Questões de Concurso Sobre figuras de linguagem em português

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Q655169 Português
“Eu sou de lá / Onde o Brasil verdeja a alma e o rio é mar / Eu sou de lá / Terra morena que eu amo tanto, meu Pará.” (Pe. Fábio de Melo, “Eu Sou de Lá”)
Nesse trecho da canção gravada por Fafá de Belém, encontramos a seguinte figura de linguagem:
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Q654229 Português

“Quero um poema ainda não pensado, / que inquiete as marés de silêncio da palavra ainda não escrita nem pronunciada, / que vergue o ferruginoso canto do oceano / e reviva a ruína que são as poças d’água. / Quero um poema para vingar minha insônia.” (Olga Savary, “Insônia”)


Nesses versos finais do poema, encontramos as seguintes figuras de linguagem:

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Ano: 2014 Banca: COPEVE-UFAL Órgão: CASAL Prova: COPEVE-UFAL - 2014 - CASAL - Administrador |
Q653657 Português

Imagem associada para resolução da questão

O texto acima é obra do poeta Augusto de Campos, um dos fundadores da Poesia Concreta no Brasil. O poema minimalista traz a forma verbal “rever”, utilizando um recurso de espelhamento, pois se trata de

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Ano: 2014 Banca: COPEVE-UFAL Órgão: CASAL Prova: COPEVE-UFAL - 2014 - CASAL - Administrador |
Q653655 Português
Dado o texto de Jorge Amado, “Acostumei-me a jogar futebol com os filhos dos operários. A bola, pobre bola rudimentar, fazia-se de bexiga de boi cheia de ar. Tornei-me camarada de um garoto Sinval, rebento único de uma operária, cujo marido morrera em São Paulo, metido numas encrencas com a polícia, não sei bem por quê. Sei que os operários falavam dele como de um mártir. E Sinval desancava os patrões o que mais que podia. Franzino, os ossos quase a aparecer, possuía no entanto uma voz firme e um olhar agressivo. Chefiava a gente nos furtos às mangas e cajus dos sítios vizinhos. E toda vez que meu tio passava, cuspia de lado. Dizia que apenas completasse dezesseis anos embarcaria para São Paulo, para lutar como seu pai. Só muito depois é que eu vim compreender o que significava tudo isso.” (Jorge Amado – Infância) é correto afirmar que há, no texto, 
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Ano: 2014 Banca: COPEVE-UFAL Órgão: CASAL Prova: COPEVE-UFAL - 2014 - CASAL - Administrador |
Q653643 Português

Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto.


O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de linguagem. Entre as 14h30min e as 15h desta terça-feira, horário do dia em que o calor é mais intenso, a temperatura do asfalto, medida com um termômetro de contato, chegou a 65 ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local alcançasse aproximadamente 90 ºC.

Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso em: 22 jan. 2014.  

O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de linguagem. O autor do texto refere-se a qual figura de linguagem?
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Q653413 Português

Considere a imagem abaixo sobre figuras de linguagem e marque a alternativa correta.


Imagem associada para resolução da questão


Pela contextualização da imagem, é possível concluir que se trata de um(a):

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Q652970 Português

Imagina na campanha


Quem diria: o futebol, ópio do povo, virou, nesta Copa no Brasil, combustível que alimenta o debate político. E os xingamentos à presidente Dilma no Itaquerão, em São Paulo, elevaram ainda mais a temperatura das discussões.

Não pretendo voltar a isso, já exaustivamente comentado, com bom senso ou sem nenhum, mas tão somente dar, a partir deste fato, uma olhadinha em volta – no tal contexto em que tudo se insere.

Estamos a pouco mais de três meses das eleições e, como sinalizam desde 2013 as manifestações críticas à Copa, parece ter se esgotado entre nós a eficácia da consagrada fórmula “pão e circo”.

