ao XXXXXX ou aos outros componentes da
fórmula.
PRECAUÇÕES
Ocorrendo reação de hipersensibilidade ao XXXXXX, a administração do medicamento
deve ser suspensa. Gravidez: Não se têm descrito problemas em humanos. Embora não
tenham sido realizados estudos controlados, demonstrou- se que o XXXXXX atravessa a
placenta. É admitido seu uso durante a gravidez; entretanto, deve ser sempre considerado
o risco potencial de qualquer medicamento causar dano ao feto. Seu uso deve ser restrito
aos casos necessários e deve ser por curto período.
Sensibilidade Cruzada e/ou Problemas Associados: Os pacientes com intolerância ao
ácido acetilsalicílico podem não apresentá- la em relação ao XXXXXX ; no entanto, têm sido
descritas ligeiras reações broncoespasmódicas com paracetamol em alguns asmáticos
sensíveis ao ácido acetilsalicílico (menos de 5% dos ensaiados).
“... analgésico e antipirético...”
As palavras cujos prefixos possuem significados que correspondem àqueles presentes nos termos acima destacados são, respectivamente:
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA A SAÚDE NO FUTURO
Ganha força a ideia de investir em inovação e tecnologia para atender a exigência por qualidade
<04/10/2016 - 13H10/ ATUALIZADO 12H11 / POR AMARÍLIS LAGE>
Do micro ao macro – assim precisa ser o olhar de quem está à frente de um grande projeto. Ao mesmo tempo em que é crucial monitorar e prever as falhas de um equipamento, não se pode perder de vista os futuros riscos que rondam um setor. E tudo depende, claro, de que esses diagnósticos sejam acompanhados por soluções efetivas.
É com esse foco que a GE Healthcare acaba de promover, no Rio, o Innovation Summit, um evento que reuniu cerca de 50 instituições para debater os desafios do atual modelo de negócios na área de saúde. O diagnóstico é de aumento de custos no setor, devido a alguns fatores. Um deles, a transformação demográfica da sociedade. Estima-se que, em 2030, 20% da população brasileira terá mais de 60 anos. Com o envelhecimento, há uma maior incidência de doenças crônicas, cujo tratamento é até sete vezes mais caro que o de doenças infecciosas.
Esse e outros fatores, como a maior exigência por qualidade, prometem pressionar ainda mais o setor, que já está apreensivo. Segundo dados da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), as despesas do sistema vêm subindo, em média, 16% ao ano, desde 2010, enquanto as receitas de contraprestações aumentam cerca de 14%. Além disso, a Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) tem sido superior ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Nesse cenário, e com tais perspectivas, como reagir? Entre os participantes do Innovation Summit, ganha força a ideia de investir em inovação e tecnologia. Plataformas digitais, assim como análises de dados, podem suprir o setor com novas estratégias de negócios que levem tanto a um ganho de produtividade como de qualidade. “É preciso que haja uma mudança de foco. Ainda que os produtos e os resultados sejam importantes, os processos e o valor agregado são ainda mais”, disse Jörgen Nordenström, professor do Instituto Karolinska, uma das maiores faculdades de medicina da Europa.
Um bom exemplo dessa estratégia vem de Baltimore (EUA). O Hospital Johns Hopkins conseguiu diminuir o tempo de espera por atendimento ao instituir o primeiro centro de análise preditiva com foco na experiência dos pacientes. As mudanças, feitas em parceria com a GE, facilitaram tanto a visualização e compartilhamento de dados como a comunicação entre os funcionários, o que permitiu gerenciar melhor o fluxo de pessoas. A espera por um leito para internação, por exemplo, era de 6h e caiu para menos de 4h.
Daurio Speranzini Jr., Presidente e CEO da GE Healthcare para América Latina, destacou que o papel da companhia vai muito além da oferta de equipamentos – o foco está na conexão entre as máquinas e das máquinas com as pessoas, para obter dados que façam a diferença.
“Estamos atuando como uma consultora na área da saúde. Com soluções customizadas é possível acompanhar o crescimento dos negócios, ajudar na tomada de decisões com base em dados e estatísticas, além de auxiliar na escolha de melhores estratégias para obter um alto índice de produtividade”, destacou Speranzini Jr. “O sucesso desse processo depende muito de uma mudança cultural em todas as nossas organizações. Não se trata de um processo simples ou fácil, mas que garantirá o nosso sucesso no futuro que começa ser desenhado agora.”
