Questões de Concurso Sobre funções morfossintáticas da palavra se em português

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Q391436 Português
Na oração “No horizonte vislumbravam-se mais muros do que estradas”, a partícula “se” funciona como
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Q389864 Português

Compras de Natal

A cidade deseja ser diferente, escapar às suas fatalidades. ______de brilhos e cores; sinos que não tocam, balões que não sobem, anjos e santos que não______estrelas que jamais estiveram no céu.

As lojas querem ser diferentes, fugir à realidade do ano inteiro: enfeitam-se com fitas e flores, neve de algodão de vidro, fios de ouro e prata, cetins, luzes, todas as coisas que possam representar beleza e excelência.

Tudo isso para celebrar um Meninozinho envolto em pobres panos, deitado numas palhas, há cerca de dois mil anos, num abrigo de animais, em Belém.

De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com:
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Q389573 Português
No que concerne a aspectos gramaticais do texto acima, julgue (C ou E) os próximos itens.


Com base na prescrição gramatical, pode-se classificar a partícula “se”, no trecho “se irradiaria como política e como orientação pelo país” (l.11-12), tanto como apassivadora quanto como reflexiva; no entanto, ao se considerar a relação entre esse segmento e a expressão metafórica ‘a locomotiva puxando os vagões’ (l.13), a opção recai na classificação do verbo como pronominal.
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Q387230 Português
          Todo escritor é útil ou nocivo, um dos dois. É nocivo se escreve coisas inúteis, se deforma ou falsifica (mesmo inconscientemente) para obter um efeito ou um escândalo; se se conforma sem convicção a opiniões nas quais não acredita. É útil se acrescenta à lucidez do leitor, livra-o da timidez ou dos preconceitos, faz com que veja e sinta o que não teria visto nem sentido sem ele. Se meus livros são lidos e atingem uma pessoa, uma única, e lhe trazem uma ajuda qualquer, ainda que por um momento, considero-me útil. E como acredito na duração infinita de todas as pulsões, como tudo prossegue e se reencontra sob uma outra forma, essa utilidade pode estender-se bastante longe no tempo. Um livro pode dormir cinquenta anos ou dois mil anos, em um canto de biblioteca, e de repente eu o abro, e nele descubro maravilhas ou abismos, uma linha que me parece ter sido escrita apenas para mim. O escritor, nisso, não difere do ser humano em geral: tudo o que dizemos, tudo o que fazemos se conduz mais ou menos. É preciso tentar deixar atrás de nós um mundo um pouco mais limpo, um pouco mais belo do que era, mesmo que esse mundo seja apenas um quintal ou uma cozinha.


(Marguerite Yourcenar. De olhos abertos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983.)


“É nocivo se escreve coisas inúteis, se deforma ou falsifica (mesmo inconscientemente) para obter um efeito ou um escândalo; se se conforma sem convicção a opiniões nas quais não acredita.” A respeito das várias ocorrências do termo destacado “se”, é correto afirmar que
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Q386485 Português
Assinale a opção correta, em relação ao seguinte período do texto: “As saudades do que eu queria ter feito e não fiz se constroem de trás pra frente” (l.10 e 11).
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Q386068 Português
Mito: Se fora do dicionário, a palavra não existe

Qualquer bom dicionário deve registrar como a língua está sendo usada, principalmente em sua forma escrita. Acontece que ela está sempre em movimento, certos usos - palavras ou construções - tomam o lugar de outros, de tal forma que o dicionário está sempre para trás em relação ao uso real e atual. O dicionário não decide nada - quem decide é quem fala.

O que o dicionário pode e deve fazer é orientar o uso no sentido da clareza, adequação e economia. Por isso, ele seleciona aquilo que é mais adequado e condizente com o próprio espírito da língua, deixando de lado brincadeiras verbais, construções francamente empasteladas, aberrações, enfim.

Quando as formas são equivalentes, o dicionário deve registrá-las, e, quando muito, assinalar qual está sendo a preferência: a rigor/em rigor; às pressas/à pressa; a nível de/no nível de; sito à rua/na rua; ao invés de/em vez de; entrega a domicílio/em domicílio; TV a cores/em cores etc.

Não se encontram nos dicionários todas as palavras usadas numa língua. Os dicionários registram as palavras que são matrizes do idioma e só algumas das várias outras que podem ser delas derivadas. Por isso é que não se vê dicionarizado nenhum advérbio em “mente”, pois se sabe que para formar “admiravelmente”, por exemplo, basta conhecer o adjetivo “admirável”.

Com base no período “Não se encontram nos dicionários todas as palavras usadas numa língua.” (4º§), analise as afirmativas.

