Questões de Português - Morfologia - Verbos para Concurso
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A alternativa que apresenta correta e respectivamente o plural das palavras: mão – escola – azul - coração está em:
O mesmo uso do verbo CURTIR, realizado no TEXTO 6, pode ser observado em
As questões de 01 a 10 referem-se ao texto reproduzido abaixo.
SOBRE SER FELIZ E SUAS RECEITAS
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Marcia Tiburi
Você costuma usar receitas para cozinhar? Talvez você já tenha usado e descoberto que não basta seguir o que está escrito. Há algum mistério na execução do que vemos nas revistas e nos jornais, pois nem todas as pessoas interpretam, do mesmo modo, as indicações. A compreensão é o que prejudica a execução da tarefa. Os chefs incorporam as receitas ou as criam como um cientista cria seu método de pesquisa ou um artista cria seu estilo.
O que ocorre entre a receita e sua realização é um conflito entre teoria e prática. Decepcionar-se é fácil e perder tempo também quando não conhecemos o método e o significado dos ingredientes. Mas toda frustração, mesmo com um guia para fazer bolo, tem seu ensinamento.
Sobretudo quando se trata de uma receita para ser feliz. Ser feliz seria como realizar a receita sem falhas. Todas as sociedades em todos os tempos apostaram na possibilidade de uma imagem da felicidade com legenda, na qual o que é ser feliz estivesse bem explicadinho. Pingos nos ii da felicidade como confeitos em um bolo é tudo o que queríamos da vida. Que a felicidade viesse num pacote e, lá de dentro, não precisássemos nem acionar um botão, nem ligar o fogão.
Ser feliz poderia parecer ou ser fácil. No senso comum, o território das nossas crenças mais imediatas, que é partilhado por todos em ações e falas, ser feliz é uma promessa sempre revalidada. Guimarães Rosa, o lúcido escritor de Grande Sertão: Veredas, dizia, ao contrário, que “viver é muito perigoso”. Aristóteles, que também defendia a felicidade, foi autor da bela frase: “o ser se diz de diversos modos”, que podemos interpretar como “a vida pode ser vivida de diversas maneiras”. A felicidade não tem um único rosto.
Immanuel Kant, no século das Luzes, dizia que só podemos almejar a felicidade, tornarmonos dignos dela, mas não podemos possuí-la. Com isso, ele colocava a felicidade no lugar dos ideais que só podemos imaginar e supor, esperar que nos orientem, mas jamais realizar. Uma receita para ser feliz seria, nessa perspectiva, um absurdo.
Se a pergunta pela felicidade, com a complexa resposta que ela exige, já não serve por seus tons abstratos, podemos ficar com a questão bem mais prática do bem viver. Da vida, nada parece mais fácil do que simplesmente vivê-la: contemplar o que há, amar quem vive perto de nós, alegrar-se com as conquistas, aceitar as frustrações inevitáveis, lutar pelo próprio desejo, transformar o que nos desagrada buscando o melhor modo possível de pensar e agir. O modo mais ético e mais justo de se viver é o que todos, em princípio, queremos. Um desejo básico que nos une e que, ao ser construído, carrega a promessa paradisíaca da felicidade comum, do bem-estar geral. Se procurarmos conselhos e fórmulas para o bem viver, não será difícil fazer uma lista de tons e cores que podemos imprimir aos nossos gestos e nossos atos. E, ainda que o receituário seja impreciso, é válido.
O meio tom entre inteligência e emoção, entre razão e sensibilidade é a mais inexata das promessas e a mais complexa das conquistas que um ser humano pode almejar para si mesmo. Vale também como uma receita, a receita de um manjar desconhecido. Ela só existe porque podemos fazer do melhor modo possível, usando-a como inspiração. Cada um só precisa saber que cada manjar é diferente do outro. Cada um tem que aprender a realizar, com método próprio, sua própria alquimia. Somos seres gregários: sua receita servirá de inspiração a outros.
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Disponível em: <http://www.marciatiburi.com.br>. Acesso em: 07 jun. 2016. [Adaptado].
Considere os períodos:
No senso comum, o território das nossas crenças mais imediatas (1°), que é partilhado por todos em ações e falas, ser feliz é uma promessa sempre revalidada. Guimarães Rosa, o lúcido escritor de Grande Sertão: Veredas (2º), dizia, ao contrário, que “viver é muito perigoso”.
Em relação aos trechos em destaque,
Leia o texto a seguir e, com base nele, responda às questões de 01 a 20.
É Páscoa! Conheça a história de escravos que penaram pelo chocolate
§ 1 A Páscoa, como todos sabemos, é o dia em que celebramos o surgimento do primeiro espécime ovíparo de coelho que metaboliza cenoura em chocolate. E como o coelho escolheu as crianças para serem, com ele, protagonistas desta data, recontarei aqui uma historieta.
§ 2 Uma ação de fiscalização de trabalhadores do governo federal libertou, há alguns anos, 150 pessoas em Placas (PA), dentre elas mais de 30 crianças. Atuavam na colheita do cacau.
§ 3 O grupo estava sujeito a condições humilhantes de habitação, alimentação e higiene. De acordo com o Ministério do Trabalho no estado, a maior parte das crianças estava doente, com leishmaniose ou úlcera de Bauru. Elas eram levadas ao trabalho para aumentar a remuneração, se sujeitando a todo tipo de situação.
§ 4 Uma das crianças havia perdido a visão ao cair de cara em um toco de árvore.
§ 5 Eles já começavam o serviço devendo aos empregadores por terem que pagar equipamentos de trabalho e bens de necessidade básica. De acordo com as informações colhidas pelos fiscais, quem não cumpria as determinações dos patrões era ameaçado de morte.
§ 6 Parte da indústria de alimentação – que ajuda o Coelho na sua tarefa pascal e compra não só cacau, mas também outras matérias-primas de setores que vêm sendo envolvidos em trabalho escravo e trabalho infantil contemporâneo – não demonstra lá muita energia para garantir o controle e a transparência de suas cadeias produtivas. Dentro e fora do Brasil.
§ 7 Há muitas formas de se controlar a qualidade da própria cadeia produtiva, tanto que em alguns setores isso já acontece. Tivemos avanços consideráveis na produção de soja, de algodão, de frutas até da pecuária bovina – recordista histórica em número de casos de trabalho escravo. Mas adotar esse comportamento significa investir uma boa grana para mudar processos. E quem quer investir grana em algo que quase ninguém se importa?
§ 8 Afinal de contas, o que é realmente fundamental para você: que uma criança não tenha perdido um olho na colheita de cacau para fazer um ovo de chocolate ou que o ovo não venha com um brinquedinho repetido?
§ 9 O consumidor não pode ser culpado porque ele não tem informação, claro. Mas, convenhamos: para que sair da ignorância? É um lugar tão quentinho, não é mesmo?
§ 10 Mudança é possível até porque ninguém quer ficar sem chocolate, que é bom. E ninguém quer gerar desemprego na indústria ou na agricultura. Tanto que temos experiências de cultivo inclusivo de cacau orgânico, feito por pequenos produtores, como aqueles do Projeto de Desenvolvimento Sustentável “Esperança'', em Anapu – pelo qual viveu e morreu a irmã Dorothy Stang.
§ 11 Mas mudança mata. Dorothy, como sabemos, suicidou-se com seis tiros, no corpo e na cabeça, em um local ermo, apenas para incriminar honestos fazendeiros da região avessos à mudança.
§ 12 Não me lembro quando deixei de ter fé no divino. Mas ainda guardo um pouco de fé no mundano, talvez por teimosia de gostar de gente, talvez só de birra com o meteoro que um dia virá dar reset no planeta. Então, me pergunto: se houvesse valores morais envolvidos na Páscoa, como liberdade e renascimento, a reflexão sobre o mundo estaria no centro do dia de hoje? Reflexão, não culpa – pois culpa é algo pegajoso e fedorento que não leva a lugar algum.
§13 Mas como não há, então viva o coelho.
(SAKAMOTO, Leonardo. É Páscoa! Conheça a história de escravos que penaram pelo chocolate. Disponível em: <http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2016/03/27/e-pascoa-conheca-a-historia-de-escravos-que-penaram-pelo-chocolate>. Acesso em: 04 abr. 2016. Adaptado.)
No primeiro parágrafo do texto, o autor utiliza a expressão “metaboliza cenoura em chocolate”. O verbo utilizado evidencia que ocorreu uma:
Atenção: Para responder às questões de números 1 a 10, considere o texto abaixo.
Criadores e legados
Dando alguns como aceitável que a nossa vida possa ser considerada um absurdo, já que ela existe para culminar na morte, parece-lhes ainda mais absurda quando se considera o caso dos grandes criadores, dos artistas, dos pensadores. Eles empregam tanta energia e tempo para reconhecer, formular e articular linguagens e ideias, tanto esforço para criar ou desafiar teorias e correntes do pensamento, é-lhes sempre tão custoso edificar qualquer coisa a partir da solidez de uma base e com vistas a alguma projeção no espaço e no tempo – que a morte parece surgir como o mais injusto e absurdo desmoronamento para quem justamente mais se aplicou na engenharia de toda uma vida.
Por outro lado, pode-se ponderar melhor: se o legado é grande, e não morre tão cedo, a desaparição de quem o construiu em nada reduz a atualização de sentido do que foi deixado. O criador não testemunhará o desfrute, mas quem recolher seu legado reconhecerá nele a força de um sujeito, de uma autoria confortadora para quantos que se beneficiam da obra deixada, e que dela assim compartilham. Sem sombra de rancor, uma sonata de Beethoven modula-se no dedilhar de uma sucessão de pianistas e por gerações de ouvintes, a cada vez que é interpretada e renovada. Na onda ecoante, no papel, no celuloide, no marfim, no mármore, no barro, no metal, na voz das palavras, é o tempo da vida e da arte, não o da morte, que se celebra no Feito.
O legado teimoso das obras consumadas parece contar com o fundamento mesmo da morte para reafirmar a cada dia o tempo que lhes é próprio. Essa é a sua riqueza e o seu desafio. Sempre alguém poderá dizer, na voz do poeta Manuel Bandeira: “ tenho o fogo das constelações extintas há milênios”, ecoando tanto uma verdade da astrofísica como a poesia imensa do nosso grande lírico.
(Justino de Azevedo, inédito)
Na transposição para a voz passiva da frase O autor não testemunhará o desfrute das obras que compôs, as formas verbais resultantes devem ser:
Atenção: Para responder às questões de números 1 a 10, considere o texto abaixo.
Criadores e legados
Dando alguns como aceitável que a nossa vida possa ser considerada um absurdo, já que ela existe para culminar na morte, parece-lhes ainda mais absurda quando se considera o caso dos grandes criadores, dos artistas, dos pensadores. Eles empregam tanta energia e tempo para reconhecer, formular e articular linguagens e ideias, tanto esforço para criar ou desafiar teorias e correntes do pensamento, é-lhes sempre tão custoso edificar qualquer coisa a partir da solidez de uma base e com vistas a alguma projeção no espaço e no tempo – que a morte parece surgir como o mais injusto e absurdo desmoronamento para quem justamente mais se aplicou na engenharia de toda uma vida.
Por outro lado, pode-se ponderar melhor: se o legado é grande, e não morre tão cedo, a desaparição de quem o construiu em nada reduz a atualização de sentido do que foi deixado. O criador não testemunhará o desfrute, mas quem recolher seu legado reconhecerá nele a força de um sujeito, de uma autoria confortadora para quantos que se beneficiam da obra deixada, e que dela assim compartilham. Sem sombra de rancor, uma sonata de Beethoven modula-se no dedilhar de uma sucessão de pianistas e por gerações de ouvintes, a cada vez que é interpretada e renovada. Na onda ecoante, no papel, no celuloide, no marfim, no mármore, no barro, no metal, na voz das palavras, é o tempo da vida e da arte, não o da morte, que se celebra no Feito.
O legado teimoso das obras consumadas parece contar com o fundamento mesmo da morte para reafirmar a cada dia o tempo que lhes é próprio. Essa é a sua riqueza e o seu desafio. Sempre alguém poderá dizer, na voz do poeta Manuel Bandeira: “ tenho o fogo das constelações extintas há milênios”, ecoando tanto uma verdade da astrofísica como a poesia imensa do nosso grande lírico.
(Justino de Azevedo, inédito)
Está plenamente adequada a correlação entre os tempos e modos verbais em:
I. Com a morte, o criador não testemunharia o desfrute de suas obras, mas quem vier a recolher seu legado artístico reconhece nele a força do gênio.
II. A cada vez que for aplaudido o valor de sua obra, em reconhecimento ao gênio de quem a criou, estará sendo feita justiça a um monumento da arte.
III. Beethoven teria feito muito mais sonatas, pudesse ter vivido mais e tivesse sido poupado da grave surdez que tanto o martirizou.
Atende ao enunciado o que está em
Confiança e medo na cidade
As cidades contemporâneas são os campos de batalha nos quais os poderes globais e os sentidos e identidades tenazmente locais se encontram, se confrontam e lutam, tentando chegar a uma solução satisfatória ou pelo menos aceitável para esse conflito: um modo de convivência que – espera-se – possa equivaler a uma paz duradoura, mas que em geral se revela antes um armistício, uma trégua útil para reparar as defesas abatidas e reorganizar as unidades de combate.
Michael Peter Smith, durante uma viagem recente a Copenhague, em uma única hora de estrada, encontrou pequenos grupos de imigrantes turcos, africanos e vindos do Oriente Médio, viu inúmeras mulheres árabes, algumas veladas, outras não, notou letreiros escritos em várias línguas não europeias e, num pub inglês que ficava diante do Tivoli, teve uma interessante conversa com o garçom irlandês. Essas experiências de campo mostram-se muito úteis – disse Smith – quando um interlocutor insiste em dizer que o supranacionalismo é um fenômeno que diz respeito apenas às ‘cidades globais’, como Londres ou Nova York, e tem pouco a ver com lugares mais isolados, como Copenhague.
Aconteça o que acontecer a uma cidade no curso de sua história, há um traço que permanece constante: a cidade é um espaço em que os estrangeiros existem e se movem em estreito contato.
Componente fixo da vida urbana, a onipresença de estrangeiros acrescenta uma notável dose de inquietação às aspirações e ocupações dos habitantes da cidade. Essa presença, que só se consegue evitar por um período bastante curto de tempo, é uma fonte inexaurível de ansiedade e agressividade latente – e muitas vezes manifesta.
O medo do desconhecido – no qual, mesmo subliminarmente, estamos envolvidos busca desesperadamente algum tipo de alívio. As ânsias acumuladas tendem a se descarregar sobre aquela categoria de forasteiros escolhida para encarnar a estrangeiridade, a não familiaridade, a opacidade do ambiente em que se vive e a indeterminação dos perigos e das ameaças. Ao expulsar de suas casas e de seus negócios uma categoria particular de forasteiros, exorciza-se por algum tempo o espectro apavorante da incerteza, queima-se em efígie o monstro horrendo do perigo. Ao erguer escrupulosamente cuidadosos obstáculos de fronteira contra os falsos pedidos de asilo e contra os imigrantes por motivos puramente econômicos, espera-se consolidar nossa vida incerta, trôpega e imprevisível. Mas a vida na modernidade líquida está fadada a permanecer estranha e caprichosa, por mais numerosas que sejam as situações críticas pelas quais os indesejáveis estranhos são responsabilizados. Assim, o alívio tem breve duração, e as esperanças depositadas em medidas drásticas e decisivas desaparecem praticamente no nascedouro.
Como as pessoas esqueceram ou negligenciaram o aprendizado das capacidades necessárias para conviver com a diferença, não é surpreendente que elas experimentem uma crescente sensação de horror diante da ideia de se encontrar frente a frente com estrangeiros. Estes tendem a parecer cada vez mais assustadores, porque cada vez mais alheios, estranhos, incompreensíveis. E também há uma tendência para que desapareçam – se é que já existiram – o diálogo e a interação que poderiam assimilar a alteridade deles em nossa vida. É possível que o impulso para um ambiente homogêneo, territorialmente isolado, tenha origem na mixofobia (medo de misturar-se): no entanto, colocar em prática a separação territorial só fará alimentar e proteger a mixofobia.
Todos sabem que viver numa cidade é uma experiência ambivalente. Ela atrai e afasta. A desorientadora variedade do ambiente urbano é fonte de medo, em especial entre aqueles de nós que perderam seus modos de vidas habituais e foram jogados num estado de grave incerteza pelos processos desestabilizadores da globalização. Mas esse mesmo brilho caleidoscópico da cena urbana, nunca desprovido de novidade e surpresas, torna difícil resistir a seu poder de sedução.
A arte de viver pacífica e alegremente com as diferenças e de extrair benefícios dessa variedade de estímulos e oportunidades está se transformando na mais importante das aptidões que um citadino precisa aprender a exercitar.
BAUMAN, Zygmunt. Confiança e medo na cidade. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2009. (Adaptação)
Em [...] há um traço que permanece constante: a cidade é um espaço em que os estrangeiros existem [...], o verbo haver encontra-se conjugado na terceira pessoa do singular, porque
O mesmo uso do verbo CURTIR, realizado no TEXTO 6, pode ser observado em:
Encontramos correspondência correta entre as formas verbais na frase:
Atenção: Leia o texto abaixo para responder às questões de 31 a 43.
Para assegurar a pertinência da dominação produtiva industrial, do modo de pensar e de fazer que a gera e que ela induz, é preciso fazer romper a alteridade em múltiplas facetas de exotismo. É preciso também fazer aparecer as sociedades ainda diferentes como caminhos sem saída, erros, ausências ou inacabados no curso de uma progressão histórica inelutável. Na melhor das hipóteses, poder-se-ia considerá-los como traços de fases anteriores na construção da cidade humana universal. As sociedades que a exploração descobre, tornam-se imagens fotográficas e depois cinematográficas suscetíveis de ser transportadas, editadas, montadas, referidas e, sobretudo, comentadas em relação a um espectador cuja centralidade e o caráter de referencialidade essencial não são postos em questão. Trata-se de tentativas de levantamentos sistemáticos de desvios e de etapas no que será a elaboração de uma humanidade alocada sob a chancela universal do darwinismo.
A melhora das condições técnicas da exploração do mundo (transporte e comunicação se aperfeiçoam com a máquina a vapor, a eletricidade e o telégrafo) fornecia a essas intenções meios cada vez mais performativos. O cinema completa a panóplia dos instrumentos para essa coleta generalizada, fundindo a ambição do olhar à objetividade pela supressão dos obstáculos do espaço e do tempo. A imagem animada capta o transitório da duração, supera a subjetividade do testemunho duvidoso dos viajantes de longa distância, suprime os desvios especiosos da memória: os momentos fugidios da vivência, as singularidades e as diferenças do Outro tornam-se transportáveis e, portanto, observáveis à vontade, como o obelisco de Luxor, as múmias do Egito ou os afrescos do Partenon.
A etnografia iniciada por Franz Boas, e que fará da pesquisa de campo seu “laboratório” indispensável, emergindo dos limbos da reflexão teórica e frequentemente ética sobre as origens e as etapas das sociedades humanas, se tornará, do mesmo modo, um instrumento dessa coleção de realidades do mundo e de uma “objetivação” no mesmo sentido do olhar. A apresentação de uma observação dinâmica e totalizante, a passagem “pelo campo” e, portanto, a experimentação, fazem do cinema e da etnografia irmãos gêmeos de um empreendimento comum de descoberta, de identificação, de apropriação e talvez de absorção e de assimilação do mundo e de suas histórias.
Ao extremo da distância/diferença constatada, nas regiões mais remotas, no seio das sociedades mais exóticas, se – isto é, este anônimo genérico e referencial que se considera o homem branco – identificavam, com um fervor receoso, primitivismos nos limites de um inquietante estado de natureza, canibalismos “selvagens” marcando aparentemente o que devia ser o salto qualitativo em direção à cultura ou antes em direção à Civilização com sua maiúscula. Com essas designações, essas estigmatizações fascinadas, o homem ocidental decerto mastigava, como em uma denegação analítica, sua própria bulimia, sua necessidade incessante de apropriação, de dominação, projetando finalmente no outro seu próprio desejo de consumo, de devoração...! A gravação por imagem e som, assim como o empreendimento de categorização etnográfica, contribuem para os mesmos efeitos: absorver a distância material do outro e reduzi-lo a imagem e a conceitos de que se alimentam meu olhar e minha mente
(Adaptado de: PIAULT, Marc. Antropologia e Cinema. São Paulo, Editora Unifesp, 2018)
A etnografia iniciada por Franz Boas, e que fará da pesquisa de campo seu “laboratório” indispensável, [...] se tornará, do mesmo modo, um instrumento dessa coleção de realidades do mundo ... (3o parágrafo)
Caso se atribua sentido hipotético à frase acima, os verbos, mantida sua correlação, deverão assumir a seguinte forma:
Atenção: Leia o texto abaixo para responder às questões de 31 a 43.
Para assegurar a pertinência da dominação produtiva industrial, do modo de pensar e de fazer que a gera e que ela induz, é preciso fazer romper a alteridade em múltiplas facetas de exotismo. É preciso também fazer aparecer as sociedades ainda diferentes como caminhos sem saída, erros, ausências ou inacabados no curso de uma progressão histórica inelutável. Na melhor das hipóteses, poder-se-ia considerá-los como traços de fases anteriores na construção da cidade humana universal. As sociedades que a exploração descobre, tornam-se imagens fotográficas e depois cinematográficas suscetíveis de ser transportadas, editadas, montadas, referidas e, sobretudo, comentadas em relação a um espectador cuja centralidade e o caráter de referencialidade essencial não são postos em questão. Trata-se de tentativas de levantamentos sistemáticos de desvios e de etapas no que será a elaboração de uma humanidade alocada sob a chancela universal do darwinismo.
A melhora das condições técnicas da exploração do mundo (transporte e comunicação se aperfeiçoam com a máquina a vapor, a eletricidade e o telégrafo) fornecia a essas intenções meios cada vez mais performativos. O cinema completa a panóplia dos instrumentos para essa coleta generalizada, fundindo a ambição do olhar à objetividade pela supressão dos obstáculos do espaço e do tempo. A imagem animada capta o transitório da duração, supera a subjetividade do testemunho duvidoso dos viajantes de longa distância, suprime os desvios especiosos da memória: os momentos fugidios da vivência, as singularidades e as diferenças do Outro tornam-se transportáveis e, portanto, observáveis à vontade, como o obelisco de Luxor, as múmias do Egito ou os afrescos do Partenon.
A etnografia iniciada por Franz Boas, e que fará da pesquisa de campo seu “laboratório” indispensável, emergindo dos limbos da reflexão teórica e frequentemente ética sobre as origens e as etapas das sociedades humanas, se tornará, do mesmo modo, um instrumento dessa coleção de realidades do mundo e de uma “objetivação” no mesmo sentido do olhar. A apresentação de uma observação dinâmica e totalizante, a passagem “pelo campo” e, portanto, a experimentação, fazem do cinema e da etnografia irmãos gêmeos de um empreendimento comum de descoberta, de identificação, de apropriação e talvez de absorção e de assimilação do mundo e de suas histórias.
Ao extremo da distância/diferença constatada, nas regiões mais remotas, no seio das sociedades mais exóticas, se – isto é, este anônimo genérico e referencial que se considera o homem branco – identificavam, com um fervor receoso, primitivismos nos limites de um inquietante estado de natureza, canibalismos “selvagens” marcando aparentemente o que devia ser o salto qualitativo em direção à cultura ou antes em direção à Civilização com sua maiúscula. Com essas designações, essas estigmatizações fascinadas, o homem ocidental decerto mastigava, como em uma denegação analítica, sua própria bulimia, sua necessidade incessante de apropriação, de dominação, projetando finalmente no outro seu próprio desejo de consumo, de devoração...! A gravação por imagem e som, assim como o empreendimento de categorização etnográfica, contribuem para os mesmos efeitos: absorver a distância material do outro e reduzi-lo a imagem e a conceitos de que se alimentam meu olhar e minha mente
(Adaptado de: PIAULT, Marc. Antropologia e Cinema. São Paulo, Editora Unifesp, 2018)
A flexão do verbo em destaque deve-se ao elemento sublinhado em:
Leia a tira, para responder às questões de números 01 e 02.
....
....
(Orlandeli, Grump. Diário da Região, 22.04.2018)
Assinale a alternativa que emprega corretamente as formas verbais presentes no texto, preenchendo as lacunas do seguinte enunciado.
___Para que _____ Killer Joe com chance de sucesso, seria necessário que o pequeno Grump também _____ o grandalhão. Mas o público considera pouco provável que ele o _____ ou _____.
Leia o texto para responder às questões 1 a 6
O ato de estudar
Tinha chovido muito toda noite. Havia enormes poças de água molhada nas partes baixas do terreno. Em certos lugares, a terra, de tão molhada, tinha virado lama. Às vezes, os pés apenas escorregavam nela. Às vezes, mais do que escorregar, os pés se atolavam na lama até acima dos tornozelos. Era difícil andar. Pedro e Antônio estavam transportando numa caminhoneta cestos cheios de cacau para o sitio onde deveriam secar. Em certa altura, perceberam que a caminhoneta não atravessaria o atoleiro que tinha pela frente. Passaram. Desceram da caminhoneta. Olharam o atoleiro, que era um problema para eles. Atravessaram os dois metros de lama, defendidos por suas botas de cano longo. Sentiram a espessura do lamaçal. Pensaram. Discutiram como resolver o problema. Depois, com a ajuda de algumas pedras e de galhos secos de árvores deram ao terreno a consistência mínima para que as rodas da caminhoneta passassem sem atolar. Pedro e Antônio estudaram. Procuraram resolver e, em seguida, encontraram uma resposta precisa.
Não se estuda apenas na escola.
Pedro e Antônio estudaram enquanto trabalhavam.
Estudar é assumir uma atitude séria e curiosa diante de um problema.
Esta atitude séria e curiosa na procura de compreender as coisas e os fatos caracteriza o ato de estudar. Não importa que o estudo seja feito no momento e no lugar do nosso trabalho, como no caso de Pedro e Antônio, que acabamos de ver. Não importa que o estudo seja feito noutro local e noutro momento, como o estudo que fazemos no Círculo de Cultura. Em qualquer caso, o estudo exige sempre esta atitude séria e curiosa na procura de compreender as coisas e os fatos que observamos. Um texto para ser lido é um texto para ser estudado. Um texto para ser estudado é um texto para ser interpretado. Não podemos interpretar um texto se o lemos sem atenção, sem curiosidade; se desistimos da leitura quando encontramos a primeira dificuldade. Que seria da produção de cacau naquela roça se Pedro e Antônio tivessem desistido de prosseguir o trabalho por causa do lamaçal?
Se um texto às vezes é difícil, insiste em compreendê-lo. Trabalha sobre ele como Antônio e Pedro trabalharam em relação ao problema do lamaçal. Estudar exige disciplina. Estudar não é fácil porque estudar é criar e recriar e não repetir o que os outros dizem. Estudar é um dever revolucionário!
Paulo Freire. A importância do ato de ler
Havia enormes poças de água molhada nas partes baixas do terreno. Sobre o verbo haver, marque a opção CORRETA.
Disponível em: <http://veredasdalingua.blogspot.com.br/2012/03/regencia-verbal-i.html>. Acesso em: 08 fev. 2017.
No que concerne aos aspectos morfossintáticos usados na construção da primeira fala da tira, dadas as afirmativas,
I. O pronome lhe encontra-se enclítico por não haver palavras que o atraiam para antes da locução verbal.
II. Na utilização prática da língua, a colocação dos pronomes oblíquos é determinada pela eufonia. Considerando o contexto em que se encontra, a posição do pronome lhe poderia ser alterada, sem prejuízos à norma gramatical.
III. No contexto referente, o pronome oblíquo lhe desempenha função sintática de adjunto adnominal.
IV. No contexto referente, o verbo ensinar tem sentido de doutrinar. Assim, quanto à regência, ensinar é verbo intransitivo.
verifica-se que estão corretas apenas
Qual a diferença entre robô, androide e ciborgue?
Robôs são máquinas que fazem tarefas pré-programadas de forma autônoma. Quando o robô tem aspecto humano é um androide. Já os ciborgues são híbridos: parte humanos, parte máquinas.
Disponível em: <super.abril.com.br/blog/oraculo/qual-a-diferenca-entre-robo-androide-e-ciborgue>. Acesso em: 04 abr. 2017.
No contexto, os verbos destacados possuem valores semânticos do presente do indicativo e sugerem noções
O plural está errado em:
Leia os textos 2, 3 e 4 para responder às questões de 08 a 10.
TEXTO 2
Receita de se olhar no espelho
Roseana Murray
“Se olhe de frente
De lado
De costas
De cabeça para baixo
5 Pinte o espelho
De azul dourado vermelho
Faça caretas ria sorria
Feche os olhos abra os olhos
E se veja sempre surpresa
10 Quem é você?”
Disponível em: <http://poemandopq.pensamentosvalemouro.com.br/2012/02/receita-de-se-olhar-noespelho.html>. Acesso em 11 nov. 2016
TEXTO 3
Quem é você?
Detonautas
[...]
A gente acha como se por um milagre
Deus, no auge da bondade, fosse um
dia interceder
Enquanto esse dia não chega, a
05 gente vai aceitando
E esperando alguma coisa acontecer
Mas
Quem é você?
Quem é você?
10 Me diz
Quem é você?
Quem é você?
O teu avô que trabalhou a vida inteira
Dia e noite, noite e dia, até se
15 aposentar
Recebe agora uma miséria de salário
Fica 10 horas na fila esperando e não
pode reclamar [...]
Disponível em:
<https://www.vagalume.com.br/detonautasroque-clube/quem-e-voce.html>. Acesso em 12
nov. 2016
TEXTO 4
Noite dos Mascarados
Chico Buarque
Quem é você, adivinha se gosta de mim
Hoje os dois mascarados procuram os seus
namorados perguntando assim
Quem é você, diga logo que eu quero saber
05 o seu jogo
Que eu quero morrer no seu bloco, que eu
quero me arder no seu fogo
[...]
Mas é carnaval, não me diga mais quem é
10 você
Amanhã tudo volta ao normal, deixa a festa
acabar, deixa o barco correr
Deixa o dia raiar que hoje eu sou da maneira
que vo...cê me quer
15 O que você pedir eu lhe dou, seja você
quem for
Seja o que Deus quiser
Disponível em: <https://www.vagalume.com.br/chicobuarque/noite-dos-mascarados.html>. Acesso em: 12 nov. 2016
Tomando por base os excertos apresentados nos textos 3 e 4, analise as especificidades da linguagem e o valor semântico das palavras e expressões apresentadas nas assertivas a seguir, indicando com V as verdadeiras e com F as falsas.
( ) No texto 3, a forma verbal “ esperando” (linha 6) está no particípio.
( ) No texto 3, a forma verbal “fosse” (linha 2) está empregada no modo imperativo.
( ) No texto 3, o vocábulo “ auge” (linha 2) poderia, sem prejuízo semântico, ser substituído por “apogeu”.
( ) No texto 3, a expressão “interceder” (linha 3) poderia, sem prejuízo semântico, ser substituída por “advogar”.
( ) No texto 4, a forma verbal “perguntando” (linha 3) poderia, sem prejuízo para a coerência do texto, ser substituída pela forma verbal “indagando”.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é
Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 ao 10.
"Desde quando a gente começou com esse trabalho de irrigação vem aparecendo serviço.”
