Questões de Concurso
Sobre figuras de linguagem em português
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Com base nas ideias desenvolvidas no texto anterior, julgue (C ou E) o item seguinte.
A sentença “José Veríssimo construiu um candeeiro em não sei
quantas páginas” (R. 16 e 17) é metáfora que expressa a crítica
de Graciliano à descrição pormenorizada utilizada por José
Veríssimo, em detrimento da construção de personagens
verossímeis e de obras em cujo enredo ações e diálogos fossem
adequados às figuras nelas retratadas.
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Disponível em: http://pensador.uol.com.br
Sangrando espuma
Parou de chover e a baía de Angra está deserta. A superfície do mar é lâmina mesclada de verde e cinza onde a luz do sol, refletida, cria um céu cheio de estrelas. Ao fundo, ilhas e montanhas com suas escarpas cobertas, ainda, pela vegetação atlântica, formam um degradê que se esbate em direção ao infinito. Ouço o barulho de um motor. Surge no horizonte uma pequena lancha. Corta a superfície espelhada, que sangra espuma. A princípio aquilo me agride. Mas depois reconheço que há beleza nessa intervenção do homem. São os nossos rastros.
(SEIXAS, H. Contos mais que mínimos. Rio de Janeiro: Tinta Negra Bazar Editorial, 2010.)
O conto apresenta várias associações de sentido baseadas em semelhanças. Qual figura de estilo foi usada para a construção dessas associações?
Até quando o novo Governo vai se comportar como vendedor de ilusões? Até quando vai enganar o povo, como se estivesse oferecendo bombons à uma criança? Quando vai amadurecer e entender, por exemplo, que os resultados positivos das exportações de commodities, como a soja, não se transformam necessariamente em benefícios sociais ou macroeconômicos? De outra parte, quantos novos automóveis e quantos novos jatinhos e helicópteros importados vão poluir as ruas e o ar de São Paulo? Quantos bancos internacionais vão dispor de novas contas de brasileiros? De brasileiros que fazem, de ponta à ponta, as tarefas da corrupção.
Com esse estilo de desenvolvimento, quase apressado demais e sem medir consequências, populações pobres do interior da Amazônia vão ficar em pior situação do que antes. Sempre acreditei que essas populações eram o objetivo do Partido no poder. Pelo menos era o que, à princípio, definia-se nos programas eleitorais. Hoje... não sei. Em tom de deboche, comenta-se que, trabalhando de segunda à sexta, o Governo desencaminha o país; se trabalhasse das segundas aos sábados, faria “melhor".
Quem sabe seja realmente possível que a força do pensamento levemente fanático do Governo faça, como pretende, uma obra admirável. Há pouco li que os macacos podem mover objetos com a força do pensamento. Porém, se não der certo, os dirigentes brasileiros dificilmente escaparão à mais rigorosa das condenações da História.(Revista Eco 21, n° 96, novembro de 2007. Texto adaptado.)
I. As exportações de produtos agrícolas, como a soja, são prioridade para o Governo Federal
II. Há espécies de macacos que têm a inteligência bastante desenvolvida
III. O dinheiro gasto com a produção de automóveis e jatinhos poderia ser canalizado para as populações amazônicas
IV. Consistindo a ironia em se dizer o contrário do que se afirma, essa figura de linguagem aparece no último parágrafo
Assinale a alternativa correta:
A respeito da afirmação “enquanto a população de alunos aumenta, a de estudantes parece diminuir", como é possível compreender essa figura de pensamento?
CORTELLA, M. S. Conhecer pessoas. Pensar nos faz bem!: 2. família, carreira, convivência e ética. Petrópolis: Vozes;
São Paulo: Ferraz & Cortella, 2013. p. 24.
“Você não está mais na idade
de sofrer por essas coisas”
Há então a idade de sofrer
e a de não sofrer mais
por essas, essas coisas?
As coisas só deviam acontecer
para fazer sofrer
na idade própria de sofrer?
Ou não se devia sofrer
pelas coisas que causam sofrimento
pois vieram fora de hora, e a hora é calma?
E se não estou mais na idade de sofrer
é porque estou morto, e morto
é a idade de não sentir as coisas, essas coisas?
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Essas coisas. As impurezas do branco.
Rio de Janeiro: José Olympio, 3. ed., 1976, p.30)
Considerando-se que elipse é a supressão de um termo que pode ser subentendido pelo contexto linguístico, pode-se identificá-la no verso:
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas De um povo heroico o brado retumbante”
Assinale a alternativa que corresponde à figura de linguagem empregada no trecho.
Leia a tirinha, a seguir, e responda à questão.
