Questões de Português - Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto para Concurso
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“O cego Estrelinho”
Mia Couto
O cego Estrelinho era pessoa de nenhuma vez: sua história poderia ser contada e descontada não fosse seu guia, Gigito Efraim. A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades. Aquela mão era repartidamente comum, extensão de um no outro, siamensal. E assim era quase de nascença. Memória de Estrelinho tinha cinco dedos e eram os de Gigito postos, em aperto, na sua própria mão.
O cego, curioso, queria saber de tudo. Ele não fazia cerimónia no viver. O sempre lhe era pouco e o tudo insuficiente. Dizia, deste modo:
— Tenho que viver já, senão esqueço-me.
Gigitinho, porém, o que descrevia era o que não havia. O mundo que ele minuciava eram fantasias e rendilhados. A imaginação do guia era mais profícua que papaeira. O cego enchia a boca de águas:
— Que maravilhação esse mundo. Me conte tudo, Gigito!
A mão do guia era, afinal, o manuscrito da mentira. Gigito Efraim estava como nunca esteve S. Tomé: via para não crer. O condutor falava pela ponta dos dedos. Desfolhava o universo, aberto em folhas. A ideação dele era tal que mesmo o cego, por vezes, acreditava ver. O outro lhe encorajava esses breves enganos:
— Desbengale-se, você está escolhendo a boa procedência!
Mentira: Estrelinho continuava sem ver uma palmeira à frente do nariz. Contudo, o cego não se conformava em suas escurezas. Ele cumpria o ditado: não tinha perna e queria dar o pontapé. Só à noite, ele desalentava, sofrendo medos mais antigos que a humanidade. Entendia aquilo que, na raça humana, é menos primitivo: o animal.
— Na noite aflige não haver luz?
— Aflição é ter um pássaro branco esvoando dentro do sono.
Pássaro branco? No sono? Lugar de ave é nas alturas. Dizem até que Deus fez o céu para justificar os pássaros. Estrelinho disfarçava o medo dos vaticínios, subterfugindo:
— E agora, Gigitinho? Agora, olhando assim para cima, estou face ao céu?
Que podia o outro responder? O céu do cego fica em toda a parte. Estrelinho perdia o pé era quando a noite chegava e seu mestre adormecia. Era como se um novo escuro nele se estreasse em nó cego. Devagaroso e sorrateiro ele aninhava sua mão na mão do guia. Só assim adormecia. A razão da concha é a timidez da amêijoa? Na manhã seguinte, o cego lhe confessava: se você morrer, tenho que morrer logo no imediato. Senão-me: como acerto o caminho para o céu?
Foi no mês de dezembro que levaram Gigitinho. Lhe tiraram do mundo para pôr na guerra: obrigavam os serviços militares. O cego reclamou: que o moço inatingia a idade. E que o serviço que ele a si prestava era vital e vitalício. O guia chamou Estrelinho à parte e lhe tranquilizou:
— Não vai ficar sozinhando por aí. Minha mana já mandei para ficar no meu lugar.
O cego estendeu o braço a querer tocar uma despedida. Mas o outro já não estava lá. Ou estava e se desviara, propositado? E sem água ida nem vinda, Estrelinho escutou o amigo se afastar, engolido, espongínquo, inevisível. Pela pimeira vez, Estrelinho se sentiu invalidado.
— Agora, só agora, sou cego que não vê.
(...)
COUTO, Mia. Estórias abensonhadas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. (Pág 23 e 24).
Quanto à interpretação do fragmento do conto, podemos afirmar que:
Leia o texto abaixo e responda às questões que se seguem.
O que constrói o elo social, o que faz existirem tantos vínculos? Está ficando cada vez mais difícil viver em sociedade, bem sabemos. Nossos tempos privatizaram muito do que era público. “A praça é do povo, como o céu é do condor”: o verso de Castro Alves parece, hoje, estranho. Quem vai à praça? A praça, aliás, era já uma herdeira pobre da ágora, da praça ateniense, que não foi lugar do footing ou da conversa mole, mas da decisão política. A ágora era praça no sentido forte, onde as questões cruciais da coletividade eram debatidas e decididas.
Mas mesmo a praça, na acepção de espaço em que as pessoas se socializam, se enfraqueceu. É significativo que Roberto DaMatta, ao analisar a oposição entre o mundo doméstico e o público na sociedade brasileira, oponha à casa a rua, e não a praça. A praça favorece a circulação, no sentido quase etimológico, do círculo, da ida e vinda, do encontro e reencontro: quem se lembra do que se chamava footing nas cidades do interior (os rapazes e moças dando voltas na praça, uns no sentido do relógio e outros no contrário, de modo a se cruzarem seguidas vezes) sabe do que falo. Já a rua é caminho de ida sem volta. Fica-se na praça, anda-se na rua. Vai-se, sai-se.
Ou tomemos outro lado da mesma questão. Como puxamos assunto com um estranho? Alfred Jarry, o autor de Ubu rei, dizia que um dia encontrou uma moça linda, na sala de espera de um médico. Não sabia como abordá-la – como iniciar a conversa. Sacou então de um revólver, deu um tiro no espelho que havia ali, voltou-se para ela e disse: Mademoiselle, agora que quebramos la glace(palavra que quer dizer tanto o gelo quanto o espelho)... É óbvio que era uma brincadeira; a piada valia mais para ele do que a conquista amorosa; imagino a moça gritando, fugindo; mas a questão fica: como quebrar o gelo, como criar um elo?
Stendhal, no seu ensaio “A comédia é impossível em 1836”, diz que os cortesãos, reunidos em Versalhes por Luís XIV, obrigados a ficar lá o dia todo, ou achavam assunto – ou morreriam de tédio. Assim, diz ele, nasceu a arte da conversa. Temas pequenos, leves, mas sobretudo agradáveis começaram a constituir um ponto de encontro de seus desejos e interesses. É nesse mesmo século XVII, segundo Peter Burke [...], que franceses, ingleses e italianos reivindicam a invenção da conversa como arte. Regra suprema: não falar de negócios ou trabalho. Regra suplementar: agradar às mulheres. A arte da conversa é uma retórica do dia a dia. Ela se abre até mesmo para uma dimensão segunda, que é a arte da sedução. Casanova era grande conversador e sedutor renomado.
Eis a questão: uma sociedade que se civiliza precisa de assuntos que sirvam de ponto de encontro para as pessoas, e sobretudo para os estranhos que assim entram em contato. No campo, conheço quase todos os vizinhos; na cidade grande, porém, a maioria é de estranhos. Sai-se do mundo rural quando se começa a conhecer o diferente, o outro – e a aceitá-lo. Isso se dá mediante a oferta de assuntos que abram uma conversa.
Daí a importância de expressões que minimizam ou mesmo aparentemente humilham essa conversa mole, como o small talk, o papo furado ou a bela expressão “jogar conversa fora”, que é muitíssimo sutil, porque dilapidamos palavras justamente para construir amizades, isto é, dissipamos nosso tempo, como num potlatch indígena, precisamente para criar o que há de melhor na vida.
