Questões de Concurso
Sobre figuras de linguagem em português
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O texto seguinte servirá de base para responder a questão.
O Sapo e a Rosa
Era uma vez uma rosa muito bonita, que se sentia envaidecida ao saber que era a flor mais linda do jardim.
Porém, começou a perceber que as pessoas somente a observavam de longe.
Acabou se dando conta de que sempre havia um sapo grande ao seu lado e essa era a razão pela qual ninguém se aproximava dela. Indignada diante da descoberta, ordenou ao sapo que se afastasse dela imediatamente.
O sapo, muito humildemente, disse:
- Está bem, se é assim que você quer.
Algum tempo depois, o sapo passou por onde estava a rosa, e se surpreendeu ao vê-la murcha, sem folhas nem pétalas.
Penalizado, disse a ela:
- Que coisa horrível, o que aconteceu com você?
A rosa respondeu:
- É que, desde que você foi embora, as formigas me comeram dia a dia, e agora nunca voltarei a ser o que era.
O sapo respondeu:
- Quando eu estava por aqui, comia todas as formigas que se aproximavam de ti. Por isso é que eras a mais bonita do jardim...
Muitas vezes desvalorizamos os outros por crermos que são inferiores e que somos superiores a eles, mais "bonitos", de mais valor e que não nos servem para nada.
Todos temos algo a aprender com outros ou a ensinar-lhes, e ninguém deve desvalorizar ninguém.
Pode ser que uma destas pessoas, a quem não damos valor, nos faça um bem que nem mesmo nós percebemos no momento.
Adaptado. https://www.contandohistorias.com.br/html/contandohistorias.html
DOCE
Lembrasse antes quanto tempo gastaria na beira do fogão mexendo o doce de abóbora e Maria talvez nem tivesse começado. Mas não é assim que funciona, a coisa vem de trás pra frente: primeiro o gosto no fundo da lembrança, na garganta, daí a saliva na língua. Depois, o cheiro de algo que nem recordava parece que está aqui, dentro das narinas. Os ingredientes, todos comprados, a panela na mão. Só na hora de mexer o doce é que a gente lembra, com esse misto de cansaço e tristeza, que o doce é feito de mexer o doce. É feito do braço girando, girando, o outro braço solto escorado na anca, o peso do corpo passando da perna de cá pra de lá.
O doce já começado é doce inteiro na imaginação, não tem volta. E Maria nunca foi de voltar atrás, mesmo com o que era bom só na primeira mordida e depois deixava um retrogosto amargo – na boca ou no jeito de olhar. Maria que nem puxa-puxa, presa às escolhas e caminhos e ao que por vezes não foi tão escolha quanto foi acaso.
Bem que às vezes queria ser pássaro solto, escolher caminhos. A cozinha fica pequena da falta que voar livre faz, as paredes suam. Tudo o que é sonho vai evaporando do seu corpo, a pele fica grossa, dura. O açúcar carameliza angústias. E Maria pensa se não seria melhor ter virado cambalhota por sobre um ou outro acontecimento, em vez de vivê-los todinhos.
O marido mesmo. Ela cansava de topar com ele encostado no sofá, vendo TV. Ia de um canal para o outro, como se não estivesse ali. Queria que estivesse. Que contasse uma bobagem que aconteceu no trabalho ou na rua, que atentasse ao gosto novo no doce que ela fez, “cê colocou coco?”, “que cheiro diferente, que foi que cê botou aí?”, qualquer coisa. Qualquer coisa que fizesse com que os dois parecessem vivos, que parecessem ligados, nem que pelo diferente do hoje no doce sempre igual.
Tomasse uma atitude agora, talvez a coisa toda desembrulhasse diferente. Ela botaria uma roupa bonita e dançaria pela casa, pintaria a cara toda faceira e vibrante e mostraria para ele que ainda era mulher, poxa vida, ainda sou bem mulher! [...]
Também podia ir embora, pegar as meninas e as próprias coisas e voltar para a casa da mãe. Ou podia queimar esse doce, derrubar panela, fazer escândalo. Pedir tenência, uma mudança, alguma coisa que mostrasse que ainda estava viva, viva! Vibrante como esse corde-laranja borbulhando na panela. [...]
PRETTI, Thays. A mulher que ri. São Paulo: Editora Patuá, 2019.
A frase abaixo que contém um anacoluto, e não um pleonasmo, é:
Leia o texto a seguir, para responder a questão de 1.
TEXTO
Seleções do Futuro
O Programa Seleções do Futuro visa incentivar, desenvolver e democratizar o acesso à formação esportiva em futebol para crianças e adolescentes (6 aos 17 anos), buscando garantir com qualidade o direito constitucional ao esporte, por meio da implantação de núcleos de futebol de base, masculino e feminino, em todo o território nacional.
