Questões de Concurso Sobre noções gerais de compreensão e interpretação de texto em português

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Q3060951 Português
TEXTO PARA A QUESTÃO.

      Anos depois do acidente que emudeceu uma de suas filhas, meu pai, incentivado por Sutério, havia convidado o irmão de minha mãe para residir em Água Negra. O gerente queria trazer gente que «trabalhe muito» e «que não tenha medo de trabalho», nas palavras de meu pai, «para dar seu suor na plantação». Podia construir casa de barro, nada de alvenaria, nada que demarcasse o tempo de presença das famílias na terra. Podia colocar roça pequena para ter abóbora, feijão, quiabo, nada que desviasse da necessidade de trabalhar para o dono da fazenda, afinal, era para isso que se permitia a morada. Podia trazer mulher e filhos, melhor assim, porque quando eles crescessem substituiriam os mais velhos. Seria gente de estima, conhecida, afilhados do fazendeiro. Dinheiro não tinha, mas tinha comida no prato. Poderia ficar naquelas paragens, sossegado, sem ser importunado, bastava obedecer às ordens que lhe eram dadas. Vi meu pai dizer para meu tio que no tempo de seus avós era pior, não podia ter roça, não havia casa, todos se amontoavam no mesmo espaço, no mesmo barracão.
      Para convencê-lo, meu pai disse que o arrozal era bom de trabalhar. Que ali chovia, tinha terra boa, que, «olha», abria os braços mostrando a roça e o quintal, mostrando a mata ao redor deles, «aqui não nos falta nada». «Você tem os meninos, isso é de ajuda. Tem um passarinho preto miudinho assim», mostrava as falanges dos dedos dando a dimensão aproximada da praga, «que ataca o arrozal de manhã cedo. Os meninos podem ajudar a espantar eles. Aqui todo mundo acorda cedo para espantar os passarinhos, só assim fazemos boa colheita».
     Era verdade. Nos longos anos em que plantaram arroz no meio do sertão de água, na beira dos pântanos dos marimbus, acordávamos antes que o sol se levantasse no horizonte e seguíamos rumo à roça da fazenda. Nos muníamos de galhos, pedras, tudo que fosse instrumento para espantar os pássaros, miudinhos, de penas negras e que brilhavam quase azuis na luz da manhã. Se não fôssemos rápidos o suficiente, seu bico entrava no grão que amadurecia e sugava tudo que estivesse dentro, com sua minúscula língua. Enquanto os adultos trabalhavam, cabia a nós, as crianças, espantar a praga. Os meninos chegavam com estilingues, por vezes abatiam a ave pequena. Certa vez, Belonísia chorou e só cessou o pranto quando sugeri que fizéssemos um enterro, com direito a uma caixa de vela, como urna, e flores que colhemos no campo.

Excerto extraído da obra Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior.
No início do excerto, o pai da narradora menciona que "no tempo de seus avós era pior" para convencer o tio a se mudar para Água Negra. Esse argumento é uma tentativa de minimizar as dificuldades atuais. Qual situação o pai descreve como sendo melhor na época atual em comparação com o tempo dos avós?
Alternativas
Q3060842 Português
TEXTO PARA A QUESTÃO.

      Nossos pais retornaram da roça e encontraram minha avó desorientada, com nossas cabeças mergulhadas numa tina de água, gritando: «Ela perdeu a língua, ela cortou a língua.» Repetia tanto que, certamente, naqueles primeiros momentos, Zeca Chapéu Grande e Salustiana Nicolau acharam que as duas filhas haviam se mutilado num ritual misterioso que, nas suas crenças, precisaria de muita imaginação para explicar. A tina era uma poça vermelha e nós duas chorávamos. Quanto mais chorávamos abraçadas, querendo pedir desculpas, mais ficava difícil saber quem tinha perdido a língua, quem teria que ir para o hospital a léguas de Água Negra. O gerente da fazenda chegou numa Ford Rural branca e verde para nos conduzir ao hospital. Essa Rural, como chamávamos, servia aos proprietários quando estavam na fazenda, servia a Sutério para os trabalhos como gerente, se deslocando entre a cidade e Água Negra, ou percorrendo as distâncias na própria fazenda, quando não queria fazer a cavalo.
      Minha mãe se muniu de colchas e toalhas que recobriam as camas e a mesa, para tentar estancar o sangue. Ela gritava para meu pai, que colhia com as mãos trêmulas ervas nos canteiros próximos à casa, impaciente, transmitindo seu desespero na voz, que se tornou mais aguda, além do olhar espantado. As ervas eram para ser usadas no caminho até o hospital, em rezas e encantos. Os olhos de Belonísia estavam vermelhos de tanto choro, os meus eu não conseguia sequer sentir, e minha mãe perguntava perplexa o que havia acontecido, com o que brincávamos, mas nossas respostas eram longos gemidos difíceis de interpretar. Meu pai segurava a língua envolta numa de suas poucas camisas. Mesmo naquelas horas, meu medo era que o órgão em arrebatamento se dispusesse a falar sozinho no colo dele sobre o que havíamos feito. Que falasse sobre nossa curiosidade, nossa teimosia, nossa transgressão, nossa falta de zelo e respeito por Donana e por suas coisas. Mais ainda, sobre a nossa irresponsabilidade de colocar uma faca na boca, sabendo que facas sangram caças, sangram as crias do quintal e matam homens.