Fonte: http://revistagalileu.globo.com/Caminhos-para-o-futuro/Saude/
noticia/2016/10/desafios-e-solucoes-para-o-futuro-da-saude.html
O verbo for
Vestibular de verdade era no meu tempo. Já estou chegando, ou já cheguei, à altura da vida em que tudo de bom era no meu tempo; meu e dos outros coroas (…)
O vestibular de Direito a que me submeti, na velha Faculdade de Direito da Bahia, tinha só quatro matérias: português, latim, francês ou inglês, e sociologia, sendo que esta não constava dos currículos do curso secundário e a gente tinha que se virar por fora. Nada de cruzinhas, múltipla escolha ou matérias que não interessassem diretamente à carreira. Tudo escrito ruibarbosianamente quando possível, com citações decoradas, preferivelmente (…)
Quis o irônico destino, uns anos mais tarde, que eu fosse professor da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia e me designassem para a banca de português, com prova oral e tudo. Eu tinha fama de professor carrasco, que até hoje considero injustíssima, e ficava muito incomodado com aqueles rapazes e moças pálidos e trêmulos diante de mim. Uma certa vez, chegou um sem o menor sinal de nervosismo, muito elegante, paletó, gravata e abotoaduras vistosas. A prova oral era bestíssima. Mandava o candidato ler umas dez linhas em voz alta (sim, porque alguns não sabiam ler) e depois se perguntava o que queria dizer uma palavra trivial ou outra, qual era o plural de outra e assim por diante.
Esse mal sabia ler, mas não perdia a pose. Não acertou a responder nada. Então, eu, carrasco fictício, peguei no texto uma frase em que a palavra “for” tanto podia ser do verbo “ser” quanto do verbo “ir”. Pronto, pensei. Se ele distinguir qual é o verbo, considero-o um gênio, dou quatro, ele passa e seja o que Deus quiser.
– Esse “for” aí, que verbo é esse?
Ele considerou a frase longamente, como se eu estivesse pedindo que resolvesse a quadratura do círculo, depois ajeitou as abotoaduras e me encarou sorridente.
– Verbo for.
– Verbo o quê?
– Verbo for.
– Conjugue aí o presente do indicativo desse verbo.
– Eu fonho, tu fões, ele fõe – recitou ele impávido. – Nós fomos, vós fondes, eles fõem.
Não, dessa vez ele não passou. Mas, se perseverou, deve ter acabado passando e hoje há de estar num posto qualquer do Ministério da Administração ou na equipe econômica, ou ainda aposentado como marajá, ou as três coisas. Vestibular, no meu tempo, era muito mais divertido do que hoje e, nos dias que correm, devidamente diplomado, ele deve estar fondo para quebrar. Fões tu? Com quase toda a certeza, não. Eu tampouco fonho. Mas ele fõe.
(João Ubaldo Ribeiro. Publicado no jornal O Estado de São Paulo, em 23/09/1998.)
Texto II
A medicalização da vida
Jackson César Buonocore
Podemos compreender o conceito de medicalização, como processo que transforma de forma artificial as questões não médicas em problemas médicos. São problemas de diferentes ordens que são apresentados como doenças, transtornos e distúrbios psiquiátricos que escondem as grandes questões econômicas, políticas, sociais, culturais e emocionais – que atingem a vida das pessoas.
A sociedade brasileira vive esse processo de medicalização em todas as dimensões da vida, por uma busca desenfreada por explicações biológicas, fisiológicas e comportamentais – que possam dar conta de diversos tipos de sofrimento psíquico, entre os mais frequentes estão a ansiedade, estresse, depressão, síndrome do pânico, transtorno bipolar e fobias.
A medicalização da vida é uma prática comum, pois tornou-se corriqueiro ir a uma consulta e sair com uma receita em mãos. Nessa busca por um alívio imediato dos sintomas, cada vez mais pessoas colocam sua confiança em receitas rápidas, que possam diminuir o mal-estar sem compreender as origens desse sofrimento.
Assim difunde-se a ideia de que existe um “gene” que poderia explicar o alcoolismo, o sofrimento psíquico, a infelicidade, a falta de atenção, a tristeza, etc., que transformariam os pacientes em portadores de distúrbios de comportamento e de aprendizagem. Essas hipóteses duvidosas ainda são publicadas pela mídia como fatos comprovados, cumprindo a função social de abafar e ocultar violências físicas e psicológicas.
Além da acentuada carga medicamentosa prescrita aos adultos, uma constatação ainda mais preocupante – que é o aumento da medicalização da infância. Atualmente observa-se que crianças e adolescentes que apresentam características de personalidade que diferem dos catalogados como normais são frequentemente enquadrados em categorias nosológicas.
Diante desse contexto inquietante a respeitável psicanalista Elisabeth Roudinesco, alerta: “Que sempre haverá um medicamento a ser receitado, pois cada paciente é tratado como um ser anônimo, pertencente a uma totalidade orgânica. Imerso numa massa em que todos são criados à imagem de um clone, ele vê ser-lhe receitado à mesma gama de medicamentos, seja qual for o seu sintoma”.
