Questões de Português - Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro) para Concurso
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"Eu me amo, eu me amo, não posso mais viver sem mim" (Ultraje a rigor).
Segundo Castelo, "ter consideração por si mesmo é vital, a consideração por aquilo e por quem somos de fato. Em geral, as pessoas ficam infelizes e incapazes de contar consigo mesmas, porque agem de acordo com aquilo que pensam que são ou com aquilo que gostariam de ser, ou com o que o grupo de que fazem parte considera que deveriam ser, ou de acordo com as expectativas religiosas que têm (muitas vezes inconscientes), que não correspondem ao que de fato são. A verdadeira autoestima, é o respeito que sentimos por aquilo que somos de fato, pelo que a natureza nos deu e se impõe às nossas existências, tal como a cor da pele, do cabelo, dos olhos, a genética que portamos, bem como as nossas personalidades. Percebendo o que somos, ou o mais próximo do que isso venha a ser, podemos fazer um casamento mais proveitoso conosco para tirarmos proveito dessa condição e desenvolver os recursos de que de fato dispomos".
(Revista Grandes temas do conhecimento - Psicologia, Nº 2 - Autoestima - p.14-17)
Em geral, as pessoas ficam infelizes e incapazes de contar consigo mesmas, porque agem de acordo com aquilo que pensam que são ou com aquilo que gostariam de ser, ou com o que o grupo de que fazem parte considera que deveriam ser, ou de acordo com as expectativas religiosas que têm (muitas vezes inconscientes), que não correspondem ao que de fato são.
A opção cuja palavra destacada (forma verbal) não denota ideia de tempo presente é:
O texto abaixo transcrito constitui a unidade 57 da obra 234: ministórias, do escritor curitibano Dalton Trevisan, publicada em 1997.
– Os dois irmãos eram os piores inimigos. Bem me lembro no enterro da velhinha. Eles seguravam a alça do caixão – e não se olhavam. Pálidos, mas de fúria. Nem a cruz das almas comoveu os dois. Se odiavam tanto que a finadinha bulia sem parar entre as flores.
muito lençol pra lavar
fica faltando uma saia
quando o sabão se acabar
mas corra pra beira da praia
veja a espuma brilhar
ouça o barulho bravio
das ondas que batem na beira do mar
ê, ô, o vento soprô
ê, ô, a folha caiu
ê, ô, cadê meu amor
ô, Rita, tu sai da janela
deix’esse moço passar
quem não é rica, e é bela
não pode se descuidar
ô, Rita, tu sai da janela
que as moça desse lugar
nem se demora donzela
nem se destina a casar
ê, ô, o vento soprô...
I. Do ponto de vista discursivo, os quatro primeiros versos acolhem uma voz que, ao fazer referência à lavadeira, insinua crítica bem-humorada ao controle deficiente do processo de trabalho dos habitantes da região que ela representa.
II. A justaposição dos dois primeiros versos do refrão (ê, ô, o vento soprô/ê, ô, a folha caiu) instaura uma relação de causa e efeito que, expandindo-se pelos dois versos subsequentes, explicitam a preocupação de Rita com o potencial risco à saúde do amado, advindo da queda de temperatura (...cadê meu amor/ que a noite chegou fazendo frio).
III. Nos versos que correspondem a um aconselhamento, o uso do verbo “ser” no presente do indicativo, da terceira pessoa e de expressões que se referem à totalidade dos indivíduos de certos grupos (quem não é rica e é bela; que as moça desse lugar) insere o caso específico de Rita em situações tomadas como gerais.
É correto o que se diz APENAS em:
Se a mera promulgação de novas leis fosse capaz de transformar a realidade, o Brasil não seria o país que é. Embora óbvia, a constatação é frequentemente ignorada pelos legisladores.
O país assiste a uma verdadeira profusão de leis – muitas delas, a rigor, desnecessárias. São produzidas todos os dias pelos Legislativos federal, estadual e municipal, sem falar na imensa quantidade de atos normativos, decretos, portarias, circulares...
O problema não se restringe à confusão que esse emaranhado costuma provocar. Às novas leis correspondem novas obrigações para o poder público, que deve monitorar sua implementação, fiscalizar seu cumprimento e punir eventuais desvios.
Antes de promulgar leis, legisladores de países mais previdentes realizam estudos de impacto e testes de custo/benefício para avaliar os efeitos das normas. Não no Brasil, onde a regra é o voluntarismo.
O mais recente exemplo disso é o projeto de lei que regulamenta o peso a ser transportado por estudantes em suas mochilas – o texto foi aprovado pelo Senado e deve seguir para avaliação da Câmara.