Os tempos verbais das palavras destacadas, nas frases acima, são RESPECTIVAMENTE:
Corpos emancipados, mentes subjugadas
1 _____ A indústria cultural, tão bem dissecada pela Escola de Frankfurt, retarda a emancipação humana ao
2 _ introduzir a sujeição da mente no momento em que a humanidade se livrava da sujeição do corpo. É longa a
3 _ história da sujeição do corpo, a começar pela escravidão que durou séculos, inclusive no Brasil, onde foi
4 _ considerada legal e legítima por mais de 358 anos.
5 _____ Não apenas escravos tiveram seus corpos sujeitados. Também mulheres. Faz menos de um século
6 _ que elas iniciaram o processo de apropriação do próprio corpo. A dominação sofrida pelo corpo feminino era
7 _ endógena e exógena. Endógena porque a mulher não tinha nenhum controle sobre o seu organismo, encarado
8 _ como mera máquina reprodutiva e, com frequência, demonizado. Exógena pelas tantas discriminações
9 _ sofridas, da proibição de votar à castração do clitóris, da obrigação de encobrir o rosto em países
10 _ muçulmanos à exibição pública de sua nudez como isca publicitária nos países capitalistas de tradição cristã.
11 _____ No momento em que o corpo humano alcançava sua emancipação, a indústria cultural introduziu a
12 _ sujeição da mente. A multimídia é como um polvo cujos tentáculos nos prendem por todos os lados. Tente
13 _ pensar diferente da monocultura que nos é imposta via programas de entretenimento! Se a sua filha de 20
14 _ anos disser que permanece virgem, isso soará como ridículo anacronismo; se aparecer no Big Brother
15 _ transando via satélite para o onanismo visual de milhões de telespectadores, isso faz parte do show.
16 _____ O processo de sujeição da mente utiliza como chibatas o prosaico, o efêmero, o virtual, o fugidio. E
17 _ detona progressivamente os antigos valores universais. Ética? Ora, não deixe escapar as chances de ter
18 _ sucesso e ficar rico, desde que sua imagem não fique mal na foto... Agora, tudo é descartável, inclusive os
19 _ valores. E todos somos impelidos à reciclagem perpétua - na profissão, na identidade, nos relacionamentos.
20 _____Nossos pais aposentavam-se num único emprego. Hoje, coitado do profissional que, ao oferecer-se
21 _ a uma vaga, não apresentar no currículo a prova de que já trabalhou em pelo menos três ou quatro empresas
22 _ do ramo! Eis a civilização intransitiva, desistorizada, convencida de que nela se esgota a evolução do ser
23 _ humano e da sociedade. Resta apenas dilatar a expansão do mercado.
24 _____ A tecnologia multimídia sujeita-nos sem que tenhamos consciência dessa escravidão virtual. Pelo
25 _ contrário, oferece-nos a impressão de que somos “imperadores de poltrona”, na expressão cunhada por
26 _ Robert Stam. Temos tanto “poder” que, monitor à mão, pulamos velozmente de um canal de TV a outro,
27 _ configurando a nossa própria programação. Já não estamos propensos a suportar discursos racionais e
28 _ duradouros. Pauta-nos a vertiginosa velocidade tecnológica, que nos mantém atrelados às conveniências do
29 _ mercado.
30 _____ Nossa boia de salvação reside, felizmente, na observação de Jean Baudrillard, de que o excesso de
31 _ qualquer coisa gera sempre o seu contrário. É o caso da obesidade. O alimento é imprescindível à vida, mas
32 _ em excesso afeta o sistema cardiovascular e produz outros defeitos colaterais.
33 _____ Há tanta informação que preferimos não mais prestar atenção nelas. A comunicação torna-se
34 _ incomunicação. Ou comunicassão, pois cassa-nos a palavra, tornando-nos meros receptores da avassaladora
35 _ máquina publicitária.
36 _____ Essa sujeição da mente vem no bojo da crise da modernidade que, desmistificada pela barbárie -
37 _ duas guerras mundiais, a incapacidade de o capitalismo distribuir riquezas, o fracasso do socialismo
38 _ soviético etc. -, passa a rejeitar todos os “ismos”. Os espaços da expressão da cidadania, como a política e o
39 _ Estado, caem em descrédito.
40 _____ Tudo e todos prestam culto a um único soberano: o mercado. É ele a Casa Grande que nos mantém
41 _ na senzala do consumo compulsivo, do hedonismo desenfreado, da dessolidariedade e do egoísmo.
42 _____ Felizmente iniciativas como o Fórum Social Mundial rompem o monolitismo cultural e abrem
43 _ espaço à consciência crítica e novas práticas emancipatórias.
BETTO Frei. Corpos emancipados, mentes subjugadas. Correio da Cidadania. http://www.correiocidadania.com.br/antigo/ed437/betto.htm
Há correspondência modo-temporal entre a forma verbal simples “introduziu” (L.11) e a composta