I. A forma “se” tem a mesma função que possui no título do texto “E se o Brasil ainda fosse uma monarquia?”.

II. O trecho “todas as palavras usadas numa língua” atua sintaticamente como sujeito do verbo “encontrar”.

III. A expressão “nos dicionários” atua como adjunto adverbial.

IV. “numa língua” também funciona como adjunto adverbial.

Estão corretas apenas as afirmativas :
Alternativas
Q383761 Português
                            Alimentos geneticamente modificados: fato e ficção

                                                                                                                         Marcelo Gleiser

     Raramente, a relação entre a ciência e a população é tão direta quanto no caso de alimentos geneticamente modificados (AGMs). Pois uma coisa é ligar uma TV de plasma ou falar num celular; outra, é ingerir algo modificado no laboratório.
     Não é à toa que as reações contra e a favor dos AGMs é polarizada e radical. De um lado, vemos grupos puristas querendo banir definitivamente qualquer tipo de alimento geneticamente modificado, alegando que fazem mal à saúde e ao meio ambiente; de outro, temos os defensores radicais dos AGMs, que confundem ciência com as estratégias de marketing dos grandes produtores, principalmente da gigantesca Monsanto.
     Poucos debates na nossa era são tão importantes. Existem aqui ecos do que ocorre com o aquecimento global, o criacionismo e as vacinas, onde o racional e o irracional misturam-se de formas inusitadas.
     Vemos uma grande desconfiança popular da aliança entre a ciência e as grandes empresas, dos cientistas “vendidos", comparados, infelizmente, com os que trabalham para a indústria do fumo. A realidade, como sempre, é bem mais sutil.
     Existem centenas de estudos científicos publicados que visam determinar precisamente o impacto dos alimentos geneticamente modificados nas plantações e nos animais. O leitor encontra uma lista com mais de 600 artigos no portal http://www.biofortifed.org/genera/studies-for-genera/, que não é afiliado a qualquer empresa.
     Em junho, o ministro do meio ambiente do Reino Unido, Owen Paterson, propôs que seu país deveria liderar o mundo no desenvolvimento e na implantação de AGMs: “Nosso governo deve assegurar à população que os AGMs são uma inovação tecnológica comprovadamente benéfica".
     Na semana anterior, grupos contra a implantação de AGMs vandalizaram plantações de beterraba da empresa suíça Syngenta no Estado de Oregon, nos EUA. As plantações foram geneticamente modificadas para resistir ao herbicida Glifosate (do inglês Glyphosate), algo que os fazendeiros desejam, pois ajuda no controle das ervas daninhas que interferem com a produtividade de suas plantações.
     O Prêmio Mundial da Alimentação de 2013 foi dado a Marc van Montagu, Mary-Dell Chilton e Rob Fraley. Os três cientistas tiveram um papel essencial no desenvolvimento de métodos moleculares desenhados para modificar a estrutura genética de plantas. Chilton, aliás, trabalha para Syngenta. Mas, no YouTube, vemos vídeos mostrando os efeitos “catastróficos" de tal ciência, como relata Nina Fedoroff, professora da Universidade Estadual da Pensilvânia em um ensaio recente para a revista “Scientific American". Fedoroff antagoniza os exageros e radicalismo dos protestos contra os AGMs, que alega não terem qualquer fundamento científico, sendo comparáveis aos abusos pseudocientíficos que justificam posturas quase que religiosas.
     Em termos dos testes até agora feitos, não parece que AGMs tenham qualquer efeito obviamente nocivo à saúde humana ou à dos animais que se alimentam deles. Já muitos dos inseticidas comumente usados em plantações são altamente cancerígenos. 
     Sem dúvida, a pesquisa sobre o impacto ambiental e médico dos AGMs deve continuar; mas a negação da ciência sem evidência, baseada em mitologias, é a antítese do que uma população bem informada deve fazer.

                                                                         http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2013/07/1317544-alimentos-geneticamente-modificados-fato-e-ficcao.shtml



Assinale a alternativa INCORRETA quanto ao que se afirma a respeito das expressões destacadas.
Alternativas
Q382894 Português
Um observador do comércio de rua colheu na cidade cinco frases que continham o pronome SE. Apenas uma delas se enquadra na estrutura chamada de passiva sintética ou pronominal. Qual?
Alternativas
Ano: 2014 Banca: FUNRIO Órgão: INSS Prova: FUNRIO - 2014 - INSS - Analista - Letras |
Q382878 Português
A crítica à gramatiquice e ao normativismo não significa, como pensam alguns desavisados, o abandono da reflexão gramatical e do ensino da norma padrão. Refletir sobre a estrutura da língua e sobre seu funcionamento social é atividade auxiliar indispensável para o domínio da fala e da escrita. E conhecer a norma padrão é parte integrante do amadurecimento das nossas competências linguístico-culturais. O lema aqui deve ser: reflexão gramatical sem gramatiquice e estudo da norma padrão sem normativismo.

