Questões de Concurso Sobre estrutura do verbo (radical, vogal temática, desinências) em português

Foram encontradas 178 questões

Q2495745 Português

Texto para a questão. 




O radical inicial de “neuroproteção” (linha 41) indica que seu sentido está ligado
Alternativas
Q2473574 Português
O primeiro livro de cada uma das minhas vidas

         Perguntaram-me uma vez qual fora o primeiro livro de minha vida. Prefiro falar do primeiro livro de cada uma das minhas vidas. Busco na memória e tenho a sensação quase física nas mãos ao segurar aquela preciosidade: um livro fininho que contava a história do patinho feio e da lâmpada de Aladim. Eu lia e relia as duas histórias, criança não tem disso de só ler uma vez: criança quase aprende de cor e, mesmo quase sabendo de cor, relê com muito da excitação da primeira vez. A história do patinho que era feio no meio dos outros bonitos, mas quando cresceu revelou o mistério: ele não era pato e sim um belo cisne. Essa história me fez meditar muito, e identifiquei-me com o sofrimento do patinho feio – quem sabe se eu era um cisne?
        Quanto a Aladim, soltava minha imaginação para as lonjuras do impossível a que eu era crédula: o impossível naquela época estava ao meu alcance. A ideia do gênio que dizia: pede de mim o que quiseres, sou teu servo – isso me fazia cair em devaneio. Quieta no meu canto, eu pensava se algum dia um gênio me diria: “Pede de mim o que quiseres”. Mas desde então revelava-se que sou daqueles que têm que usar os próprios recursos para terem o que querem, quando conseguem.
      Tive várias vidas. Em outra de minhas vidas, o meu livro sagrado foi emprestado porque era muito caro: Reinações de Narizinho. Já contei o sacrifício de humilhações e perseveranças pelo qual passei, pois, já pronta para ler Monteiro Lobato, o livro grosso pertencia a uma menina cujo pai tinha uma livraria. A menina gorda e muito sardenta se vingara tornando-se sádica e, ao descobrir o que valeria para mim ler aquele livro, fez um jogo de “amanhã venha em casa que eu empresto”. Quando eu ia, com o coração literalmente batendo de alegria, ela me dizia: “Hoje não posso emprestar, venha amanhã”. Depois de cerca de um mês de venha amanhã, o que eu, embora altiva que era, recebia com humildade para que a menina não me cortasse de vez a esperança, a mãe daquele primeiro monstrinho de minha vida notou o que se passava e, um pouco horrorizada com a própria filha, deu-lhe ordens para que naquele mesmo momento me fosse emprestado o livro. Não o li de uma vez: li aos poucos, algumas páginas de cada vez para não gastar. Acho que foi o livro que me deu mais alegria naquela vida.
       Em outra vida que tive, eu era sócia de uma biblioteca popular de aluguel. Sem guia, escolhia os livros pelo título. E eis que escolhi um dia um livro chamado O lobo da estepe, de Herman Hesse. O título me agradou, pensei tratar-se de um livro de aventuras tipo Jack London. O livro, que li cada vez mais deslumbrada, era de aventura sim, mas outras aventuras. E eu, que já escrevia pequenos contos, dos 13 aos 14 anos fui germinada por Herman Hesse e comecei a escrever um longo conto imitando-o: a viagem interior me fascinava. Eu havia entrado em contato com a grande literatura.
       Em outra vida que tive, aos 15 anos, com o primeiro dinheiro ganho por trabalho meu, entrei altiva porque tinha dinheiro, numa livraria, que me pareceu o mundo onde eu gostaria de morar. Folheei quase todos os livros dos balcões, lia algumas linhas e passava para outro. E de repente, um dos livros que abri continha frases tão diferentes que fiquei lendo, presa, ali mesmo. Emocionada, eu pensava: mas esse livro sou eu! E, contendo um estremecimento de profunda emoção, comprei-o. Só então vim a saber que a autora não era anônima, sendo, ao contrário, considerada um dos melhores escritores de sua época: Katherine Mansfield.