(SOUZA, M. Turma da Mônica. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 11 out. 2012. Caderno 2. D6.)
Leia o poema.
A Cascata
A água feminina canta e dança
com suas luas brancas, luas frias,
que se desfazem ao sol do meio-dia,
e derrama a nudez da claridade
e seu fulgor de espelhos e de espadas
nas pedras do horizonte.
Eu atravesso a ponte e sou o rio.
A canoa que passa. Sou os remos.
(Jamais deixei de ser a travessia.)
E o mundo com seus muros se espalha
entre as águas redondas e entre as sombras.
(Ledo Ivo. O rumor da noite)
Assinale a alternativa que apresenta, entre parênteses,
o nome correto da figura de linguagem empregada no
verso citado.
Textos para a questão
Texto D Texto E
Dos elementos da linguagem verbal presentes no Texto D, o mais significativo para a compreensão global do conteúdo é:
Texto B
Folha online
24/03/2010 - 22h11
"Jogue Fora 50 Coisas" ensina a melhorar senso de organização
da Livraria da Folha Divulgação
Organize seu cotidiano. Não deixe sua vida ser sugada pelo caos. Isso atrapalha sua eficiência. Não ganhe fama de bagunceiro nem de quem vive perdendo as coisas. Como alguém vai confiar no seu trabalho se você é incapaz de manter as gavetas arrumadas? Não tenha apego à tralha. Saiba separar o que é útil do que ocupa espaço desnecessariamente.
No livro "Jogue Fora 50 Coisas", martela-se uma ideia: o lixo material e o lixo mental não são tão inofensivos quanto parecem. A autora Gail Blanke usa técnicas de motivação para colocar a vida do leitor em ordem.
Ela sustenta que o acúmulo de coisas desnecessárias atrapalha nossas vidas e propõe o exercício de jogar fora 50 delas em duas semanas. Esses são o número e o tempo necessário para adquirir novos hábitos e recuperar o senso de organização.
"Jogue Fora 50 Coisas"
Autora: Gail Blanke
Editora: Ediouro
Páginas: 284
Quanto: R$ 29,90
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha
(Disponível em:http://tools.folha.com.br/print?
site=emcimadahora&url=http%3A%2F%2Fwww1.folha.uol.com.br%2F
folha%2Flivrariadafolha%2Fult10082u710567.shtml)
I. O primeiro parágrafo do texto usa como estratégia o apelo ao interlocutor, incitando-o a mudar seu comportamento, suas atitudes.
II. O verbo “martelar", no segundo parágrafo, é empregado em sentido figurado.
III. O uso do pronome “nossas", no último parágrafo, instaura a ideia de coletividade e de inclusão.
Vejo sangue no ar, vejo o piloto que levava uma flor para a noiva, abraçado com a hélice. E o violinista em que a morte acentuou a palidez, despenhar-se com sua cabeleira negra e seu estradivárius1. Há mãos e pernas de dançarinas arremessadas na explosão. Corpos irreconhecíveis identificados pelo Grande Reconhecedor. Vejo sangue no ar, vejo chuva de sangue caindo nas nuvens batizadas pelo sangue dos poetas mártires. Vejo a nadadora belíssima, no seu último salto de banhista, mais rápida porque vem sem vida. Vejo três meninas caindo rápidas, enfunadas2, como se dançassem ainda. E vejo a louca abraçada ao ramalhete de rosas que ela pensou ser o paraquedas, e a prima-dona3 com a longa cauda de lantejoulas riscando o céu como um cometa. E o sino que ia para uma capela do oeste, vir dobrando finados pelos pobres mortos. Presumo que a moça adormecida na cabine ainda vem dormindo, tão tranqüila e cega! Ó amigos, o paralítico vem com extrema rapidez, vem como uma estrela cadente, vem com as pernas do vento. Chove sangue sobre as nuvens de Deus. E há poetas míopes que pensam que é o arrebol4.
LIMA, Jorge de. Poesia completa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1980,2v,v.1 p.237)
1. aportuguesamento para a famosa marca de violinos: Stradivárius
2 .retesadas,infladas,enrijecidas
3. cantora que faz o papel principal em uma ópera.
4. vermelhidão do nascer ou do pôr do sol.
A nova norma insere as guardas municipais no sistema nacional de segurança pública. O objetivo é que eles tenham o dever de proteger tanto o patrimônio como a vida das pessoas
(1§) A lei que instituiu o Estatuto Geral das Guardas Municipais foi sancionada. A decisão foi publicada em uma edição extraordinária do Diário Oficial da União na última segunda-feira, 11.