Não cabe, no ensino de português, apenas agir no sentido de os alunos ampliarem seu domínio das atividades de fala e escrita. Junto com esse trabalho (que é, digamos com todas as letras, a parte central do ensino), é necessário realizar sempre uma ação reflexiva sobre a própria língua, integrando as atividades verbais e o pensar sobre elas.

Esse pensar visa à compreensão do funcionamento interno da língua e deve caminhar de uma percepção intuitiva dos fatos a uma progressiva sistematização, acompanhada da introdução do vocabulário gramatical básico (aquele que é indispensável, por exemplo, para se entender as informações contidas nos dicionários). No fundo, trata-se de desenvolver uma atitude científica de observar e descrever a organização estrutural da língua, com destaque para a imensa variedade de formas expressivas alternativas à disposição dos falantes.

Desse modo, se os conteúdos gramaticais não podem desaparecer do ensino, também não podem simplesmente permanecer arrolados e repassados como no ensino tradicional. Só existe sentido em estudar gramática, se esses conteúdos estão claramente subordinados ao domínio das atividades de fala e escrita, isto é, se eles têm efetiva relevância funcional. Ou, dito de outro modo, se conseguimos romper radicalmente com o modelo pedagógico medieval de ensino de língua, conforme descrito anteriormente.

Observe a presença da conjunção SE no último parágrafo do texto, reproduzido a seguir:

Desse modo, SE os conteúdos gramaticais não podem desaparecer do ensino, também não podem simplesmente permanecer arrolados e repassados como no ensino tradicional. Só existe sentido em estudar gramática, SE esses conteúdos estão claramente subordinados ao domínio das atividades de fala e escrita, isto é, SE eles têm efetiva relevância funcional. Ou, dito de outro modo, SE conseguimos romper radicalmente com o modelo pedagógico medieval de ensino de língua, conforme descrito anteriormente.

O autor emprega a conjunção SE quatro vezes nessa passagem. Há identidade morfossemântica em quantas dessas quatro ocorrências?
Alternativas
Q377495 Português
A partícula SE é um pronome apassivador em:
Alternativas
Q377375 Português
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Julgue os itens subsequentes, referentes às ideias e às estruturas linguísticas do texto acima.

O termo “se”, na linha 7 e na linha 10, pertence à mesma classe gramatical.
Alternativas
Q371433 Português
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Acerca dos sentidos e das estruturas linguísticas do texto acima, julgue os seguintes itens.

No trecho “Eu, se retorquisse dizendo-lhe bem do tempo que se perde” (16-17), a partícula “se” recebe classificação distinta em cada ocorrência.
Alternativas
Q370036 Português
Sobre a origem de tudo

Marcelo Gleiser

Volta e meia retorno ao tema da origem de tudo, que inevitavelmente leva a refexões em que as fronteiras entre ciência e religião meio que se misturam. Sabemos que as primeiras narrativas de criação do mundo vêm de textos religiosos, os mitos de criação. O Gênesis, primeiro livro da bíblia, é um exemplo deles, se bem que é importante lembrar que não é o único.

Talvez seja surpreendente, especialmente para as pessoas de fé, que a ciência moderna tenha algo a dizer sobre o assunto. E não há dúvida que o progresso da cosmologia e da astronomia levaram a um conhecimento sem precedentes da história cósmica, que hoje sabemos teve um começo há aproximadamente 13,8 bilhões de anos. Tal como você e eu, o Universo também tem uma data de nascimento.

A questão complica se persistimos com essa analogia: você e eu tivemos pais que nos geraram. Existe uma continuidade nessa história, que podemos traçar até a primeira entidade viva. Lá, nos deparamos com um dilema: como surgiu a primeira entidade viva, se nada vivo havia para gerá-la? Presumivelmente, a vida veio da não vida, a partir de reações químicas entre as moléculas que existiam na Terra primordial. E o Universo? Como surgiu se nada existia antes?

A situação aqui é ainda mais complexa, visto que o Universo inclui tudo o que existe. Como que tudo pode vir do nada? A prerrogativa da ciência é criar explicações sem intervenção divina. No caso da origem cósmica, explicações científcas encontram desafos conceituais enormes.

Isso não signifca que nos resta apenas a opção religiosa como solução da origem cósmica. Signifca que precisamos criar um novo modo de explicação científca para lidar com ela.

Para dar conta da origem do Universo, os modelos que temos hoje combinam os dois pilares da física do século 20, a teoria da relatividade geral de Einstein, que explica a gravidade como produto da curvatura do espaço, e a mecânica quântica, que descreve o comportamento dos átomos. A combinação é inevitável, dado que, nos seus primórdios, o Universo inteiro era pequeno o bastante para ser dominado por efeitos quânticos. Modelos da origem cósmica usam a bizarrice dos efeitos quânticos para explicar o que parece ser inexplicável.