(RIBEIRO, Renato J. )
Para persuadir o leitor a concluir como ele, vale-se o articulista de todas as estratégias argumentativas a seguir, COM EXCEÇÃO DE:
Para responder às questões de 1 a 3, leia o texto abaixo.
As raízes do racismo
Drauzio Varella
Somos seres tribais que dividem o mundo em dois grupos: o "nosso" e o "deles". Esse é o início de um artigo sobre racismo publicado na revista "Science", como parte de uma seção sobre conflitos humanos, leitura que recomendo a todos.
Tensões e suspeições intergrupais são responsáveis pela violência entre muçulmanos e hindus, católicos e protestantes, palestinos e judeus, brancos e negros, heterossexuais e homossexuais, corintianos e palmeirenses.
Num experimento clássico dos anos 1950, psicólogos americanos levaram para um acampamento adolescentes que não se conheciam.
Ao descer do ônibus, cada participante recebeu aleatoriamente uma camiseta de cor azul ou vermelha. A partir desse momento, azuis e vermelhos faziam refeições em horários diferentes, dormiam em alojamentos separados e formavam equipes adversárias em todas as brincadeiras e práticas esportivas.
A observação precisou ser interrompida antes da data prevista, por causa da violência na disputa de jogos e das brigas que irrompiam entre azuis e vermelhos.
Nos anos que se seguiram, diversas experiências semelhantes, organizadas com desconhecidos reunidos de forma arbitrária, demonstraram que consideramos os membros de nosso grupo mais espertos, justos, inteligentes e honestos do que os "outros".
Parte desse prejulgamento que fazemos "deles" é inconsciente. Você se assusta quando um adolescente negro se aproxima da janela do carro, antes de tomar consciência de que ele é jovem e tem pele escura, porque o preconceito contra homens negros tem raízes profundas.
Nos últimos 40 anos, surgiu vasta literatura científica para explicar por que razão somos tão tribais. Que fatores em nosso passado evolutivo condicionaram a necessidade de armar coligações que não encontram justificativa na civilização moderna? Por que tanta violência religiosa? Qual o sentido de corintianos se amarem e odiarem palmeirenses?
Seres humanos são capazes de colaborar uns com os outros numa escala desconhecida no reino animal, porque viver em grupo foi essencial à adaptação de nossa espécie. Agrupar-se foi a necessidade mais premente para escapar de predadores, obter alimentos e construir abrigos seguros para criar os filhos.
A própria complexidade do cérebro humano evoluiu, pelo menos em parte, em resposta às solicitações da vida comunitária.
Pertencer a um agrupamento social, no entanto, muitas vezes significou destruir outros. Quando grupos antagônicos competem por território e bens materiais, a habilidade para formar coalizões confere vantagens logísticas capazes de assegurar maior probabilidade de sobrevivência aos descendentes dos vencedores.
A contrapartida do altruísmo em relação aos "nossos" é a crueldade dirigida contra os "outros".
Na violência intergrupal do passado remoto estão fincadas as raízes dos preconceitos atuais. As interações negativas entre nossos antepassados deram origem aos comportamentos preconceituosos de hoje, porque no tempo deles o contato com outros povos era tormentoso e limitado.
Foi com as navegações e a descoberta das Américas que indivíduos de etnias diversificadas foram obrigados a conviver, embora de forma nem sempre pacífica. Estaria nesse estranhamento a origem das idiossincrasias contra negros e índios, por exemplo, povos fisicamente diferentes dos colonizadores brancos.
Preconceito racial não é questão restrita ao racismo, faz parte de um fenômeno muito mais abrangente que varia de uma cultura para outra e que se modifica com o passar do tempo. Em apenas uma geração, o apartheid norte-americano foi combatido a ponto de um negro chegar à Presidência do país.
O preconceito contra "eles" cai mais pesado sobre os homens, porque eram do sexo masculino os guerreiros que atacavam nossos ancestrais. Na literatura, essa constatação recebeu o nome de hipótese do guerreiro masculino.
A evolução moldou nosso medo de homens que pertencem a outros grupos. Para nos defendermos deles, criamos fronteiras que agrupam alguns e separam outros em obediência a critérios de cor da pele, religião, nacionalidade, convicções políticas, dialetos e até times de futebol.
Demarcada a linha divisória entre "nós" e "eles", discriminamos os que estão do lado de lá. Às vezes com violência.
Considere as afirmações abaixo.
I. O autor afirma que a ciência comprova que há, naturalmente, grupos superiores a outros e isso justifica o racismo.
II. O autor afirma que apenas os homens tribais, não evoluídos, apresentam preconceito.
Está correto o que se afirma em
Metendo a tesoura
Ganhei de minha filha uma calça jeans realmente irada. Tão irada, que já veio rasgada, esfolada, remendada. Coisa da moda. Da moda de hoje. Talvez de ontem, coisa que começou nos anos 60.
Rubem Braga dizia que ele era do tempo em que geladeira era branca e telefone era preto. Com efeito, houve um tempo, algo entre o Mesozoico e o Paleolítico superior, em que todos os automóveis eram pretos e as etiquetas sociais eram outras. Mas ganhei esse jeans iradíssimo, surradíssimo e, contraditoriamente, novo. Lembrei-me de quando fui lecionar na Califórnia nos anos 60 (ah! Os anos 60! “those were the days, my friend, I thouught they’ll never end”) (que quer dizer – aqueles foram os dias, meu amigo, pensei que eles nunca fossem terminar) e no primeiro dia de aula causou-me surpresa ver os estudantes de bermuda na aula, mas uma bermuda toda desfiada, meio rasgada. Meninos e meninas meio molambentos, até descalços, e não eram mendigos, eram jovens californianos ricos, cheios de dentes e brilho nos olhos e na pele, falando alto e achando que o mundo era deles. E quase era. Mas muitos deles foram morrer no Vietnã.
Mas eu via aqueles garotos em plena emergência da ideologia hippie, e pensava: eles brincam de pobre porque são ricos, vai ver que nunca viram um, por isto, estão se fantasiando assim. Enfim, fazia parte da revolução de costumes, inverter papeis, subverter o sistema.
Mas o fato é que ganhei aquele jeans. Não era tão degenerado como um que vi o Ronaldinho, numa foto, usando, rasgado de propósito no joelho e que ele botou para ir a uma festa, como se estivesse de fraque. Examinei o meu jeans e dentro, costurado, havia não sei quantas etiquetas dizendo que veio do México com sofisticadas instruções de como lavar o valioso traste. Quer dizer, a moda é do “trash”, mas a gente tem que, mesmo assim, ter cuidado para não estragar o estragado. Então, o experimentei. E ficou ótimo. Cintura baixa, “muderno”. Meio esfolado, com desgaste e talhos aqui e ali.
Terei coragem? Não fica ridículo num coroa? Mas há muito que aceito, aliás, obedeço sugestões de vestuários das filhas e da mulher. Me olhei no espelho e voltei a ter 27 ou 17 anos talvez.
Mas estava sobrando quatro ou cindo dedos de pano na bainha. Tem uma loja ali na esquina que faz bainha, me lembram. Mas aí, o grande paradoxo: como e por que levar para fazer bainha num jeans desmazelado? Que hipocrisia é essa? Estou tendo de ler notícias sobre o Severino*, estou tendo que enfrentar tiroteios na Linha Vermelha. Guerra é guerra, uai! Na véspera, uma amiga disse que a filha compra roupas e, quando estão meio grandes, mete a tesoura na sobrante bainha, forçando até para que o tecido desfiasse.
Houve um tempo em que o telefone e a geladeira eram pretos e quem tivesse um fiapo na roupa morria de vergonha. Agora saímos para mostrar a descostura, o avesso, a etiqueta do fabricante, o rasgão.
Ou seja, como nas bienais, o rascunho virou obra de arte.
Affonso Romano de Sant’Anna
* Severino – Político pernambucano. Foi presidente da Câmara dos Deputados entre fevereiro e setembro de 2005, quando renunciou.
“ah! Os anos 60!”. O sinal de pontuação usado nesse trecho expressa:
Atenção! O texto a seguir refere-se às questões 05, 06 e 07!
Um texto publicitário do desodorante tradicional Leite de Rosas, publicado em O Globo de 29/07/2014, dizia o seguinte:
Francisco tinha um amor que era Lurdes e uma paixão que era Rosa
A história começa em 29 de julho de 1929. Francisco era um homem pobre do Ceará que aos 52 anos veio do Amazonas com uma fórmula secreta para o Rio de Janeiro, onde lançou o Leite de Rosas. Com a ajuda da mulher Maria de Lurdes, e de um instinto único para o marketing e a inovação, Francisco fazia o produto em casa. O tempo passou, as vendas cresceram e o sucesso veio ano após ano, década após década. 85 anos depois, o Leite de Rosas continua na prateleira, no coração e na preferência das mulheres e dos homens brasileiros. Continua 100% nacional e familiar. Mais do que isso, o Leite de Rosas hoje é dos milhões de famílias brasileiras que ajudaram a fazer uma história tão bonita de um produto de beleza.
O principal objetivo de um texto publicitário é
Analise o texto abaixo para responder às questões 09 e 10:
Aperte enter para terminar
‘Acabou’, dizia a mensagem que Mariana recebeu após 4 anos de namoro – ela nunca mais o viu. Na era da paquera no Tinder, o fim também é virtual
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/226034- aperte-enter-para-terminar.shtml Acesso em 28/04/2016.)
TEXTO I
O cérebro pós-moderno: como as redes sociais nos transformam
A internet não mudou somente a forma como as pessoas produzem, criam, se comunicam e se divertem. De acordo com o neurocientista Gary Small, diretor do Centro de Pesquisa em Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia (UCLA), ela altera o funcionamento do cérebro.
“Sob certo aspecto, essa revolução digital nos mergulhou em um estado contínuo de atenção parcial. Estamos permanentemente ocupados, acompanhando tudo. Não nos focamos em nada. (…) As pessoas passam aexistir num ritmo de crise constante, em alerta permanente, sedentas de um novo contato ou um novo bit de informação”. Gary Small.
Essa sede por novidades, por consumir toda a informação disponível, é o que ocorre com as redes de relacionamento, segundo a pesquisa do Doutor Small. Ao nos acostumarmos a essa excitação, procuramos estar constantemente conectados. “As redes sociais são particularmente sedutoras. Elas nos permitem constantemente satisfazer nosso desejo humano por companhia e interação social”.
Um estudo que está sendo realizado na Universidade da Califórnia começou a desvendar o efeito que as redes sociais produzem no organismo. Os resultados mostraram que twittar, por exemplo, estimula a liberação de níveis de ocitocina e, consequentemente, diminui os níveis de hormônios como cortisol e ACTH, associados ao estresse. Ou seja, isso significa que o cérebro pode ter desenvolvido uma nova maneira de interpretar as conversas no Twitter. E, de acordo com Paul Zack, esta nova maneira é a seguinte: “o cérebro entende a conexão eletrônica como se fosse um contato presencial”, o que pode justificar a mudança que as redes sociais causaram na forma como nos relacionamos e fazemos amizades.
(Disponível em:http://filosofiaemvalores.blogspot.com.br/2013/03/o -cerebro-pos-moderno-como-as-redes.html Aceso em 28/04/2016)
O trecho do texto I que, de certa forma, explica o comportamento apresentado na matéria acima é:
Leia o título da matéria publicada no caderno TEC da Folha de São Paulo, para responder às questões de 06 a 08.
Recebeu, não leu…
WhatsApp passa a avisar usuários quando mensagem é lida e causa irritação e ansiedade; ‘recurso’ não pode ser desativado
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/tec/195002- recebeu-nao-leu.shtml acesso em 28/04/2016)
TEXTO I
O cérebro pós-moderno: como as redes sociais nos transformam
A internet não mudou somente a forma como as pessoas produzem, criam, se comunicam e se divertem. De acordo com o neurocientista Gary Small, diretor do Centro de Pesquisa em Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia (UCLA), ela altera o funcionamento do cérebro.
“Sob certo aspecto, essa revolução digital nos mergulhou em um estado contínuo de atenção parcial. Estamos permanentemente ocupados, acompanhando tudo. Não nos focamos em nada. (…) As pessoas passam aexistir num ritmo de crise constante, em alerta permanente, sedentas de um novo contato ou um novo bit de informação”. Gary Small.
Essa sede por novidades, por consumir toda a informação disponível, é o que ocorre com as redes de relacionamento, segundo a pesquisa do Doutor Small. Ao nos acostumarmos a essa excitação, procuramos estar constantemente conectados. “As redes sociais são particularmente sedutoras. Elas nos permitem constantemente satisfazer nosso desejo humano por companhia e interação social”.
Um estudo que está sendo realizado na Universidade da Califórnia começou a desvendar o efeito que as redes sociais produzem no organismo. Os resultados mostraram que twittar, por exemplo, estimula a liberação de níveis de ocitocina e, consequentemente, diminui os níveis de hormônios como cortisol e ACTH, associados ao estresse. Ou seja, isso significa que o cérebro pode ter desenvolvido uma nova maneira de interpretar as conversas no Twitter. E, de acordo com Paul Zack, esta nova maneira é a seguinte: “o cérebro entende a conexão eletrônica como se fosse um contato presencial”, o que pode justificar a mudança que as redes sociais causaram na forma como nos relacionamos e fazemos amizades.
(Disponível em:http://filosofiaemvalores.blogspot.com.br/2013/03/o -cerebro-pos-moderno-como-as-redes.html Aceso em 28/04/2016)
O título da matéria, apresentado acima, mantém uma correlação de sentido com o texto I, porque:
Leia o título da matéria publicada no caderno TEC da Folha de São Paulo, para responder às questões de 06 a 08.
Recebeu, não leu…
WhatsApp passa a avisar usuários quando mensagem é lida e causa irritação e ansiedade; ‘recurso’ não pode ser desativado
(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/tec/195002- recebeu-nao-leu.shtml acesso em 28/04/2016)
Para atender aos objetivos de comunicação, muitas vezes, fazemos referência a outros textos que fazem parte da memória social dos leitores, como acontece nesse texto.
O título acima foi construído com base em outro texto. Assinale a alternativa que apresenta adequadamente o sentido desse texto:
Leia o texto abaixo para responder às questões de 01 a 07.
TEXTO I
O cérebro pós-moderno: como as redes sociais nos transformam
A internet não mudou somente a forma como as pessoas produzem, criam, se comunicam e se divertem. De acordo com o neurocientista Gary Small, diretor do Centro de Pesquisa em Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia (UCLA), ela altera o funcionamento do cérebro.
“Sob certo aspecto, essa revolução digital nos mergulhou em um estado contínuo de atenção parcial. Estamos permanentemente ocupados, acompanhando tudo. Não nos focamos em nada. (…) As pessoas passam aexistir num ritmo de crise constante, em alerta permanente, sedentas de um novo contato ou um novo bit de informação”. Gary Small.
Essa sede por novidades, por consumir toda a informação disponível, é o que ocorre com as redes de relacionamento, segundo a pesquisa do Doutor Small. Ao nos acostumarmos a essa excitação, procuramos estar constantemente conectados. “As redes sociais são particularmente sedutoras. Elas nos permitem constantemente satisfazer nosso desejo humano por companhia e interação social”.
Um estudo que está sendo realizado na Universidade da Califórnia começou a desvendar o efeito que as redes sociais produzem no organismo. Os resultados mostraram que twittar, por exemplo, estimula a liberação de níveis de ocitocina e, consequentemente, diminui os níveis de hormônios como cortisol e ACTH, associados ao estresse. Ou seja, isso significa que o cérebro pode ter desenvolvido uma nova maneira de interpretar as conversas no Twitter. E, de acordo com Paul Zack, esta nova maneira é a seguinte: “o cérebro entende a conexão eletrônica como se fosse um contato presencial”, o que pode justificar a mudança que as redes sociais causaram na forma como nos relacionamos e fazemos amizades.
(Disponível em:http://filosofiaemvalores.blogspot.com.br/2013/03/o -cerebro-pos-moderno-como-as-redes.html Aceso em 28/04/2016)
No trecho, “Essa sede por novidades, por consumir toda a informação disponível, é o que ocorre com as redes de relacionamento, segundo a pesquisa do Doutor Small”, a palavra em destaque:
Leia o texto abaixo para responder às questões de 01 a 07.
TEXTO I
O cérebro pós-moderno: como as redes sociais nos transformam
A internet não mudou somente a forma como as pessoas produzem, criam, se comunicam e se divertem. De acordo com o neurocientista Gary Small, diretor do Centro de Pesquisa em Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia (UCLA), ela altera o funcionamento do cérebro.
“Sob certo aspecto, essa revolução digital nos mergulhou em um estado contínuo de atenção parcial. Estamos permanentemente ocupados, acompanhando tudo. Não nos focamos em nada. (…) As pessoas passam aexistir num ritmo de crise constante, em alerta permanente, sedentas de um novo contato ou um novo bit de informação”. Gary Small.
Essa sede por novidades, por consumir toda a informação disponível, é o que ocorre com as redes de relacionamento, segundo a pesquisa do Doutor Small. Ao nos acostumarmos a essa excitação, procuramos estar constantemente conectados. “As redes sociais são particularmente sedutoras. Elas nos permitem constantemente satisfazer nosso desejo humano por companhia e interação social”.
Um estudo que está sendo realizado na Universidade da Califórnia começou a desvendar o efeito que as redes sociais produzem no organismo. Os resultados mostraram que twittar, por exemplo, estimula a liberação de níveis de ocitocina e, consequentemente, diminui os níveis de hormônios como cortisol e ACTH, associados ao estresse. Ou seja, isso significa que o cérebro pode ter desenvolvido uma nova maneira de interpretar as conversas no Twitter. E, de acordo com Paul Zack, esta nova maneira é a seguinte: “o cérebro entende a conexão eletrônica como se fosse um contato presencial”, o que pode justificar a mudança que as redes sociais causaram na forma como nos relacionamos e fazemos amizades.
(Disponível em:http://filosofiaemvalores.blogspot.com.br/2013/03/o -cerebro-pos-moderno-como-as-redes.html Aceso em 28/04/2016)
De acordo com o texto acima, as redes sociais:
Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.
Psicologia da Internet: ................ nos tornamos outras pessoas na vida digital.
01 Há cerca de duas décadas foi criada a expressão “Psicologia da Internet” para explicar a
02 razão pela qual o comportamento das pessoas se altera tanto dentro dos ambientes virtuais.
03 Qualquer um que já navegou na web percebeu alguma modificação, ainda que mais leve, em sua
04 conduta ou ação. Por ser um espaço muito atípico e diferente de tudo que já experimentamos na
05 vida concreta, descobriu-se que a realidade paralela exerce um tipo de “dinamização” da
06 personalidade, o que coloca as pessoas em inclinação para atitudes de maior risco e de
07 descontrole calculado, se comparadas ao que se vive no nosso dia-a-dia.
08 A respeito desse fenômeno, criou-se um termo para melhor definir tais alterações
09 comportamentais: “efeito de ________ online”, explicita, portanto, a variação de padrões.
10 Pesquisas demonstraram que essas alternâncias da vida off-line para a vida online se baseiam nas
11 seguintes crenças:
12 (A) “Você não sabe quem eu sou e não pode me ver”: à medida que as pessoas navegam na
13 internet, obviamente que não podem ser “vistas”, no sentido literal da palavra – diferentemente
14 de como ocorre no mundo concreto -, conferindo então aos internautas a falsa percepção de que
15 eles estão anônimos e, por esta razão, não há limites ou regras associadas ao comportamento
16 online. Esse fato também é descrito na literatura psicológica como “desindividualização”, ou seja,
17 um estado de _________ da identidade real e que favorece o aparecimento de maior grau de
18 insubordinação, agressividade e sexualidade exacerbada, se comparado ao que ocorre na vida
19 concreta.
20 (B) “Até logo” ou “até mais”: a internet, querendo ou não, uma vez que permite aos seus
21 usuários escaparem facilmente das situações mais embaraçosas, leva-os a correrem mais riscos e
22 tolerarem melhor as situações de ameaça. Como não existe uma consequência imediata dessas
23 ações virtuais (na verdade “existe” uma consequência, todavia, ela é mais demorada para que os
24 resultados apareçam), as pessoas então se tornam mais flexíveis a respeito das transgressões.
25 (C) “É apenas um jogo”: esta ________ dá ao usuário a ilusão de que o mundo online opera,
26 na verdade, em condição de fantasia, e que ninguém, de fato, seria prejudicado pelas “aventuras”
27 realizadas no mundo digital. Assim, a linha divisória entre a ficção e a realidade torna-se
28 facilmente mais turva, uma vez que existem centenas de atividades que, na verdade, “não
29 existem” na realidade concreta.
30 (D) “Somos todos amigos”: cria a ilusão de que, na vida paralela da internet, somos todos
31 iguais ou amigos, uns com os outros e que, portanto, as regras que determinam as relações
32 adequadas entre os diferentes grupos (por exemplo, crianças, adolescentes e adultos) existentes
33 no mundo real podem ser simplesmente desconsideradas. Este princípio também tem o poder de
34 diluir as hierarquias existentes entre diferentes indivíduos na sociedade, favorecendo aos
35 comportamentos de maior desrespeito e falta de cuidado interpessoal que tanto se observa nas
36 redes sociais e nas comunicações entre funcionários de uma empresa.
37 Portanto, esse efeito descontrói os ambientes formais e mais rígidos da realidade concreta
38 para liberar o indivíduo ao trânsito nos espaços altamente permissivos, tornando as pessoas mais
39 condescendentes e altamente plásticas em relação às transgressões. Vamos lembrar que todo
40 esse processo já tem um nome e se chama “personalidade eletrônica” (e-personality).
41 Imagine então, as crianças e jovens ainda em processo de formação, o que o ambiente
42 virtual poderia fazer com a consolidação de sua personalidade (ainda) em definição? No final das
43 contas, pensam muitos pais desavisados: “é apenas videogame” ou, ainda, “eles só estão usando
44 uma rede social”, que problema haveria com isso? No passado não muito distante, o
45 desassossego familiar vinha das amizades inadequadas, hoje deriva do próprio indivíduo em sua
46 relação consigo mesmo no ambiente virtual.
47 Para se pensar, não acha?
(Fonte: http://cristianonabuco.blogosfera.uol.com.br/ — texto adaptado)
Analise as afirmações que são feitas em relação ao texto, e assinale V, se verdadeiras, ou F, se falsas.
( ) Para o autor, todas as pessoas conseguem perceber a mudança de comportamento dos outros na realidade virtual, já que esse comportamento é atípico em relação à vida real.
( ) De acordo com o texto, no mundo virtual, os indivíduos se enxergam como iguais, deixando de lado as hierarquias do mundo real. Tal fato acarreta no afastamento das pessoas, já que elas percebem como existe falta de respeito na sociedade.
( ) O autor do texto traz uma reflexão sobre o comportamento do ser humano na realidade virtual e como isso pode acarretar problemas interpessoais.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
Leia o texto abaixo para responder às questões 1 e 2.
Conversinha Mineira
- É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?
- Sei dizer não senhor: não tomo café.
- Você é dono do café, não sabe dizer?
- Ninguém tem reclamado dele não senhor.
- Então me dá café com leite, pão e manteiga.
- Café com leite só se for sem leite.
- Não tem leite? - Hoje, não senhor.
- Por que hoje não? - Porque hoje o leiteiro não veio.
- Ontem ele veio?
- Ontem não.
- Quando é que ele vem?
- Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes não vem.
Só que no dia que devia vir em geral não vem.
- Mas ali fora está escrito "Leiteria"!
- Ah, isso está, sim senhor.
- Quando é que tem leite?
- Quando o leiteiro vem.
- Tem ali um sujeito comendo coalhada. É feita de quê?
- O quê: coalhada? Então o senhor não sabe de que é feita a coalhada?
- Está bem, você ganhou. Me traz um café com leite sem leite. Escuta uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade?
- Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.
- E há quanto tempo o senhor mora aqui?
- Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso garantir com certeza: um pouco mais, um pouco menos.
- Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?
- Ah, o senhor fala da situação? Dizem que vai bem.
- Para que Partido?
- Para todos os Partidos, parece.
- Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui.
- Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que outro. Nessa mexida...
- E o Prefeito?
- Que é que tem o Prefeito?
- Que tal o Prefeito daqui?
- O Prefeito? É tal e qual eles falam dele.
- Que é que falam dele?
- Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito.
- Você, certamente, já tem candidato.
- Quem, eu? Estou esperando as plataformas.
- Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na parede, que história é essa?
- Aonde, ali? Ué, gente: penduraram isso aí...
Fernando Sabino (livro: “A Mulher do Vizinho”)
A confusão que acontece na história deve-se ao fato de
AS QUESTÕES DE 1 A 10 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
TEXTO
1 ___Pelo mundo afora, os jornais sentem a agulhada de uma conjunção de fatores especialmente
2 desfavoráveis: a recessão mundial, que reduz os gastos com publicidade, e o avanço da Internet, que suga
3 anúncios, sobretudo os pequenos e rentáveis classificados, e também serve como fonte - em geral, gratuita
4 - de informações.
5 ___O binômio recessão-internet está produzindo uma devastação. Alguns jornais encerraram suas
6 atividades e outros estão com dificuldades financeiras. O Seatle Post-Intelligencer, cujos repórteres eram
7 confundidos no exterior com “agentes da CIA", devido ao “intelligencer" no nome do jornal, fechou sua
8 versão imprensa e agora só existe on-line.
9 ___No New York Times, a recessão e o estrago da internet se somaram a decisões duvidosas do grupo
10 empresarial, como a compra do Boston Globe e a construção de uma suntuosa sede na Oitava Avenida, no
11 coração de Nova lorque. Hoje, o grupo deve 1,1 bilhão de dólares. Já vendeu parte do novo prédio, por 225
12 milhões de dólares, e tomou emprestados 250 milhões com o bilionário mexicano Carlos Slim, dono da
13 Claro e da Embratel no Brasil.
14 ___O fechamento de um jornal é o fim de um negócio como outro qualquer. Mas, quando o jornal é o
15 símbolo e um dos últimos redutos do bom jornalismo, não importa quanto isso custe, como é o caso do
16 Time, morrem mais coisas com ele. Morrem uma cultura e uma visão generosa do mundo. Morre um estilo
17 de vida romântico, aventureiro, despojado e corajoso que, como em nenhum outro ramo de negócios une
18 funcionários, consumidores e acionistas em um objetivo comum e maior do que os interesses deles. Desde
19 que os romanos passaram a pregar em locais públicos sua Acta Diurna, o manuscrito no qual informavam
20 sobre as disputas dos gladiadores, nascimentos ou execuções, os jornais começaram a entrar nas veias das
21 sociedades civilizadas. Mas, para chegar ao auge, a humanidade precisou fazer uma descoberta até hoje
22 insubstituível (o papel), duas invenções geniais (a escrita e a impressão) e uma vasta mudança social (a
23 alfabetização). Por isso, um jornal ainda que seja um negócio, não é como vender colírio ou fabricar escadas
24 rolantes.
25 ___O Times está se contorcendo para manter o padrão do seu trabalho. Quem acha que a Internet é o
26 nirvana da democratização da informação, precisa lembrar que o Google tem seu quase monopólio - e
27 divulga notícias de “25 000 fontes" sem pagar um tostão por elas. E quem acha que a internet, por sua
28 natureza virtual, dissemina mais informações e eleva a cultura das massas, precisa ir devagar. O site do
29 Times, com seus 20 milhões de usuários, é o maior site de jornal do mundo. Mas, em média, seus visitantes
30 ficam no site 35 minutos - por mês. Ou 1,10 minuto por dia. Não dá tempo de ler nem um gibi. É como se os
31 internautas passassem numa banca, dessem uma olhada nos títulos expostos e fossem embora. Sem ler
32 nada. É perturbador.
Revista Veja. (Adaptado.)
A substituição proposta para os termos transcritos que mantém o sentido em que foram usados no texto é a da alternativa
ATENÇÃO:
O texto a seguir refere-se às questões 18, 19 e 20.
