Questões de Concurso Sobre gêneros textuais em português

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Q1856106 Português
Filosofia em dois desenhos

    Fui caminhar. E na calçada me deparei com um estranho indivíduo. Carregava um saco plástico enorme que, pelo perfil do conteúdo, calculei estivesse cheio de latinhas. Mal acabei de pensar, o homem se acocorou na calçada. Extraiu de alguma parte uma pedra branca parecendo ser cal prensada, e com ela começou a desenhar no cimento.
    Parei para ver, atraída pelo ritual que se esboçava. O homem desenhou dois círculos um diante do outro, quase encostados, e dentro deles desenhou duas setas convergentes.
    Levantou-se, olhou sua obra com satisfação, andou cinco ou seis passos e, novamente, se acocorou. Continuava com a pedra de cal na mão.
    Mas o desenho que fez foi diferente. Riscou dois traços, colocados na mesma distância dos dois círculos, e atrás deles desenhou duas setas que apontavam uma para a outra.
    Segui adiante refletindo sobre o que havia presenciado. A primeira coisa que me veio à cabeça foi a Serra da Capivara, que visitei numa ida a Teresina para algum congresso ou palestra. Trouxe de volta a louça que a arqueóloga franco-brasileira Niéde Guidon, há muitos anos responsável pelo sítio arqueológico, ensinou os locais a fazerem para terem uma fonte de subsistência. Louça com impressos os mesmos desenhos estampados na rocha, que se acredita serem vestígios de uma cultura paleoamericana. Pois, como um ser primitivo, o homem havia estampado seus pensamentos e sua visão interior na mais moderna das rochas: o cimento.
    Havia reparado que o homem estava muito sujo e desgrenhado. Calçava havaianas de sola já bem fininha e roupas indefinidas. Provavelmente era mais um morador de rua. E como morador de rua, usava a mesma calçada em que dormia para se expressar. Usava a calçada, único bem que lhe pertencia, como se fosse papel para desenhar ou escrever. Porque não há dúvida de que, ao desenhar, aquele homem estava escrevendo.
    Estava escrevendo a sua dificuldade para se comunicar. Preso dentro de um círculo, pouco adiantava que as setas apontassem em direção uma da outra. Ele não conseguia obedecer à ordem das setas, pois continuava contido pela linha que delimitava o círculo.
    Coisa idêntica dizia o segundo desenho, agora com um traço, uma parede, um muro, impedindo-o de obedecer ao comando das setas.
    Pode até ser que o homem, através de seus desenhos estivesse desenvolvendo uma teoria filosófica sobre a incomunicabilidade dos seres humanos. Que, se por um lado não conseguem viver sozinhos (significado das setas instando à comunicação), por outro lado não conseguem se entender (significado dos círculos e dos traços impeditivos).
    Avançando nessa teoria, chegaríamos à conclusão de que tudo o que é coletivo resvala no pessoal. Assim como os desenhos do homem, tão íntimos e pessoais, destinavam-se a quem quer que passasse naquela exata calçada de Ipanema.

Adaptado de: https://www.marinacolasanti.com/2021/09/filosofiaem-dois-desenhos.html [Fragmentos]. Acesso em: 18 set. 2021.

Considerando os aspectos relacionados à organização das informações, à estruturação do texto de apoio e aos sentidos por ele expressos, julgue o seguinte item.


O texto caracteriza-se como uma crônica, na qual a autora usa a cena vista como fato gerador para uma reflexão mais universal e atemporal sobre as relações sociais intermediadas por diferentes formas de exteriorização do pensamento.

Alternativas
Q1855681 Português
Observe o seguinte texto, de responsabilidade de uma secretaria estadual de trânsito: “NÃO JOGUE FORA SUA VIDA NUMA ULTRAPASSAGEM. Não deixe que a pressa converta sua viagem num jogo perigoso ou estará arriscando sua vida em cada ultrapassagem. Se você não tem toda a situação a seu favor, não ultrapasse. A vida não é um jogo e seu encontro com as férias sempre pode esperar um pouco mais. A vida é a viagem mais formosa.”
Sobre esse pequeno texto, é correto afirmar que: 
Alternativas
Q1855555 Português

Conto de você fica ressoando na memória


De: Carlos Drummond de Andrade

Para: Lygia Fagundes Telles


Contemporâneo de Lygia Fagundes Telles e 21 anos mais velho que ela, Drummond pôde acompanhar a trajetória de uma das maiores contistas da literatura brasileira e tecer considerações sobre a obra da amiga. É o que faz nesta carta em que comenta os contos de O jardim selvagem, publicado no ano anterior.


Rio de Janeiro, 28 [de] janeiro [de] 1966

Lygia querida,


    Sabe que ganhei de Natal […] um livro de contos [1] no qual o meu santo nome aparece no ofertório de uma das histórias mais legais, intitulada “A chave”, em que por trás da chave há um casal velho-com-moça e uma outra mulher na sombra, tudo expresso de maneira tão sutil que pega as mínimas ondulações do pensamento do homem, inclusive esta, feroz: chateado de tanta agitação animal da esposa, com o corpo sempre em movimento, o velho tem um relâmpago: “A perna quebrada seria uma solução…” Por sinal que comparei o texto do livro com o texto do jornal de há três anos, e verifiquei o minucioso trabalho de polimento que o conto recebeu. Parece escrito de novo, mais preciso e ao mesmo tempo mais vago, essa vaguidão que é um convite ao leitor para aprofundar a substância, um dizer múltiplo, quase feito de silêncio. Sim, ficou ainda melhor do que estava, mas alguma coisa da primeira versão foi sacrificada, e é esse o preço da obra acabada: não se pode aproveitar tudo que veio do primeiro jato, o autor tem de escolher e pôr de lado alguma coisa válida.