O comportamento dos torcedores, que na hora H festejam a seleção, os visitantes e o país, mas não seus mandatários, é a expressão, desrespeitosa ou não, dessa insubmissão. Jogo é jogo; urna é urna. É este cenário que também se reafirma a cada divulgação de pesquisas pré-eleitorais.

Com ou sem gol de Neymar, persistem a insatisfação da maioria com a economia e as políticas de educação, saúde, segurança; o desejo de mudança e a recusa de boa parte do eleitorado, enquanto o voto útil não vem, a se encaixar no velho maniqueísmo governo x oposição. O interessante é que os que estão no poder – e, portanto, têm muito a perder - insistem em recorrer a um modelo superado para interpretar a conjuntura atual. Só assim, com os olhos no passado, é possível entender a reação do comando petista, que optou por ressuscitar a pregação contra “a elite branca de São Paulo” – agora identificada como responsável pelas agressões verbais à presidente durante a abertura do Mundial.

Enfim, se a tal “elite branca” destilou ódio, o PT, como em outros episódios, não agiu muito diferente. E claro: culpou, como sempre, a imprensa, inclusive atacando nominalmente jornalistas. Isso apesar de a categoria ter, quase em bloco, defendido Dilma e condenado o VTC. Imagina na campanha.


(Mara Bergamaschi)

“Quem diria: o futebol, ópio do povo, virou, nesta Copa no Brasil, combustível que alimenta o debate político”. Dentre as alternativas abaixo, assinale a figura de linguagem identificada no período.
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Q652667 Português

Analise as frases abaixo:


1. ”Calções negros corriam, pulavam durante o jogo.”


2. A mulher conquistou o seu lugar!


3. Todo cais é uma saudade de pedra.


4. Os microfones foram implacáveis com os novos artistas.


Assinale a alternativa que corresponde correta e sequencialmente às figuras de linguagem apresentadas:

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Ano: 2014 Banca: COPEVE-UFAL Órgão: UFAL Prova: COPEVE-UFAL - 2014 - UFAL - Administrador |
Q652395 Português

A questão refere-se ao fragmento abaixo.

Uma nesga de mar apenas

que os prédios que se erguiam

iam comendo pouco a pouco.

Aquela nesga de mar

que sobrara como uma relíquia

entre os blocos enormes de cimento,

tijolo e ferro

MACEDO, Maurício. Fragmento. Maceió: Catavento, 2007, p. 43.

O trecho sublinhado no poema apresenta um exemplo de

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Q651310 Português

MAMÃ NEGRA (Canto de esperança)

Tua presença, minha Mãe - drama vivo duma Raça, Drama de carne e sangue Que a Vida escreveu com a pena dos séculos! Pelo teu regaço, minha Mãe, Outras gentes embaladas à voz da ternura ninadas do teu leite alimentadas de bondade e poesia de música ritmo e graça... santos poetas e sábios... Outras gentes... não teus filhos, que estes nascendo alimárias semoventes, coisas várias, mais são filhos da desgraça: a enxada é o seu brinquedo trabalho escravo - folguedo... Pelos teus olhos, minha Mãe Vejo oceanos de dor Claridades de sol-posto, paisagens Roxas paisagens Mas vejo (Oh! se vejo!...) mas vejo também que a luz roubada aos teus [olhos, ora esplende demoniacamente tentadora - como a Certeza... cintilantemente firme - como a Esperança... em nós outros, teus filhos, gerando, formando, anunciando -o dia da humanidade.

(Viriato da Cruz. Poemas, 1961, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império) 

O poema, Mamã Negra:
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Q649847 Português

                                                          Desenredo

       Do narrador seus ouvintes: 

       -  Jó Joaquim, cliente, era quieto, respeitado, bom como o cheiro de cerveja. Tinha o para não ser célebre. Como elas quem pode, porém? Foi Adão dormir e Eva nascer. Chamando-se Livíria, Rivília ou Irlívia, a que, nesta observação, a Jó Joaquim apareceu.