Por exemplo, da mesma forma que um núcleo radioativo decai espontaneamente, o Cosmo por inteiro pode ter surgido duma futuação aleatória de energia, uma bolha de espaço que emergiu do “nada”, que chamamos de vácuo. O interessante é que essa bolha seria uma futuação de energia zero, devido a uma compensação entre a energia positiva da matéria e a negativa da gravidade. Por isso que muitos físicos, como Stephen Hawking e Lawrence Krauss, falam que o Universo veio do “nada”. E declaram que a questão está resolvida. O que é um absurdo. O nada da física é uma entidade bem complexa.

Esse é apenas um modelo, que pressupõe uma série de conceitos e extrapolações para fazer sentido: espaço, tempo, energia, leis naturais. Como tal, está longe de ser uma solução para a questão da origem de tudo. Não me parece que a ciência, tal como é formulada hoje, pode resolver de vez a questão da origem cósmica. Para tal, precisaria descrever suas próprias origens, abranger uma teoria das teorias. O infnito e seu oposto, o nada, são conceitos essenciais; mas é muito fácil nos perdermos nos seus labirintos metafísicos.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2013/12/1385521-sobre-a-origem-de-tudo.shtml.
Assinale a alternativa em que o elemento SE foi classificado corretamente.
Alternativas
Q369499 Português
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Considerando as ideias e as estruturas linguísticas do texto, julgue os itens

Na linha 13, a partícula “se” é empregada para indeterminar o sujeito.
Alternativas
Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: DPE-RJ Prova: FGV - 2014 - DPE-RJ - Técnico Superior Jurídico |
Q368459 Português
A alternativa em que as palavras sublinhadas mantêm o mesmo valor é:
Alternativas
Q2915650 Português

Texto


Fora de foco


Deve‐se ao desenvolvimento de remédios e terapias, a partir de experimentos científicos em laboratórios com o uso de animais, parcela considerável do exponencial aumento da expectativa e da qualidade de vida em todo o mundo. É extensa a lista de doenças que, tidas como incuráveis até o início do século passado e que levavam à morte prematura ou provocavam sequelas irreversíveis, hoje podem ser combatidas com quase absoluta perspectiva de cura.

Embora, por óbvio, o homem ainda seja vítima de diversos tipos de moléstias para as quais a medicina ainda não encontrou lenitivos, a descoberta em alta escala de novos medicamentos, particularmente no último século, legou à Humanidade doses substanciais de fármacos, de tal forma que se tornou impensável viver sem eles à disposição em hospitais, clínicas e farmácias.

A legítima busca do homem por descobertas que o desassombrem do fantasma de doenças que podem ser combatidas com remédios e, em última instância, pelo aumento da expectativa de vida está na base da discussão sobre o emprego de animais em experimentos científicos. Usá‐los ou não é um falso dilema, a começar pelo fato de que, se não todos, mas grande parte daqueles que combatem o emprego de cobaias em laboratórios em algum momento já se beneficiou da prescrição de medicamentos que não teriam sido desenvolvidos sem os experimentos nas salas de pesquisa.

É inegável que a opção pelo emprego de animais no desenvolvimento de fármacos implica uma discussão ética. Mas a questão não é se o homem deve ou não recorrer a cobaias; cientistas de todo o mundo, inclusive de países com pesquisas e indústria farmacêutica mais avançadas que o Brasil, são unânimes em considerar que a ciência ainda não pode prescindir totalmente dos testes com organismos vivos, em razão da impossibilidade de se reproduzir em laboratório toda a complexidade das cadeias de células. A discussão que cabe é em relação à escala do uso de animais, ou seja, até que ponto eles podem ser substituídos por meios de pesquisas artificiais, e que protocolo seguir para que, a eles recorrendo, lhes seja garantido o pressuposto da redução (ou mesmo eliminação) do sofrimento físico.


(O Globo, 21/11/2013)

“Deve‐se ao desenvolvimento de remédios e terapias...” ; o outro segmento do texto em que o vocábulo se apresenta o mesmo valor que no caso destacado é

Alternativas
Q2882816 Português
not valid statement found

No período “Os Doutores da Alegria despertam o desejo pela vida através do humor e riso, entretanto eles não conseguem melhorar o caos da saúde no Brasil.”, a oração sublinhada é classificada como oração coordenada sindética

Alternativas
Q2875498 Português

As questões de 01 a 10 referem-se ao texto a seguir.