(LISPECTOR, Clarice. O primeiro livro de cada uma de minhas vidas. A descoberta do mundo, Rio de Janeiro: Rocco. 1999.)
Considere os verbos sublinhados no trecho Prefiro falar do primeiro livro de cada uma das minhas vidas. Busco na memória e tenho a sensação quase física nas mãos ao segurar aquela preciosidade [...](1º§). É correto afirmar que eles partilham uma característica em comum, a saber:
Alternativas
Q2470021 Português
“Nós aprendemos com os erros?”

Erro não é para ser punido, é para ser corrigido. O que deve ser punido é a negligência, a desatenção e o descuido. O erro faz parte do processo de acerto, da tentativa de inovação, da procura de construir algo melhor. Ninguém é imune ao erro. A frase clássica “errar é humano” não é uma justificativa, é uma explicação. Ela significa, entre outras coisas, que nós somos, sim, passíveis de errar, mas insisto: o erro não é para ser punido, é para ser corrigido. Corrige-se o erro de modo que quem errou faça direito da próxima vez.

Não haveria inovação na vida humana se o erro não tivesse o seu lugar. Aí se diria: “nós aprendemos com os erros?” Não, aprendemos com a correção dos erros. Se aprendêssemos com os erros, o melhor método pedagógico seria errar bastante, e há erros que são fatais, terminais. Na escola, com frequência colocavam no acerto um “C” pequenininho em azul no meu trabalho, e quando errava, não é que eles colocavam um “E” em vermelho, grandão, valorizando algo que deve ser corrigido, e não punido?

O físico Albert Einstein dizia algo que nos ajuda a refletir: “Tolo é aquele que faz as coisas sempre do mesmo jeito e espera resultados diferentes”. Algumas pessoas rejeitam o lugar do erro. Urge relativizar essa postura, e isso não é querer elogiar o erro, mas admiti-lo no dia a dia.


Texto de Mario Sergio Cortella, retirado do livro “Pensar bem nos faz
bem – filosofia, religião, ciência e educação. Título original: Erro.
“Na escola, com frequência colocavam no acerto um “C” pequenininho em azul no meu trabalho, e quando errava, não é que eles colocavam um “E” em vermelho, grandão, valorizando algo que deve ser corrigido, e não punido?”
Ao se considerar o excerto citado, analise as palavras (ou termos) nas alternativas, sob o viés morfológico e semântico, identificando a que esteja com a classificação correta, na íntegra.
Alternativas
Q2459597 Português
Cuidados que devem ser tomados com a automedicação 






(Disponível em: www.neosaldina.com.br/blog/tratamento-da-dor-de-cabeca/cuidados-que-devem-ser-tomadoscom-a-automedicacao – texto adaptado especialmente para esta prova).
No trecho adaptado do texto “Se a dor permanecer, procure um médico”, há:
Alternativas
Q2449358 Português
Investimento em nuvem chegará a R$ 1,5 bilhão no Brasil em 2024, aponta IDC

Por André Cardozo



(Disponível em: www.istoe.com.br/investimento-em-nuvem-chegara-a-r-15-bilhao-no-brasil-em-2024-apontaidc/ – texto adaptado especialmente para esta prova).
Relativamente à palavra “híbridos” (l. 04), analise as assertivas abaixo:

I. É um adjetivo que qualifica o substantivo “ambientes”.
II. A expressão “resultante do cruzamento de espécies diferentes” substituiria adequadamente o vocábulo “híbridos”, sem que houvesse alteração de sentido ou necessidade de ajuste no contexto.
III. Nessa palavra, observa-se a ocorrência de duas desinências, uma de gênero e outra de número: -o, indicando gênero, e -s indicando plural.

Quais estão corretas? 
Alternativas
Q2447278 Português

Assinale a alternativa em que a flexão verbal está correta

Alternativas
Q2441343 Português
Crianças devem passar menos tempo sentadas e praticar mais atividades físicas, orienta OMS


           A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou novas diretrizes para crianças com menos de 5 anos. A ideia é afastar o sedentarismo e dar prioridade para as atividades físicas. “Melhorar a atividade física, reduzir o tempo de sedentarismo e garantir o sono de qualidade em crianças pequenas melhorará sua saúde física, mental e de bem-estar, e ajudará a prevenir a obesidade infantil e doenças associadas mais tarde”, diz Fiona Bull, gerente de programas de vigilância e população na OMS.