      Antes bonita, olhos de viva mosca, morena mel e pão. Aliás, casada. Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se. Voando o mais em ímpeto de nau tangida a vela e vento. Mas tendo tudo de ser secreto, claro, coberto de sete capas.

     Porque o marido se fazia notório, na valentia com ciúme; e as aldeias são a alheia vigilância. Então ao rigor geral os dois se sujeitaram, conforme o clandestino amor em sua forma local, conforme o mundo é mundo. Todo abismo é navegável a barquinhos de papel.

     Não se via quando e como se viam. Jó Joaquim, além disso, existindo só retraído, m inuciosam ente. E sperar é reconhecer-se incompleto. Dependiam eles de enorme milagre. O inebriado engano.

     Até que deu-se o desmastreio. O trágico não vem a conta-gotas. Apanhara o marido a mulher: com outro, um terceiro... Sem mais cá nem mais lá, mediante revólver, assustou-a e matou-o. Diz-se, também, que a ferira, leviano modo.

    [...]

    Ela - longe - sempre ou ao máximo mais formosa, já sarada e sã. Ele exercitava-se a aguentar-se, nas defeituosas emoções.

    Enquanto, ora, as coisas amaduravam. Todo fim é impossível? Azarado fugitivo, e como à Providência praz, o marido faleceu, afogado ou de tifo. O tempo é engenhoso.

    [...]  

    Sempre vem imprevisível o abominoso? Ou: os tempos se seguem e parafraseiam-se. Deu-se a entrada dos demônios.

    Da vez, Jó Joaquim foi quem a deparou, em péssima hora: traído e traidora. De amor não a matou, que não era para truz de tigre ou leão. Expulsou-a apenas, apostrofando-se, como inédito poeta e homem. E viajou a mulher, a desconhecido destino.

    Tudo aplaudiu e reprovou o povo, repartido. Pelo fato, Jó Joaquim sentiu-se histórico, quase criminoso, reincidente. Triste, pois que tão calado. Suas lágrimas corriam atrás dela, como formiguinhas brancas. Mas, no frágio da barca, de novo respeitado, quieto. Vá-se a camisa, que não o dela dentro. Era o seu um amor meditado, a prova de remorsos. Dedicou-se a endireitar-se.

    [...] Celebrava-a, ufanático, tendo-a por justa e averiguada, com convicção manifesta. Haja o absoluto amar- e qualquer causa se irrefuta.

    Pois produziu efeito. Surtiu bem. Sumiram-se os pontos das reticências, o tempo secou o assunto. Total o transato desmanchava-se, a anterior evidência e seu nevoeiro. O real e válido, na árvore, é a reta que vai para cima. Todos já acreditavam. Jó Joaquim primeiro que todos.

    Mesmo a mulher, até, por fim. Chegou-lhe lá a notícia, onde se achava, em ignota, defendida, perfeita distância. Soube-se nua e pura. Veio sem culpa. Voltou, com dengos e fofos de bandeira ao vento.

    Três vezes passa perto da gente a felicidade. Jó Joaquim e Vilíria retomaram-se, e conviveram, convolados, o verdadeiro e melhor de sua útil vida.

    E pôs-se a fábula em ata.


ROSA, João Guimarães. Tutameia - Terceiras estórias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967. p. 38-40.

Vocabulário

frágio: neologismo criado a partir de naufrágio, ufanático: neologismo: ufano+fanático.

"-Jó Joaquim, cliente, era quieto, respeitado, bom como o cheiro de cerveja.”

A comparação feita confere ao fragmento um caráter:

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Q649843 Português

                                                          Desenredo

       Do narrador seus ouvintes: 

       -  Jó Joaquim, cliente, era quieto, respeitado, bom como o cheiro de cerveja. Tinha o para não ser célebre. Como elas quem pode, porém? Foi Adão dormir e Eva nascer. Chamando-se Livíria, Rivília ou Irlívia, a que, nesta observação, a Jó Joaquim apareceu.