(2§) A nova norma insere as guardas municipais no sistema nacional de segurança pública, garante o porte de arma e dá a esses profissionais o poder de polícia. O objetivo é que eles tenham o dever de proteger tanto o patrimônio como a vida das pessoas.
(3§) O documento também destaca que o direito pode ser suspenso em razão de "restrição médica, decisão judicial ou justificativa da adoção da medida pelo respectivo dirigente".
Estatuto
(4§) O Estatuto Geral das Guardas Municipais regulamenta dispositivo da Constituição que prevê a criação de guardas municipais para a proteção de bens, serviços e instalações. A guarda municipal deverá ainda colaborar com os órgãos de segurança pública em ações conjuntas e contribuir para a pacificação de conflitos. Mediante convênio com órgãos de trânsito estadual ou municipal, poderá fiscalizar o trânsito e expedir multas.
(5§) Outra competência é encaminhar ao delegado de polícia, diante de flagrante delito, o autor da infração, preservando o local do crime. A guarda municipal poderá ainda auxiliar na segurança de grandes eventos e atuar na proteção de autoridades. Ações preventivas na segurança escolar também poderão ser exercidas por essa corporação.
(6§) O projeto prevê, igualmente, a possibilidade de municípios limítrofes constituírem consórcio público para utilizar, reciprocamente, os serviços da guarda municipal de maneira compartilhada.
(7§) Esse consórcio poderá ficar encarregado também da capacitação dos integrantes da guarda municipal compartilhada. Todos os guardas deverão passar por esse tipo de capacitação e apresentar currículo compatível com a atividade.
Defesa e poder de polícia
(8§) De acordo com a regra, além da segurança patrimonial, estabelecida pelo artigo 144 da Constituição Federal , as guardas terão poder de polícia. Elas poderão atuar na proteção da população, no patrulhamento preventivo, no desenvolvimento de ações de prevenção primária à violência, em grandes eventos e na proteção de autoridades, bem como em ações conjuntas com os demais órgãos de defesa civil.
(9§) Com a aprovação da lei, os profissionais também deverão utilizar uniformes e equipamentos padronizados, mas sua estrutura hierárquica não poderá ter denominação idêntica à das forças militares. As guardas terão até dois anos para se adaptar às novas regras.
Requisitos
(10§) A criação de guarda municipal deverá ocorrer por lei, e os servidores deverão ingressar por meio de concurso público. Para ingressar na guarda, o candidato deve ter nacionalidade brasileira; nível médio completo; e idade mínima de 18 anos.
(11§) O texto exige curso de capacitação específica do servidor, permitindo à unidade municipal a criação de órgão de formação, treinamento e aperfeiçoamento. Poderá haver ainda convênio com o estado para a manutenção de um órgão de formação centralizado, que não poderá ser o mesmo de forças militares.
(http://goo.gl/3WR7ro. Acesso: 07/10/2014. Adaptado)
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Disponível em: http://pensador.uol.com.br
Ao afirmar que “há escolas que são gaiolas" e “há escolas que são asas", Rubem Alves está utilizando qual figura de linguagem?
O amor acaba
(Paulo Mendes Campos)
O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.
As construções destacadas no fragmento em análise revelam o emprego de figuras de estilo que reforçam o sentido do texto. Trata-se de exemplos de:
1 Pedindo vênia aos doutos ministros do Supremo Tribunal Federal que gastaram muito latim para julgar os réus do mensalão, vou gastar o meu pouco latim, que aprendi na lógica de Aristóteles em versão escolástica de Tomás de Aquino:
4 "Posita causa, positur effectus; variata causa, variatur effectus; sublata causa, tollitur effectus." O latim é macarrônico demais, não precisaria de tradução, mas aí vai: pondo, variando ou eliminando a causa, põe-se, varia-se ou elimina-se o efeito.
7 O efeito, até agora, foi a prisão de alguns dos condenados do mensalão, mas a causa não foi a corrupção pessoal dos autores materiais dos diversos crimes cuja causa seria o fortalecimento do governo petista, que mantém uma perspectiva operacional de permanecer 20 anos no poder.
11 Resumindo: mais uma vez, a causa de tantos crimes foi o poder, o poder em si mesmo, autor intelectual de uma vasta rede de corrupção em diferentes níveis.
13 Pelo que se apurou nas infindáveis sessões do Supremo Tribunal Federal, chegou-se a um "capo di tutti i capi" na pessoa simpática e já histórica de José Dirceu, que ocupava a sala ao lado de outra sala, por sinal, mais poderosa e da qual emanava o combustível que mantinha a engrenagem funcionando.