    O livro está perfeito como unidade na variedade, a mão é segura e sabe sugerir a história profunda sob a história aparente. Até mesmo um conto passado na China[2] você consegue fazer funcionar, sem se perder no exotismo ou no jornalístico. Sua grande força me parece estar no psicologismo oculto sob a massa de elementos realistas, assimiláveis por qualquer um. Quem quer simplesmente uma estória tem quase sempre uma estória. Quem quer a verdade subterrânea das criaturas, que o comportamento social disfarça, encontra-a maravilhosamente captada por trás da estória. Unir as duas faces, superpostas, é arte da melhor. Você consegue isso. 

    Ciao, amiga querida. Desejo para você umas férias tranquilas, bem virgilianas. O abraço e a saudade do

    Carlos

[1] N.S.: Trata-se de O jardim selvagem, livro de contos de Lygia publicado em 1965. [2] N.S.: Referência ao conto “Meia-noite em ponto em Xangai”, incluído em O jardim selvagem.


Adaptado de https://www.correioims.com.br/carta/conto-de-vocefica-ressoando-na-memoria/. Acesso em 20/09/2021. 

Considerando os aspectos relacionados à organização das informações, à estruturação do texto de apoio e aos sentidos por ele expressos, julgue o seguinte item.


O texto de apoio, na totalidade da sua composição, apresenta dois gêneros textuais, a saber: Resenha e Carta Argumentativa.

Alternativas
Q1853698 Português

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir, para responder a questão.


TEXTO I


Sem mobilização global, quem manda no mundo é a Covid-19

No atual estágio das inter-relações econômicas entre os países, representatividade, busca por soluções e implementação de ações precisam ser globais


A nova variante delta da Covid-19, os recentes aumentos de contágio nos países com maior proporção de populações vacinadas e os resultados prévios de suas economias sugerem que, se o ser humano não abrir os olhos, a briga com o vírus será bem mais longa do que se espera. E seus desdobramentos, certamente, mais danosos. Urge a necessidade de se discutir um pacto global!

A negação talvez seja a defesa mais perigosa que o ser humano adota para conseguir conviver com suas dificuldades e limitações. Parece não haver como fugir da negação quando não se tem “recursos” para lidar com a realidade. Transportada para o coletivo, a prática da negação provoca perplexidade à maioria da sociedade quando algum fenômeno aparentemente inesperado toma de sobressalto contingente expressivo de pessoas. Exemplo clássico que se aplica ao contexto global foi o crescimento do fascismo, que impregnado de negação e interesses escusos, culminou na Segunda Guerra Mundial.

O professor de finanças Luigi Zingales, da Universidade de Chicago, em seu último artigo publicado na plataforma Project Syndicate, em 06/08, levanta a problemática da falta de sincronização global para tratar da pandemia da Covid-19 em um mundo cujo comércio e comunicação, há muito, tornaram-se globais.

O presidente da França, Emannuel Macron, também colaborador do Project Syndicate, havia publicado artigo, em fevereiro último, clamando por uma cooperação multilateral para a recuperação da atividade econômica mundial. Mais recentemente, Macron publicou novo artigo propondo um pacto pela recuperação da África, cujos efeitos da pandemia têm sido nefastos.

Ainda na semana passada, o economista da Universidade de Columbia e ex-conselheiro de três Secretários-Gerais das Nações Unidas, Jeffrey Sachs, sugeriu a inclusão da União da África, constituída por 55 países desse continente, como membro integrante do G20, formando-se, assim, o G21. No atual estágio das inter-relações econômicas entre os países, representatividade, busca por soluções e implementação de ações precisam ser globais.

Avanço recente foi dado com relação às decisões unilaterais e sincronizadas dos Estados Unidos e da União Europeia na barreira comercial a produtos que, em sua cadeia produtiva, possam provocar maiores emissões de carbono. Tais medidas, entretanto, vêm tardiamente fazer frente aos avanços pífios e até retrocessos, em alguns casos, do Acordo de Paris. A questão climática é discutida há décadas e o governo norte-americano teve, na figura de Donald Trump, inimigo contumaz.

A pandemia da Covid-19 parece estar longe de ser banida. Chegou a ser considerada gripezinha até por chefes e / ou conselheiros de Estado, atrasando em muito a mobilização dos governos e sendo lamentavelmente usada como bandeira política.

O frenético verão europeu de 2021 e as liberdades concedidas aos cidadãos americanos sugerem que a quarta onda parece inevitável. A compulsoriedade da vacina começa a despontar como freio à contenção da falta de conscientização de ações individuais negacionistas, capazes de provocar rupturas ainda não plenamente estimadas sobre o bem-estar social.

A negação do fascismo causou cerca de 5 milhões de mortes de judeus; a desordenada e desigual forma de combate à Covid-19 já provocou, em pouco mais de um ano, quase o mesmo número de mortes de judeus na Segunda Guerra Mundial. Os efeitos sobre as vidas dos sobreviventes ao Holocausto são retratados até hoje em livros, filmes e outras formas de expressão artística e monumental.

A Covid-19 é mais silenciosa, não atinge de forma igual a todos, poupa os jovens, os animais e as plantas, mas castiga os mais velhos, reduz a expectativa de vida (idade média) das sociedades, assim como aumenta o desalento dos mais pobres. Negar que haja recursos para combatê-la globalmente sugere interesse para garantir benefícios de curto prazo. Pior ainda, soa como busca por milagres, algo bem introjetado no imaginário coletivo dos brasileiros.


Disponível em: https://bityli.com/fvqns.

Acesso em: 10 ago. 2021 (adaptação).