Vergonha à brasileira

Matheus Pichonelli


Veio de um usuário do Twitter um dos “melhores” comentários feitos até agora sobre a gritaria

em torno da vinda dos médicos estrangeiros (leia-se cubanos) ao Brasil. “Médico estrangeiro é

3 populismo. Tem que voltar a política de deixar morrer”.

Populismo, oportunismo, escravidão (?). Enquanto médicos, fariseus e doutores da lei tentam

filtrar os mosquitos, uma fila de camelos é engolida nos rincões fora da rota turística do País.

6 Em outras palavras, as pessoas seguem morrendo, sem que mereçam um franzir de testa de

quem parece disposto a armar uma Intifada1 contra o programa Mais Médicos.

Segundo mapeamento do governo, existem hoje 701 cidades no País sem um único médico a

9 postos. Sabe quantos brasileiros demonstraram, em chamada recente, interesse em trabalhar

nesses municípios? Zero. Nesses lugares, falta o básico do básico, conforme mostrou o

repórter Gabriel Bonis em sua visita a Sítio do Quinto, município do interior baiano onde a

12 população não tem para onde correr em caso de emergência (o caso mais simbólico foi a

morte, testemunhada por uma técnica em enfermagem e um vigia, de um homem que levou

uma facada e não pôde ser atendido porque não havia médico de plantão). Não estamos

15 falando de cirurgia de alta complexidade, mas de carência humana, cuja atuação garantiria o

tratamento mínimo para problemas mínimos como diarreia, gripe ou ferimentos leves, que

neste diapasão de interesses e serviços se transformam em tragédias diárias e

18 desproporcionais.

Tragédias que parecem não comover quem, de antemão, diz se sentir envergonhado pela leva

de navios negreiros a aportar por aqui atolados de médicos dispostos a nivelar por baixo a

21 medicina brasileira. Pois Jean Marie Le-Pen, o líder ultradireitista francês, de xenofobia

desavergonhada, seria capaz de corar ao ver a reação dos médicos brasileiros, de maioria

branca, que hostilizaram, vaiaram e chamaram de “escravos” os colegas cubanos, de maioria

24 negra, durante um curso de preparação em Fortaleza. O protesto, organizado pelo Sindicato

dos Médicos do Ceará, foi talvez o estágio mais alto de uma ofensiva que já teve até

presidente de conselho regional de medicina pregando, como num culto, o boicote aos

27 camaradas estrangeiros. Os manifestantes, que provavelmente se divertem ainda hoje com a

herança colonial supostamente encerrada por uma lei - não coincidentemente - denominada

Áurea, talvez inovassem a rebelião contra o estado das coisas no período anterior a 1888. O

30 método consiste em cuspir no escravo para manifestar uma repulsa fajuta à escravatura.

Parece um método pouco inteligente para quem levou seis anos para retirar o diploma. Não

cola.

33 O episódio mostra que, até mesmo quando se trata de salvar a vida humana, a vida humana é

contagiada pela mais devastadora das doenças: a ignorância d e quem enxerga o mundo entre

o certo e o errado e nada mais entre uma ponta e outra. A ignorância, neste caso, parece

36 desnudar um resquício de desumanidade presente em um dos últimos bolsões de um elitismo

pré-colonial. Um elitismo que tolera o esquecimento e a omissão, mas esperneia ao menor

sinal de desprestígio, este galgado longe, bem longe, dos salões onde mais se precisa de

39 médicos. Onde o jaleco se suja de terra ao fim do expediente.

A opção de ficar nos grandes centros é, de certo modo, compreensível. Não se discute as

fragilidades de um programa de emergência. Seria pouco razoável, por exemplo, negar a

42 ausência de uma estrutura adequada para a atuação de quaisquer médicos pelo interior do

País. Seria pouco razoável também negar a dificuldade para amarrar juridicamente um

contrato de trabalho que prevê a triangulação entre países (um deles, bem pouco afeito à

45 transparência) para remunerar o trabalhador. Não se nega ainda a necessidade de se regular

a atuação desse médico conforme o tamanho de sua responsabilidade. Não se discute a

necessidade de se validar diplomas com base em um critério honesto que não tenha como

48 finalidade a reserva de mercado. Da mesma forma, seria razoável (ou deveria ser) supor que a

urgência para a garantia de atendimento básico preceda os ajustes de rota – estes facilmente

remediados com boa vontade, o que não é o caso de uma vida por um fio.

51 Mas, para boa parte dos ativistas de ocasião, cruzar os braços diante da suposta politicagem,

do suposto populismo, do suposto oportunismo e do suposto navio negreiro é mais nobre do

que atacar o problema real. Parecem a versão remodelada da conferência das aranhas do

54 conto A Sereníssima República, de Machado de Assis. É a mais perfeita alegoria de nossa

incompetência histórica: “Uns entendem que a aranha deve fazer as teias com fios retos, é o

partido retilíneo; outros pensam, ao contrário, que as teias devem ser trabalhadas com fios

57 curvos, - é o partido curvilíneo. Há ainda um terceiro partido, misto e central, com este

postulado: as teias devem ser urdidas de fios retos e fios curvos; é o partido reto-curvilíneo; e

finalmente, uma quarta divisão política, o partido anti-reto-curvilíneo, que fez tábua rasa de

60 todos os princípios litigantes, e propõe o uso de umas teias urdidas de ar, obra transparente e

leve, em que não há linhas de espécie alguma”.

Nessa conferência, a discussão gira em torno dos símbolos atribuídos a uma mesma teia. O

63 imobilismo é o único resultado da gritaria.

Como as aranhas de Machado de Assis, preferimos discutir o sexo dos anjos em vez de atingir

o cerne de uma questão urgente: o abandono de uma parte considerável da população. Seria

66 razoável que elas estivessem no centro do debate. Mas a razoabilidade é um objeto raro

quando a ala (sempre em tese) mais esclarecida do País tem como um cartão de visita a vaia,

a arrogância e a agressão.


http://www.cartacapital.com.br/saude/vergonha-a-brasileira-8881.html. [adaptado]


1. Rebelião popular palestina contra as forças de ocupação de Israel na faixa de Gaza e na Cisjordânia.

As questões 07 e 08 referem-se ao período a seguir.


Enquanto médicos, fariseus e doutores da lei tentam filtrar os mosquitos, uma fila de camelos é engolida nos rincões fora da rota turística do País.


As expressões em negrito (da lei, de camelos, da rota e do País), presentes no período, correspondem a

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Q1636266 Português

Leia o Texto para responder a questão.


Texto 

O novo ativista digital


    O paulista Renan Fernandes, de 22 anos, é um observador atento da conjuntura política e social do país. Participa das discussões no centro acadêmico da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde cursa o 5° ano. Ele dá aulas voluntariamente no cursinho pré-vestibular para estudantes carentes que funciona na faculdade. No dia 13 de junho, quando 5 mil manifestantes protestavam nas ruas do centro de São Paulo, ele era um deles. “Sou usuário do transporte público e queria ajudar a lutar por uma tarifa mais justa”, afirma Fernandes. Ele diz ter sido atingido por uma bala de borracha disparada pelos policiais, afirma que viu uma amiga ser ferida pelos projéteis e outra queimar as mãos, depois de ser atingida por uma bomba de gás lacrimogêneo. Revoltado, organizou um abaixo-assinado na internet para protestar contra a ação violenta da polícia. Em menos de uma hora, o texto ganhou quase 1.000 assinaturas. Hoje, está com quase 6 mil. Se chegar à marca dos 7.500, Fernandes promete entregar o documento ao governador do Estado, Geraldo Alckmin. Fernandes diz que, mesmo que os policiais não sejam punidos, o importante é protestar. “Quero espalhar informação e conscientizar as pessoas”, afirma.

    Os milhares de manifestantes que ganharam as ruas do Brasil nas últimas semanas são parecidos com Fernandes. São jovens que descobriram na internet uma ferramenta poderosa para lançar e organizar protestos: contra a má qualidade dos serviços públicos, contra a corrupção, contra a violência da polícia e, sobretudo, contra tudo o que eles consideram abaixo de suas elevadas expectativas em relação à situação econômica e social do Brasil.

     Os jovens se tornaram mais exigentes por dois motivos. Primeiro, porque aumentou o nível de escolaridade. Eles estão mais instruídos. Segundo dados do INEP, o Instituto de Pesquisas do Ministério da Educação, entre os jovens de 18 e 24 anos, aqueles que cursavam o nível superior passaram de 15%, em 2002, para 29,9%, em 2011. O segundo motivo é a crise econômica. O crescimento brasileiro, que chegou a ser de 7% ao ano, caiu para menos de 1% no ano passado, arrastando com ele a possibilidade de melhoria rápida no padrão de vida dos brasileiros, sobretudo os mais jovens. O país não conseguiu cumprir a expectativa de realização pessoal criada entre os jovens urbanos.

    Há dois anos, na Espanha, o movimento Indignados promoveu uma série de protestos contra as altas taxas de desemprego no país – e aproveitou para pedir o fim da corrupção e melhorias na educação, saúde, cultura. Reivindicações muito parecidas com as do movimento americano Occupy Wall Street. “As multidões têm hoje instrumentos para se organizar e se reunir quase instantaneamente, pelas redes sociais como o Twitter e o Facebook”, afirma o sociólogo espanhol Manuel Castells, “O novo espaço público, formado pela interseção do universo virtual com o local, gerou um contrapoder: pela primeira vez na história, as forças de mudança reúnem força e condições de encurralar o poder."