17 Do ponto de vista jurídico, a justiça parece que foi feita, em que pesem pequenos ajustes nas penas e até mesmo na mecânica dos crimes.
19 Do ponto de vista filosófico, o "quid prodest" que foi a causa da corrupção generalizada, a Justiça chegou até onde podia chegar, funcionários de média ou grande importância, não ultrapassando os limites que poderiam gerar uma grave e até mesmo sangrenta crise institucional.
Carlos Heitor Cony
Extraído de:http://www1.folha.uol.com.br/colunas/carlosheitorcony/2013/11/1373203-a-causa-e-o-efeito.shtml
A passagem em destaque “... por sinal, mais poderosa e da qual emanava o combustível que mantinha a engrenagem funcionando.” (linhas 15 a 16), pode ser caracterizada como:
Analise as afirmações que são feitas em relação ao texto:
I. A interjeição ‘Ufa!’ (l. 01) é utilizada para exprimir cansaço.
II. A repetição do tempo verbal em “O relatório da empresa fechou, o jantar passou, as crianças já dormiram, o mês acabou” (l. 01) sugere que o tempo é vagaroso.
III. A expressão ‘recomeçar tudo de novo’ (l. 03) é um pleonasmo, usado para reforçar a ideia de repetição.
Quais estão INCORRETAS?
Respeito e autoridade
Certa vez, eu ia dar uma palestra sobre educação. Ainda no hotel, conversei com alguns jornalistas. O primeiro deles a falar, um rapaz simpático, perguntou qual seria o tema da minha apresentação. Respondi: “Educação e autoridade". Ele piscou os claros olhos e disse, espontaneamente: “Autoridade? Aquilo que diz isso pode, isso não pode?" Achei graça e confirmei: “Isso mesmo".
O assunto me voltou à lembrança nestes dias em que tanto se fragilizam o conceito e a instituição “autoridade" no país varado de manifestações e greves. Não quero analisar se elas são justas: geralmente têm sido. Há miséria, omissão, desencanto e injustiça demais por aqui. Mas eu falo na questão da autoridade: quando se baseia no respeito, encontra eco. Quando mal fundamentada, vem a confusão, como nesta fase em que a inquietação pipoca em tantos pontos e momentos, em toda sorte de protesto. [...]
Não sou do tipo severo, não sou rigorosa demais, porém me preocupa esse singular sentimento de mal‐estar, expresso por tanta gente quando diz: “Tem algo esquisito no Brasil, algo estranho paira no ar, não consigo definir bem". Muitas coisas inquietantes acontecem, talvez tantas que não se possam qualificar com uma expressão só. Mas um dos fatores dessa situação é a quebra da autoridade, e de seu irmão, o respeito: isso se conquista. Respeito é essencial para que qualquer coisa funcione: tem a ver com hierarquia, com cuidados, como na família – organização em que tudo começa. Quem ama cuida e, em certos momentos, precisa exercer autoridade, sobretudo com relação a crianças e adolescentes. Pois, se os adultos não conseguem ter, e impor, um mínimo de ordem no ambiente familiar, na compostura dos filhos (e de si próprios), não haverá uma família, mas um grupo desordenado, possivelmente belicoso, e de pouca ajuda na preparação para os embates da vida lá fora. Talvez, nesse território pessoal, fosse bom deixar um pouco de lado os psicologismos (não falo da verdadeira psicologia, que pode ajudar a minimizar graves problemas individuais ou de convivência), que nos sugerem exercer quase zero de autoridade, e nada de severidade, tentando sempre “o diálogo". Nem sempre é possível dialogar com uma criança enfurecida ou um adolescente confuso, e uma dose amorosa de rigor pode pôr as coisas de novo em ordem, aliviando a situação. [...]
Se não somos iguais – nem devemos ser, pois cada indivíduo é único, cada grupo, região, país e cultura são únicos – o essencial é que todos tenham a máxima dignidade para se sentir respeitados, e as melhores condições para que possam se desenvolver. Segurança, tranquilidade, educação, saúde, moradia, transporte deveriam ser bens óbvios de cada pessoa. Copa ou não Copa, é bom rever nossos valores em todos os níveis. Pois, se continuar a generalizada inquietação social cada dia mais grave, desmoronam as instituições que nos orientam, amparam e nos tornam (ainda) uma democracia.
(Lya Luft, Revista Veja. Junho de 2014. Adaptado.)
“Mas um dos fatores dessa situação é a quebra da autoridade, e de seu irmão, o respeito: isso se conquista.” (3º§).
O excerto anterior contém um recurso de linguagem denominado