Questões de Concurso
Sobre figuras de linguagem em português
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Era uma aldeia de pescadores de onde a alegria fugira, e os dias e as noites se sucediam numa monotonia sem fim, das mesmas coisas que aconteciam, das mesmas coisas que se diziam, dos mesmos gestos que se faziam, e os olhares eram tristes, baços peixes que já nada procuravam, por saberem inútil procurar qualquer coisa, os rostos vazios de sorrisos e de surpresas, a morte prematura morando no enfado, só as intermináveis rotinas do dia a dia, prisão daqueles que se haviam condenado a si mesmos, sem esperanças, nenhuma outra praia pra onde navegar... Até que o mar, quebrando um mundo, anunciou de longe que trazia nas suas ondas coisa nova, desconhecida, forma disforme que flutuava, e todos vieram à praia, na espera... E ali ficaram, até que o mar, sem se apressar, trouxe a coisa e a depositou na areia, surpresa triste, um homem morto…
ALVES, Rubem. A aldeia que nunca mais foi a mesma. Folha de S. Paulo 19/05/1984
"E ali ficaram, até que o mar, sem se apressar, trouxe a coisa e a depositou na areia, surpresa triste, um homem morto..." O autor faz uso de várias figuras de linguagem em seu texto. No trecho acima a figura de linguagem presente é:
Francisco J. C. Dantas. Coivara da memória.
São Paulo: Estação Liberdade, 1991, p. 174.
Com relação às propriedades linguísticas do texto apresentado, julgue o item que se segue.
A expressão “hábitos recorrentes que eram exercidos todos os
dias” (l.7) apresenta um pleonasmo.
Yuval Noah Harari. 21 lições para o século 21. Trad. Paulo Geiger. 1.ª ed.
São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 138-41 (com adaptações).
A respeito das propriedades linguísticas do texto 9A2-I, julgue o item subsecutivo.
A afirmação “somos engrenagens de uma única linha de
produção global” (l. 7 e 8) contém uma metáfora.
Considerando as propriedades linguísticas e os sentidos do poema precedente, julgue o próximo item.
Na segunda estrofe, nos versos 12 e 15, a palavra “pedra”
exprime uma metáfora.
Texto 6
Bolsonaro: “Daqueles governadores de ‘Paraíba’, o pior é o do Maranhão”
Governadores receberam “com espanto e profunda indignação a declaração do presidente da República”; áudio foi captado pela TV Brasil.
Por Estadão Conteúdo
Fonte: https://exame.abril.com.br/brasil/bolsonaro-daqueles-governadores-de-paraiba-o-pior-e-o-do-maranhao/
Leia o texto abaixo e responda a questão.
Ainda em relação ao texto , assinale a alternativa CORRETA:
Leia o texto 1 e responda a questão
TEXTO 1
Andarilho beija-flor
(Composição: Marquinhos da Serrinha/ Intérprete: Flávio José)
Eu não creio que somente palavras me façam viver
Nem que os sonhos perdidos me impeçam de sentir prazer
Nada quanto sonhei ou que fiz e errei foi em vão
Eu prefiro escutar o que pede esse meu coração
Eu não posso negar que ainda sofro lembrando você
E que, às vezes, faz mal um só peito tentando querer
Mas também superei pra mim mesmo e parei de sonhar
E aprendi que, quem ama, é preciso primeiro se amar
Não mudo, não!
Meu coração me fez assim,
Me ensinou gostar de mim, deu mais sentido em meu viver
Prefiro ser um andarilho beija-flor
Pra que vou dar o meu amor pra quem sequer amor quer ter?
(Fonte: https://www.letras.mus.br/flavio-jose/andarilho-beija-flor/)
A figura de linguagem que melhor representa o título da canção Andarilho beija-flor é:
Lúcia Miguel Pereira. História da literatura brasileira – Prosa de ficção – de 1870 a 1920. Rio de Janeiro: José Olympio/INL, 1973, 3.a ed., p. 53-5 (com adaptações)
Com relação a aspectos gramaticais do texto I, julgue (C ou E) o item que se segue.
Os sujeitos das formas verbais “varriam-se” (linha 31) e “afirmava-se” (linha 35) estão elípticos, e seu referente é a obra Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Eu preparo uma canção em que minha mãe se reconheça, todas as mães se reconheçam, e que fale como dois olhos.