      Antes bonita, olhos de viva mosca, morena mel e pão. Aliás, casada. Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se. Voando o mais em ímpeto de nau tangida a vela e vento. Mas tendo tudo de ser secreto, claro, coberto de sete capas.

     Porque o marido se fazia notório, na valentia com ciúme; e as aldeias são a alheia vigilância. Então ao rigor geral os dois se sujeitaram, conforme o clandestino amor em sua forma local, conforme o mundo é mundo. Todo abismo é navegável a barquinhos de papel.

     Não se via quando e como se viam. Jó Joaquim, além disso, existindo só retraído, m inuciosam ente. E sperar é reconhecer-se incompleto. Dependiam eles de enorme milagre. O inebriado engano.

     Até que deu-se o desmastreio. O trágico não vem a conta-gotas. Apanhara o marido a mulher: com outro, um terceiro... Sem mais cá nem mais lá, mediante revólver, assustou-a e matou-o. Diz-se, também, que a ferira, leviano modo.

    [...]

    Ela - longe - sempre ou ao máximo mais formosa, já sarada e sã. Ele exercitava-se a aguentar-se, nas defeituosas emoções.

    Enquanto, ora, as coisas amaduravam. Todo fim é impossível? Azarado fugitivo, e como à Providência praz, o marido faleceu, afogado ou de tifo. O tempo é engenhoso.

    [...]  

    Sempre vem imprevisível o abominoso? Ou: os tempos se seguem e parafraseiam-se. Deu-se a entrada dos demônios.

    Da vez, Jó Joaquim foi quem a deparou, em péssima hora: traído e traidora. De amor não a matou, que não era para truz de tigre ou leão. Expulsou-a apenas, apostrofando-se, como inédito poeta e homem. E viajou a mulher, a desconhecido destino.

    Tudo aplaudiu e reprovou o povo, repartido. Pelo fato, Jó Joaquim sentiu-se histórico, quase criminoso, reincidente. Triste, pois que tão calado. Suas lágrimas corriam atrás dela, como formiguinhas brancas. Mas, no frágio da barca, de novo respeitado, quieto. Vá-se a camisa, que não o dela dentro. Era o seu um amor meditado, a prova de remorsos. Dedicou-se a endireitar-se.

    [...] Celebrava-a, ufanático, tendo-a por justa e averiguada, com convicção manifesta. Haja o absoluto amar- e qualquer causa se irrefuta.

    Pois produziu efeito. Surtiu bem. Sumiram-se os pontos das reticências, o tempo secou o assunto. Total o transato desmanchava-se, a anterior evidência e seu nevoeiro. O real e válido, na árvore, é a reta que vai para cima. Todos já acreditavam. Jó Joaquim primeiro que todos.

    Mesmo a mulher, até, por fim. Chegou-lhe lá a notícia, onde se achava, em ignota, defendida, perfeita distância. Soube-se nua e pura. Veio sem culpa. Voltou, com dengos e fofos de bandeira ao vento.

    Três vezes passa perto da gente a felicidade. Jó Joaquim e Vilíria retomaram-se, e conviveram, convolados, o verdadeiro e melhor de sua útil vida.

    E pôs-se a fábula em ata.


ROSA, João Guimarães. Tutameia - Terceiras estórias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967. p. 38-40.

Vocabulário

frágio: neologismo criado a partir de naufrágio, ufanático: neologismo: ufano+fanático.

O “ Ou: os temp os se seguem e PARAFRASEIAM-SE.” poderia ser explicado com o seguinte adágio popular:
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Q649682 Português

Toda cultura é particular. Não existe, nem pode existir uma cultura universal constituída. No nosso século, os antropólogos vivem ensinando isso a quem quiser aprender.

Tal como acontece com cada indivíduo, os grupos humanos, grandes ou pequenos, vão adquirindo e renovando, construindo, organizando e reorganizando, cada um a seu modo, os conhecimentos de que necessitam.

O movimento histórico da cultura consiste numa diversificação permanente. A cultura universal - que seria a cultura da Humanidade - depende dessa diversificação, quer dizer, depende da capacidade de cada cultura afirmar sua própria identidade, desenvolvendo suas características peculiares.

No entanto, as culturas particulares só conseguem mostrar sua riqueza, sua fecundidade, na relação de umas com as outras. E essa relação sempre comporta riscos.

Em condições de uma grande desigualdade de poder material, os grupos humanos mais poderosos podem causar graves danos e destruições fatais às culturas dos grupos mais fracos. (...)

Todos tendemos a considerar nossa cultura particular mais universal do que as outras. (...) Cada um de nós tem suas próprias convicções. (...)

Tanto indivíduos como grupos têm a possibilidade de se esforçar para incorporar às suas respectivas culturas elementos de culturas alheias. (...)

Apesar dos perigos da relação com as outras culturas (descaracterização, perda da identidade, morte), a cultura de cada pessoa, ou de cada grupo humano, é frequentemente mobilizada para tentativas de auto-relativização e de autoquestionamento, em função do desafio do diálogo.

Leandro Konder. O Globo, 02/08/98.

Em: “No nosso século, os antropólogos vivem ensinando isso a quem quiser aprender”, podemos apontar o uso de qual figura de linguagem?
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Q649645 Português

A melhor e a pior comida do mundo

Há mais de dois mil anos, um rico mercador grego tinha um escravo chamado Esopo. Um escravo corcunda, feio, mas de sabedoria única no mundo. Certa vez, para provar as qualidades de seu escravo, o mercador ordenou:

- Toma, Esopo. Aqui está esta sacola de moedas. Corre ao mercado. Compra lá o que houver de melhor para um banquete. A melhor comida do mundo! Pouco tempo depois, Esopo voltou do mercado e colocou sobre a mesa um prato coberto por fino pano de linho. O mercador levantou o paninho e ficou surpreso:

- Ah, língua? Nada como a boa língua que os pastores gregos sabem tão bem preparar. Mas por que escolheste exatamente a língua como a melhor comida do mundo?

O escravo, de olhos baixos, explicou sua escolha.

- O que há de melhor do que a língua, senhor? A língua é que une a todos, quando falamos. Sem a língua não poderíamos nos entender. A língua é a chave das ciências, o órgão da verdade e da razão. Graças à língua é que se constroem as cidades, graças à língua podemos dizer o nosso amor. A língua é o órgão do carinho, da ternura, do amor, da compreensão. É a língua que torna eternos os versos dos grandes poetas, as ideias dos grandes escritores. Com a língua se ensina, se persuade, se instrui, se reza, se explica, se canta, se descreve, se elogia, se demonstra, se afirma. Com a língua dizemos “mãe”, “querida” e “Deus”. Com a língua, dizemos “sim”. Com a língua dizemos “eu te amo”! O que pode haver de melhor do que a língua, senhor?

O mercador levantou-se entusiasmado:

- Muito bem, Esopo! Realmente tu me trouxeste o que há de melhor. Toma agora esta outra sacola de moedas. Vai de novo ao mercado e traze o que houver de pior, pois quero ver a tua sabedoria.

Mais uma vez, depois de algum tempo, o escravo Esopo voltou do mercado trazendo um prato coberto por um pano. O mercador recebeu-o com um sorriso: - Hum... já sei o que há de melhor. Vejamos agora o que há de pior... O mercador descobriu o prato e ficou indignado:

- O quê?! Língua? Língua outra vez? Língua? Não disseste que a língua era o que havia de melhor? Queres ser açoitado? Esopo encarou o mercador e respondeu:

- A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a fonte de todas as intrigas, o início de todos os processos, a mãe de todas as discussões. É a língua que separa a humanidade, que divide os povos. É a língua que usam os maus políticos quando querem enganar com suas falsas promessas. É a língua que usam os vigaristas quando querem trapacear. A língua é o órgão da mentira, da discórdia, dos desentendimentos, das guerras, da exploração. É a língua que mente, que esconde, que engana, que explora, que blasfema, que vende, que seduz, que corrompe. Com a língua, dizemos “morre” e “demônio”. Com a língua dizemos “não”. Com a língua dizemos “eu te odeio”! Aí está, senhor, porque a língua é a pior e a melhor de todas as coisas!

