Questões de Concurso Sobre fonologia em português

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Q2478860 Português
Qual é o processo fonológico responsável pela mudança do /s/ para /z/ em contato com uma vogal sonora?
Alternativas
Q2478756 Português
Qual das opções abaixo contém um exemplo de dígrafo?
Alternativas
Q2478605 Português
Analise as seguintes palavras.

1. in – fe – c – ci – o – sas
2. co – in – ci – dên – cia
3. mai – o – ria
4. fa – ta – is
5. de – sem – pe – nho

A separação silábica está incorreta em
Alternativas
Q2478117 Português
Qual das alternativas abaixo está incorreta?
Alternativas
Q2477995 Português

                                                            A incrível descoberta de Marie Tharp

                                                                                                                                                Por Eder Molina

(Disponível em: www.chc.org.br/artigo/a-incrivel-descoberta-de-marie-tharp/ – texto adaptado especialmente para esta prova).

Assinale a alternativa que apresenta corretamente a separação silábica de uma das palavras retiradas do texto.
Alternativas
Q2477993 Português

                                                            A incrível descoberta de Marie Tharp

                                                                                                                                                Por Eder Molina

(Disponível em: www.chc.org.br/artigo/a-incrivel-descoberta-de-marie-tharp/ – texto adaptado especialmente para esta prova).

Qual das seguintes palavras retiradas do texto é a única que contém dígrafo?
Alternativas
Q2477768 Português
TEXTO PARA A QUESTÃO

Ler, escrever e fazer conta de cabeça

A professora gostava de vestido branco, como anjos de maio. Carregava sempre um lenço dentro do livro de chamada ou preso no cinto, para limpar as mãos, depois de escrever no quadro-negro. Paninho bordado com flores, pássaros, borboletas. Ela passava o exercício e, de mesa em mesa, ia corrigindo. Um cheiro de limpeza coloria o ar quando ela passava. Sua letra, como era bem desenhada, amarradinha uma na outra! Ninguém tinha maior paciência, melhor sabedoria, mais encanto. E todos gostavam de aprender primeiro, para fazê-la feliz. Eu, como já sabia ler um pouco, fingia não saber e aprendia outra vez. Na hora da chamada, o silêncio ficava mais vazio e o coração quase parado, esperando a vez de responder “presente”. Cada um se levantava, em ordem alfabética e, com voz alta, clara, vaidosa, marcava sua presença e recebia uma bolinha azul na frente do nome. Ela chamava o nome por completo, com o pedaço da mãe e o pedaço do pai. Queria ter mais nome, pra ela chamar por mais tempo.

(Queirós, Bartolomeu Campos de, Ler, escrever e fazer conta de cabeça.)
A palavra “pássaro” apresenta:
Alternativas
Q2473839 Português
De acordo com a Moderna Gramática Portuguesa, de Bechara, “a ortografia é o sistema de representação convencional de uma língua na sua vertente escrita”. Analise as assertivas a seguir, à luz do referido autor, acerca de ortografia, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas.

( ) Escrevem-se rr e ss quando, entre vogais, representam os sons simples do r e s iniciais, e cc ou quando o primeiro soa distintamente do segundo. Duplicam-se o r e o s todas as vezes que a um elemento da composição terminado em vogal se segue, sem interposição do hífen, palavra começada por uma daquelas letras, como, por exemplo, pressentir.
( ) As letras K, W e Y empregam-se exclusivamente em palavras estrangeiras, devendo ser substituídas por qu, v e i quando em palavras da Língua Portuguesa.
( ) A letra x continua a escrever-se com seus cinco valores, bem como nos casos em que pode ser mudo, como, por exemplo, em excerto, exceto.

A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: 
Alternativas
Q2473748 Português
Leia o texto a seguir:


 Desafios e conquistas recentes na história da saúde pública no Brasil


A história da saúde pública no Brasil tem sido marcada por uma série de desafios e conquistas recentes que refletem a complexidade do sistema de saúde no país.