Nesse evento, os verbos que estão expressos no pretérito perfeito, situam o fato:
SEXO, PENICILINA E ROCK'N'ROLL
Economista defende que remédio contra a sífilis foi o pontapé inicial para as
transformações vividas nos anos 1960
Era uma vez uma pílula que, ao ser ingerida, mudou de uma vez por todas nosso comportamento e sistema de valores, transformando a sociedade no século 20. Da pílula anticoncepcional nasceu a revolução sexual. Essa é a história conhecida. Mas, segundo o economista Andrew Francis, da Universidade Emory, nos Estados Unidos, o pontapé inicial da revolução sexual foi dado não pela pílula, mas pela penicilina. Descoberta em 1928 por Alexander Fleming, ela foi usada clinicamente pela primeira vez em 1941. Dois anos depois, constatou-se que a penicilina podia tratar uma das doenças mais temidas da época: a sífilis. "De 1947 a 1957, a incidência de sífilis caiu 95%, e as mortes, 75%", disse Francis a GALILEU. "Minha hipótese é que essa redução no impacto de contrair sífilis estimulou um comportamento sexual não tradicional nos anos de 1950".
Para testar a ideia, ele foi atrás dos indicadores da incidência de gonorreia (também sexualmente transmissível), do número de filhos ilegítimos e da ocorrência de gravidez na adolescência. À medida que a sífilis era controlada, esses indicadores subiam. Ou seja, quando a pílula surgiu, algumas mudanças já estavam em curso. Isso não tira, é claro, a importância do anticoncepcional nas transformações que vieram em seguida. Afinal, a penicilina não resolvia a questão da contracepção. "A mulher já estava no mercado de trabalho; exigia-se da medicina uma solução para que ela pudesse conciliar a vida profissional com a maternidade", afirma Carmita Abdo, coordenador do ProSex.
(Revista GALILEU, Editora Globo. Maio/2015 - Nº 286 - Por Amarilis Lage - Seção Dossiê Métodos contraceptivos, p. 36)
Julgue o item subsequente, relativo às ideias e aos aspectos linguísticos da tirinha apresentada, da personagem Mafalda.
As formas verbais empregadas na tirinha, embora flexionadas
na terceira pessoa do singular, indicam ações praticadas por
Mafalda e por ela relatadas no momento de sua realização, o
que justifica o emprego do presente do indicativo.
Um brasileiro no coração das trevas
N° Edição: 2320 | 09.Mai.14 - 20:50 | Atualizado em 28.Out.15 - 17:51
Por Yan Boechat ([email protected]) (textos e fotos), enviado especial ao Congo
As primeiras horas da manhã da quinta-feira 17 de abril estavam especialmente quentes na densa floresta que serve de fronteira natural entre a República Democrática do Congo e Uganda. Antes de se embrenhar pela vereda de terra entre as árvores, o general Carlos Alberto dos Santos Cruz retirou o colete à prova de balas e o capacete. “Se algo acontecer, é preciso ser ágil,” explicou. O caminho é perigoso, as emboscadas são comuns. O general tinha usado esse equipamento de mais de 15 quilos, capaz de segurar balas de fuzil AK-47, durante todo o trajeto de 40 quilômetros entre o batalhão da ONU na cidade de Beni e a trilha que o levaria a uma base rebelde conquistada pelo Exército congolês uma semana antes.
Santos Cruz vestia a farda camuflada das Forças Armadas brasileiras. No ombro esquerdo, a bandeira do Brasil. No direito, a palavra comandos, que em todo o mundo militar carrega o mesmo significado: ali está um soldado das tropas de elite, um cara durão, preparado para sobreviver na adversidade. Três pequenas estrelas costuradas nas pontas do colarinho o distinguem como um general de divisão. Além do FAL, o fuzil usado pelo Exército brasileiro há quase três décadas, Santos Cruz levava uma pistola Glock 9mm no coldre colado à coxa direita.
À medida que avançava, o acesso no terreno úmido da floresta tropical a poucos quilômetros ao sul da linha do Equador ia se estreitando. O sol logo desapareceu sob a copa das árvores. Santos Cruz teve a sensação de que estava na Amazônia. “É igual ao Brasil, não muda nada”, disse. Na longa marcha até a principal base conquistada do grupo inimigo, a paisagem dava ideia de como havia sido o combate: troncos perfurados por tiros, árvores derrubadas pelo impacto das RPGs, o chão coberto por um tapete metálico de cápsulas deflagradas. Cartazes escritos à mão indicavam a localização de minas e explosivos. Um pouco mais adiante, covas rasas ao lado da trilha ainda exalavam o cheiro forte dos corpos recém-enterrados pelos vencedores? Muitos foram queimados, outros enterramos aqui mesmo, é menos trabalho?, explicou um soldado congolês ao lado do amontoado de terra fofa onde as moscas tentavam encontrar caminho para chegar aos restos putrefatos dos inimigos.