    A força contestadora da juventude – no Brasil, na Turquia, nos Estados Unidos, na Espanha – é historicamente a força motriz de um processo de saudável renovação social. “Os jovens estão em busca de independência e esbarram nos limites da família, das instituições, da sociedade. É natural que tentem derrubá-los”, diz a educadora Ana Karina Brenner, pesquisadora do Observatório Jovem do Rio de Janeiro, da Universidade Federal Fluminense. No Brasil, organizaram-se clandestinamente e marcharam para derrubar a ditadura militar. Nos anos 1980, num mundo marcado pela competição entre capitalismo e socialismo, os sonhos da juventude se tornaram mais materialistas. Os jovens queriam exercer suas competências e ascender economicamente. Nos Estados Unidos, ficaram conhecidos como yuppies. No Brasil, queriam o direito de votar para presidente e mobilizaram a sociedade numa das maiores campanhas já realizadas no país, as Diretas Já.

    De lá para cá, o país tem vivido um longo ciclo de normalização política e econômica, que coincidiu com o surgimento da internet. A rede chegou para mudar radicalmente a forma como vivemos e nos relacionamos. A geração surgida dessas novas circunstâncias parece acreditar ser possível lutar pelo bem comum sem abrir mão de suas ambições individuais. “Por ter crescido num ambiente de estabilidade política e econômica, esse jovem está imbuído de um espírito público de melhorias”, afirma Drica Guzzi, coordenadora de projetos da Escola do Futuro da USP.

    Alfabetizados num mundo regido pela rapidez da internet, conectados globalmente, esses jovens mudaram a forma de fazer política e de engajar-se em causas sociais. Disseminam, pelo Twitter, dicas de como se portar numa passeata. “Eles têm ferramentas para se colocar como protagonistas e provocar microrrevoluções. Associadas, elas causam grandes mudanças.”

     “Eles são regidos por uma nova maneira de pensar e agir, influenciada pela tecnologia”, afirma o publicitário Rony Rodrigues, presidente da Box 1824, empresa de pesquisa especializada em tendências de consumo e comportamento jovem.

    A facilidade para disseminar campanhas pelas redes sociais também é motivo de preocupação. Em meio a tantas informações e apelos, será que os jovens conseguem se aprofundar nas discussões? O perigo é acabar encampando causas sem entender os reais interesses por trás do movimento.

    Ainda é cedo para saber se esse vazio do engajamento digital prevalecerá. Um dos levantamentos mais extensos já feitos sobre o assunto sugere perspectivas otimistas. A equipe liderada pelo educador americano Joseph Kahne analisou a participação virtual e real de 3 mil jovens americanos entre 15 e 25 anos. Os resultados sugerem que, entre aqueles que participavam de alguma atividade política ou social nas redes sociais, 96% também tomavam parte em formas tradicionais de engajamento, vinculadas a instituições. “O ativismo digital é uma maneira complementar de trabalhar por mudanças”, diz Kahne.

(Marcela Buscato e Fillipe Mauro, com Júlia Korte, Luís Antônio Giron e Mariana Tessitore. Época. 31/07/2013. Adaptado)