Excerto extraído da obra Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior.
A personagem da mãe é descrita de forma agitada, tentando controlar a situação. Ela utiliza colchas e toalhas e grita instruções ao pai, que coleta ervas para o trajeto até o hospital. Qual é o principal objetivo da mãe ao pegar esses objetos e das ações do pai ao coletar as ervas?
Alternativas
Q3060841 Português
TEXTO PARA A QUESTÃO.

      Nossos pais retornaram da roça e encontraram minha avó desorientada, com nossas cabeças mergulhadas numa tina de água, gritando: «Ela perdeu a língua, ela cortou a língua.» Repetia tanto que, certamente, naqueles primeiros momentos, Zeca Chapéu Grande e Salustiana Nicolau acharam que as duas filhas haviam se mutilado num ritual misterioso que, nas suas crenças, precisaria de muita imaginação para explicar. A tina era uma poça vermelha e nós duas chorávamos. Quanto mais chorávamos abraçadas, querendo pedir desculpas, mais ficava difícil saber quem tinha perdido a língua, quem teria que ir para o hospital a léguas de Água Negra. O gerente da fazenda chegou numa Ford Rural branca e verde para nos conduzir ao hospital. Essa Rural, como chamávamos, servia aos proprietários quando estavam na fazenda, servia a Sutério para os trabalhos como gerente, se deslocando entre a cidade e Água Negra, ou percorrendo as distâncias na própria fazenda, quando não queria fazer a cavalo.
      Minha mãe se muniu de colchas e toalhas que recobriam as camas e a mesa, para tentar estancar o sangue. Ela gritava para meu pai, que colhia com as mãos trêmulas ervas nos canteiros próximos à casa, impaciente, transmitindo seu desespero na voz, que se tornou mais aguda, além do olhar espantado. As ervas eram para ser usadas no caminho até o hospital, em rezas e encantos. Os olhos de Belonísia estavam vermelhos de tanto choro, os meus eu não conseguia sequer sentir, e minha mãe perguntava perplexa o que havia acontecido, com o que brincávamos, mas nossas respostas eram longos gemidos difíceis de interpretar. Meu pai segurava a língua envolta numa de suas poucas camisas. Mesmo naquelas horas, meu medo era que o órgão em arrebatamento se dispusesse a falar sozinho no colo dele sobre o que havíamos feito. Que falasse sobre nossa curiosidade, nossa teimosia, nossa transgressão, nossa falta de zelo e respeito por Donana e por suas coisas. Mais ainda, sobre a nossa irresponsabilidade de colocar uma faca na boca, sabendo que facas sangram caças, sangram as crias do quintal e matam homens.

Excerto extraído da obra Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior.
O excerto retrata um episódio de grande tensão e desespero familiar, envolvendo as duas filhas e um incidente com uma faca. A narrativa revela o medo e o arrependimento das crianças, assim como a reação dos pais e da avó. Com base no texto, qual era o principal temor do narrador durante o incidente?
Alternativas
Q3060712 Português
Doida pra escrever

Tem dia que eu acordo doida pra escrever. Não serve mais nada. Tem alguma coisa incomodando demais, dando engulhos ou fazendo cócegas. Às vezes é só um prazo mesmo, vencido, de preferência. Outras vezes, não. É assim a sensação que deve ter um vulcão ou então uma bomba. Vamos humanizar as coisas, minha gente. É a sensação que deve ter o nosso corpo, imagine aí em que circunstâncias mais variadas.
Mas já ouvi dizer de gente que nunca sente isso. Por outro lado, ouvi falar de médico que prescreve escrita pra curar doideira ou algum mal da cabeça. Talvez cure também o coração e outras vísceras. Quantas vezes senti os pulmões mais capazes depois de um belo poema. Pode nem ter sido assim tão belo, vá lá, mas foi eficaz pra dores diversas. Em relação a essa turma que não precisa da escrita pra nada só sinto duas coisas: ou inveja ou dó. Isso, dó. Desculpem aí minha intolerância (Neste mundo, é preciso ter cuidado com isso, senão dá processo). Inveja quando penso que alguém pode conseguir viver agarradinho com seus quiprocós todos, no maior love, sem precisar tirá-los a fórceps, com uma caneta ou um teclado desbotado. Quem me dera essa convivência toda. Mas tudo bem. Pode ser que a pessoa tenha outros expedientes, tipo jogar bola com os amigos, beber bastante, correr (já vi gente se curar assim), cantar, ah, cantar a beleza de ser… isso. Mas não precisar escrever é um mistério pra mim.
O outro sentimento é mais delicado. É dó, é pena, é um negócio complicado. A gente, cá do alto de nossa implicância, fica pensando “coitado desse pessoal”. Mas é que quem escreve se sente dono de um garimpo inteiro. Uma espécie de poder. Está na moda aí, aliás, uma palavra esquisita, traduzida e mal paga, que é “empoderamento”. É mais ou menos quando a gente aprende uma coisa que nos faz ficar mais potente, mais podendo, com uma espécie de “cinto de utilidades” que pode ser usado quando a gente quiser mudar algo. E aí já li bastante falarem de empoderamento em relação à leitura e à escrita. E me senti mais super-heroína do que todas: a She-Ha, a Mulher Maravilha, a… bem, são quantas mesmo?
Escrever é um ódio. Mas, depois que acontece, é uma mansidão geral, até a próxima escala. Só que tem dia que eu acordo — eu e um monte de gente que fez esta descoberta — doida pra escrever. Não me vem nem a ideia do café da manhã. É que tem bastante gente que precisa tomar café primeiro. Mas eu sou uma mineira estranha: não curto nem café, nem tropeiro, nem praia. Mas aí eu corro pro computador e piro geral. Vai que dá certo? Costuma.
A escrita é uma mistura inexplicável de força, memória, conexões, leituras, falatórios, horas de filmes bons e ruins, uma vida inteira de ações e reações, atenção, desatenção, amor e desamor, ímpetos, convicções, perdões, convenções, aulas de tudo quanto há, escola, muita escola, contenção, habilidade, um tico de tendências sadomasô, exibicionismo, em algum grau, experiência em qualquer medida, mas, fundamentalmente, desobediência. A escrita nem te suga nem nada. Você acorda doidão, corre pra máquina que for (pode ser lápis, pois ela não é muito específica), escreve, escreve, escreve, sente que secou, murchou ou brochou, e continua o dia. Não desgasta, sabe? E enche, enche tudo de novo, que nem caixa d’água (quer dizer… aí depende…).
Hoje eu acordei doida pra escrever. Note-se que nem tinha muito o que dizer. Isso também acontece. No entanto, não é bem um problema quando isso rola. Tanta gente não tem nada a dizer! Ora, bolas. Nem é preciso ter um ostentável conteúdo para escrever. Milhares e milhares de estudantes fazem isso, todos os anos, quando escrevem algumas sofridas (e sofríveis) linhas sobre o que não sabem. Já imaginou? Ter de escrever o que nunca foi pensado antes? É a tarefa mais ingrata que há. Digo sempre isso aos alunos que passam ali pelo meu quadrado: sua tarefa é a pior que há, meu caro. Depois desta, qualquer coisa funciona. Imagine o comando: Escreva aí, nesta sala bege ou verde-hospital, sem livros nem nada o que consultar, bem rapidamente, sob o olhar lancinante deste fiscal mal pago, sobre um tema que você conhecerá neste instante. OK. Está dada a largada. Se isso for possível, o resto será festa.
Não. Escritor doido pra escrever tem tempo, tem paixão, tem uns dias, uns meses, uns anos, uns livros e muita gente com quem conversar. Muitas vezes, escrever sucede a pesquisa. Pesquisa mesmo, com roteiros, leituras, entrevistas, consultas. Quem é doido por escrever costuma ter uma sala, um quarto, uma estante, uma prateleira, um computador, o que seja… mas cheios de coisas pra ler, pra olhar, pra visitar, pra levar debaixo do braço. Pensa, pensa, daí vem um ímpeto. A gente fica fogoso, um dia. Não pode nem ver uma folha de papel, uma tela em branco, que o fogo acende.
Mas vá lá. É preciso saber ficar doido pra escrever. Ligar a ignição. Tá tudo calmo e quieto, vontade alguma, só pensando no mato pra capinar ou na graxa do portão, mas chega uma demanda de escrever. Quem não entende do riscado pensa que é assim, ó: “Senta e escreve, bora lá”. E a gente faz. Aprende a riscar a faca no chão até dar faísca. Pedra com pedra. Fósforo. Lente no sol. Queima até o que não tem. Doidos pra escrever são perigosos. Acordei doida pra escrever. E nem era só um prazo expirado. Era uma energia transbordando aqui e ali. Calibrada? Níveis normais? Vamos agora ao dia, pra ter mais o que escrever, nas próximas linhas.

RIBEIRO, Ana Elisa. Doida pra escrever. In: RIBEIRO, Ana Elisa. Doida pra escrever. Belo Horizonte: Moinhos, 2021. p. 10-12. Disponível em: https://rubem.wordpress.com/2023/03/08/doida-praescrever-ana-elisa-ribeiro/.
No trecho “Escrever é um ódio. Mas, depois que acontece, é uma mansidão geral, até a próxima escala”, a autora utiliza uma antítese para expressar seus sentimentos em relação ao ato de escrever. Com base no contexto do texto, qual das afirmações abaixo melhor explica essa relação de “ódio” e “mansidão”?
Alternativas
Q3060711 Português
Doida pra escrever

Tem dia que eu acordo doida pra escrever. Não serve mais nada. Tem alguma coisa incomodando demais, dando engulhos ou fazendo cócegas. Às vezes é só um prazo mesmo, vencido, de preferência. Outras vezes, não. É assim a sensação que deve ter um vulcão ou então uma bomba. Vamos humanizar as coisas, minha gente. É a sensação que deve ter o nosso corpo, imagine aí em que circunstâncias mais variadas.
Mas já ouvi dizer de gente que nunca sente isso. Por outro lado, ouvi falar de médico que prescreve escrita pra curar doideira ou algum mal da cabeça. Talvez cure também o coração e outras vísceras. Quantas vezes senti os pulmões mais capazes depois de um belo poema. Pode nem ter sido assim tão belo, vá lá, mas foi eficaz pra dores diversas. Em relação a essa turma que não precisa da escrita pra nada só sinto duas coisas: ou inveja ou dó. Isso, dó. Desculpem aí minha intolerância (Neste mundo, é preciso ter cuidado com isso, senão dá processo). Inveja quando penso que alguém pode conseguir viver agarradinho com seus quiprocós todos, no maior love, sem precisar tirá-los a fórceps, com uma caneta ou um teclado desbotado. Quem me dera essa convivência toda. Mas tudo bem. Pode ser que a pessoa tenha outros expedientes, tipo jogar bola com os amigos, beber bastante, correr (já vi gente se curar assim), cantar, ah, cantar a beleza de ser… isso. Mas não precisar escrever é um mistério pra mim.
O outro sentimento é mais delicado. É dó, é pena, é um negócio complicado. A gente, cá do alto de nossa implicância, fica pensando “coitado desse pessoal”. Mas é que quem escreve se sente dono de um garimpo inteiro. Uma espécie de poder. Está na moda aí, aliás, uma palavra esquisita, traduzida e mal paga, que é “empoderamento”. É mais ou menos quando a gente aprende uma coisa que nos faz ficar mais potente, mais podendo, com uma espécie de “cinto de utilidades” que pode ser usado quando a gente quiser mudar algo. E aí já li bastante falarem de empoderamento em relação à leitura e à escrita. E me senti mais super-heroína do que todas: a She-Ha, a Mulher Maravilha, a… bem, são quantas mesmo?
Escrever é um ódio. Mas, depois que acontece, é uma mansidão geral, até a próxima escala. Só que tem dia que eu acordo — eu e um monte de gente que fez esta descoberta — doida pra escrever. Não me vem nem a ideia do café da manhã. É que tem bastante gente que precisa tomar café primeiro. Mas eu sou uma mineira estranha: não curto nem café, nem tropeiro, nem praia. Mas aí eu corro pro computador e piro geral. Vai que dá certo? Costuma.
A escrita é uma mistura inexplicável de força, memória, conexões, leituras, falatórios, horas de filmes bons e ruins, uma vida inteira de ações e reações, atenção, desatenção, amor e desamor, ímpetos, convicções, perdões, convenções, aulas de tudo quanto há, escola, muita escola, contenção, habilidade, um tico de tendências sadomasô, exibicionismo, em algum grau, experiência em qualquer medida, mas, fundamentalmente, desobediência. A escrita nem te suga nem nada. Você acorda doidão, corre pra máquina que for (pode ser lápis, pois ela não é muito específica), escreve, escreve, escreve, sente que secou, murchou ou brochou, e continua o dia. Não desgasta, sabe? E enche, enche tudo de novo, que nem caixa d’água (quer dizer… aí depende…).
Hoje eu acordei doida pra escrever. Note-se que nem tinha muito o que dizer. Isso também acontece. No entanto, não é bem um problema quando isso rola. Tanta gente não tem nada a dizer! Ora, bolas. Nem é preciso ter um ostentável conteúdo para escrever. Milhares e milhares de estudantes fazem isso, todos os anos, quando escrevem algumas sofridas (e sofríveis) linhas sobre o que não sabem. Já imaginou? Ter de escrever o que nunca foi pensado antes? É a tarefa mais ingrata que há. Digo sempre isso aos alunos que passam ali pelo meu quadrado: sua tarefa é a pior que há, meu caro. Depois desta, qualquer coisa funciona. Imagine o comando: Escreva aí, nesta sala bege ou verde-hospital, sem livros nem nada o que consultar, bem rapidamente, sob o olhar lancinante deste fiscal mal pago, sobre um tema que você conhecerá neste instante. OK. Está dada a largada. Se isso for possível, o resto será festa.
Não. Escritor doido pra escrever tem tempo, tem paixão, tem uns dias, uns meses, uns anos, uns livros e muita gente com quem conversar. Muitas vezes, escrever sucede a pesquisa. Pesquisa mesmo, com roteiros, leituras, entrevistas, consultas. Quem é doido por escrever costuma ter uma sala, um quarto, uma estante, uma prateleira, um computador, o que seja… mas cheios de coisas pra ler, pra olhar, pra visitar, pra levar debaixo do braço. Pensa, pensa, daí vem um ímpeto. A gente fica fogoso, um dia. Não pode nem ver uma folha de papel, uma tela em branco, que o fogo acende.
Mas vá lá. É preciso saber ficar doido pra escrever. Ligar a ignição. Tá tudo calmo e quieto, vontade alguma, só pensando no mato pra capinar ou na graxa do portão, mas chega uma demanda de escrever. Quem não entende do riscado pensa que é assim, ó: “Senta e escreve, bora lá”. E a gente faz. Aprende a riscar a faca no chão até dar faísca. Pedra com pedra. Fósforo. Lente no sol. Queima até o que não tem. Doidos pra escrever são perigosos. Acordei doida pra escrever. E nem era só um prazo expirado. Era uma energia transbordando aqui e ali. Calibrada? Níveis normais? Vamos agora ao dia, pra ter mais o que escrever, nas próximas linhas.

RIBEIRO, Ana Elisa. Doida pra escrever. In: RIBEIRO, Ana Elisa. Doida pra escrever. Belo Horizonte: Moinhos, 2021. p. 10-12. Disponível em: https://rubem.wordpress.com/2023/03/08/doida-praescrever-ana-elisa-ribeiro/.
No início do texto, a autora compara a necessidade de escrever a certas sensações físicas e a eventos naturais. Qual é a finalidade dessas comparações, e o que elas revelam sobre o processo de escrita para a autora?
Alternativas
Q3060691 Português
Leia, com atenção, o texto e, a seguir, responda à questão.


De gramática e de linguagem
Mário Quintana

E havia uma gramática que dizia assim:
“Substantivo (concreto) é tudo quanto indica
Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta”.
Eu gosto das cousas. As cousas sim!...
As pessoas atrapalham. Estão em toda parte. Multiplicam-se em excesso.
As cousas são quietas. Bastam-se. Não se metem com ninguém.
Uma pedra. Um armário. Um ovo. (ovo, nem sempre,
Ovo pode estar choco: é inquietante...)
As cousas vivem metidas com as suas cousas.
E não exigem nada.
Apenas que não as tirem do lugar onde estão.
E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.
Para quê? Não importa: João vem!
E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão,
Amigo ou adverso... João só será definitivo
Quando esticar a canela. Morre, João...
Mas o bom mesmo, são os adjetivos,
Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.
Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. Luminoso.
Sonoro. Lento. Eu sonho
Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos
Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais.
Ainda mais:
Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:
Basta provares o seu gosto...

Disponível em: http://www.pensador.com/frase/. Acesso em: 21 jan. 2024.
Sobre o termo “cousas” usado no texto, é CORRETO afirmar que 
Alternativas
Q3060667 Português
Leia, com atenção, o texto e, a seguir, responda à questão.

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Analise as afirmativas tendo em vista o texto.

I. A temática está relacionada ao surgimento de novas formas de produção com a evolução das tecnologias.
II. Os elementos linguísticos “IA” e “algoritmos” estão relacionados à temática do texto.
III. A linguagem não verbal apresenta elementos que contribuem para reforçar a temática do texto.
IV. Os personagens apresentam, claramente, posições divergentes em relação à temática abordada.
V. As falas das personagens revelam que a evolução tecnológica pode trazer transformações significativas aos modos de produção.

Estão CORRETAS as afirmativas 
Alternativas
Q3060666 Português
Leia, com atenção, o texto e, a seguir, responda à questão.

texto16.png (805×660)
Analise as afirmativas, tendo em vista as inferências que se podem fazer sobre o texto.

I - O símbolo ® acima do nome “Pelé” indica que se trata de uma marca registrada e é uma forma usada como proteção dessa marca.
II - O verbete da palavra “pelé”, entre outras informações, fornece, além do número de sílabas, as classes gramaticais e os gêneros que essa palavra pode assumir.
III - O uso das funções metalinguística e apelativa está relacionado à intencionalidade do texto.
IV - O termo “pelé”, ao ser usado, pode passar pelo processo de derivação imprópria, uma vez que pode mudar de classe gramatical.
V - O verbete contém exemplos que foram construídos com o uso da linguagem metafórica.

Estão CORRETAS as afirmativas 
Alternativas
Q3060628 Português
INSTRUÇÃO:  Leia, com atenção, o texto 06 e, a seguir, responda à questão, que a ele se refere.  

    Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado. Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Ambos tinham toda a razão. Não era que um via uma coisa e outro outra, ou um via um lado das coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro. Mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão.
        Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.

Fernando Pessoa

Disponível em: https://www.pensador.com/frase/. Acesso em: 21 jan. 2024. 
Sobre o texto, é CORRETO afirmar que o narrador 
Alternativas
Q3060626 Português
INSTRUÇÃO:  Leia, com atenção, o texto 06 e, a seguir, responda à questão, que a ele se refere.  

    Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado. Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões. Ambos tinham razão. Ambos tinham toda a razão. Não era que um via uma coisa e outro outra, ou um via um lado das coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro. Mas cada um via uma coisa diferente, e cada um, portanto, tinha razão.
        Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.

Fernando Pessoa

Disponível em: https://www.pensador.com/frase/. Acesso em: 21 jan. 2024. 
O narrador do texto chega à conclusão que 
Alternativas
Q3060518 Português
Leia o texto a seguir para responder à questão.

Violência de gênero: índices são ruins e devem piorar

19 de julho de 2024

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que falhamos miseravelmente em proteger crianças, mulheres e a população negra (de todos os gêneros, regiões ou idade), alvos prioritários de todos os tipos de violência.

No mesmo tempo em que você gasta assistindo a 20 vídeos de 30 segundos no TikTok, uma brasileira é estuprada. É bastante provável que essa vítima tenha no máximo 13 anos. Também são grandes as chances de ela ser negra e estar presa em casa com seu algoz — seu pai, irmão, tio, primo, avô, vizinho, padrasto, padrinho, um “amigo” da família… Pode ser inclusive que todos eles queiram  “tirar uma casquinha”. O que não muda é o fato de serem sempre homens próximos e “de confiança”.

Esse é o resumo de alguns dos dados mais cruéis revelados na quinta-feira (18), no Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o documento parte de informações fornecidas em 2023 por secretarias de segurança estaduais, pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes oficiais, que confirmam o quanto falhamos miseravelmente em proteger crianças, mulheres e a população negra (de todos os gêneros, regiões ou idade), alvos prioritários de todos os tipos de violência.

No recorte de gênero, de 2022 para cá, cresceram todas as modalidades de ataques contra as mulheres. No ano passado, foram 1.467 vítimas do feminicídio (+ 0,8%); 258.941 registros de agressões recorrentes de violência doméstica (+ 9,8%); 38.507 de constrangimento psicológico (+ 33,8%). 

Nesse contingente da população, foram concedidas 540.255 medidas protetivas de urgência (+ 26,7%); 778.921 (+ 16,5%) mulheres foram ameaçadas; 8.372 sobreviveram à tentativa de homicídio (+ 9,2%) e 2.797 à de feminicídio (+ 7,1%); e 77.083 denunciaram stalking (+ 34,5%).

No Brasil, as mártires do feminicídio são negras, têm entre 18 e 44 anos e estavam em casa em 64,3% dos crimes — não há lugar seguro no planeta quando se é mulher. Seus assassinos em sua maioria são homens (90%) — parceiro íntimo, ex-parceiro ou familiar.

Fonte: SILVA, Adriana Ferreira. Violência de gênero: índices são ruins e devem piorar. Nexo Jornal, 19 jul. 2024. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2024/07/19/violencia-degener o-indices-sao-ruins-e-devem-piorar. Acesso em: 27 ago. 2024
De acordo com o texto “Violência de gênero: índices são ruins e devem piorar”, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública revela que no Brasil _______________, destacando a vulnerabilidade específica de grupos como crianças, mulheres e a população negra. O trecho que completa adequadamente a frase é:
Alternativas
Q3060516 Português
Leia o texto a seguir para responder à questão.

TSE tem jurisprudência pacificada sobre fraude à cota de gênero para as Eleições 2024

Prazo para a convenção partidária começa no dia 20 de julho. Propaganda intrapartidária pode ser feita 15 dias antes da data do evento 


A duas semanas do início do prazo para que as agremiações políticas e as federações partidárias possam realizar convenções para a escolha de candidatas e de candidatos aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador, é importante destacar que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem jurisprudência consolidada sobre os elementos que caracterizam a fraude à cota de gênero e que esse entendimento será adotado para as Eleições Municipais de 2024. O objetivo do TSE é combater esse tipo de fraude e incentivar candidaturas femininas reais para que a igualdade de gênero cresça cada vez mais no meio político.

Essa jurisprudência pacificada fez com que o TSE aprovasse, na sessão administrativa de 16 de maio deste ano, a Súmula 73 sobre a fraude à cota de gênero. O texto tem como meta orientar partidos, federações, candidatas, candidatos e julgamentos da própria Justiça Eleitoral (JE) sobre a questão. A ideia é que haja um padrão a ser utilizado pela JE quanto ao tema para as Eleições 2024.

[…]

Fonte: TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE). TSE tem jurisprudência pacificada sobre fraude à cota de gênero para as Eleições 2024. Disponível em:
https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2024/Julho/tse-temjurisprudencia-pacificada-sobre-fraude-a-cota-de-genero-para-aseleicoes-2024. Acesso em: 27 ago. 2024.
Com base no texto, assinale a alternativa que melhor expressa o objetivo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em relação à cota de gênero nas Eleições Municipais de 2024: 
Alternativas
Q3060514 Português
Leia o texto para responder à questão.

Favela

Barracos
montam sentinela
na noite
Balas de sangue
derretem corpos
no ar.
Becos bêbados
sinuosos labirínticos
vela o tempo escasso
de viver.

Fonte: EVARISTO, Conceição. Favela. In: Poemas de recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2017.
Qual é a crítica social implícita na temática do poema?
Alternativas
Q3060367 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.

As pessoas que se voluntariam para serem infectadas por doenças

Era um voluntariado incomum. Mas ali estavam eles: um grupo de jovens adultos, aguardando para serem atacados por mosquitos portadores de um parasita que mata mais de 600 mil pessoas todos os anos.

O grupo havia concordado em fazer parte de um estudo médico do Instituto Jenner da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Era o teste de uma nova vacina contra a malária.

Conhecida como "R21", a vacina foi recebida com grande entusiasmo pelos cientistas, desde os primeiros anúncios.

O teste ocorreu em 2017, mas o instituto vinha realizando experimentos similares com mosquitos desde 2001.

Cada voluntário foi levado para um laboratório. Ali, sobre uma mesa, havia um pequeno recipiente, do tamanho de uma xícara de café, coberto por uma gaze.

Dentro, havia cinco mosquitos barulhentos, importados da América do Norte e infectados com o parasita da malária. O voluntário colocaria seu braço contra o topo do recipiente, para que os mosquitos pudessem trabalhar, picando a pele do voluntário através da cobertura.

À medida que os insetos sugavam o sangue da vítima voluntária, a saliva dos mosquitos, usada para evitar que sua refeição se coagule, poderia levar o parasita da malária para dentro da ferida. A esperança era que a vacina oferecesse aos voluntários proteção suficiente para que eles não desenvolvessem a doença.

Este é um exemplo clássico do que é conhecido como estudo de infecção humana controlada. Neste tipo de experimento, os voluntários são deliberadamente expostos a uma doença.

Pode parecer perigoso, talvez até imprudente, expor conscientemente uma pessoa a uma infecção que poderá deixá-la seriamente doente. Mas esta técnica se tornou popular nas últimas décadas, no setor de pesquisas médicas, e tem gerado resultados, com algumas conquistas médicas importantes.

Os cientistas comprovaram que a vacina R21 apresenta eficácia de até 80% na prevenção da malária. Ela se tornou a segunda vacina contra a doença a ser recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Recentemente, as primeiras doses da vacina foram administradas a bebês na Costa do Marfim e no Sudão do Sul − dois países que perdem milhares de pessoas todos os anos em decorrência da doença.

E, segundo os cientistas, tudo isso foi possível, em parte, porque os voluntários se dispuseram a expor seus braços àquelas xícaras repletas de mosquitos.

"Ao longo dos últimos 20 anos, houve um notável renascimento dos estudos de infecção humana", afirma o professor de vacinologia Adrian Hill, diretor do Instituto Jenner. "Modelos de infecção têm sido usados para tudo, desde gripe até covid-19. É realmente muito importante."

Agora, os cientistas tentam infectar voluntários deliberadamente com cada vez mais doenças, na esperança de desenvolver vacinas e tratamentos cada vez mais eficazes.

Patógenos como zika, febre tifoide e cólera já foram usados em estudos de infecção humana controlada. E outros vírus estão entre os futuros candidatos, como o da hepatite C.

Não existe um registro central de estudos de infecção humana controlada. Mas Hill estima que eles tenham contribuído com pelo menos 12 vacinas nas últimas duas décadas.

Uma análise sistemática encontrou 308 estudos de infecção humana entre 1980 e 2021, que expuseram os participantes a patógenos vivos. Seus proponentes acreditam que os benefícios destes estudos superam amplamente os riscos, se forem corretamente conduzidos.

Mas alguns testes recentes questionaram as fronteiras da ética médica, fazendo com que alguns cientistas importantes passassem a se sentir desconfortáveis com a velocidade de condução desses experimentos, que eram um tabu até pouco tempo atrás.

https://www.bbc.com/portuguese/articles/cjw31gyewx3o
De acordo com o texto é INCORRETO afirmar que:
Alternativas
Q3060299 Português
Canhotismo

   O dia 13 de agosto marca o Dia Internacional do Canhoto, uma data que serve para reconhecer as pessoas que usam principalmente a mão esquerda como dominante. Uma pesquisa publicada em 2020 mostrou que a esmagadora maioria das pessoas no mundo é destra — tem o lado direito como dominante. Porém, embora seja comum muitas pessoas tentarem mudar a prevalência do canhotismo, a realidade é que ser canhoto é uma característica que se desenvolve antes do nascimento, mas pouco se sabe sobre sua base biológica. É provável que a preferência por uma mão surja como parte do processo de desenvolvimento que diferencia os lados direito e esquerdo do corpo. Mas, além disso, é provável que outros fatores, como o ambiente pré-natal e as influências culturais, também contribuam para a destreza.

    A peculiaridade de ser canhoto está sendo estudada. Pensava-se que apenas um gene controlava a destreza mas estudos mais recentes sugerem que vários genes contribuem para essa característica. Os estudos reconhecem que pelo menos alguns desses genes ajudam a determinar a assimetria direita-esquerda geral do corpo desde os primeiros estágios de desenvolvimento. Outro ponto é que essa habilidade não tem um padrão simples de herança, embora filhos de pais canhotos tenham maior probabilidade de serem canhotos do que filhos de pais destros. Além disso, gêmeos idênticos têm maior probabilidade de serem destros ou canhotos do que gêmeos não idênticos.