Foram três horas de uma caminhada tensa. Com os rebeldes ainda a poucos quilômetros dali, o risco de uma emboscada não recomendava pausas para descanso. A tropa só parou ao chegar a Medina, um vilarejo improvisado no meio da floresta que o grupo radical islâmico ADF usava como uma de suas maiores bases no Congo. Logo começaram a surgir da floresta centenas de soldados. Sujos e cansados, carregando colares de munição e armamento pesado, eles saudavam Santos Cruz.
Pela primeira vez, viam naquele front de batalha um militar tão graduado da ONU. O general brasileiro apertou a mão dos oficiais que combateram os rebeldes islâmicos. Aos soldados, distribuiu cigarros congoleses baratos, comprados a US$ 1 o maço.
http://www.istoe.com.br/reportagens/362169_UM+BRASILEIRO+NO+CORAC
AO+DAS+TREVAS, acesso em 07 de Nov. de 2015.
“À medida que avançava, o acesso no terreno úmido da floresta tropical a poucos quilômetros ao sul da linha do Equador ia se estreitando. O sol logo desapareceu sob a copa das árvores".
“Sem a curiosidade e a transgressão não seríamos criativos,..."
O verbo marcado está no:
O gesto primeiro devia ser natural, e não decorrer de nenhum lema ou imposição, nem convite nem sugestão vinda de fora.
Assim devíamos ser habitualmente, e não somos, ou geralmente não somos: cuidar do que está do nosso lado. Cuidar não só na doença ou na pobreza, mas no cotidiano, em que tantas vezes falta a delicadeza, a gentileza, a compreensão; esquecidos os pequenos rituais de respeito, de preservação do mistério, e igualmente da superação das barreiras estéreis entre pessoas da mesma casa, da família, das amizades mais próximas.
Dentro de casa, onde tudo deveria começar, onde se deveria fazer todo dia o aprendizado do belo, do generoso, do delicado, do respeitoso, do agradável e do acolhedor, mal passamos, correndo, tangidos pelas obrigações. Tão fácil atualmente desculpar-se com a pressa: o trânsito, o patrão, o banco, a conta, a hora extra... Tudo isso é real, tudo isso acontece e nos enreda e nos paralisa.
Mas, por outro lado, se a gente parasse (mas parar pra pensar pode ser tão ameaçador...) e fizesse um pequeno cálculo, talvez metade ou boa parte desses deveres aparecesse como supérfluo, frívolo, dispensável.
Uma hora a mais em casa não para se trancar no quarto, mas para conviver. Não com obrigação, sermos felizes com hora marcada e prazo pra terminar, mas promover desde sempre a casa como o lugar do encontro, não da passagem; a mesa como lugar do diálogo, não do engolir quieto e apressado; o quarto como o lugar do afeto, não do cansaço.
Pois se ainda não começamos a ser solidários dentro de nós mesmos e dentro de nossa casa ou do nosso círculo de amigos, como querer fazer campanhas, como pretender desfraldar bandeiras, como desejar salvar o mundo − se estamos perdidos no nosso cotidiano?
Como dizer a palavra certa se estamos mudos, como escutar se estamos surdos, como abraçar se estamos congelados?
Para mim, a solidariedade precisa ser antes de tudo o aprendizado da humanidade pessoal.
Depois de sermos gente, podemos − e devemos − sair dos muros e tentar melhorar o mundo. Que anda tão, tão precisado.
1- “Assim devíamos ser habitualmente, e não somos [...]." (terceiro parágrafo)
2- “Mas [...] se a gente parasse [...] e fizesse um pequeno cálculo, talvez metade ou boa parte desses deveres aparecesse como supérfluo, frívolo, dispensável." (quinto parágrafo)
Em relação ao trecho 1, a forma verbal “devíamos ser" foi conjugada no _____________, mas com significado de ______________. Em relação ao trecho 2, os verbos “parasse", “fizesse" e “aparecesse" foram conjugados no _______________.
A alternativa que completa em sequência e corretamente as lacunas é:
Do grego demo=povo e cracia=governo, ou seja, governo do povo. Democracia é um sistema em que as pessoas de um país podem participar da vida política. Essa participação pode ocorrer através de eleições, plebiscitos e referendos. Dentro de uma democracia, as pessoas possuem liberdade de expressão e manifestações de suas opiniões. A maior parte das nações do mundo atual seguem o sistema democrático.