PLÁSTICA NA ADOLESCÊNCIA
É cada vez mais comum, jovens recorrerem a plásticas, sobretudo ao implante de silicone e lipoaspiração.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), dos 629 mil procedimentos cirúrgicos estéticos realizados no Brasil entre setembro de 2007 e agosto de 2008, 37.740 (ou 8%) foram feitos em adolescentes. O dado deriva de um estudo inédito, que avaliou o número e o tipo de cirurgias registrados nesse período, tendo como fontes os 3.533 cirurgiões associados. Por falta de dados anteriores, não se sabe como era esse panorama. Porém, médicos atestam que jovens estão recorrendo, cada vez mais cedo, a cirurgias plásticas que, tradicionalmente, são feitas na idade adulta.
“Há cinco, dez anos, queriam corrigir pequenos problemas, como orelha de abano e imperfeições no nariz. Hoje, os adolescentes, em especial as meninas, querem se submeter a uma plástica por outros motivos”, assegura o cirurgião plástico Sebastião Guerra, de Belo Horizonte, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica 2010/2011. Segundo ele, assim como ocorre com as mulheres adultas, a maioria das garotas quer aumentar os seios ou fazer lipoaspiração. “As correções de nariz e orelha caíram para terceiro e quarto lugares na lista de procura.”
Corpo de mulher.
Segundo o cirurgião Sebastião Guerra, enquanto os meninos são mais ponderados - pensam, planejam, decidem, desistem -, as meninas estão cada vez mais seguras do que querem. Muitas vezes, já chegam ao consultório dizendo que desejam uma prótese mamária e informando a quantidade de silicone que vão colocar. “Somos reticentes em operar uma adolescente de 13 anos, por exemplo. Mas isso não quer dizer que ela não possa ser operada”, ressalva.
O que o cirurgião quer dizer é que não há uma idade mínima para que um jovem se submeta a uma intervenção estética. Mas deve-se tomar cuidado com relação à constituição corporal. “Hoje, uma adolescente de 13, 14 anos já tem o corpo de mulher. Além da autorização dos pais, é preciso fazer uma avaliação médica e, quando necessário, adiar a cirurgia para mais dois anos, no mínimo.”
Fase de mudanças.
Para o médico hebiatra (especialista em adolescentes) Mauro Fisberg, é preciso saber se a intervenção pode influenciar de maneira importante a vida do jovem. “Cirurgia plástica reparadora é uma intervenção estética e, ao mesmo tempo, reparadora”, afirma. “Pode melhorar muito a autoestima da menina, além de corrigir a postura.” Ainda assim, acrescenta, a indicação é a de que a paciente tenha chegado ao que os médicos chamam de “maturação sexual”, com mamas no estágio 4 - no tamanho das de uma adulta.
O médico lembra que, atualmente, é comum adolescentes desejarem próteses de silicone como presente de 15 anos ou de formatura. “É preciso avaliar se a adolescente tem mamas realmente pequenas para a sua estrutura e se possui uma caixa torácica suficiente para suportar o tamanho das próteses.” Segundo ele, é fundamental saber se a intervenção vai trazer benefícios a longo prazo. “É preciso bom senso dos pais e, principalmente, do cirurgião, pois essas cirurgias podem mudar o padrão de equilíbrio corporal.”
O cirurgião plástico José Teixeira Gama é taxativo quando o assunto é intervenção cirúrgica estética em jovens com menos de 18: “Só opero adolescente com a indicação médica, e nunca por estética simplesmente. São muito novos para decidirem sobre mudanças no corpo. Além disso, toda cirurgia traz riscos à saúde e uma cicatriz”.
Fabiana Gonçalves. O Estado de São Paulo. 21 a 27 mar 2010. Suplemento feminino.
Segundo o texto, é possível afirmar que:
Atenção: as questões 11 e 12 referem-se ao texto abaixo.
A TV ainda é a principal fonte de informação para o jovem brasileiro, mas ele se tornou multimídia. Essa é a opinião de Maria Regina Mota, doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP, após analisar dados do Datafolha.
A pesquisa revela que 98% dos jovens assistem à TV 3,4 horas por dia, embora esse veículo venha caindo na preferência dos jovens e a internet esteja subindo. “Esse número não me impressiona, pois não significa que o jovem passe todo esse tempo na frente da televisão sem fazer outra coisa. Ele pode deixar a TV ligada enquanto navega na internet. O que acontece é que, com a disponibilidade dos meios, o jovem se tornou multimídia”, diz Mota.
A comparação com dados do Datafolha colhidos em São Paulo em 2000 mostra que, enquanto na época 45% dos jovens disseram ter a TV como veículo de comunicação preferido para se informarem, hoje 33% afirmaram o mesmo. Já com a internet nota-se um processo inverso. O número dos que disseram ter a rede mundial como principal veículo subiu de 11% para 26%. A média de tempo gasto na web diariamente é de 2,5 horas (...)
Será que com a TV Digital irá mudar o comportamento desses jovens? Será que irá aumentar o índice de uso da TV?
Ou será que eles passaram a assistir TV através do uso de programas para a internet?
Minha opinião é que a convergência irá favorecer o uso da TV em outros meios como a internet e o celular, dificilmente os jovens que estão acostumados a muita informação ao mesmo tempo e usar vários programas de uma única vez irá ficar parado em frente a uma TV assistindo um único programa.
Folha de São Paulo. 27 jul 2008. Caderno especial: jovem século XXI. [adaptado]
Das informações colhidas do texto, deduz-se que:
Atenção: as questões 11 e 12 referem-se ao texto abaixo.
A TV ainda é a principal fonte de informação para o jovem brasileiro, mas ele se tornou multimídia. Essa é a opinião de Maria Regina Mota, doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP, após analisar dados do Datafolha.
A pesquisa revela que 98% dos jovens assistem à TV 3,4 horas por dia, embora esse veículo venha caindo na preferência dos jovens e a internet esteja subindo. “Esse número não me impressiona, pois não significa que o jovem passe todo esse tempo na frente da televisão sem fazer outra coisa. Ele pode deixar a TV ligada enquanto navega na internet. O que acontece é que, com a disponibilidade dos meios, o jovem se tornou multimídia”, diz Mota.
A comparação com dados do Datafolha colhidos em São Paulo em 2000 mostra que, enquanto na época 45% dos jovens disseram ter a TV como veículo de comunicação preferido para se informarem, hoje 33% afirmaram o mesmo. Já com a internet nota-se um processo inverso. O número dos que disseram ter a rede mundial como principal veículo subiu de 11% para 26%. A média de tempo gasto na web diariamente é de 2,5 horas (...)
Será que com a TV Digital irá mudar o comportamento desses jovens? Será que irá aumentar o índice de uso da TV?
Ou será que eles passaram a assistir TV através do uso de programas para a internet?
Minha opinião é que a convergência irá favorecer o uso da TV em outros meios como a internet e o celular, dificilmente os jovens que estão acostumados a muita informação ao mesmo tempo e usar vários programas de uma única vez irá ficar parado em frente a uma TV assistindo um único programa.
Folha de São Paulo. 27 jul 2008. Caderno especial: jovem século XXI. [adaptado]
De acordo com o texto, pode-se afirmar que:
AS QUESTÕES 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
1__Estou voltando de um fim de semana em Friburgo. Mas poderia estar regressando de qualquer cidade
2 brasileira, que a situação seria a mesma. É que às vezes uma melhor compreensão do Brasil a gente encontra
3 não nos tratados, mas num simples incidente cotidiano.
4 __Por isto estou ali na estrada. O trânsito vai fluindo normalmente. De repente, na altura de Itaboraí
5 (como acontece frequentemente), o fluxo dos veículos vai ficando mais lento. Descobre-se a causa: lá está um
6 policial de trânsito fazendo com que os automóveis entrem em fila única. Isto é uma técnica que costumam
7 usar para evitar engarrafamentos, sobretudo quando vai chegando o verão. Tal técnica, acredito, deve dar
8 certo na Escandinávia, nunca aqui nos trópicos. A polícia rodoviária deve ter pensado que usando este
9 processo evitaria que na altura de Magé o trânsito virasse um pandemônio. Ela sabe que, se deixar, os
10 motoristas vão começar a ultrapassagem pela contramão, uma vez que não há praticamente movimento aí. É
11 uma forma de evitar desastres.
12 __Este é o problema. A polícia rodoviária é brasileira, mas não conhece os brasileiros. Porque ela
13 apenas armou o cenário para a dramatização de mais uma cena representativa do caráter nacional. Vamos
14 começar a assistir ao rito do "brasileiro esperto" que "leva vantagem em tudo".
15 __Ali estou com a família tentando ser bom brasileiro.
16 ________________________________(...)
17 __Em breve já não somos uma fila única, mas uma fila dupla está se formando sem que surja qualquer
18 guarda alemão ou sueco para controlar o que quer que seja. E a coisa não para aí. Está, ao contrário, apenas
19 começando.
20 ________________________________(...)
21 __Nisto percebo que já não somos três filas apenas, mas quatro e cinco filas indo em direção ao caos.
22 ________________________________(...)
23 __Meu rádio, por acaso, capta a voz de um policial comentando o engarrafamento: "Câmbio / confusão
24 geral / danou tudo / não tem mais jeito / câmbio". Agora, sim, estamos todos ali perfeitamente brasileiros e
25 infelizes, enquanto a raiva raia sanguínea e fresca em nossos nervos. Ali estamos, achando que íamos iludir o
26 FMI, que o capitalismo selvagem não nos prejudicaria. Ali estamos como o "deputado pianista" e o que vota
27 seu desonesto jeton. Ali estamos como o militar, o ministro e o alto funcionário iludindo o imposto de renda.
28 Ali estamos, posseiros e grileiros, governantes e governados, todos apalermados porque não sabíamos que a
29 história do país pode engarrafar.
SANTANNA, Affonso Romano de. - ADAPTADO
Marque com F quando a afirmativa for FALSA e com V quando a afirmativa for VERDADEIRA.
I. ( ) A leitura do texto revela que os cidadãos brasileiros — além de acostumados a tentar driblar normas disciplinares de qualquer espécie — só ficam no mesmo patamar de igualdade em situações como a de engarrafamento.
II. ( ) Com base no texto, pode-se afirmar que a expressão "brasileiro esperto" (L.14) e a afirmação "leva vantagem em tudo" (L.14) traduzem ideias que se completam na adoção de uma postura ética por parte do indivíduo, na tentativa de mostrar competência em quaisquer situações.
III. ( ) Os numerais cardinais usados no texto têm, muito mais, a intenção de criar a ideia de lentidão no fluir do tráfego do que a de enumerar rigorosamente as filas de carro que vão surgindo.
IV. ( ) A palavra "cenário" (L.13) conota imobilidade do mesmo modo que "dramatização" (L.13) e "rito" (L.14) conotam movimento.
A alternativa que contém a sequência CORRETA, de cima para baixo, é a:
AS QUESTÕES 1 A 15 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
1__Estou voltando de um fim de semana em Friburgo. Mas poderia estar regressando de qualquer cidade
2 brasileira, que a situação seria a mesma. É que às vezes uma melhor compreensão do Brasil a gente encontra
3 não nos tratados, mas num simples incidente cotidiano.
4 __Por isto estou ali na estrada. O trânsito vai fluindo normalmente. De repente, na altura de Itaboraí
5 (como acontece frequentemente), o fluxo dos veículos vai ficando mais lento. Descobre-se a causa: lá está um
6 policial de trânsito fazendo com que os automóveis entrem em fila única. Isto é uma técnica que costumam
7 usar para evitar engarrafamentos, sobretudo quando vai chegando o verão. Tal técnica, acredito, deve dar
8 certo na Escandinávia, nunca aqui nos trópicos. A polícia rodoviária deve ter pensado que usando este
9 processo evitaria que na altura de Magé o trânsito virasse um pandemônio. Ela sabe que, se deixar, os
10 motoristas vão começar a ultrapassagem pela contramão, uma vez que não há praticamente movimento aí. É
11 uma forma de evitar desastres.
12 __Este é o problema. A polícia rodoviária é brasileira, mas não conhece os brasileiros. Porque ela
13 apenas armou o cenário para a dramatização de mais uma cena representativa do caráter nacional. Vamos
14 começar a assistir ao rito do "brasileiro esperto" que "leva vantagem em tudo".
15 __Ali estou com a família tentando ser bom brasileiro.
16 ________________________________(...)
17 __Em breve já não somos uma fila única, mas uma fila dupla está se formando sem que surja qualquer
18 guarda alemão ou sueco para controlar o que quer que seja. E a coisa não para aí. Está, ao contrário, apenas
19 começando.
20 ________________________________(...)
21 __Nisto percebo que já não somos três filas apenas, mas quatro e cinco filas indo em direção ao caos.
22 ________________________________(...)
23 __Meu rádio, por acaso, capta a voz de um policial comentando o engarrafamento: "Câmbio / confusão
24 geral / danou tudo / não tem mais jeito / câmbio". Agora, sim, estamos todos ali perfeitamente brasileiros e
25 infelizes, enquanto a raiva raia sanguínea e fresca em nossos nervos. Ali estamos, achando que íamos iludir o
26 FMI, que o capitalismo selvagem não nos prejudicaria. Ali estamos como o "deputado pianista" e o que vota
27 seu desonesto jeton. Ali estamos como o militar, o ministro e o alto funcionário iludindo o imposto de renda.
28 Ali estamos, posseiros e grileiros, governantes e governados, todos apalermados porque não sabíamos que a
29 história do país pode engarrafar.
SANTANNA, Affonso Romano de. - ADAPTADO
Uma das afirmações NÃO encontra respaldo no texto:
Leia o texto com atenção para responder as questões referentes a ele.
Texto I
Assisto, logo existo
Sintoma William Moreira. Eis a definição do psicólogo Carlos Perktold para a dificuldade da geração pós-64 de entender o que lê.
Por Maurício Dias
Quando leu os resultados da avaliação do desempenho dos estudantes brasileiros do ensino fundamental, revelados pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), o psicólogo mineiro Carlos Perktold viu ali, multiplicada milhares de vezes, a situação do jovem Tiago D., de 17 anos, de quem ele cuida profissionalmente.
Tiago, assim como grande parte dos 53 mil alunos que responderam à prova de português do SAEB, são portadores de um problema que Perktold, membro do círculo psicanalítico de Minas Gerais, batizou de sintoma William Moreira.
Todo portador desse sintoma tem uma singularidade: entende apenas o que ouve e não o que lê. Tiago, por exemplo, reclamava de um erro no computador e recebeu instruções escritas para corrigi-lo. Não conseguiu entender o que leu. Depois de ouvir a leitura do que estava escrito disse: “Ah, é isso? Não tem problema, faço agora”.
O sintoma William Moreira parece, mas não é, oligofrenia. Também não é analfabetismo funcional, porque não se manifesta apenas em pessoas com baixa escolaridade. Não é, enfim, uma doença catalogável. É, sim, um fenômeno intelectual de um tempo em que o texto praticamente sucumbiu ao recurso visual e, principalmente, à imagem da televisão.
O batismo do sintoma vem, assim, do cruzamento dos nomes dos dois mais conhecidos locutores-apresentadores de televisão: William, de William Bonner, e Moreira, de Cid Moreira. Em geral, os portadores do sintoma são bem informados sobre tudo o que ouviram, mas nunca sobre o que leram.
Perktold – cuja paixão pela pintura o levou a integrar a Associação Brasileira de Críticos de Arte – contou a história de Tiago no livro Ensaios de Pintura e Psicanálise, lançado no início deste ano. Ele explica, nesta entrevista a Carta Capital, como e por que o problema é preocupante.
[...]
Carta Capital: Uma boa dose de leitura ajuda a reverter a situação?
Carlos Perktold: O portador do sintoma William Moreira não sabe que ele foi construído ao longo de uma existência sem leitura. Com a leitura nasce algo internamente. A dificuldade causadora de sua existência começa quando é chegado o momento de compreender as palavras escritas, formadoras de uma frase, de um pensamento; o momento de ler ou de escrever um simples bilhete.
Na nossa existência há uma hora na qual “a ficha cai” dentro de cada um e o texto passa a ter a sua importância. A minha experiência indica que isso ocorre quando há leituras sucessivas. Quando alguém me pede, aconselho a começar a ler textos menores: crônicas e contos que sirvam de iscas intelectuais. Aconselho também a buscar nos dicionários o significado das palavras desconhecidas. É assim que melhoramos nosso vocabulário e aprendemos a expressar o que queremos.
[...]
Carlos Perktold: A televisão é uma máquina “emburrecedora”. Acabado um programa inteligente, ninguém tem tempo para elaborar [...] o que viu. Surge outro de conteúdo diferente e, com frequência, sem ligação com o primeiro. O show deve continuar. Além disso, há realmente um interesse ideológico de que as pessoas pensem? Por fim, temos essa maravilhosa praga chamada internet. A geração atual imagina encontrar nela casa, comida, roupa lavada e vários salários mínimos, creditados em conta corrente bancária mensalmente. Não descobriram ainda que ela é a velha biblioteca modificada no tempo e no espaço.
Carta Capital, 07 de julho de 2004.
Oligofrenia: escassez de desenvolvimento mental que pode ter causas diversas (hereditárias ou adquiridas).
O título do texto é bem sugestivo ao se referenciar à famosa frase da filosofia de Descartes: “penso, logo existo”.
Pela correlação entre o objetivo central do texto e seu título, percebe-se
Leia o texto com atenção para responder as questões referentes a ele.
Texto I
Assisto, logo existo
Sintoma William Moreira. Eis a definição do psicólogo Carlos Perktold para a dificuldade da geração pós-64 de entender o que lê.
Por Maurício Dias
Quando leu os resultados da avaliação do desempenho dos estudantes brasileiros do ensino fundamental, revelados pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), o psicólogo mineiro Carlos Perktold viu ali, multiplicada milhares de vezes, a situação do jovem Tiago D., de 17 anos, de quem ele cuida profissionalmente.
Tiago, assim como grande parte dos 53 mil alunos que responderam à prova de português do SAEB, são portadores de um problema que Perktold, membro do círculo psicanalítico de Minas Gerais, batizou de sintoma William Moreira.
Todo portador desse sintoma tem uma singularidade: entende apenas o que ouve e não o que lê. Tiago, por exemplo, reclamava de um erro no computador e recebeu instruções escritas para corrigi-lo. Não conseguiu entender o que leu. Depois de ouvir a leitura do que estava escrito disse: “Ah, é isso? Não tem problema, faço agora”.
O sintoma William Moreira parece, mas não é, oligofrenia. Também não é analfabetismo funcional, porque não se manifesta apenas em pessoas com baixa escolaridade. Não é, enfim, uma doença catalogável. É, sim, um fenômeno intelectual de um tempo em que o texto praticamente sucumbiu ao recurso visual e, principalmente, à imagem da televisão.
O batismo do sintoma vem, assim, do cruzamento dos nomes dos dois mais conhecidos locutores-apresentadores de televisão: William, de William Bonner, e Moreira, de Cid Moreira. Em geral, os portadores do sintoma são bem informados sobre tudo o que ouviram, mas nunca sobre o que leram.
Perktold – cuja paixão pela pintura o levou a integrar a Associação Brasileira de Críticos de Arte – contou a história de Tiago no livro Ensaios de Pintura e Psicanálise, lançado no início deste ano. Ele explica, nesta entrevista a Carta Capital, como e por que o problema é preocupante.
[...]
Carta Capital: Uma boa dose de leitura ajuda a reverter a situação?
Carlos Perktold: O portador do sintoma William Moreira não sabe que ele foi construído ao longo de uma existência sem leitura. Com a leitura nasce algo internamente. A dificuldade causadora de sua existência começa quando é chegado o momento de compreender as palavras escritas, formadoras de uma frase, de um pensamento; o momento de ler ou de escrever um simples bilhete.
Na nossa existência há uma hora na qual “a ficha cai” dentro de cada um e o texto passa a ter a sua importância. A minha experiência indica que isso ocorre quando há leituras sucessivas. Quando alguém me pede, aconselho a começar a ler textos menores: crônicas e contos que sirvam de iscas intelectuais. Aconselho também a buscar nos dicionários o significado das palavras desconhecidas. É assim que melhoramos nosso vocabulário e aprendemos a expressar o que queremos.
[...]
Carlos Perktold: A televisão é uma máquina “emburrecedora”. Acabado um programa inteligente, ninguém tem tempo para elaborar [...] o que viu. Surge outro de conteúdo diferente e, com frequência, sem ligação com o primeiro. O show deve continuar. Além disso, há realmente um interesse ideológico de que as pessoas pensem? Por fim, temos essa maravilhosa praga chamada internet. A geração atual imagina encontrar nela casa, comida, roupa lavada e vários salários mínimos, creditados em conta corrente bancária mensalmente. Não descobriram ainda que ela é a velha biblioteca modificada no tempo e no espaço.
Carta Capital, 07 de julho de 2004.
Oligofrenia: escassez de desenvolvimento mental que pode ter causas diversas (hereditárias ou adquiridas).
A justificativa, deduzida pela leitura do texto, para a escolha do nome “Sintoma William Moreira” para o problema de aprendizagem apontado é: