Questões de Concurso
Sobre gêneros textuais em português
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Obs.: As questões se apoiam em frases do discurso
publicitário ou de propaganda.
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Exposed nos eSports: os casos de violência sexual, machismo e outros abusos
Efeito MiT: onda de denúncias de comportamentos abusivos choca esporte eletrônico brasileiro
Por Juliano Correa, para o GE
Após a tatuadora Daniela Li ter acusado Gabriel "MiT" de agressão sexual por meio de prints postados no Twitter, uma onda de denúncias nos eSports incluindo violência sexual, abusos, machismo e até pedofilia tomou conta das redes sociais. Os "exposed" agitaram comunidades como League of Legends (LoL) e Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), por envolverem pró-players e até casters e criadores de conteúdo bastante conhecidos.
Exemplos não faltaram. Além de MiT, o pró-player de CS:GO Fillipe "panccs" foi exposto com prints mostrando-o flertando com uma menina de 15 anos e perseguindo a também atleta Bruna Sobieszczk. Thiago "tinowns", eleito Melhor Atleta do LoL em 2020, recebeu graves acusações de ter um relacionamento abusivo e até ter agredido sua ex-namorada.
Confira alguns casos de exposed nos eSports nesta semana:
Gabriel "MiT" (LoL)
A tatuadora Daniela Li postou um texto no Twitter relatando uma ocasião em que o caster e ex-técnico de LoL Gabriel "MiT" tentou forçá-la a fazer sexo oral nele há seis ou sete anos. A paulistana também afirmou que outras mulheres comentaram ocasiões parecidas envolvendo MiT, como a cosplayer Débora Fuzeti, que respondeu a postagem de Daniela na rede social. Em nota oficial, MiT se desculpou por erros no passado de forma generalizada. A Riot Games afirmou que o caster não fará parte das transmissões do CBLoL 2021.
Filipe "pancc" (CS:GO)
O ex-atleta da Sharks Esports aparece em prints com uma garota de 15 anos, sete anos mais nova que ele, sugerindo relações sexuais entre os dois e inclusive admitindo o quão problemático isso seria. Em outra série de prints, aparece insistindo e perseguindo outra garota, para quem ele teria inventado uma mentira em que teria transado com ela. O pró-player confirmou as acusações e pediu desculpas veementemente em nota oficial, afirmando que se arrependeu. A Sharks declarou que abriu processo interno para apurar os relatos envolvendo o jogador de CS:GO.
[...]
Disponível em https://globoesporte.globo.com/esports/noticia/exposed-nos-esports-os-casos-de-violencia-sexual-machismo-e-outros-abusos.ghtml
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Dicas para cuidar da saúde mental no trabalho
Como ter uma rotina mais leve e equilibrada mesmo em trabalhos corridos e intensos.
por Camila Silva
A saúde mental no trabalho está diretamente relacionada com a qualidade de vida das pessoas. Engana-se quem acredita que é possível separar profissional do pessoal, afinal, somos um ser por inteiro, que não se divide em partes.
Por isso, criar uma atmosfera de bem-estar no trabalho é primordial para ter uma vida mais leve e feliz em todos os âmbitos. E por isso trouxemos dicas super práticas para você começar a mudar a sua forma de trabalhar. Acompanhe.
5 dicas para cuidar da saúde mental no trabalho
A saúde mental no trabalho pode e precisa começar a ser trabalhada a partir da sua visão de mundo. O autoconhecimento é, sem dúvidas, um ingrediente importantíssimo para garantir o bem-estar. Para tanto, veja as dicas que trouxemos:
1- Reconheça os seus limites e respeite-os
O primeiro passo para garantir o bem-estar no trabalho é justamente reconhecer os seus limites. Muitas pessoas acreditam que conhecer os limites é necessário para fazer de tudo para ultrapassá-los, mas esta ideia pode ser prejudicial para a saúde mental. Afinal, você estará a todo momento criando uma visão de que nunca é o suficiente, e que todos os limites precisam ser o tempo todo ultrapassados. E quando ultrapassados, criarão outros. E isso tudo pode levar ao que chamamos de esgotamento psicológico. É claro que não queremos dizer que você deve simplesmente parar de se desenvolver, mas sim, que você deve respeitar a si mesmo. Não queira, para ontem, evoluções que necessitam de tempo. Além disso, não se compare com outras pessoas que conseguiram mais rápido. Pois cada pessoa possui um tempo e habilidades diferentes, e isso deverá sempre ser levado em conta.