        As novas orientações foram desenvolvidas por um painel de especialistas da OMS, que avaliaram os efeitos do sono inadequado em crianças pequenas e o tempo gasto sentados assistindo telas ou contidos em cadeiras e carrinhos de bebê. Eles também revisaram evidências sobre os benefícios do aumento dos níveis de atividade física. Segundo a OMS, o sedentarismo é responsável por mais de 5 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano em todas as faixas etárias. Atualmente, mais de 23% dos adultos e 80% dos adolescentes não são suficientemente ativos. Portanto, se esses hábitos saudáveis forem estabelecidos no início da vida, as chances de permanecerem ao longo da vida são grandes.

          “O que realmente precisamos fazer é trazer de volta o brincar para as crianças”, diz Juana Willumsen, o ponto focal da OMS para obesidade infantil e atividade física. “A primeira infância é um período de rápido desenvolvimento e uma época em que os padrões de estilo de vida da família podem ser adaptados para aumentar os ganhos em saúde”, afirma o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.


(Disponível em: https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Saude/noticia/2019/04/criancas-devem-passar-menos-tempo-sentadas-epraticar-mais-atividades-fisicas-orienta-oms.html)
“Eles também revisaram evidências sobre os benefícios do aumento dos níveis de atividade física”. Assinale a alternativa que apresenta o verbo da oração acima.
Alternativas
Q2441150 Português
Conheça a importância de manter a postura adequada no trabalho


Por Patricia Lacombe


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(Disponível em: http://patricialacombe.com.br/blog/ergonomia-boas-praticas-para-manter-uma-boa-postura-no-trabalho/ – texto adaptado especialmente para esta prova).
No trecho: “um esporte que você goste de praticar, como pedalar, correr ou dançar” (linha 32) há:
Alternativas
Q2436104 Português

O texto seguinte servirá de base para responder às questões de 1 a 5.


O COMPORTAMENTO FELINO NA PREVENÇÃO DE TRAUMAS


(1º§) É importante informar que "Gatinhos" devem ser apresentados a diversos sons e situações para não ficarem medrosos, pois as primeiras semanas de vida dos felinos são muito importantes para os filhotes por vários motivos, dentre eles, para que não se tornem felinos assustados e medrosos. Isso porque é neste período da vida que os gatos estão mais aptos para "absorver" conhecimentos fundamentais para que, na idade adulta, sejam animais sociáveis.

(2º§) É importante esclarecer que, para que isto aconteça, torna-se viável conhecer outras espécies, como cães, papagaios e coelhos, além de ouvir diferentes sons como trovões, fogos de artifício, barulho da máquina de lavar e do secador de cabelo, músicas, entre outros, é essencial para esse processo, pois o convívio com outros felinos também deve ser estimulado, bem como com as crianças. Passeios também são indicados, pois, à medida que o bichano está na rua, ele se torna suscetível a diversos fatores tanto visuais como sonoros, o que favorece um maior conhecimento do "mundo".

(3º§) É importante lembrar sempre que, mesmo sendo um filhote, ele pode se assustar e fugir. Então, um felino deve sempre sair de casa em segurança, o que pode ser tanto em uma caixinha de transporte como também no colo das pessoas, mas com coleiras.

(4º§) É importante frisar também que, durante essa fase de descobertas, o pequeno bichano ainda não está com seu sistema imunológico funcionando adequadamente e não deve ter contato com animais não vacinados, com vermífugos ou com bichos de origem desconhecida.


(Comportamento felino: evitando traumas - PetMag)

Sobre a frase nominal: "O comportamento felino na prevenção de traumas" - analise as assertivas com V (Verdadeiro) ou F (Falso):


(__)"O comportamento felino" exemplifica concordância de artigo definido com substantivo e adjetivo em gênero e em número; a contração prepositiva é imposta pela regência nominal de felino; a preposição essencial é imposta pela regência nominal de prevenção.

(__)As palavras: "descobertas"; "vacinados" e "desconhecida" são derivadas, respectivamente de: "descobrir"; "vacinar" e "desconhecer".

(__)As palavras: "situações" e "trovões" são oxítonas sem acento gráfico que justifique a tonicidade, porque TIL não é acento, é marca suprassegmental de nasalização da vogal.

(__)Trata-se de um período simples, porque a oração é absoluta.


Marque a alternativa com a opção de assertivas corretas.

Alternativas
Ano: 2023 Banca: COTEC Órgão: SAAE-UNAÍ Prova: COTEC - 2023 - SAAE-UNAÍ - Procurador |
Q2429063 Português

Leia com atenção, o texto 05 e, a seguir, responda à questão que a ele se refere.

Texto 05



Analise as afirmativas a seguir, tendo em vista o texto 05.


I. A pergunta do personagem no último quadro procede, pois, de acordo com a fala do primeiro quadro, os bichos são maltratados.

II. Na fala do personagem, no primeiro quadro, verifica-se marca de coloquialidade, já que houve o pagamento da preposição "a" em "igual um bicho".

IlI. A fala da personagem, no primeiro quadro, revela sua indignação pelo fato de alguém ter sido maltratado.

IV. Por melo da desinência -o da palavra "tratado", usada na primeira fala, identifica-se o gênero do ser que foi maltratado.

V. O texto permite concluir que a expressão "tratado Igual um bicho", que é usada popularmente, não procede, Já que os bichos não devem ser maltratados.


Estão CORRETAS es afirmativas

Alternativas
Q2415574 Português
A Mulher Ramada







Colasanti, M. A mulher Ramada. In:__. Doze reis e a moça do Labirinto do vento – 12ª.ed. São Paulo: Global,2006, p. 26-28. Adaptado. 
Na passagem “Muitos dias se passaram antes que pudesse voltar ao jardim[...]”

a segmentação correta, quanto à estrutura dos elementos mórficos do verbo destacado, está na alternativa 
Alternativas
Q2415569 Português
A Mulher Ramada







Colasanti, M. A mulher Ramada. In:__. Doze reis e a moça do Labirinto do vento – 12ª.ed. São Paulo: Global,2006, p. 26-28. Adaptado. 
O verbo destacado em “[...] temendo que viesse a floração a romper tanta beleza [...]”, transposto para a segunda pessoa do plural do pretérito mais-que-perfeito, está corretamente estruturado no item
Alternativas
Q2411413 Português

TEXTO 01

O texto seguinte servirá de base para responder às questões de 01 a 04.


TEXTO 1


Olimpíadas: Brasil tem 310 atletas classificados para Tóquio


Número supera os 277 de Pequim 2008, maior delegação brasileira numa edição olímpica fora de casa. Recorde absoluto segue o time da Rio 2016, com 465 atletas


Por Redação do GE - São Paulo

21/08/2019 13h27 - Atualizado em 06/07/2021


O Brasil já passou das 300 vagas confirmadas para as Olimpíadas de Tóquio. Após dúvidas geradas pelo adiamento, o Comitê Olímpico Internacional (COI) informou que os atletas que já tinham assegurado vaga para o megaevento vão estar automaticamente classificados para a nova data dos Jogos, em 2021. Os Jogos estavam inicialmente marcados para acontecer entre os dias 24 de julho e 9 de agosto de 2020, mas em função da situação de contágio do coronavírus, foi remarcado para entre 23 de julho e 8 de agosto deste ano.

O número será próximo do contingente enviado para os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Para aquela edição, a COB mandou 259 competidores. Nos Jogos do Rio, a delegação teve 462 atletas inscritos, mas o número foi inflado pelo fato de o Brasil ser o país-sede.


Fonte:

https://ge.globo.com/olimpiadas/noticia/veja-os-brasileiros-que-ja-estao-classificados-para-a-olimpiada-de-toquio-2020.ghtml

Com base no último período do texto, analise os comentários gramaticais apresentados em cada alternativa e assinale o que está INCORRETO.


"Nos Jogos do Rio, a delegação teve 462 atletas inscritos, mas o número foi inflado pelo fato de o Brasil ser o país-sede."

Alternativas
Q2406623 Português
Turismo na própria cidade



Por Hayuni Luiza Schramm



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(Disponível em: www.nunypelomundo.com/turismo-na-propria-cidade/– texto adaptado especialmente para esta prova).
Na frase “Fazer turismo na própria cidade”, qual das palavras é um verbo?
Alternativas
Q2392112 Português

Julgue o item a seguir.


As formas verbais “conte”, “bebo” e “imagina” são rizotônicas, pois suas sílabas tônicas se encontram dentro do radical. 