Embora tenha surgido na Grécia Antiga, a democracia foi pouco usada pelos países até o século XIX. Até este século, grande parte dos países do mundo usavam sistemas políticos que colocavam o poder de decisão nas mãos dos governantes. Já no século XX, a democracia passou a ser predominante no mundo. (suapesquisa.com)
Sobre os componentes desse segmento do texto 1, é correto afirmar que:
Socorrinho
Moço, não, sua mão, suando, grito no semáforo, em contramão, suada, pelos carros, sobre os carros, carros, moço, não, viu sua mãe e a cidade, nervosa, avançando o meio-dia, dia de calor, calor enorme, ninguém que avista, Socorrinho, algumas __________, céu de gasolina, ozônio, cheiro de álcool, moço, não, parecido sonho ruim, dor de dente, comprimido, pernilongo, extração de ouvido, o ônibus elétrico, esquinas em choques, paralelepípedos, viagens que não conhece – hoje desaparecida menina de seis anos, ou sete, trajada de camiseta, sapatinhos ou chinelos, fita crespa no cabelo, azul forte ou infinito, moço, não, aquele grito franzino, miúdo, a polícia que alega _________, magia negra, sequestro, mastiga um fósforo, a mãe de Socorrinho acende velas, incensos, chorando a Deus justiça divina, justiça duvidosa, viver agora o que seria se já não era, se por um descuido já se foi um dia sem ela, dois, Socorrinho, céus e preces, moço, não, Maria do Socorro Alves da Costa, mulatinha, sumiu misteriosa, diz uma testemunha que um negro levou sua filha embora, revolta da família, vizinho, jornal, televisão, igreja, depois de dois meses, moço, não, boneca, foto de batizado, festinha de bairro, tudo que pudesse trazer Socorrinho de volta para a memória, peito, o quarto morto, as horas puxando apreensão, suor, desesperança, batida de polícia em favelas, rodoviárias, botecos, matagais, tudo isso feito e desfeito, a mãe de Socorrinho ouvia boatos, silenciava à base de comprimidos, o marido já enlouquecido e internado, que __________, agonia de cidade, moço, não, gente ruim, sem sentimento, pra que deixar sofrendo a mãe humilde, o bairro, a câmera de TV que treme aquela realidade de cão, mundo cachorro, já noitinha de outra noite, mais outra, notícia mais nenhuma, nunca, Socorrinho desaparecida, amor quando vai embora, quando vira fé, chamado, súplica, saudade, a filha fosse devolvida, a felicidade, moço, não, gritava três meses, cinco, infinitamente, crônica policial, fichário, esquecida realidade, extraí-la do sonho para sempre, no horizonte, trajada de camiseta, sapatinhos ou chinelo, descalça, fita crespa no cabelo, azul forte ou infinito, moço, não, descaso, não escuto, moço, não, quero ir pra casa, não, moço, não, o homem arreava as calças, mais o grito, moço, não, não, Socorrinho chorava, Socorrinho esperneava, Socorrinho mais não entendia aquele mundo estranho, aquele desmaio de anjo.
Angu de sangue. São Paulo, Ateliê, 2000.
“... não gritava três meses...”
Assinale a alternativa em que o verbo está flexionado no mesmo tempo e modo que o grifado acima:
Na passagem em análise, a forma verbal destacada é CORRETAMENTE substituída por
No período em análise, a locução verbal “temos solapado" indica
Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém despeja um balde de água no terraço; sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de manhã, a abelha no quintal, e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas.
No sábado é que as formigas subiam pela pedra.
Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínhamos tomado banho.
De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado era a rosa de nossa semana.
Se chovia só eu sabia que era sábado; uma rosa molhada, não é?
No Rio de Janeiro, quando se pensa que a semana vai morrer, com grande esforço metálico a semana se abre em rosa: o carro freia de súbito e, antes do vento espantado poder recomeçar, vejo que é sábado de tarde.
Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais.
Mas já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã.
Domingo de manhã também é a rosa da semana.
Não é propriamente rosa que eu quero dizer. ]
LISPECTOR, Clarice. Para não Esquecer. São Paulo: Editora Siciliano, 1992.
Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém despeja um balde de água no terraço; sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de manhã, a abelha no quintal, e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas.
No sábado é que as formigas subiam pela pedra.
Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínhamos tomado banho.
De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado era a rosa de nossa semana.
Se chovia só eu sabia que era sábado; uma rosa molhada, não é?
No Rio de Janeiro, quando se pensa que a semana vai morrer, com grande esforço metálico a semana se abre em rosa: o carro freia de súbito e, antes do vento espantado poder recomeçar, vejo que é sábado de tarde.
Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais.
Mas já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã.
Domingo de manhã também é a rosa da semana.
Não é propriamente rosa que eu quero dizer. ]
LISPECTOR, Clarice. Para não Esquecer. São Paulo: Editora Siciliano, 1992.