Mas esses desafios não foram superados. Entre os principais enfrentados atualmente, destaca-se a escassez de recursos financeiros, o que impacta diretamente na capacidade de investimento e na ampliação da oferta de serviços. 

Além disso, as desigualdades regionais continuam a ser um obstáculo, com algumas áreas remotas e menos desenvolvidas enfrentando dificuldades no acesso a serviços médicos e profissionais de saúde qualificados.

A gestão ineficiente também é uma preocupação, resultando em problemas como superlotação de unidades de saúde, falta de planejamento adequado e desigualdade na distribuição de recursos.

A pandemia de COVID-19, por exemplo, teve um impacto profundo na saúde pública no Brasil, representando um dos maiores desafios enfrentados pelo sistema de saúde do país. Diante da rápida disseminação do vírus, medidas emergenciais foram adotadas para conter a propagação da doença e garantir o atendimento adequado aos pacientes.

Apesar desses desafios, o Brasil também conquistou avanços significativos na saúde pública nos últimos anos. A expansão da cobertura de saúde é uma das principais conquistas, com um maior número de brasileiros tendo acesso a serviços de saúde essenciais.

Os aprendizados obtidos com a pandemia incluem a relevância da vigilância epidemiológica, monitoramento contínuo de casos e capacidade de reação rápida a surtos e novas variantes do vírus.

Além disso, a incorporação de tecnologias e telemedicina provou ser uma ferramenta valiosa para garantir a continuidade do atendimento e reduzir a propagação do vírus. Tornou-se evidente a necessidade de fortalecer a atenção primária e investir em prevenção, promoção da saúde e vacinação em massa para enfrentar futuras pandemias com maior eficácia.

Programas de prevenção e promoção da saúde têm sido implementados em várias frentes, abrangendo vacinação, controle de doenças crônicas, campanhas de conscientização e hábitos saudáveis. A incorporação de tecnologias e inovações também têm impulsionado melhorias.

Com os avanços tecnológicos dos últimos anos e o impacto da crise econômica na saúde, o sistema de saúde (tanto público quanto privado) se apoiou em softwares de gestão que reduzem o desperdício de recursos e melhoram o serviço prestado ao cidadão.

Desde prontuários eletrônicos, indicadores, gestão da qualidade, automatização de processos e faturamento on-line até o acesso a medicamentos e a integração da rede, a tecnologia vem revolucionando a saúde pública brasileira. No entanto, apesar dessas conquistas, é evidente que há ainda muito a ser feito para superar os desafios e melhorar ainda mais a saúde pública no Brasil.

Investimentos em infraestrutura, capacitação de profissionais de saúde e uma gestão mais eficiente são fundamentais para assegurar um sistema de saúde mais equitativo, acessível e resiliente.

Somente com esforços contínuos e coordenados será possível avançar em direção a um futuro em que todos os brasileiros possam desfrutar de uma saúde de qualidade e bem-estar pleno.

Fonte: https://mv.com.br/blog/historia-da-saude-publica-no-brasil. Acesso em: 04 mar. 2024. Texto adaptado.
Há um dígrafo na palavra:
Alternativas
Q2473507 Português
Dígrafos e encontros vocálicos são diferenciados pelos seus sons. Sobre essas diferenças, relacionar as colunas e assinalar a sequência correspondente.

(1) Dígrafo.
(2) Encontro vocálico.

( ) Disjuntivo.
( ) Querido.
( ) Baú.
( ) Casais.
Alternativas
Q2473475 Português
Pode lavar o frango antes de cozinhar?

    Você sabia que lavar o frango antes de cozinhá-lo não é recomendado e pode levar à contaminação do ambiente da cozinha com bactérias?
    Segundo Stefan Cunha Ujvari, um infectologista, o risco de contaminação existe porque o intestino dos animais que comemos é habitado por bactérias que podem causar doenças nos seres humanos. O exemplo mais comum é a Salmonela, bactéria que pode causar diarreia e vômitos e, em casos mais graves, febre tifoide.
    Lavar o frango ou qualquer outro tipo de carne antes do cozimento não é recomendado, pois a água não mata as bactérias e pode espalhá-las pelo ambiente, contaminando a louça que está próxima, por exemplo.
    Por conta disso, o médico rezalta que também não é recomendado utilizar a mesma faca ou a mesma tábua na qual o frango foi cortado para cortar outros alimentos, já que eles também podem acabar contaminados. A melhor forma possível de matar as bactérias que podem estar no frango é cozinhando bem a carne.