“[...] As multidões têm hoje instrumentos para se organizar e se reunir quase instantaneamente, pelas redes sociais.” Neste trecho, o elemento destacado é um caso típico de anáfora. Isso significa que:
Alternativas
Ano: 2013 Banca: Quadrix Órgão: CRMV-SP
Q1208508 Português
Mãe (Crônico dedicado 00 Dia das Mães, embora com o final inadequado, ainda que autêntico) Rubem Braga O menino e seu amiguinho brincavam nas primeiras espumas; o pai fumava um cigarro na praia, batendo papo com um amigo. E o mundo era inocente, na manhã de sol. Foi então que chegou a Mãe (esta crônica é modesta contribuição ao Dia das Mães), muito elegante em seu short, e mais ainda em seu maiô. Trouxe óculos escuros, uma esteirinha para se esticar, óleo para a pele, revista para ler, pente para se pentear — e trouxe seu coração de Mãe que imediatamente se pôs aflito achando que o menino estava muito longe e o mar estava muito forte. Depois de fingir três vezes não ouvir seu nome gritado pelo pai, o garoto saiu do mar resmungando, mas logo voltou a se interessar pela alegria da vida, batendo bola com o amigo. Então a Mãe começou a folhear a revista mundana — "que vestido horroroso o da Marieta neste coquetel" — "que presente de casamento vamos dar à Lúcia? tem de ser uma coisa boa" — e outros pequenos assuntos sociais foram aflorados numa conversa preguiçosa. Mas de repente: — Cadê Joãozinho? O outro menino, interpelado, informou que Joãozinho tinha ido em casa apanhar uma bola maior. — Meu Deus, esse menino atravessando a rua sozinho! Vai lá, João, para atravessar com ele, pelo menos na volta! O pai (fica em minúscula; o Dia é da Mãe) achou que não era preciso: — O menino tem OITO anos, Maria! — OITO anos, não, oito anos, uma criança. Se todo dia morre gente grande atropelada, que dirá um menino distraído como esse! E erguendo-se olhava os carros que passavam, todos guiados por assassinos (em potencial) de seu filhinho. — Bem, eu vou lá só para você não ficar assustada. Talvez a sombra do medo tivesse ganho também o coração do pai; mas quando ele se levantou e calçou a alpercata para atravessar os vinte metros de areia fofa e escaldante que o separavam da calçada, o garoto apareceu correndo alegremente com uma bola vermelha na mão, e a paz voltou a reinar sobre a face da praia. Agora o amigo do casal estava contando pequenos escândalos de uma festa a que fora na véspera, e o casal ouvia, muito interessado — "mas a Niquinha com o coronel? não é possível!" — quando a Mãe se ergueu de repente: — E o Joãozinho? Os três olharam em todas as direções, sem resultado. O marido, muito calm — "deve estar por aí", a Mãe gradativamente nervosa — "mas por aí, onde?" — o amigo otimista, mas levemente apreensivo. Havia cinco ou seis meninos dentro da água, nenhum era o Joãozinho. Na areia havia outros. Um deles, de costas, cavava um buraco com as mãos, longe. — Joãozinho! O pai levantou-se, foi lá, não era. Mas conseguiu encontrar o amigo do filho e perguntou por ele. — Não sei, eu estava catando conchas, ele estava catando comigo, depois ele sumiu. A Mãe, que viera correndo, interpelou novamente o amigo do filho. "Mas sumiu como? para onde? entrou na água? não sabe? mas que menino pateta!" O garoto, com cara de bobo, e assustado com o interrogatório, se afastava, mas a Mãe foi segurá-lo pelo braço: "Mas diga, menino, ele entrou no mar? como é que você não viu, você não estava com ele? hein? ele entrou no mar?". — Acho que entrou... ou então foi-se embora. De pé, lábios trêmulos, a Mãe olhava para um lado e outro, apertando bem os olhos míopes para examinar todas as crianças em volta. Todos os meninos de oito anos se parecem na praia, com seus corpinhos queimados e suas cabecinhas castanhas. E como ela queria que cada um fosse seu filho, durante um segundo cada um daqueles meninos era o seu filho, exatamente ele, enfim — mas um gesto, um pequeno movimento de cabeça, e deixava de ser. Correu para um lado e outro. De súbito ficou parada olhando o mar, olhando com tanto ódio e medo (lembrava-se muito bem da história acontecida dois a três anos antes, um menino estava na praia com os pais, eles se distraíram um instante, o menino estava brincando no rasinho, o mar o levou, o corpinho só apareceu cinco dias depois, aqui nesta praia mesmo!) — deu um grito para as ondas e espumas — "Joãozinho!". Banhistas distraídos foram interrogados — se viram algum menino entrando no mar — o pai e o amigo partiram para um lado e outro da praia, a Mãe ficou ali, trêmula, nada mais existia para ela, sua casa e família, o marido, os bailes, os Nunes, tudo era ridículo e odioso, toda essa gente estúpida na praia que não sabia de seu filho, todos eram culpados — "Joãozinho!" — ela mesma não tinha mais nome nem era mulher, era um bicho ferido, trêmulo, mas terrível, traído no mais essencial de seu ser, cheia de pânico e de ódio, capaz de tudo — "Joãozinho!" — ele apareceu bem perto, trazendo na mão um sorvete que fora comprar. Quase jogou longe o sorvete do menino com um tapa, mandou que ele ficasse sentado ali, se saísse um passo iria ver, ia apanhar muito, menino desgraçado! O pai e o amigo voltaram a sentar, o menino riscava a areia com o dedo grande do pé, e quando sentiu que a tempestade estava passando fez o comentário em voz baixa, a cabeça curva, mas os olhos erguidos na direção dos pais: — Mãe é chaaata... Maio, 1953 (http://www. releituros. com/rubembrago_moe. asp)
Em "... ou então foi-se embora", o pronome "se", em  destaque, está funcionando como:
Alternativas
Respostas
1161: C
1162: E
1163: C
1164: B
1165: D
1166: C
1167: A
1168: D
1169: D
1170: B
1171: E
1172: C
1173: B
1174: E
1175: C
1176: E
1177: E
1178: D
1179: B
1180: A