Na mesma linha de raciocínio, o renomado jornalista americano Robert Whitaker, questiona os métodos de tratamento adotados pela psiquiatria para os casos de pacientes com doenças mentais. Whitaker escreveu dois livros analisando a evolução de pacientes com esquizofrenia em países como Índia, Nigéria e Estados Unidos, e afirma que a psiquiatria está entrando em um período de crise e conclui: “A história que nos contaram desde os anos oitenta caiu por terra, de que a esquizofrenia e a depressão são causadas por desequilíbrios químicos no cérebro”.
Não há dúvidas da importância da utilidade dessas substâncias químicas e do conforto e da qualidade vida que elas trazem aos pacientes, desde que os psicofármacos – sejam prescritos de forma criteriosa e responsável são aliados indispensáveis na luta contra o sofrimento psíquico. Portanto, é preciso contextualizar o uso abusivo que se faz de antidepressivos, antipsicóticos e ansiolíticos.
(Jackson César Buonocore Sociólogo e Psicanalista. Disponível em https://www.psicologiasdobrasil.com.br/medicalizacao-da-vida/.
Acesso em 20/04/2018).
TEXTO 02
Nos últimos 50 anos e em especial a partir da década de 1980, professores de português e pesquisadores da língua têm feito a crítica do ensino tradicional de português (...). Houve e continua havendo esforços para construir alternativas a esse ensino. Não obstante, o quadro pedagógico tem mudado pouco. Talvez porque ainda não tenhamos conseguido fazer e disseminar, com todas as letras, a crítica radical ao normativismo e à gramatiquice.
E essa não é uma tarefa fácil, porque o normativismo e a gramatiquice não são apenas concepções e atitudes ligadas à língua e seu ensino. Pelo seu caráter conservador, impositivo e excludente, o normativo e a gramatiquice são parte intrínseca de todo um conjunto de conceitos, atitudes e valores fundamentalmente autoritários, muito adequados ao funcionamento de uma sociedade profundamente marcada pela divisão social.
O ensino de português, nesse sentido, não está separado da sociedade que o justifica e o sustenta. Desse modo, criticá-lo é também criticar essa mesma sociedade: agir para mudá-lo é também agir para transformar a sociedade.
De saída, temos de ter sempre claro que a questão da língua é, fundamentalmente, uma questão política e como tal deve ser tratada.
(...)
(FARACO, C. A. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola editorial, 2008, p. 158)
Um ex-governador do estado do Amazonas disse o seguinte: “Defenda a ecologia, mas não encha o saco”. (Gilberto Mestrinho)
O vocábulo sublinhado, composto do radical-logia (“estudo”), se refere aos estudos de defesa do meio ambiente; o vocábulo abaixo, com esse mesmo radical, que tem seu significado corretamente indicado é:
Cuidar de idoso não é só cumprir tarefa, é
preciso dar carinho e escuta
Cláudia Colluci
A maior taxa de suicídios no Brasil se concentra entre idosos acima de 70 anos, segundo dados recentes divulgados pelo Ministério da Saúde. São 8,9 mortes por 100 mil pessoas, contra 5,5 por 100 mil entre a população em geral. Pesquisas anteriores já haviam apontado esse grupo etário como o de maior risco. Abandono da família, maior grau de dependência e depressão são alguns dos fatores de risco.
Em se tratando de idosos, há outras mortes passíveis de prevenção se o país tivesse políticas públicas voltadas para esse fim. Ano passado, uma em cada três pessoas mortas por atropelamento em São Paulo tinha 60 anos ou mais. Pessoas mais velhas perdem reflexos e parte da visão (especialmente a lateral) e da audição por conta da idade.
Levando em conta que o perfil da população brasileira mudará drasticamente nos próximos anos e que, a partir de 2030, o país terá mais idosos do que crianças, já passou da hora de governos e sociedade em geral encararem com seriedade os cuidados com os nossos velhos, que hoje somam 29,4 milhões (14,3% da população).
Com a mudança do perfil das famílias (poucos filhos, que trabalham fora e que moram longe dos seus velhos), faltam cuidadores em casa. Também são poucos os que conseguem bancar cuidadores profissionais ou casas de repouso de qualidade. As famílias que têm idosos acamados enfrentam desafios ainda maiores quando não encontram suporte e orientação nos sistemas de saúde.
Recentemente, estive cuidando do meu pai de 87 anos, que se submeteu à implantação de um marca-passo. Após a alta hospitalar, foi um susto atrás do outro. Primeiro, a pressão arterial disparou (ele já teve dois infartos e carrega quatro stents no coração), depois um dos pontos do corte cirúrgico se rompeu (risco de infecção) e, por último, o braço imobilizado começou a inchar muito (perigo de trombose venosa). Diante da recusa dele em ir ao pronto atendimento, da demora de retorno do médico que o assistiu na cirurgia e sem um serviço de retaguarda do plano de saúde ou do hospital, a sensação de desamparo foi desesperadora. Mas essas situações também trazem lições. A principal é a de que o cuidado não se traduz apenas no cumprimento de tarefas, como fazer o curativo, medir a pressão, ajudar no banho ou preparar a comida. Cuidado envolve, sobretudo, carinho e escuta. É demonstrar que você está junto, que ele não está sozinho em suas dores.
Meu pai é um homem simples, do campo, que conheceu a enxada aos sete anos de idade. Aos oito, já ordenhava vacas, mas ainda não conhecia um abraço. Foi da professora que ganhou o primeiro. Com o cultivo da terra, formou uma família, educou duas filhas. Lidar com a terra continua sendo a sua terapia diária. É onde encontra forças para enfrentar o luto pelas mortes da minha mãe, de parentes e de amigos. É onde descobre caminhos para as limitações que a idade vai impondo ("não consigo mais cuidar da horta, então vou plantar mandioca").
Ouvir do médico que só estará liberado para suas atividades normais em três meses foi um baque para o meu velho. Ficou amuado, triste. Em um primeiro momento, dei bronca ("pai, a cirurgia foi um sucesso, custa ter um pouco mais de paciência?"). Depois, ao me colocar no lugar desse octogenário hiperativo, que até dois meses atrás estava trepado em um abacateiro, podando-o, mudei o meu discurso ("vai ser um saco mesmo, pai, mas vamos encontrar coisas que você consiga fazer no dia a dia com o aval do médico").
Sim, envelhecer é um desafio sob vários pontos de vista. Mas pode ficar ainda pior quando os nossos velhos não contam com uma rede de proteção, seja do Estado, da comunidade ou da própria família.
Os números de suicídio estão aí para ilustrar muito bem esse cenário de abandono, de solidão. Uma das propostas do Ministério da Saúde para prevenir essas mortes é a ampliação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps). A presença desses serviços está associada à diminuição de 14% do risco de suicídio. Essa medida é prioritária, mas, em se tratando da prevenção de suicídio entre idosos, não é o bastante.
Mais do que diagnosticar e tratar a depressão, apontada como um dos mais importantes fatores desencadeadores do suicídio, é preciso que políticas públicas e profissionais de saúde ajudem os idosos a prevenir/diminuir dependências para que tenham condições de sair de casa com segurança, sem o risco de morrerem atropelados ou de cair nas calçadas intransitáveis, que ações sociais os auxiliem a ter uma vida de mais interação na comunidade. E, principalmente, que as famílias prestem mais atenção aos seus velhos. Eles merecem chegar com mais dignidade ao final da vida.
Adaptado de <http://www1.folha.uol.com.br/ colunas/claudiacollucci/ 2017/ 09/1921719-cuidar-de-idoso-nao-e-so-cumprir-tarefa-e-preciso-dar-carinho-e-escuta.shtml 26/09/2017>
TEXTO - Ressentimento e Covardia
Tenho comentado aqui na Folha em diversas crônicas, os usos da internet, que se ressente ainda da falta de uma legislação específica que coíba não somente os usos mas os abusos deste importante e eficaz veículo de comunicação. A maioria dos abusos, se praticados em outros meios, seriam crimes já especificados em lei, como a da imprensa, que pune injúrias, difamações e calúnias, bem como a violação dos direitos autorais, os plágios e outros recursos de apropriação indébita.
No fundo, é um problema técnico que os avanços da informática mais cedo ou mais tarde colocarão à disposição dos usuários e das autoridades. Como digo repetidas vezes, me valendo do óbvio, a comunicação virtual está em sua pré-história.
Atualmente, apesar dos abusos e crimes cometidos na internet, no que diz respeito aos cronistas, articulistas e escritores em geral, os mais comuns são os textos atribuídos ou deformados que circulam por aí e que não podem ser desmentidos ou esclarecidos caso por caso. Um jornal ou revista é processado se publicar sem autorização do autor um texto qualquer, ainda que em citação longa e sem aspas. Em caso de injúria, calúnia ou difamação, também. E em caso de falsear a verdade propositadamente, é obrigado pela justiça a desmentir e dar espaço ao contraditório.
Nada disso, por ora, acontece na internet. Prevalece a lei do cão em nome da liberdade de expressão, que é mais expressão de ressentidos e covardes do que de liberdade, da verdadeira liberdade. (Carlos Heitor Cony, Folha de São Paulo, 16/05/2006 – adaptado)