Alternativas
Q2382239 Português
Texto I


          A passagem por Budapeste se dissipara no meu cérebro. Quando a recordava, era como um rápido acidente, um fotograma que trepidasse na fita da memória. Um lance ilusório, talvez, que me dispensei de referir à Vanda ou a quem quer que fosse. É verdade que a Vanda tampouco se preocupava em saber que grandes escritores eram esses que eu encontrava todo ano, em congressos que ninguém noticiava. Talvez se defendesse de fantasiar aventuras do marido mundo afora, poetisas, dramaturgas, antropólogas que me fizessem perder o juízo e o avião de volta. Portanto, seria estúpido relatar, sem convicção, a uma Vanda que não queria ouvir, a minha madrugada solitária de Budapeste. E hoje aquela Budapeste estaria morta e sepultada, não fosse o menino levantá-la do meu sonho. Uma tentativa de se aproximar do pai, compreendi logo mais, que eu a rechaçara com uma brutalidade inexplicável. Às seis e meia em ponto das manhãs seguintes, quando mãe e filho acordavam com o despertador, me obriguei a também me por de pé. Passei a dedicar ao menino o tempo que me sobrava antes do trabalho, usado em geral para me espreguiçar, pensar na vida e ler jornais no banheiro. Agora, quando a Vanda saía para a televisão, eu ficava na copa tomando café com o meu filho. Observando-o às voltas com os sorvetes e coca-colas, procurava restaurar as feições perdidas em seu rosto flácido, e admiti que eram as de um menino muito bonito. Com a ponta do guardanapo, limpava-lhe a boca dos sucrilhos e encontrava os lábios carnudos da mãe, como da mãe eram seus olhos negros. [...]

(BUARQUE, Chico. Budapeste. São Paulo: Companhia das Letras, 2003, p.31-32)
O emprego de um verbo flexionado no pretérito mais-que-perfeito no primeiro período do texto pode ser explicado por indicar uma ação, assinale a alternativa correta. 
Alternativas
Q2363499 Português
Leia o texto para responder à questão.  

Insônia infeliz e feliz 

    De repente os olhos bem abertos. E a escuridão toda escura. Deve ser noite alta. Acendo a luz da cabeceira e para o meu desespero são duas horas da noite. E a cabeça clara e lúcida. Ainda arranjarei alguém igual a quem eu possa telefonar às duas da noite e que não me maldiga. Quem? Quem sofre de insônia? E as horas não passam. Saio da cama, tomo café. E ainda por cima com um desses horríveis substitutos do açúcar porque Dr. José Carlos Cabral de Almeida, dietista, acha que preciso perder os quatro quilos que aumentei com a superalimentação depois do incêndio. E o que se passa na luz acesa da sala? Pensa-se uma escuridão clara. Não, não se pensa. Sente-se. Sente-se uma coisa que só tem um nome: solidão. Ler? Jamais. Escrever? Jamais. Passa-se um tempo, olha-se o relógio, quem sabe são cinco horas. Nem quatro chegaram. Quem estará acordado agora? E nem posso pedir que me telefonem no meio da noite, pois posso estar dormindo e não perdoar. Tomar uma pílula para dormir? Mas e o vício que nos espreita? Ninguém me perdoaria o vício. Então fico sentada na sala, sentindo. Sentindo o quê? O nada. E o telefone à mão.
    Mas quantas vezes a insônia é um dom. De repente acordar no meio da noite e ter essa coisa rara: solidão. Quase nenhum ruído. Só o das ondas do mar batendo na praia. E tomo café com gosto, toda sozinha no mundo. Ninguém me interrompe o nada. É um nada a um tempo vazio e rico. E o telefone mudo, sem aquele toque súbito que sobressalta. Depois vai amanhecendo. As nuvens se clareando sob um sol às vezes pálido como uma lua, às vezes de fogo puro. Vou ao terraço e sou talvez a primeira do dia a ver a espuma branca do mar. O mar é meu, o sol é meu, a terra é minha. E sinto-me feliz por nada, por tudo. Até que, como o sol subindo, a casa vai acordando e há o reencontro com meus filhos sonolentos.


(Clarice Lispector. A descoberta do mundo. 1999.) 
Assinale a alternativa a seguir em que o termo em destaque se DIFERENCIA dos demais. 
Alternativas
Q2363069 Português
De volta ao grunhido 

    Ouvi dizer que é cada vez maior o número de pessoas que se conhecem pela Internet e acabam casando ou vivendo juntas uma semana depois. As conversas por computador são, necessariamente, sucintas e práticas, e não permitem namoros longos, ou qualquer tipo de aproximação por etapas. Estamos longe, por exemplo, do tempo em que as pessoas se viam numa quermesse de igreja e se mandavam recados pelo alto-falante. Como as quermesses eram anuais, elas só se falavam uma vez por ano, e sempre pelo alto-falante. Quando finalmente se aproximavam, eram mais dois anos de namoro e um de noivado, e só na noite de núpcias, imagino, ficavam íntimos, e mesmo assim acho que o vovô dizia: “Com licença”. Na geração seguinte, o homem pedia a mulher em namoro, depois pedia em noivado, depois pedia em casamento, e, quando finalmente podia dormir com ela, era como chegar no guichê certo depois de preencher todas as formalidades, reconhecer todas as firmas e esperar que chamassem a sua senha. Durante o namoro, ele mandava poemas, o que sempre funcionava, e muitas mulheres de uma certa época, para serem justas, deveriam ter casado com Vinicius de Morais. 
    As pessoas dizem que houve uma revolução sexual. O que houve foi o fechamento de um ciclo, uma involução. No tempo das cavernas, o macho abordava a fêmea, grunhia alguma coisa e a levava para a cama, ou para o mato. Com o tempo desenvolveram-se a corte, a etiqueta da conquista, todo o ritual de aproximação que chegou a exageros de regras e restrições, e depois foi se abreviando aos poucos até voltarmos, hoje, ao grunhido básico, só que eletrônico. Fechou-se o ciclo. 
    A corte, claro, tinha sua justificativa. Dava à mulher a oportunidade de cumprir seu papel na evolução, selecionando para procriação aqueles machos que, durante a aproximação, mostravam ter aptidões que favoreceriam a espécie, como potência física ou econômica, ou até um gosto por Vinicius de Morais. Isso quando podiam selecionar e a escolha não era feita por elas. No futuro, quando todo namoro for pela Internet, todo sexo for virtual e as mulheres ou os homens, nunca se sabe, só derem à luz a bytes, o único critério para seleção será ter um computador com modem e um bom provedor de linha. 
    Talvez toda a comunicação futura seja por computador. Até dentro de casa. Será como se os nossos namorados da quermesse levassem os alto-falantes para dentro de casa. Na mesa do café, marido e mulher, em vez de falar, digitarão seus diálogos, cada um no seu terminal. E, quando sentirem falta de palavra falada e do calor da voz, quando decidirem que só frases soltas numa tela não bastam e quiserem se comunicar mesmo, como no passado, cada um pegará seu celular. 
        Não sei o que será da espécie. Tenho uma visão do futuro em que viveremos todos no ciberespaço, volatizados. Só nossos corpos ficarão na Terra porque alguém tem que manejar o teclado e o mouse e pagar a conta da luz.


(VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.) 
Durante o namoro, ele mandava poemas, o que sempre funcionava, e muitas mulheres de uma certa época, para serem justas, deveriam ter casado com Vinicius de Morais.” (1º§) Tendo em vista que os tempos verbais assumem vários valores semânticos, na passagem anterior, a forma verbal “deveriam” exprime uma ação
Alternativas
Q2358901 Português
               
  

              Fábula de um arquiteto
A arquitetura como construir portas,
de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender,
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e teto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.

Até que, tantos livres o amedrontando,
renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando
opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até fechar o homem: na capela útero,
com confortos de matriz, outra vez feto.

João Cabral de Melo Neto. Fábula de um arquiteto.
In: Antologia poética. Rio de Janeiro: Ed. José Olympio, 1978, p.18.  

Considerando o texto e a imagem da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, obra de Oscar Niemayer, julgue o item a seguir.


O verbo “construir”, presente reiteradamente nos cinco versos iniciais do texto, é empregado no poema como substantivo.

Alternativas
Respostas
21: E
22: E
23: C
24: D
25: B
26: D
27: B
28: C
29: A
30: A
31: E
32: D
33: D
34: B
35: D
36: C
37: E
38: C
39: B
40: E