Fernanda Pinotti – CNN. Adaptado.
Qual a separação silábica correta da palavra “diarreia”, sublinhada no texto?
Alternativas
Q2472147 Português
Leia o texto a seguir:


Saúde pública: um panorama do Brasil  

A saúde pública no Brasil, como sabemos, é muito completa e alcançou resultados bastante positivos desde que o Sistema Único de Saúde foi criado, porém enfrenta inúmeras dificuldades, comprometendo a qualidade do atendimento à população. Além disso, em um país de dimensões continentais e tão heterogêneo, a saúde, assim como outros aspectos (educação, segurança), é bastante discrepante no território.

Nesse conteúdo vamos explicar um pouco sobre o panorama da saúde pública atual e os principais desafios que o SUS enfrenta atualmente. Ficou interessado? Vamos lá.

 
Saúde Pública X Saúde Suplementar 

A saúde no Brasil se divide hoje em pública e suplementar. A saúde pública está estruturada dentro do Sistema Único de Saúde, mais conhecido como SUS, já a saúde suplementar é a saúde privada, que compreende os planos de saúde. Atualmente, 75% dos brasileiros dependem exclusivamente do SUS, o restante da população utiliza a saúde privada.

Mesmo que algum cidadão opte por utilizar a saúde privada e adquira um plano de saúde, seja individualmente ou por convênio da empresa em que trabalha, ele não perde o direito de utilizar o SUS. Afinal, um de seus princípios é a universalidade, que significa que todos os brasileiros têm direito aos serviços de saúde.

É interessante notar a discrepância dos valores investidos nesses dois casos. Em uma de suas palestras, Drauzio Varella mostra que o SUS investe cerca de R$ 103 bilhões por ano e atende 75% da população brasileira, já a saúde suplementar, que atende apenas 25% dos cidadãos, investe R$ 90,5 bilhões. Isso quer dizer que os gastos por paciente são, em média, três vezes mais altos na saúde suplementar do que na saúde pública.

Fonte: https://www.politize.com.br/panorama-da-saude. Acesso em: 04 mar. 2024. 
Na palavra “SAÚDE”, há:
Alternativas
Q2471461 Português
Texto 1 - SOBRE AMAR E OUVIR
Rubem Alves

        Amamos não a pessoa que fala bonito, mas a pessoa que escuta bonito... A arte de amar e a arte de ouvir estão intimamente ligadas. Não é possível amar uma pessoa que não sabe ouvir. Os falantes que julgam que por sua fala bonita serão amados são uns tolos. Estão condenados à solidão.
        Quem só fala e não sabe ouvir é um chato... O ato de falar é um ato masculino. Fala é falus: algo que sai, se alonga e procura um orifício onde entrar, o ouvido... Já o ato de ouvir é feminino: o ouvido é um vazio que se permite ser penetrado.
        Não me entenda mal. Não disse que fala é coisa de homem e ouvir é coisa de mulher. Todos nós somos masculinos e femininos ao mesmo tempo. Xerazade, quando contava as estórias das 1001 noites para o sultão, estava carinhosamente penetrando os vazios femininos do machão. E foi dessa escuta feminina do sultão que surgiu o amor. Não há amor que resista ao falatório.