Caminho por uma rua que passa em muitos países. Se não se vêem, eu vejo e saúdo velhos amigos.
Eu distribuo um segredo como quem anda ou sorri. No jeito mais natural dois carinhos se procuram. Minha vida, nossas vidas formam um só diamante. Aprendi novas palavras e tornei outras mais belas. Eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças.
Nos versos “Eu preparo uma canção / que faça acordar os homens / e adormecer as crianças.”, as palavras “acordar e adormecer” são a chave de uma figura de linguagem. Indique-a entre as alternativas abaixo:
TEXTO 6
TEXTO 1
Andarilho beija-flor
(Composição: Marquinhos da Serrinha/ Intérprete: Flávio José)
Eu não creio que somente palavras me façam viver
Nem que os sonhos perdidos me impeçam de sentir prazer
Nada quanto sonhei ou que fiz e errei foi em vão
Eu prefiro escutar o que pede esse meu coração
Eu não posso negar que ainda sofro lembrando você
E que, às vezes, faz mal um só peito tentando querer
Mas também superei pra mim mesmo e parei de sonhar
E aprendi que, quem ama, é preciso primeiro se amar
Não mudo, não!
Meu coração me fez assim,
Me ensinou gostar de mim, deu mais sentido em meu viver
Prefiro ser um andarilho beija-flor
Pra que vou dar o meu amor pra quem sequer amor quer ter?
(Fonte: https://www.letras.mus.br/flavio-jose/andarilho-beija-flor/)
Texto para a próxima questão
Soneto de fidelidade: (Vinícius de Moraes).
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
O poema termina com uma figura de linguagem: “Que não seja imortal, posto que é chama/ Mas que seja infinito enquanto dure.”
Qual é esta figura?
Considere o seguinte poema:
Lua de Março
A lua está despida
O vento despiu a lua
O vento arrancou ao corpo da lua
As suas vestes de nuvens,
E agora ela está nua,
Inteiramente nua.
Mas já não coras,
Ó lua impudica?
Pois tu não sabes
Que não é bonito estar nua?
Bandeira, Manuel. Meus poemas preferidos. Rio
de Janeiro: Ediouro, 1998.
Assinale a alternativa em que as figuras de linguagem presentes nos versos destacados estão, pela ordem, corretamente identificadas.
Leia o texto abaixo e responda a questão proposta.
O verbo matar
Quem se espanta com o espetáculo de horror diversificado que o mundo de hoje oferece, faria bem se tivesse o dicionário como livro de leitura diurna e noturna. Pois ali está, na letra M, a chave do temperamento homicida, que convive no homem com suas tendências angélicas, e convive em perfeita harmonia de namorados.
O consulente verá que matar é verbo copiosamente conjugado por ele próprio. Não importa que cultive a mansuetude, a filantropia, o sentimentalismo; que redija projetos de paz universal, à maneira de Kant, e considere abominações o assassínio e o genocídio. Vive matando.
A ideia de matar é de tal modo inerente ao homem que, à falta de atentados sanguinolentos a cometer, ele mata calmamente o tempo. Sua linguagem o trai. Por que não diz, nas horas de ócio e recreação ingênua, que está vivendo o tempo? Prefere matá-lo.
Todos os dias, mais de uma vez, matamos a fome, em vez de satisfazê-la. Não é preciso lembrar como um número infinito de pessoas perpetra essa morte: através da morte efetiva de rebanhos inteiros, praticada tecnicamente em lugar de horror industrial, denominado matadouro. Aí, matar já não é expressão metafórica: é matar mesmo.
O estudante que falta à classe confessa que matou a aula, o que implica matança do professor, da matéria e, consequentemente, de parte do seu acervo individual de conhecimento, morta antes de chegar a destino. No jogo mais intelectual que se conhece, pretende-se não apenas vencer o competidor, mas liquidá-lo pela aplicação de xeque-mate. Não admira que, nas discussões, o argumento mais poderoso se torne arma de fogo de grande eficácia letal: mata na cabeça.