2- As tarefas devem ser listadas de uma forma inteligente
Não adianta cair no erro de simplesmente listar tudo o que precisa ser feito sem nenhum tipo de critério. Isso apenas criará uma atmosfera de “muita coisa pra fazer” e é possível que a procrastinação surja. Portanto, a melhor maneira de vencer uma lista de tarefas é criando algo mais inteligente, onde você separa as suas atividades por prioridade, por exemplo. Intercale tarefas exaustivas com leves, para criar um fluxo de trabalho que não leve a exaustão. Além disso, conheça profundamente os seus prazos e trabalhe considerando-os.
3- Saúde mental no trabalho: Saiba dizer não
Um dos grandes erros cometidos por muitas pessoas é o de não saber dizer “não”. Assim, vão aceitando demandas em cima de demandas, sem se darem conta de que podem estar se sobrecarregando cada vez mais. Sendo assim, sempre que você se deparar com uma atividade que você sabe que ultrapassa limites (lembra deles?), negue. Não tenha medo de negar! Negar uma atividade que sabemos que não daremos conta é muito mais ético do que aceitar e entregar algo mal feito. Pense nisso.
4- Saiba falar sobre o que lhe incomoda
Muitas pessoas possuem o hábito de guardar tudo para si, sejam frustrações ou vitórias. No caso das frustrações, isso pode ser muito prejudicial e atrapalhar a saúde mental no trabalho. Por conta disso, procure sempre falar abertamente sobre o que houve de errado e o que precisa ser melhorado. Não guarde para si as suas dores, e converse de maneira respeitosa sobre novas alternativas. Isso aliviará o seu peso mental e proporcionará bem-estar no trabalho.
5- Entenda a importância da construção em equipe para o bem-estar no trabalho
O bem-estar no trabalho pode ser trabalhado com o auxílio de uma boa equipe. Entenda a importância de delegar funções e usufruir dos pontos fortes de cada um, antes de simplesmente querer “abraçar o mundo”. Ninguém é capaz de fazer tudo sozinho. Saiba respeitar seus limites e use o trabalho em equipe como um meio de fortalecer os resultados. Assim, todos crescem e se desenvolvem juntos.
Disponível em https://noticiasconcursos.com.br/saude/saude-mental-no-trabalho/
Texto I “Simboliza uma realidade; tenta fornecer uma explicação para o mistério do mundo, possui vida própria, situa-se a meio caminho entre a razão e a fé.” Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2013/2013_uem_port_pdp_elisangela_pereira.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2020.
Texto II “... Karosakaybu, o Grande Ser, fez surgir de uma fenda nas cabeceiras do rio Crepori, um afluente do Tapajós, quatro casais que deram origem à humanidade: um branco, um negro, um indígena e um munduruku. Os pariwat [...] foram povoar o mundo. Nossos ancestrais ficaram.” (3º §).
Com base no conceito mencionado no Texto I, é correto afirmar que o Texto II, entre outros aspectos, por utilizar a simbologia e apresentar o sobrenatural misturado a fatos fictícios e/ou reais, expõe características próprias do gênero textual denominado
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Especialista esclarece mitos e verdades sobre
a alimentação saudável
Da Redação, com Melhor da Tarde
Levar uma vida saudável é o dilema para muitos brasileiros.
Uma alimentação saudável ajuda na melhora do sistema imunológico,
na qualidade do sono, humor, na perda de peso e até na capacidade de concentração.
Por estes motivos, o Melhor Da Tarde entrevistou nesta quinta-feira, 3, o especialista Cláudio Mutti, nutrólogo que esclareceu dúvidas, mitos e verdades sobre os alimentos que são bons e aqueles que são uma verdadeira bomba-relógio para o nosso corpo. Veja a seguir:
Tomar leite faz bem para a saúde?