Disponível em https://www.pensador.com/cronicas_curtas/ acesso em 17 de mar. De 2024.
As palavras, quanto ao número de sílabas, classificam-se em trissílabas na alternativa:
Alternativas
Q2471459 Português
Texto 1 - SOBRE AMAR E OUVIR
Rubem Alves

        Amamos não a pessoa que fala bonito, mas a pessoa que escuta bonito... A arte de amar e a arte de ouvir estão intimamente ligadas. Não é possível amar uma pessoa que não sabe ouvir. Os falantes que julgam que por sua fala bonita serão amados são uns tolos. Estão condenados à solidão.
        Quem só fala e não sabe ouvir é um chato... O ato de falar é um ato masculino. Fala é falus: algo que sai, se alonga e procura um orifício onde entrar, o ouvido... Já o ato de ouvir é feminino: o ouvido é um vazio que se permite ser penetrado.
        Não me entenda mal. Não disse que fala é coisa de homem e ouvir é coisa de mulher. Todos nós somos masculinos e femininos ao mesmo tempo. Xerazade, quando contava as estórias das 1001 noites para o sultão, estava carinhosamente penetrando os vazios femininos do machão. E foi dessa escuta feminina do sultão que surgiu o amor. Não há amor que resista ao falatório.

Disponível em https://www.pensador.com/cronicas_curtas/ acesso em 17 de mar. De 2024.
Os encontros sublinhados classificam-se como DÍGRAFOS em: 
Alternativas
Q2471458 Português
Texto 1 - SOBRE AMAR E OUVIR
Rubem Alves

        Amamos não a pessoa que fala bonito, mas a pessoa que escuta bonito... A arte de amar e a arte de ouvir estão intimamente ligadas. Não é possível amar uma pessoa que não sabe ouvir. Os falantes que julgam que por sua fala bonita serão amados são uns tolos. Estão condenados à solidão.
        Quem só fala e não sabe ouvir é um chato... O ato de falar é um ato masculino. Fala é falus: algo que sai, se alonga e procura um orifício onde entrar, o ouvido... Já o ato de ouvir é feminino: o ouvido é um vazio que se permite ser penetrado.
        Não me entenda mal. Não disse que fala é coisa de homem e ouvir é coisa de mulher. Todos nós somos masculinos e femininos ao mesmo tempo. Xerazade, quando contava as estórias das 1001 noites para o sultão, estava carinhosamente penetrando os vazios femininos do machão. E foi dessa escuta feminina do sultão que surgiu o amor. Não há amor que resista ao falatório.

Disponível em https://www.pensador.com/cronicas_curtas/ acesso em 17 de mar. De 2024.
Marque a alternativa em que a divisão silábica das palavras estão corretas:
Alternativas
Q2470497 Português
RUTH GUIMARÃES: CENTENÁRIO DE UMA PIONEIRA

Joaquim Maria Botelho

        “Mulher, negra, pobre e caipira – eis as minhas credenciais”, disse Ruth Guimarães num discurso na Bienal Nestlé de Literatura, em 1983. Ruth tinha plena consciência de sua condição humana e de sua vocação para a literatura quando, jovenzinha de 26 anos, lançou Água funda (1946), romance que causou frisson na crítica literária da época e se tornou um marco da literatura regionalista.
        Ao lado de Antonio Candido – que publicou crítica elogiosa no jornal Correio Paulistano –, Érico Veríssimo foi um dos primeiros a comentarem a obra muito favoravelmente, num texto que a própria Editora Livraria do Globo passou a usar nas propagandas do livro de Ruth: “Há muito que não leio prosa brasileira tão rica de contactos com a terra e com a vida, tão fresca, tão natural e tão gostosa”. O romancista gaúcho tinha sido gerente do departamento editorial da Livraria do Globo e várias vezes se encontrou com a escritora em suas visitas à sucursal de São Paulo, dirigida por Edgard Cavalheiro. Ficaram amigos, mas seguiram caminhos diferentes e ficaram muito tempo sem se ver.
        Ruth passou a infância na fazenda Campestre, que o pai administrava, local hoje pertencente ao município de Pedralva, no sul de Minas Gerais. Ali, conviveu com as famílias de peões e colonos, e recolheu muitas histórias. Com a avó, aprendeu as tradições dos índios e dos negros. Já em São Paulo, decidiu recontar essas histórias, segura de que tinha em mãos o tesouro da tradição oral do povo que amava. Jovem atrevida, reuniu os racontos de assombração, duendes e pequenos demônios como o saci, a mula sem cabeça e o lobisomem, e foi procurar Mário de Andrade.
        O mestre a recebeu, elogiou, corrigiu e orientou-a nas técnicas de pesquisa folclórica, entre 1942 e 1944. Mário de Andrade não viu o livro pronto porque morreu em 1945 e a obra saiu depois de Água funda, em 1950, com o título de Os filhos do medo. Ampla pesquisa folclórica sobre o diabo e todas as manifestações demoníacas no imaginário do homem do Vale do Paraíba, a publicação lhe valeu um verbete na Enciclópédie Française de la Pléiade, publicada pela editora Gallimard, fazendo de Ruth Guimarães a única escritora latinoamericana a receber essa distinção.
        O autor é jornalista, escritor e mestre em literatura e crítica literária pela PUC-SP.
 Adaptado do site:
https://revistacult.uol.com.br/home/cult-301-ruth-guimaraes/ , acesso em 22 de março de 2024.
Assinale a alternativa que os encontros de consonantes sublinhados classificam-se como dígrafo:
Alternativas
Q2470423 Português
CLARICE LISPECTOR: A TEIA SUTIL DE UMA POÉTICA FEMINISTA