Beber um gole no botequim, ato de aparência gratuita, confortador e pacificante, envolve sinistra conotação. É o mata-bicho, indiscriminado. E quantos bichos se matam, em pensamento, a cada instante! Até para definir as coisas naturais adotamos ponto de vista de morte violenta. Essa planta convolvulácea é apresentada
por sua propriedade maléfica: mata-cabras. Nasceu para isso, para dizimar determinada espécie de mamíferos? Não. Assim a batizamos. Outra é mata-cachorro. Uma terceira, mata-cavalo, e o dicionarista acrescenta o requinte: "goza da fama de produzir frutos venenosos". Certo peixe fluvial atende (ou devia atender) por mata-gato, como se pulasse d'água para caçar felinos por aí, ou se estes mergulhassem com intenção de ajustar contas com ele. Em Santa Catarina, o vento de inverno que sopra lá dos Andes é recebido com a exclamação: "Chegou o mata-baiano".
Já não se usa, mas usou-se muito um processo de secar a tinta em cartas e documentos quaisquer: botar por cima um papel grosso, chupão, que se chamava mata-borrão e matava mesmo, sugando o sangue azul da vítima, qual vampiro de escritório.
A carreta necessita de correia de couro, que una seu eixo ao leito. O nome que se arranjou para identificá-lo, com sadismo, é mata-boi. Mata-cachorro não é só planta flacurtiácea, que acumula o título de mata-calado. É também alcunha de soldado de polícia estadual, e do pobre-diabo que, no circo, estende o tapete e prepara o picadeiro para a função.
Matar charadas constitui motivo de orgulho intelectual para o matador. Há um matador profissional, remunerado pelos cofres públicos: o mata-mosquito, que pouca gente conhece como guarda sanitário. Mata-junta? É a fasquia usada para vedar juntas entre tábuas. O sujeito vulgarmente conhecido como chato, ao repetir a mesma cantilena, "mata o bicho do ouvido". Certa espécie de algodoeiro é mata-mineiro, certa árvore é mata-mata, ninguém no interior ignora o que seja mata-burro, mata-cobra tanto é marimbondo como porrete e formiga. Ferida em lombo de animal, chama-se matadura. Nosso admirável dedo polegar, só lhe reconhecem uma prestança: a de mata-piolhos.
Mandioca mata-negro. Peixe matante. Vegetal mata-olho. Mata-pulga, planta de que se fazem vassouras, Mata-rato, cigarro ordinário. Enfeites e atavios, meios especiais para atingir certos fins, são matadores. "Ela veio com todos os matadores" provoca admiração e êxtase. "Eunice com seus olhos matadores", decassílabo de vítima jubilosa.
Se a linguagem espelha o homem, e se o homem adorna a linguagem com tais sub-pensamentos de matar, não admira que atos de banditismo, a explosão intencional de aviões, o fuzilamento de reféns, o bombardeio aéreo de alvos residenciais, os pogroms, napalm, as bombas A e H, a variada tragédia dos dias modernos se revele como afirmação cotidiana do lado perverso do ser humano. Admira é que existam a pesquisa de antibióticos, Cruz Vermelha Internacional, Mozart, o amor.
(ANDRADE, C. Drummond de. De notícias & não notícias faz-se a
crônica. In “Poesia e prosa”. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979, p.
1415-1417.)
“Essa planta convolvulácea é apresentada por sua propriedade maléfica: mata-cabras. Nasceu para isso, para dizimar determinada espécie de mamíferos?” (6º §)
Nas passagens acima, observa-se que as designações dos compostos com o verbo “matar” são acompanhadas de comentários em que se chama a atenção para sentidos conotativos dos compostos. Esses comentários reforçam o valor argumentativo dos compostos, na linha de raciocínio que destaca o lado perverso da alma humana.
Considerando-se essas conotações como figurações de sentido, ou linguagem figurada, está correto afirmar que elas são construções de sentido:
[...] Meu primeiro amor Foi como uma flor Que desabrochou e logo morreu [...]
Texto adaptado. BETHÂNIA, Maria. Disponível em <www. vagalume.com.br.>. Consultado 9 jul 2016.
1. A publicidade comercial explora o uso de uma linguagem agradável com substantivos e adjetivos que insinuam efeitos inverificáveis, mas atraente como “status” ou “raro prazer”.
2. O uso de eufemismos, isto é, expressões que sem alterar o significado, amenizam algo desfavorável ou desagradável.
3. As diversas formas de manipulação da linguagem parecem indicar que existem duas realidades bastante diferentes: a realidade objetiva e a realidade reconstruída pelo discurso da comunicação.
Esse pensamento se apoia em uma metáfora de equitação. Assinale o único termo que não faz parte dessa metáfora.