Mito. Segundo Mutti, o leite faz bem para saúde do bezerro. O leite para o ser humano é inflamatório e não faz bem pois ele é a secreção da vaca. Ele esclarece que o leite tem a caseína, que chega a ser pior que a lactose. O nutrólogo recomenda dar leite a criança até os 8 anos, após isso não mais. Ele recomenda os derivados que também são ruins, mas não tanto quanto o leite.
O adoçante é melhor que o açúcar?
Mito. Ambos são ruins, porém o adoçante é péssimo pois cada vez que consumimos o adoçante aumentamos a insulina do nosso corpo, a insulina é o hormônio mais inflamatório que temos e doenças como infarto, derrame, Alzheimer e Parkinson são causadas por inflamação. Então, ambos são ruins para a saúde. O aconselhável é diminuir a quantidade até o corpo se acostumar a ficar sem.
O ovo é o vilão do colesterol alto?
Mito, pois o próprio corpo produz o próprio colesterol. Mutti deixa claro que obviamente tudo que consumimos em grande quantidade é muito ruim. Quando se tem um aumento do colesterol no corpo, significa que seus hormônios não estão funcionando bem. Segundo o nutrólogo, o colesterol não é o vilão da história e o ovo também não. O ovo é considerado o segundo melhor alimento do mundo e o consumo dele sem exageros é aceitável.
Consumir ou não consumir legumes por causa dos agrotóxicos?
Segundo o nutrólogo, se você tiver condições de consumir os legumes orgânicos, consuma, mas caso não seja possível é melhor consumir legumes que usam agrotóxicos do que consumir alimentos industrializados. Ele aconselha a fazer “mais feira” e “menos mercado”.
Suco de fruta faz bem?
Segundo ele, suco é ruim. As frutas tem de ser consumidas com a casca para obtermos as fibras. O suco natural de laranja irá se transformar em frutose e depois irá se tornar gordura, então o suco nunca é bom. Caso tenha que beber, escolha o natural. Ao invés de mandar suco de caixinha para escola com seu filho substitua por água de coco.
Melhor gordura de porco ou óleo de soja?
Óleo de soja jamais, utilize óleo de coco. A gordura de porco é boa, mas é preciso saber a procedência dessa gordura e desse porco. A gordura boa é daquele porco que é criado sem o consumo de hormônios, então por via das dúvidas utilize o óleo de coco.
Alimentos integrais são realmente mais nutritivos que os considerados “normais”?
Os integrais são bem melhores, pois têm mais fibras e ajudam o nosso intestino. Os produtos com poucas fibras são mais inflamatórios.
Manteiga ou margarina? Qual melhor opção?
A margarina, segundo o nutrólogo, é um veneno para o nosso corpo e aumenta chances de desenvolver doenças. A manteiga é boa para flora intestinal, então ela é a melhor opção.
Leite de soja gera disfunção sexual nos homens?
Isso é uma verdade. Segundo Mutti, o leite de soja não deve ser consumido por homens, principalmente os meninos. O leite diminui a velocidade do desenvolvimento dos homens e para as meninas também podem ter uma menstruação precoce. A soja não é boa pois é um alimento transgênico, mudou a genética da soja então foi contra a natureza. Para o nutrólogo, o alimento é péssimo.
Disponível em https://www.band.uol.com.br/entretenimento/especialista-esclarece-mitos-e-verdades-sobre-a-alimentacao-saudavel-16318002
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Google lança página para defender suas iniciativas contra a desinformação
Empresa tenta responder a cinco "mitos" relacionados com as fake news nas buscas on-line e anúncios digitais.
Por G1
O Google colocou no ar nesta quinta-feira (7) uma página sobre como sua plataforma de buscas e anúncios digitais lidam com a desinformação. O material é parecido com uma iniciativa do YouTube, publicada em outubro passado.
O site possui "5 mitos e fatos" e tenta responder a questões como "o algoritmo da busca favorece sites que disseminam fake news" ou "as plataformas do Google não são transparentes".
A empresa defende que os resultados da busca são determinados por uma série de algoritmos que analisam fatores como os termos da pesquisa, relevância e usabilidade das páginas, localização, entre outros.