   Se a história serve de referência, não é de surpreender que tão poucas pessoas no mundo usem a mão esquerda para realizar suas atividades. Durante vários anos, esse grupo de pessoas foi perseguido. Existe até um nome para o medo de ser canhoto: "sinistrofobia". Um artigo publicado em 2011 lembra que muitos educadores e médicos no início do século XX forçavam as crianças a escrever com a mão direita, e os métodos usados para isso eram muitas vezes torturantes. Entretanto, vários educadores começaram a questionar a prática de reeducar os canhotos, suspeitando que essa prática teria consequências negativas para toda a vida.

    Com o passar do tempo, a compreensão da questão cresceu e agora se sabe que não há nada de errado com os canhotos. De fato, os especialistas enfatizam a importância de permitir que as crianças (e, é claro, os adultos) realizem suas atividades com a mão que preferirem e não forçá-las a usar a mão direita.


Redação National Geographic Brasil – Adaptado
De acordo com as ideias apresentadas no texto, avaliar se as afirmativas são certas (C) ou erradas (E) e assinalar a sequência correspondente.
( ) A herança genética é simples e bem determinada. ( ) Sinistrofobia significa ter medo de canhotos. ( ) Hoje em dia compreende-se que não há nada de errado com os canhotos.
Alternativas
Q3060296 Português
Canhotismo

   O dia 13 de agosto marca o Dia Internacional do Canhoto, uma data que serve para reconhecer as pessoas que usam principalmente a mão esquerda como dominante. Uma pesquisa publicada em 2020 mostrou que a esmagadora maioria das pessoas no mundo é destra — tem o lado direito como dominante. Porém, embora seja comum muitas pessoas tentarem mudar a prevalência do canhotismo, a realidade é que ser canhoto é uma característica que se desenvolve antes do nascimento, mas pouco se sabe sobre sua base biológica. É provável que a preferência por uma mão surja como parte do processo de desenvolvimento que diferencia os lados direito e esquerdo do corpo. Mas, além disso, é provável que outros fatores, como o ambiente pré-natal e as influências culturais, também contribuam para a destreza.

    A peculiaridade de ser canhoto está sendo estudada. Pensava-se que apenas um gene controlava a destreza mas estudos mais recentes sugerem que vários genes contribuem para essa característica. Os estudos reconhecem que pelo menos alguns desses genes ajudam a determinar a assimetria direita-esquerda geral do corpo desde os primeiros estágios de desenvolvimento. Outro ponto é que essa habilidade não tem um padrão simples de herança, embora filhos de pais canhotos tenham maior probabilidade de serem canhotos do que filhos de pais destros. Além disso, gêmeos idênticos têm maior probabilidade de serem destros ou canhotos do que gêmeos não idênticos.

   Se a história serve de referência, não é de surpreender que tão poucas pessoas no mundo usem a mão esquerda para realizar suas atividades. Durante vários anos, esse grupo de pessoas foi perseguido. Existe até um nome para o medo de ser canhoto: "sinistrofobia". Um artigo publicado em 2011 lembra que muitos educadores e médicos no início do século XX forçavam as crianças a escrever com a mão direita, e os métodos usados para isso eram muitas vezes torturantes. Entretanto, vários educadores começaram a questionar a prática de reeducar os canhotos, suspeitando que essa prática teria consequências negativas para toda a vida.

    Com o passar do tempo, a compreensão da questão cresceu e agora se sabe que não há nada de errado com os canhotos. De fato, os especialistas enfatizam a importância de permitir que as crianças (e, é claro, os adultos) realizem suas atividades com a mão que preferirem e não forçá-las a usar a mão direita.


Redação National Geographic Brasil – Adaptado
Com base nas informações apresentadas no texto, é CORRETO afirmar que:
Alternativas
Q3059922 Português
 Texto para o item.


Internet: <www.repositorio.ufsc.br> (com adaptações).

Com base nas ideias do texto, julgue o item seguinte.


O conceito de arquitetura hostil e a teoria das janelas quebradas surgiram no final do século XX.

Alternativas
Q3059921 Português
 Texto para o item.


Internet: <www.repositorio.ufsc.br> (com adaptações).

Com base nas ideias do texto, julgue o item seguinte.


Embora as estratégias da arquitetura hostil sejam questionadas, é certo que a limpeza que se almeja por meio desse procedimento é alcançada. 

Alternativas
Q3059920 Português
 Texto para o item.


Internet: <www.repositorio.ufsc.br> (com adaptações).

Com base nas ideias do texto, julgue o item seguinte.


Embora o público‑alvo da arquitetura hostil sejam, principalmente, os skatistas e a população em situação de rua, as instalações feitas afetam toda a população.

Alternativas
Q3059919 Português
 Texto para o item.


Internet: <www.repositorio.ufsc.br> (com adaptações).

Com base nas ideias do texto, julgue o item seguinte.


Está implícita no texto a ideia de que as concepções de Bauman vão ao encontro do que se entende por sustentabilidade social.

Alternativas
Respostas
301: A
302: B
303: C
304: B
305: E
306: C
307: A
308: E
309: B
310: B
311: E
312: C
313: A
314: B
315: D
316: A
317: E
318: E
319: C
320: C