Importante reforçar que o Programa Seleções do Futuro, em seu aspecto conceitual, está alinhado com a Lei Pelé em seu Art. 3º IV, a qual caracteriza o desporto de formação pelo fomento e aquisição inicial dos conhecimentos desportivos que garantam competência técnica na intervenção desportiva, com o objetivo de promover o aperfeiçoamento qualitativo e quantitativo da prática desportiva em termos recreativos, competitivos ou de alta competição, esse último caso pertinente.
O valor público gerado pelo Programa Seleções do Futuro está associado com a possibilidade de gerar condições e oportunidades para a prática da modalidade futebol, ao desenvolver ações no sentido de contribuir para a formação e qualidade de vida (auto-estima, convívio, integração social e saúde).
Seleções do Futuro em números
• Convênios vigentes: 30 municípios
• Público atendido: 6.800 crianças e jovens
• Valor empenhado: R$ 6.420.381,55
Funcionamento do Programa:
• Implantação de “núcleos de futebol de base”, compostos por 200 beneficiados, em atividades desenvolvidas no contraturno escolar.
• A cada beneficiado será assegurada atividades com frequência mínima de duas vezes na semana, com no mínimo de 90 minutos diários e em dias alternados (total de 3h semanais – 12h/aula/mês).
• Fornecimento de equipamentos necessários para a prática desportiva: Camisa, calção, meião e chuteira.
Disponível em: https://bityli.com/Wtc3c.
Acesso em: 9 ago. 2021 (adaptação).
“[...] está alinhado com a Lei Pelé em seu Art. 3º IV [...]”
O tipo de relação em que um texto cita outro texto é conhecida como
INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto a seguir para responder à questão proposta.
Há carroças exóticas, pintadas com desenhos de figuras populares, seres mitológicos, nuvens, pássaros e vampiros. A que mais me chamou atenção foi uma carroça linda, com uma pintura geométrica que lembra um quadro de Mondrian. Na lateral, estava escrito: “Carrego todo tipo de tralha, e carrego um sonho dentro de mim”.
Era uma carroça mineira, pois ostentava uma bandeira de Minas. Conversei um pouco com esse carroceiro de São João del-Rei. Acho que perdeu a desconfiança nas ruas paulistanas, pois não se esquivou de mim, e ainda me mostrou uma luminária de aço, fabricada em Manchester (1946). Esse objeto havia sido abandonado numa caixa de papelão e recolhido pelo caprichoso carroceiro de Minas.
Especulei a origem da luminária e me indaguei: quantas páginas esse belo objeto tinha iluminado em noites do pós- -guerra?
Depois o carroceiro abriu uma caixa e me mostrou livros velhos, em língua alemã. Disse que tinha encontrado tudo numa mesma calçada do Jardim Europa, e agora ia vender os livros para um sebo. Ele me olhou e acrescentou: “Ando solto, não gosto de ser botado preso dentro de curral. A gente encontra cada coisa por aí... Só não encontra o que a gente sonha”.
Comprei a luminária desse filósofo ambulante, mas não me interessei pelos livros.
Sei que não é fácil encontrar um sonho nas ruas; mas encontrei carroceiros simpáticos e um assunto para escrever esta crônica.
(Milton Hatoum. Catadores de tralhas e sonhos.
https://cultura.estadao.com.br, 27.03.2015. Adaptado)
Leia o texto para responder à questão.
Separadas por uma tela, as pessoas na sociedade virtual não alcançam o outro, motivo pelo qual não conseguem se colocar em seu lugar. Estamos vivendo o maior individualismo da história humana.
A falta da empatia, do toque físico, do acolhimento, do contato ocular e da presença física faz com que a pessoa não veja o outro, não o perceba, não note a presença do outro e, consequentemente, não se coloque no lugar dele.
A necessidade da felicidade como objetivo e não como consequência provoca a criação de um mundo irreal em que, para o outro, você é feliz, mas não para si mesmo. Esse mundo perfeito exposto na mídia social gera uma concorrência, uma competição que resulta em duelo, e isso cria um individualismo que, com o tempo, passa a ficar impregnado no indivíduo.
O individualismo está ligado também à falta da verdade, ou seja, não quero que o outro saiba minha azeda verdade, já que o que projeto na mídia social não é real, não é de verdade.
Ama-se tanto a si mesmo e promove-se tanto o amor próprio que esquecemos o outro e tornamos o egoísmo um hábito.
Não admitimos que somos apenas humanos. Temos vidas fictícias fragmentadas em momentos e apenas nos alegra o impacto que isso causa no outro.
(Fabiano de Abreu – A geração que não consegue se colocar no lugar do outro.
www.deabreu.pt/artigo – acesso em 11.12.2019. Adaptado)
Leia o texto para responder à questão.
Vida e morte das agendas