(ESOPO, 620-560 a. C.)

No interior da história que você acabou de ler, uma figura de linguagem foi pensada e usada estrategicamente para produzir o sentido que se quer ao longo do texto. Qual figura é essa?
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Q648627 Português

O ASSALTO 


Carlos Drummond de Andrade


            A casa luxuosa no Leblon é guardada por um cachorro de feia catadura, que dorme de olhos abertos, ou talvez nem durma, de tão vigilante. Por isso, a família vive tranquila, e nunca se teve notícia de assalto à residência tão bem protegida. 

            Até a semana passada. Na noite de quinta-feira, um homem conseguiu abrir o pesado portão de ferro e penetrar no jardim. Ia fazer o mesmo com a porta da casa, quando o cachorro, que muito de astúcia o deixara chegar até lá, para acender-lhe o clarão de esperança e depois arrancar-lhe toda ilusão, avançou contra ele, abocanhando-lhe a perna esquerda. O ladrão quis sacar do revólver, mas não teve tempo para isto. Caindo ao chão, sob as patas do inimigo, suplicou-lhe com os olhos que o deixasse viver, e com a boca prometeu que nunca mais tentaria assaltar aquela casa. Falou em voz baixa, para não despertar os moradores, temendo que se agravasse a situação.

            O animal pareceu compreender a súplica do ladrão, e deixou-o sair em estado deplorável. No jardim ficou um pedaço de calça. No dia seguinte, a empregada não entendeu bem por que uma voz, pelo telefone, disse que era da Saúde Pública e indagou se o cão era vacinado. Nesse momento o cão estava junto da doméstica, e abanou o rabo, afirmativamente. 

Em qual trecho o autor utilizou-se de uma imagem exagerada e irreal para se expressar?
Alternativas
Q647879 Português

No que se refere à figuras de linguagem, observe as frases e assinale a alternativa que corresponda às suas classificações correspondentes:


I – João almoçou ao meio dia, Joana às treze horas, Maria às treze e trinta.


II – Quando Deus fecha uma porta, abre uma janela.


III – Seus olhos eram luzes brilhantes.

Alternativas
Q647650 Português

Observe a figura abaixo para responder às próximas duas (2) questões:  

          


As figuras são palavras que remetem a algo presente no mundo natural. De forma que, nas figuras de pensamento, o sentido da mensagem não está explícito, ele se encontra subtendido, ou seja, nas entrelinhas. Observe a foto de Mike Wells e assinale a alternativa que apresenta o exemplo de figura de linguagem presente nesta linguagem visual.
Alternativas
Q647373 Português

Leia os versos a seguir.

“Se você gritasse,

Se você gemesse,

Se você tocasse...”

Carlos Drummond de Andrade Que figura de linguagem está presente nesses versos?
Alternativas
Q646973 Português
Em “Era amante e grande conhecedor de sua alma e humores” (linha 10), ocorre uma
Alternativas
Q646425 Português

No Texto I, ao descrever o mar, o narrador-personagem o percebe tão vivo, que acaba por atribuir a ele características humanas.

A oração que exemplifica essa afirmativa é

Alternativas
Respostas
2701: D
2702: C
2703: A
2704: E
2705: B
2706: C
2707: A
2708: C
2709: A
2710: A
2711: A
2712: B
2713: B
2714: B
2715: A
2716: A
2717: A
2718: E
2719: C
2720: B