Esse texto é, predominantemente,
Alternativas
Q1853047 Português

    Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos. Não conservo notas: algumas que tomei foram inutilizadas, e assim, com o decorrer do tempo, ia-me parecendo cada vez mais difícil, quase impossível, redigir esta narrativa. Além disso, julgando a matéria superior às minhas forças, esperei que outros mais aptos se ocupassem dela. Não vai aqui falsa modéstia, como adiante se verá. Também me afligiu a ideia de jogar no papel criaturas vivas, sem disfarces, com os nomes que têm no registro civil. Repugnava-me deformá-las, dar-lhes pseudônimo, fazer do livro uma espécie de romance; mas teria eu o direito de utilizá-las em história presumivelmente verdadeira? Que diriam elas se se vissem impressas, realizando atos esquecidos, repetindo palavras contestáveis e obliteradas? Restar-me-ia alegar que o DIP, a polícia, enfim, os hábitos de um decênio de arrocho, me impediram o trabalho. Isto, porém, seria injustiça. Nunca tivemos censura prévia em obra de arte. Efetivamente se queimaram alguns livros, mas foram raríssimos esses autos de fé. Em geral a reação se limitou a suprimir ataques diretos, palavras de ordem, tiradas demagógicas, e disto escasso prejuízo veio à produção literária. Certos escritores se desculpam de não haverem forjado coisas excelentes por falta de liberdade — talvez ingênuo recurso de justificar inépcia ou preguiça. Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer. Não será impossível acharmos nas livrarias libelos terríveis contra a república novíssima, às vezes com louvores dos sustentáculos dela, indulgentes ou cegos. Não caluniemos o nosso pequenino fascismo tupinambá: se o fizermos, perderemos qualquer vestígio de autoridade e, quando formos verazes, ninguém nos dará crédito. De fato ele não nos impediu escrever. Apenas nos suprimiu o desejo de entregar-nos a esse exercício.

Graciliano Ramos. Memórias do cárcere. Editora Record. 

Com relação ao gênero textual e a aspectos linguísticos do fragmento apresentado de Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos, julgue o próximo item.


Memórias do Cárcere é considerada uma obra híbrida, resultado da combinação de autobiografia, memorialismo, ensaio e romance. 

Alternativas
Q1850808 Português
Monólogo das mãos e do olhar

Parte 1
   As mãos servem para pedir, prometer, chamar, conceder, ameaçar, suplicar, exigir, acariciar, recusar, interrogar, admirar, confessar, calcular, comandar, injuriar, incitar, teimar, encorajar, acusar, condenar, absolver, perdoar, desprezar, desafiar, aplaudir, reger, benzer, humilhar, reconciliar, exaltar, construir, trabalhar, escrever.
   As mãos de Maria Antonieta, ao receber o beijo de Mirabeau, salvou o trono da França e apagou a auréola do famoso revolucionário. Foi com as mãos que Jesus amparou Madalena. Com as mãos David agitou a funda que matou Golias.
   As mãos dos Césares Romanos decidiam a sorte Dos gladiadores vencidos na arena; Pilatos lavou as mãos para limpar a consciência.
   A mão serve para o herói empunhar a espada e o carrasco, a corda;
   O operário construir e o burguês destruir;
   O bom amparar e o justo punir;
   O amante acariciar e o ladrão roubar;
   O honesto trabalhar e o viciado jogar;
   Com as mãos atira-se um beijo ou uma pedra;
   Uma flor ou uma granada, uma esmola ou uma bomba!
   Com as mãos o agricultor semeia e o anarquista incendeia!
   O noivo para casar-se pede a mão de sua amada;
    Jesus abençoava com as mãos;
    As mães protegem os filhos cobrindo-lhes com as mãos as cabeças inocentes;
   Nas despedidas, a gente parte, mas a mão fica ainda por muito tempo agitando o lenço no ar.

Parte 2
E hoje, nossas mãos precisaram ficar intactas. Nossos lábios, escondidos. Ficamos com o olhar.
Entretanto os olhos, muitas vezes, falam mais do que as palavras.
Com os olhos, os marujos avistaram uma terra já colonizada.
Com os olhos, quando crianças, nossos pais sinalizavam nossas ações indevidas frente a outras pessoas.
Com os olhos eu delato alguém.
Com os olhos eu demonstro desejo, entretanto com os olhos eu posso demonstrar acepção.
Com os olhos, mesmo fechados, eu vejo meus sonhos, meus anseios, meus fantasmas.
Com os olhos me revelo para o outro. Ou me disfarço com um olhar de soslaio.
Com o olhar, eu tenho a minha primeira impressão do dia quando acordo.
Com o olhar, eu me despeço ao fechá-los.
(Texto Adaptado)
O monólogo é um tipo de texto que tem como características, EXCETO:
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Q1850768 Português
TEXTO 

LÍNGUA

Esta Língua é como um elástico
Que espicharam pelo mundo.

No início era tensa, de tão clássica.
Com o tempo, se foi amaciando,
foi-se tornando romântica,
incorporando os termos nativos
E amolecendo nas folhas de bananeira
As expressões mais sisudas.
Um elástico que já não se pode
Mais trocar, de tão gasto;
Nem se arrebenta mais, de tão forte.

Um elástico assim como é a vida
Que nunca volta ao ponto de partida.
(TELES, Gilberto Mendonça. Falavra.
Lisboa: Dinalivro, 1989, p. 95-96.)
A seleção lexical na construção de um texto obedece, sobretudo, a critérios relacionados ao gênero, aos seus propósitos comunicativos, à sua unidade semântica. Assim, considere a leitura do texto “Língua”, analise as afirmações abaixo e marque a alternativa correta.
I - O texto “Língua” pertence ao gênero textual poético e as sequências de base são a argumentativa e a expositiva. II - O texto em análise tem como propósito, somente, causar emoção estética no leitor. III - O tema do referido texto explora aspectos do objeto histórico-social “língua”.
Está correta a alternativa:
Alternativas
Q1850392 Português

O texto que segue faz parte de uma campanha educativa do governo federal com relação à ingestão de bebidas alcoólicas por motoristas. Leia-o atentamente, de modo a responder o que se pede. 


Imagem associada para resolução da questão


No processo de criação textual, o autor mobiliza um série de conhecimentos – do gênero, da estrutura composicional e linguístico para atingir seu propósito comunicativo. Nesse sentido, avalie as proposições abaixo, sobre a sua organização.


I- Há predominância de formas verbais no modo imperativo, por se tratar de frases de caráter injuntivo, muito comum no gênero “manual”.

II- São apresentadas, no manual do pegador, várias orientações que se espera que sejam atendidas, para evitar imprudências, e, sobretudo, prevenir acidentes no trânsito, a exemplo da recomendação (6).

III- Todas as ocorrências do verbo PEGAR, nas 6 “instruções”, com exceção da expressão “pro bicho não pegar”, revelam o emprego do termo no sentido denotativo, como forma de dar mais clareza à informação.


É CORRETO o que se afirma apenas em: 

Alternativas
Q1850386 Português

Leia a matéria abaixo, com atenção para a carta nela contida, e responda à questão:


Assim como fizeram em Guerra Infinita, os diretores Joe e Anthony Russo publicaram nesta terça-feira (16), no Instagram, uma carta aberta sobre Vingadores: Ultimato, na qual pedem que os fãs não compartilhem spoilers sobre o tão aguardado filme, que encerra um importante capítulo no universo cinematográfico da Marvel. A publicação chegou um dia após cenas finais do longa vazarem na web.


“Para os melhores fãs do mundo:

        

    Por favor, saibam que nós dois, junto com todos os envolvidos no Ultimato, temos trabalhado incansavelmente nos últimos três anos com a única intenção de entregar uma conclusão surpreendente e emocionalmente poderosa para a Saga do Infinito. Como muitos de vocês investiram seu tempo, seus corações e suas almas nessas histórias, estamos mais uma vez pedindo sua ajuda. Quando você assistir a Vingadores: Ultimato nas próximas semanas, por favor, não dê spoilers para os outros, da mesma maneira que você não gostaria que dessem spoilers a você.

    Lembre-se, Thanos ainda exige seu silêncio.

    Como sempre, boa sorte e bom filme”.


AMADOR, R. Disponível em:<https://uol.com.br. Acesso em 20 de fevereiro de 2020.


O advento dos recursos digitais de informação promoveu modificações na estrutura de diversos gêneros, entre eles, as cartas. A carta aberta dos Irmãos Russo evidencia esse novo panorama. Nesse sentido, avalie a validade das proposições abaixo:


I- A tecnologia digital, juntamente com as redes sociais, tem alterado as possibilidades de interação, sendo a hibridização dos gêneros um recurso muito frequente.

II- A carta dos Irmãos Russo é veiculada em um meio de comunicação moderno que não admite o tipo de abordagem uniforme requerida pelo gênero carta, o que compromete o sentido da informação passada.

III- Os Irmãos Russo, conhecendo o poder atrativo dos recursos visuais que prevalecem no “Instagram”, estruturam a mensagem em formato de carta para dar mais visibilidade ao apelo pretendido.


É CORRETO o que se afirma em: 

Alternativas
Q1844822 Português
Os feijões
Será que entre os feijões Existe o preconceito? Será que o feijão branco Não gosta do feijão preto? Será que o feijão preto é revoltado Com seu predominador? Percebe que é subjugado? O feijão branco será um ditador?
Será que existem rivalidades Cada um no seu lugar? O feijão branco é da alta sociedade, Na sua casa o feijão preto não pode entrar? Será que existem desigualdades Que deixam o feijão preto lamentar? Nas grandes universidades O feijão preto não pode ingressar? Será que existem as seleções, Preto pra cá e branco pra lá? E nas grandes reuniões O feijão preto é vedado entrar? Creio que no núcleo dos feijões Não existem as segregações
JESUS, Carolina Maria de. Clíris: Poemas Recolhidos. Rio de Janeiro: Desalinho, Ganesha Cartonera, 2019.


Após a leitura do texto acima, julgue os seguintes itens.
I. Considerando a subjetividade e a linguagem figurada utilizada pela autora para abordar a temática da segregação racial, a linguagem predominante no texto é a conotativa. II. O eu lírico faz uso de linguagem figurada, com função apelativa, para convencer o leitor de que as segregações por cor podem existir até mesmo entre os feijões. III. A temática da segregação racial é construída no texto a partir das relações antitéticas que se estabelecem entre as imagens personificadas do feijão preto e do feijão branco. IV. Por se tratar de um texto que, conforme aponta o título, apresenta concepções sobre dois tipos específicos de feijão, percebe-se a predominância da função referencial da linguagem. V. Apesar das rimas e da estrutura de escrita em versos e estrofes, o texto não pode ser considerado um poema, pois a linguagem predominante é a literal e a coloquial.
Estão corretos:
Alternativas
Q1840809 Português
Um apólogo é uma obra literária do gênero:
Alternativas
Q1840680 Português
Leia o texto a seguir.
A construção da convivência

    O Estado democrático de direito, essa engenhosa invenção política e social que garante a convivência civilizada mesmo em situações de conflito e de confronto, é uma planta frágil. Não basta que ele esteja inscrito nas constituições ou que seja professado nos programas dos partidos políticos. É preciso que a prática cotidiana dos governos, das organizações sociais e dos cidadãos ajude a formar uma barreira que impeça que essa fragilidade seja vencida pela violência. Fatos recentes, especialmente em nosso Estado, mostram que não está havendo esse cuidado.
    Uma série de acontecimentos atesta essa estranha tolerância com a ilegalidade e a violência. Aí estão o episódio da invasão da delegacia regional do Ministério da Agricultura, as frequentes ocupações do prédio do Incra, a inoperância do aparelho estatal quando ele é exigido, a depredação de um estabelecimento comercial à vista da autoridade policial, a invasão de um hotel em que falaria uma autoridade do Poder Judiciário, a ocupação de propriedades rurais ou a destruição de lavouras de experimentação genética. Em comum em todos esses episódios há, em primeiro lugar, uma quebra dos limites democráticos e a omissão mal explicada do poder público.
    A sociedade gaúcha, que tem uma história a zelar, aprendeu à custa de sacrifícios humanos e materiais que a democracia e o respeito aos direitos são o único caminho para evitar a desagregação e a violência. A questão dos limites das manifestações e dos protestos está surgindo como elemento crucial para a manutenção de padrões urbanos a serem dotados pelos cidadãos. O risco gerado pelas posturas quase anárquicas de algumas organizações é de que, à margem do Estado de direito, surjam reações igualmente anárquicas e igualmente condenáveis. Não se trata, pois, de analisar essas quebras de limites do ponto de vista de sua extração política ou de suas motivações ideológicas. Trata-se sim de vê-las do ponto de vista geral de uma sociedade que precisa de tranquilidade para desenvolver-se e que tem o direito de exigir dos governos manutenção da segurança dos limites democráticos.
    A história brasileira e gaúcha recente tem demonstrado que o país soube vencer o teste dos limites e lançar os fundamentos de uma sociedade pluralista e democrática, ao mesmo tempo que está, mal ou bem, dando razão às reivindicações dos excluídos. O conflito, que é essencial para o crescimento e o progresso das sociedades, precisa ser contido dentro de limites aceitáveis sob pena de se transformar num elemento patológico de perturbação social. Cabe ao poder público, por delegação constitucional, exercer uma mediação produtiva, usando para isso dos instrumentos normais que o Estado de direito só concede aos governantes constituídos. Abrir mão dessa função será abdicar da função de governar para todos.
Zero Hora, Porto Alegre – 2001. 
O texto lido apresenta a opinião de um jornal (Zero Hora) sobre um tema relevante, e poderíamos dizer, atual para a época. A esse tipo de texto denominamos:
Alternativas
Q1839986 Português

O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Poema de sete faces (1930)

Carlos Drummond de Andrade


Quando nasci, um anjo torto

desses que vivem na sombra

disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.


As casas espiam os homens

que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

não houvesse tantos desejos.


O bonde passa cheio de pernas:

pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

não perguntam nada.


O homem atrás do bigode

é sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

o homem atrás dos óculos e do bigode.


Meu Deus, por que me abandonaste

se sabias que eu não era Deus

se sabias que eu era fraco.


Mundo mundo vasto mundo,

se eu me chamasse Raimundo

seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

mais vasto é meu coração.


Eu não devia te dizer

mas essa lua

mas esse conhaque

botam a gente comovido como o diabo.



Com licença poética

Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira.

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

- dor não é amargura.

Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria,

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.


http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond01.htm último acesso: 17 de fevereiro de 2021. e https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/revista/artigos/artigo/ 1022/oculos-de-leitura-conversando-sobre-poesia último acesso: 17 de fevereiro de 2021.





Em relação ao texto "Com licença poética", de Adélia Prado, é CORRETO afirmar.
Alternativas
Q1839980 Português

O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Celso Furtado: 100 anos do paraibano que mudou a economia (adaptado)


O renovado debate sobre o papel do Estado na economia, suscitado pelo contexto da pandemia de covid-19, traz ideias do autor de volta para o centro da discussão, no ano de seu centenário.


Quando tinha apenas 17 anos, na Paraíba, Celso Furtado anotou em seu diário: "Hoje eu decidi que vou escrever um livro sobre a história da civilização brasileira." O que poderia ser um devaneio juvenil se materializou duas décadas depois, quando o pensador publicou, em 1958, Formação econômica do Brasil, maior obra de referência do pensamento econômico brasileiro.

O clássico trouxe um até então inédito entrelaçamento entre história e economia. Furtado analisa os vários ciclos econômicos, do açúcar ao início da indústria, para identificar o cerne do subdesenvolvimento brasileiro. Estava ali a ideia que aprofundaria em quase 30 livros dali em diante: o subdesenvolvimento não era etapa natural de um processo, mas uma realidade perene, derivada da inserção do Brasil e países semelhantes, exportadores de insumos, na economia mundial - a dinâmica "centro-periferia".

Neste domingo (26/07), é celebrado o centenário de nascimento do economista. Se o calendário de eventos e comemorações, que incluía seminários e quatro novos livros sobre Furtado, foi afetado pela pandemia, a conjuntura trouxe suas ideias de volta para o centro do debate. Durante a crise atual, a atuação do Estado como indutor e planejador da atividade econômica voltou de vez à carga.

Nos Estados Unidos e na Europa, governos lançaram mão de pacotes emergenciais orçados em trilhões de dólares. Mesmo entre economistas liberais, a intervenção estatal foi amplamente defendida nesses países.

"Mas antes mesmo da pandemia, há três ou quatro anos, já discutíamos um retorno do papel do Estado na França e na Europa, pelo que tem sido chamado de 'políticas orçamentárias'. Além disso, ficou claro para muitos economistas que as políticas monetárias não são tão eficazes sozinhas", comenta o economista francês Pierre Salama, que foi aluno, assistente e, depois, colega de Furtado em seu tempo como professor na Universidade Paris-Sorbonne.

"Esse retorno do Estado não significa reestatização, não é disso que se trata. É uma intervenção ativa, com políticas industriais inteligentes. (...)", completa Salama.

No Brasil, frente à pandemia, governo e Congresso criaram um orçamento especial de guerra para suspender mão do teto de gastos temporariamente e financiar o auxílio emergencial e a complementação salarial, além de mais linhas de crédito via bancos públicos. Segundo o IBGE, em junho os benefícios ao cidadão alcançaram direta ou indiretamente 104 milhões de brasileiros, quase a metade da população.

Na comparação com as iniciativas estrangeiras, todavia, o aporte ainda é tímido em termos de volume. As medidas tomadas até aqui são reconhecidas pelo próprio governo como muletas no pior momento da crise. (...)

O presidente Jair Bolsonaro tem sugestões de toda parte na mesa, mas convive com o contrapeso de uma equipe econômica criada para resistir ao aumento do gasto público.

Poucos estariam aptos como Celso Furtado, vivo fosse, a opinar na atual encruzilhada. O economista atuou, no início dos anos 1950, na criação e aplicação das técnicas de planejamento econômico da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), das Nações Unidas.

Em seguida, frequentou, como diretor do BNDES e depois ministro de Estado, o dia a dia de quatro governos: Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, João Goulart e José Sarney. Exilado entre os tempos de serviço prestados para os dois últimos presidentes listados, esteve por 20 anos à frente das cátedras de Economia do Desenvolvimento e Economia Latino-Americana da Universidade Paris-Sorbonne, na França.

A despeito do currículo, não surpreenderia se Furtado fosse rechaçado hoje em dia por razões políticas. Foi o que aconteceu em 1964, quando seu nome constava na primeira lista de indesejados pela ditadura militar, e Furtado teve de deixar o país. No dia seguinte à sua cassação política, recebeu convites para lecionar em três prestigiadas universidades dos Estados Unidos: Harvard, Columbia e Yale, para onde acabou indo. Um ano depois, o presidente francês de direita, Charles de Gaulle, autorizou sua contratação para a maior universidade de seu país.

Pierre Salama, que testemunhou enquanto estudante a chegada de Furtado à França, conta que as ideias do brasileiro revolucionaram a compreensão de desenvolvimento econômico na França. Até então, os franceses que estudavam o tema focavam as ex-colônias africanas, razão pela qual eram oficialmente chamados de "professores de colônias". Não consideravam, por exemplo, a possibilidade de economias industrializadas conviverem de forma perene com o subdesenvolvimento, como é o caso do Brasil e de outras economias latino-americanas.

"Por outro lado, para os que eram de esquerda a única razão do subdesenvolvimento era o saque dos países do Terceiro Mundo. Não havia uma abordagem científica. E então chega Furtado e nos explica. Foi estrondoso, e ele fez muito sucesso", já havia dito Salama à revista Cadernos do Desenvolvimento anos atrás.

Consagradora, a passagem pela Sorbonne duraria 20 anos. O período representou um doloroso hiato para o economista acostumado à dupla função de intelectual e estadista. "Ele ficava com a cabeça no Brasil", lembra a tradutora Rosa Freire d'Aguiar, viúva de Furtado. Era difícil estar exilado para quem, até pouco, formulava políticas prioritárias de governo.

Foi o caso da criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em 1959. Elencado por JK no mesmo nível de prioridade que a construção de Brasília, o projeto tinha o objetivo de promover e coordenar o desenvolvimento da região. Além da industrialização, Furtado propunha o fim do modelo latifundiário monocultor, mais propenso a riscos climáticos, e um desenho econômico adaptável à seca - na contramão das "políticas hidráulicas" que ocupavam o debate.

A iniciativa despertou grande interesse internacional. Em 1961, Furtado foi a Washington como superintendente da Sudene para se encontrar com o então presidente dos EUA, John Kennedy, que decidiu apoiar um programa de cooperação com o órgão. Embora exista até hoje, a iniciativa foi relegada a segundo plano durante a ditadura militar e não recuperou o protagonismo conferido sob a gestão do economista.

"Para ele, o conhecimento só servia se fosse para prestar serviço à comunidade", comenta o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Furtado olhava as formas como a economia se relacionava com a vida social, para pensar em que medida poderia beneficiar a vida das pessoas em sociedade. Sua vida sempre se confundiu com a história da sociedade brasileira", diz. 

https://www.dw.com/pt-br/celso-furtado-100-anos-do-paraibano-que-mudou-a-econ
omia/a-54322701 último acesso: 17 de fevereiro de 2021.


A partir da leitura do texto e de sua classificação no que diz respeito ao gênero e à tipologia textual, assinale a alterativa CORRETA:
Alternativas
Q1839950 Português

Após a leitura do enunciado apresentado a seguir, leia as assertivas: 


A obra de Machado de Assis é um oceano de ideias tão amplo que seria possível desaguá-lo em diversos mares. Há o Machado filósofo, certamente um dos mais afluentes; o jornalista, magnífico cronista de sua época, os meados do século 19. O conhecimento jurídico do escritor, subtexto para romances, poemas e peças de teatro, além de artigos em que tratava do tema per se, foi a inspiração para o brilhante “Código de Machado de Assis”. Publicado pelo jornalista e advogado Miguel Matos, o livro é o resultado de uma pesquisa minuciosa sobre a relação entre o Direito e a obra machadiana, uma visão original e didática, que não deixa de lado o charme literário do homenageado. O livro reproduz os códigos jurídicos, com textos divididos em capítulos e artigos. Matos inicia seu livro com um questionamento: “Haveria uma beca por baixo do fardão de imortal de Machado? Teria ele se formado em Direito? Possuiria notável saber jurídico?”. A verdade é que foi o maior dos autodidatas brasileiros. Apesar do interessante conteúdo espalhado pelas 600 páginas, há um item que certamente atrairá maior atenção dos leitores: o veredito sobre “Dom Casmurro”, um dos capítulos mais polêmicos da cultura brasileira. Afinal, Capitu traiu Bentinho ou não?


(Felipe Machado. Revista IstoÉ. “O Direito segundo Machado”.

Adaptado. 03 de setembro de 2021. Edição nº 2694.)


I. Na primeira frase do texto, o autor utiliza-se do recurso estilístico da metáfora para fazer referência à ampla obra de Machado de Assis.

II. À medida que o texto avança, é possível afirmar que o autor emprega elementos típicos do gênero “resenha”.

III. No texto, o autor nomeia apenas uma obra de Machado de Assis: “Dom Casmurro”.


Pode-se afirmar que:  

Alternativas
Q1839714 Português
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão.

Em tempos de distanciamento, educação remota aproxima
Marcos Lemos
A escalada da Covid-19 no país infelizmente é uma realidade, e o isolamento domiciliar tem se revelado a estratégia mais efetiva para frear o avanço da doença. Vários setores foram impactados, e com a educação não seria diferente. Nesse momento de crise, em que o distanciamento social é uma necessidade premente, as plataformas de ensino remoto vêm mostrando, talvez como nunca antes, sua importância. Graças a elas, milhões de estudantes não terão as aulas interrompidas nem o ano letivo perdido.
O papel de destaque da EaD no atual contexto traz novamente à tona uma discussão, que, de certa forma, sempre acompanhou o modelo: seria a educação a distância capaz de oferecer a mesma qualidade do que a presencial? Muito dessa desconfiança tem suas raízes num preconceito infundado, que se mostra ainda mais contundente quando falamos de ensino superior.
Entre 2008 e 2018, as matrículas de cursos de graduação on-line aumentaram 182,5%, conforme dados do último Censo da Educação Superior. Na ocasião em que o levantamento foi realizado, havia no país mais de 2 milhões de estudantes na modalidade digital, o que representava 24,3% do total de matrículas de graduação.
Se por um lado a crescente procura sinaliza que a EaD vem ganhando a confiança de muitas pessoas, por outro, há ainda uma forte resistência por parte de determinados setores da sociedade em relação à qualidade e à validade de instituições que a oferecem. É importante enfatizar que, numa nação com dimensões continentais como o Brasil e com uma capacidade de investimento que, não raras vezes, esbarra em limitações, talvez sem o ensino on-line jamais conseguíssemos alcançar todos os alunos que atingimos até hoje. E não estamos falando somente de capilaridade, mas de um formato democrático e inclusivo sob diversos aspectos.
Há de se considerar também a estreita relação cotidiana de uma parcela significativa da população com ferramentas tecnológicas. Nesse sentido, é plausível pensar que uma experiência educativa permeada por Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) seja atrativa e, até mesmo, um caminho lógico. Para esse contingente, o ensino remoto apresenta-se como uma possibilidade de viabilizar seus projetos de vida, mesmo em meio a uma rotina atribulada, pois coloca o aluno no centro do processo de ensino e aprendizagem.
Quando encarada com a seriedade devida, a educação a distância é tão eficiente quanto à ofertada numa sala de aula presencial. Os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) ou Sistemas de Gestão de Aprendizagem (LMS, sigla para Learning Management System) estão mais sofisticados e contam com conteúdos e recursos que tornam a experiência do estudante completa, sem nada a dever àquela vivenciada nos moldes tradicionais. Inclusive, cada vez mais, as instituições de ensino presencial têm incluído em seus modelos acadêmicos instrumentos digitais pautados nos recursos a distância.
Outro ponto de destaque é que o tema vem despertando a atenção de um número representativo de estudiosos de diferentes áreas do conhecimento, como indica o levantamento “Grupos que pesquisam EaD no Brasil”. Muitos deles têm se dedicado a investigar, não apenas novas tecnologias, mas metodologias e ferramentas pedagógicas. Sim, existe um esforço e uma preocupação contínuos em promover o aprimoramento da modalidade, que, em muitas nações, há tempos é uma alternativa respeitada e comumente incorporada em diferentes configurações de ensino.
O Brasil, aliás, é um dos poucos lugares onde existe claramente uma distinção entre educação presencial e a distância. Nos Estados Unidos, por exemplo, é muito comum ver faculdades e universidades disponibilizando cursos 100% on-line, parcialmente remotos ou parcialmente presenciais – entre setembro e novembro de 2017, havia mais de 6,5 milhões (33,7%) de alunos matriculados em algum curso a distância nas instituições de ensino superior norte-americanas. Felizmente, essa realidade observada nos países desenvolvidos tende a se consolidar por aqui, sobretudo agora, catalisada pelas necessidades surgidas nesse cenário de pandemia.
O mundo sairá dessa experiência com uma quebra de paradigma em relação a como se pratica o ensino em todos os níveis. Estudantes de todas as partes, da educação básica à superior, além dos próprios professores, passaram a ter de conviver e aprender intensamente com a EaD. Aqueles que nunca puderam conhecer de fato o potencial da modalidade estão tendo a chance de constatar o quanto ela agrega valor e comporta múltiplas possibilidades de aprendizagem.
E isso representará um choque dentro do modelo tradicional ao qual estávamos acostumados, além de abrir espaço para que seja questionado. Estou certo de que, vencida essa etapa, surgirão novas possibilidades, produtos e ofertas na indústria da educação. Afinal, numa situação de economia de guerra, a criatividade floresce ainda mais vigorosa. A disrupção é inevitável. Caminhamos para uma mudança de comportamento e hábito que envolverá todos os atores desse processo, incluindo o Ministério da Educação, órgão regulador.
Em um futuro próximo, no Brasil, a ideia de que é possível aprender com excelência mesmo fora de uma sala de aula convencional não será mais alvo de descrença, assim como já acontece em vários outros países. E, depois, transmitir e absorver conhecimento com o auxílio de tecnologias se tornarão práticas cada vez mais recorrentes e naturais na nossa sociedade moderna, povoada por nativos digitais. E o nosso objetivo, enquanto educadores, será de viabilizar comunidades colaborativas de aprendizagem, mediando a relação de nossos alunos com o conhecimento e mediatizados pelas ferramentas disponíveis.
Disponível em: www.tribunadoplanalto.com.br. Acesso em: 6 jun. 2021.
Com base no texto, assinale com V as afirmativas verdadeiras e com F as falsas.
( ) A apresentação de dados estatísticos, no texto, é uma das características que o definem como uma reportagem. ( ) No texto, o emprego dos verbos no tempo presente tem como efeito de sentido atribuir veracidade às ideias nele defendidas, o que é um indício de que se trata de um artigo de opinião. ( ) Embora seja uma notícia, devido ao título com um verbo conjugado no presente, o texto tem também características do gênero artigo de opinião. ( ) A principal característica que define o texto como uma reportagem é a pesquisa de campo realizada pelo autor sobre o cenário da educação remota no Brasil e em outros países.
Assinale a sequência correta.
Alternativas
Q1839668 Português
Em relação à tipologia textual “Reportagem”, atente-se para os itens a seguir: I. As reportagens, geralmente, são textos mais longos, opinativos e assinados pelos repórteres. II. As notícias são textos relativamente curtos e impessoais que possuem o intuito de somente informar o leitor de um fato atual ocorrido. III. Em resumo, podemos dizer que a notícia faz parte do jornalismo informativo, enquanto as reportagens fazem parte do chamado jornalismo opinativo. Estão CORRETAS:
Alternativas
Q1838168 Português
Texto : Lucros e perdas VI (Cora Coralina)
Revendo o passado,
balanceando a vida...
No acervo do perdido,
no tanto do ganhado
está escriturado:
"- Perdas e danos, meus acertos.
- Lucros, meus erros.
Daí a falta de sinceridade nos
meus versos.”
Considerando o jogo de sentidos permitido pelo gênero poema, a expressão “balanceando” joga com duas possibilidades de significação, que podem ser: 
Alternativas
Q1837540 Português

Leia o texto II para responder à próxima questão.


Texto II


Um ano depois, o massacre em Suzano deixou alguma lição?


Laura Mattos


    Tenta-se buscar, um ano depois, o que o massacre na escola Raul Brasil, em Suzano, trouxe de lição ao país. Uma resposta concreta está na reforma realizada no prédio onde, no dia 13 de março de 2019, dois ex-alunos entraram com revólver, arco e flechas e machado, assassinaram seis estudantes, duas funcionárias e se suicidaram.

    No próximo mês, o colégio estadual da Grande São Paulo será entregue, completamente reformulado, aos estudantes. Durante as obras, iniciadas em outubro, as aulas aconteceram em uma faculdade privada, alugada pelo governo do Estado.

    O objetivo do projeto foi fazer da Raul Brasil uma escola pública modelo, em um momento em que se discute a reformulação da educação básica, concentrando esforços no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como empatia, criatividade, autonomia, capacidade de se comunicar e de solucionar problemas. 

    O objetivo é tornar as escolas mais interessantes e acolhedoras, na tentativa de sanar a baixa qualidade de ensino e a evasão escolar que teimam em se perpetuar no país.

    A partir desse viés, foram construídas, por exemplo, uma biblioteca maior do que a que existia antes da tragédia, novas quadras esportivas, uma praça de convivência arborizada e uma sala “maker” para se colocar em prática conceitos teóricos.

    São estruturas que podem facilitar essa busca por uma renovação pedagógica e a reformulação dos currículos que foi determinada pela nova BNCC (Base Nacional Comum Curricular), um documento elaborado entre 2015 e 2018 em conjunto pelo Ministério da Educação, por governos estaduais e municipais e pela sociedade civil.

    A reforma também se concentrou na segurança. Foram instaladas câmeras e construídas duas entradas, uma para alunos e funcionários, e outra, que só dá acesso à parte administrativa, para familiares e demais pessoas fora da comunidade escolar.

    Nesta segunda (9), ao apresentar à imprensa as novas instalações, o secretário de educação de São Paulo, Rossieli Soares, afirmou que esse padrão deverá ser replicado em outras escolas. Falou também do Gabinete Integrado de Segurança e Proteção Escolar, criado depois do massacre pelas secretarias de Educação e Segurança Pública, que prevê instalação e monitoramento de câmeras, ronda de policiais no entorno dos colégios e treinamento de funcionários da educação, entre outras medidas.

    Essa é uma polêmica sem fim. Há uma corrente que defende um outro olhar para combater a violência, em sentido oposto, como a abertura dos portões, uma convivência maior entre alunos, professores, famílias e vizinhança, as ruas como salas de aula a céu aberto. 

    A proximidade inibiria a violência; a distância, a estimularia. É uma discussão pertinente, mas não dá para esperar que a Raul Brasil encare seu trauma por aí, pelo menos não por ora. Na entrevista do secretário, mais do que falar a respeito de pedagogia, boa parte das perguntas dos jornalistas, em tom de cobrança, era sobre medidas de segurança. E no sentido de erguer muros, não de derrubá-los.

    É achismo dizer se uma escola aberta ou blindada inibiria um ataque como o de Suzano, assim como não se pode garantir que quadras e debates sobre bullying dariam conta de evitar um crime dessa complexidade. Mas o acolhimento escolar, e disso é difícil duvidar, pode significar melhores oportunidades para crianças e jovens.

    A forma como a reforma foi realizada é talvez a maior lição da tragédia. Dos R$ 3,1 milhões gastos, 90% vieram de empresas. Doações para escolas até existem, mas são raras. E a obra na Raul Brasil, pela dimensão e pelo financiamento, é pioneira.

    Um chamamento público foi feito pelo governo, com base em um novo regulamento de doações da Procuradoria Geral do Estado, segundo afirmou à coluna Romero Raposo, diretor de projetos especiais da Fundação para o Desenvolvimento da Educação, braço da secretaria.

    Para ele, é um modelo que pode ganhar corpo nos próximos anos. Que as empresas, então, não precisem de tragédias para se mobilizar pela educação.


Disponível em:

<https://www1.folha.uol.com.br/colunas/lauramattos/2020/03/um-ano-depois-o-massacre-em-suzano-deixou-alguma-de-licao.shtml>.

Acesso em 13 mar. 2020

Considerando a intenção sociocomunicativa, tipo textual predominante e outras características concernentes, é correto afirmar que o texto II é
Alternativas
Q1837298 Português

Obs.: As questões se apoiam em frases do discurso publicitário ou de propaganda.

Assinale a opção que indica o texto publicitário que se utiliza de uma marca específica do texto poético tradicional.
Alternativas
Respostas
1001: C
1002: B
1003: E
1004: B
1005: C
1006: D
1007: D
1008: B
1009: C
1010: D
1011: C
1012: A
1013: B
1014: B
1015: A
1016: B
1017: A
1018: E
1019: B
1020: C