Rita Terezinha Schmidt
(03 de janeiro de 2024)


        Assim como Clarice sempre resistiu a qualquer tentativa de enquadramento e manifestava publicamente sua falta de interesse em produzir “literatura” – termo ao qual atribuía o peso de uma instituição, um fardo que nunca cogitou carregar porque se considerava uma amadora, e não uma “profissional” –, também nunca mencionou o termo “feminista”, seja na sua vida pública, seja na sua produção ficcional. Talvez porque na época circulava o clichê de que feministas eram mulheres mal-amadas e desejavam se igualar aos homens, noções distorcidas e disseminadas por segmentos conservadores que não admitiam a agenda da luta por direitos, foco das reivindicações dos movimentos de mulheres que começaram a ganhar vulto a partir da década de 1950.
        Nesse período e nas décadas seguintes, o impacto da obra O segundo sexo (1949), de Simone de Beauvoir, foi explosivo, particularmente pela afirmação de que a mulher “feminina”, nos termos do binarismo de gênero na cultura patriarcal, é caracterizada pela passividade e que é nessa condição que ela se torna um ser para o outro, uma alteridade institucionalizada.
        Com vivências em países europeus e nos Estados Unidos, Clarice certamente tomou conhecimento das passeatas de mulheres que ganhavam, na época, ampla cobertura nos jornais e em noticiários na televisão. Também foi leitora de escritoras inglesas como Emily Brontë, Katherine Mansfield e Virginia Woolf, que abordaram questões relativas à condição feminina, definida como “o problema que não tem nome” por Betty Friedan, em seu A mística feminina (1963). Woolf, além de inovadora na prosa de ficção, em Um teto todo seu (1929) foi pioneira na denúncia da opressão econômica, intelectual e criativa das mulheres: ao tentar fazer uma pesquisa sobre o tema mulher e ficção na biblioteca de Oxbridge (nome fictício para as duas mais tradicionais universidades da Inglaterra, Cambridge e Oxford), teve sua entrada barrada por não estar acompanhada de um homem nem levar uma carta de apresentação. Ao retornar devidamente acompanhada, levantou informações que referendaram o que observara de forma empírica, isto é, que a tradição literária era pautada, exclusivamente, na genealogia pais/filhos.
        Em tempos de questionamentos e de transformações sociais, não surpreende que na singularidade composicional de suas obras Clarice articulasse um feminismo latente de outra genealogia, a de mãe/filhas, presente nos alinhamentos entre narradora, autora implícita e personagens femininas, tramados em diferentes graus de cumplicidade. Trata-se de uma teia na qual a relação da narradora com suas personagens conflui em fios de discurso/fios de pensamento que deslizam de uma obra a outra, produzindo ressonâncias e superposições na construção de elos intersubjetivos. Se o fio, no mito de Ariadne, é símbolo de salvação de um enredamento mortal, na obra de Clarice seu arquétipo tece um imaginário que fecunda subjetividades/identificações declinadas pelo pertencimento feminino e que entrelaçam vida e ficção numa economia de afetos que não deixa de evocar o lema feminista de nossa época, “o pessoal é político”.
        Talvez nenhuma outra escritora brasileira, ao longo de sua obra, tenha sido capaz de captar e sustentar com perspicácia e constância a problemática de personagens femininas, circunscritas por injunções de uma estrutura patriarcal que contamina o espaço familiar. Suas trajetórias oscilam em movimentos de resistência, de submissão e de transgressão, num aprendizado doloroso de autoconsciência e de percepção do mundo à sua volta. Isso não significa dizer que Clarice reduzia a literatura ao compromisso verossímil de um realismo ingênuo, mas, sim, que seu viés feminista estava presente na construção das experiências vividas por suas personagens e produzia, de forma subjacente, uma crítica social pertinente a seu tempo e lugar.
        A pergunta “quem sou eu?”, implícita ou explícita, que percorre os fios de sua teia ganha expressão em Joana, Ana, Lucrécia, Laura, Virgínia, G. H., Ângela, personagens que figuram a condição da mulher brasileira de classe média dos anos 1940 a 1960 – condição essa que transcende limites geográficos e temporais. Em diferentes graus de sensibilidade quanto à realidade, todas essas personagens passam por sensações de vazio e de impotência, um desconforto com um cotidiano regulado por rituais domésticos e padrões preestabelecidos que dão um falso equilíbrio às suas existências e distorcem as percepções de si próprias e da vida. Por isso, em momentos de devaneios, vertigens ou revelações, todas são assaltadas por certo mal-estar, um desejo confuso, pela falta de algo que não sabem definir o que é, mas que sentem ser necessário descobrir. Esse momento é o das horas perigosas, quando algo reprimido emerge à superfície para romper a normalidade das aparências e desestabilizar, mesmo que momentaneamente, a estrutura engessada de suas vidas. [...]
        As obras de Clarice são declinadas no feminino sob um viés feminista, não somente pelo protagonismo de suas personagens mulheres e pelos laços de cumplicidade entre elas e a narradora, mas pelo agenciamento da escritora que intervém, de forma eloquente, no sistema de representação da cultura patriarcal. Não por acaso, o último fio de sua teia culmina no caudal de Água viva, pura imersão na energia originária de um feminino cósmico que vem “das trevas de um passado remoto”. Assim, tecida por muitos fios, a poética feminista de Clarice inscreve seu posicionamento social e político no contexto da cultura de seu tempo e projeta uma ética da diferença, inscrita no potencial criativo e subversivo das mulheres, que se reinventam para poder se imaginar outras, e umas com as outras, na literatura e na vida. 

Texto publicado originalmente na Cult 264, de dezembro de 2020.
A autora do texto é doutora em literatura, professora titular de literatura e convidada do Programa de PósGraduação em Letras da UFRGS. Adaptado de https://revistacult.uol.com.br/home/cult-301-claricelispector/ , acesso em 21 de mar de 2024.

Marque a alternativa em que as palavras apresentam SOMENTE encontros consonantais:
Alternativas
Q2470368 Português
Altura dos prédios pode ter menos impacto no sombreamento do que se imagina







(Claudio Bernardes. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/claudiobernardes/2024/03/osedificios-altos-e-as-sombras-na-cidade.shtml. 29.mar.2024)
Em “bloqueando” (L.28), há:
Alternativas
Q2470227 Português
Analise as assertivas abaixo sobre as relações entre letras, fonemas e as famílias de palavras:
I. “Letrado” e “chuveiro” apresentam encontros consonantais.
II. “Chuvisco” e “chuvarada” pertencem à mesma família de palavras.
III. “Quente” e “quartel” apresentam dígrafos.

Quais estão corretas?
Alternativas
Respostas
881: C
882: A
883: E
884: E
885: C
886: A
887: B
888: B
889: C
890: D
891: D
892: C
893: E
894: C
895: E
896: B
897: D
898: B
899: C
900: B