Ao fim de cada "mito", a página tem um link para um "saiba mais", que amplia a resposta e leva os leitores a mais links sobre suas políticas.
Identificação de conteúdo falso
O primeiro deles responde a uma questão que diz que "o Google pode identificar e remover toda a desinformação da internet".
A empresa diz que "a desinformação é um desafio complexo para o qual não existe uma resposta simples e única". Na versão estendida, a companhia afirma que "não está em posição de avaliar, de modo objetivo e em grande escala, a veracidade de um conteúdo ou a intenção dos criadores".
Há ainda trechos que dizem que a companhia toma "outras medidas para aprimorar a qualidade dos nossos resultados para contextos e tópicos" e que fornece aos usuários "ferramentas para acessar o contexto e a diversidade de perspectivas de que precisam para formar as próprias opiniões", sem detalhar nos tópicos quais medidas e ferramentas são essas. Publicidade digital
Outro "mito", segundo o Google, seria que a "publicidade digital financia disseminadores de desinformação".
A defesa da empresa é que existem políticas que "estabelecem regras claras para limitar o conteúdo permitido nos anúncios em nossas plataformas ou nos sites que recebem publicidade por meio delas".
A empresa diz ainda que em 2019 encerrou 1,2 milhão de contas, removeu anúncios de mais de 21 milhões de páginas da web por violar essas políticas e que os anunciantes podem escolher barrar determinados sites ou tópicos.
Relação com veículos jornalísticos
O Google também se defende da crítica que diz que suas plataformas usam o conteúdo de veículos jornalísticos sem que eles ganhem algo com isso.
A empresa diz que são direcionados 24 bilhões de cliques por mês para sites de notícia em todo o mundo e que muitos deles utilizam suas ferramentas de publicidade digital para arrecadar receita.
O fato de o Google direcionar tráfego para sites que utilizam suas próprias ferramentas de publicidade digital faz parte das acusações de condutas anticompetitivas em processos nos Estados Unidos.
Na ação liderada pelo procurador-geral do Texas, Ken Paxton, a atuação da empresa é comparada à de todos os jogadores de uma partida de beisebol. Segundo o procurador, o Google faz uso de informações privilegiadas para negociar anúncios porque atua em todas as posições, arremessando e recebendo a bola, por exemplo.
A relação entre a companhia e os veículos jornalísticos é alvo de discussão regulatória em alguns países como França e Austrália.
Em outubro passado, a Justiça francesa ordenou que o Google negociasse com editoras o pagamento pelo uso do conteúdo em seus produtos – um mês depois, a empresa assinou acordos de direitos autorais com seis jornais e revistas do país.
A Austrália anunciou em julho que empresas como Google e Facebook terão que pagar aos meios de comunicação pelo uso de seu conteúdo, mas o buscador se colocou contra a medida.
Disponível em
https://g1.globo.com/economia/tecnologia/noticia/2021/01/07/google-lanca-pagina-para-defender-suas-iniciativas-contra-a-desinformacao.ghtml
Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas, mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a pena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.
E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer.
(LUFT, Lya. In www.pensador.com/lya_luft_textos/. Acesso em 20/06/2021.)
A respeito do texto, assinale a afirmativa em que a característica dada é própria do gênero textual ao qual o
texto pertence.
Assinale a alternativa correspondente ao gênero textual do texto acima:
TEXTO 01
Pudor
Certas palavras nos dão a impressão de que voam, ao saírem da boca. "Sílfide", por exemplo. É dizer "Sílfide" e ficar vendo suas evoluções no ar, como as de uma borboleta. Não tem nada a ver com o que a palavra significa. "Sílfide", eu sei, é o feminino de "silfo", o espírito do ar, e quer mesmo dizer uma coisa diáfana, leve, borboleteante. Mas experimente dizer "silfo". Não voou, certo? Ao contrário da sua mulher, "silfo" não voa. Tem o alcance máximo de uma cuspida. "Silfo", zupt, plof. A própria palavra "borboleta" não voa, ou voa mal. Bate as asas, tenta se manter aérea, mas choca-se contra a parede. Sempre achei que a palavra mais bonita da língua portuguesa é "sobrancelha”. Esta não voa, mas paira no ar, como a neblina das manhãs até ser desmanchada pelo sol. Já a terrível palavra "seborreia" escorre pelos cantos da boca e pinga no tapete.
"Trilhão" era uma palavra pouco usada, antigamente. Uma pessoa podia nascer e morrer sem jamais ouvir a palavra "trilhão", ou só ouvi-la em vagas especulações sobre as estrelas do Universo. O "trilhão" ficava um pouco antes do infinito. Dizia-se "trilhão" em vez de dizer "incalculável" ou "sei lá". Certa vez (autobiografia) tive de responder a uma questão de Geografia no colégio. Naquele tempo a pior coisa do mundo era ser chamado a responder qualquer coisa no colégio. De pé, na frente dos outros e - o pior de tudo - em voz alta. Depois descobri que existem coisas piores, como a miséria, a morte e a comida inglesa. Mas naquela época o pior era aquilo. "Senhor Veríssimo!" Era eu. Era irremediavelmente eu. "Responda, qual é a população da China?" Eu não sabia. Estava de pé, na frente dos outros, e tinha que dizer em voz alta o que não sabia. Qual era a população da China? Com alguma presença de espírito eu poderia dizer: "A senhora quer dizer neste exato momento?", dando a entender que, como o que mais acontece na China é nascer gente, uma resposta exata seria impossível. Mas meu espírito não estava ali. Meu espírito ainda estava em casa, dormindo. "Então, senhor Veríssimo, qual é a população da China?" E eu respondi:
- Numerosa.
Ganhei zero, claro. Mas "trilhão", entende, era sinônimo de "numeroso". Não era um número, era uma generalização. Você dizia "trilhão" e a palavra subia como um balão desamarrado, não dava tempo nem para ver a sua cor. E hoje não passa dia em que não se ouve falar em trilhões. O "trilhão" vai, aos poucos, se tornando nosso íntimo. É o mais novo personagem da nossa aflição. Quantos zeros tem um trilhão? Doze, acertei? Se os zeros fossem pneus, o trilhão seria uma jamanta daquelas de carregar gerador para usina atômica parada. Felizmente vem aí uma reforma e outra moeda, com menos zeros e mais respeito. Senão chegaríamos à desmoralização completa.
- E o troco do meu tri? - Serve uma bala?
Desconfio que o que apressará a reforma é a iminência do quatrilhão. "Quatrilhão" é pior que "seborréia". Depois de dizer "quatrilhão", você tem que pular para trás, senão ele esmaga os seus pés. E "quatrilhão" não é como, por exemplo, "otorrino", que cai no chão e corre para um canto.
"Quatrilhão" cai, pesadamente, no chão e fica. Você tenta juntar a palavra do chão e ela quebra. Tenta remontá-la – fica "trãoliqua" e sobra o agá. A mente humana, ou pelo menos a mente brasileira, não está preparada para o "quatrilhão". As futuras gerações precisam ser protegidas do "quatrilhão". As reformas monetárias, quando vêm, são sempre para acomodar as máquinas calculadoras e o nosso senso do ridículo, já que caem os zeros, mas nada, realmente, muda. A próxima reforma seria a primeira motivada, também, por um pudor linguístico. No momento em que o "quatrilhão" se instalasse no nosso vocabulário cotidiano, mesmo que fosse só para descrever a dívida interna, alguma coisa se romperia na alma brasileira. Seria o caos.
E "caos", você sabe. É uma palavra chicle-balão. Pode explodir na nossa cara.
(VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comédias para se ler
na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, 97-99).
Uma maior depuração entre o que se pode entender por literal, por figurado e por antífrase, na perspectiva constitutiva do discurso irônico, parece revelar que a ironia é produzida, como estratégia significante, no nível do discurso, devendo ser descrita e analisada da perspectiva da enunciação e, mais diretamente, do edifício retórico instaurado por uma enunciação. Isso significa que o discurso irônico joga essencialmente com a ambiguidade, convidando o receptor a, no mínimo, uma dupla decodificação, isto é, linguística e discursiva.
As palavras que completam, respectiva e corretamente, os espaços do texto anterior são: