Questões de Português - Orações subordinadas adverbiais: Causal, Comparativa, Consecutiva, Concessiva, Condicional... para Concurso

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Q2205059 Português

Texto para o item.



Internet: <www.caubr.gov.br> (com adaptações).

Considerando os aspectos formais e de conteúdo do texto, julgue o item.


A oração “para acolher” (linha 5) classifica-se como subordinada adverbial final reduzida de infinitivo.

Alternativas
Q2204408 Português
O menino que escrevia versos

    – Ele escreve versos!
    Apontou o filho, como se entregasse criminoso na esquadra. O médico perguntou:
    – Há antecedentes na família?
    – Desculpe, doutor?
    O médico explicou em pormenores. Dona Serafina respondeu que não. O pai da criança, mecânico de nascença e preguiçoso por destino, nunca espreitara uma página. Lia motores, interpretava chaparias. Tratava-a bem, mas a doçura mais requintada que conseguira tinha sido em noite de núpcias:
    – Serafina, você hoje cheira a óleo Castrol!
    Ela hoje até se comove com a comparação: perfume de igual qualidade qual outra mulher ousa sequer sonhar? Pobres que fossem esses dias, para ela, tinham sido lua-de- -mel. O filho fora confeccionado nesses namoros de unha suja, restos de combustível manchando o lençol.
    A oficina mal dava para o pão e para a escola do miúdo. Mas eis que começaram a aparecer, pelos recantos da casa, papéis rabiscados com versos. O filho confessou, sem pestanejar, a autoria do feito.
     O pai logo sentenciara: havia que tirar o miúdo da escola. Aquilo era coisa de estudos a mais, perigosos contágios, más companhias. Pois o rapaz, em vez de se lançar no esfrega- -refrega com as meninas, se acabrunhava nas penumbras e, pior ainda, escrevia versos. Que se passava: mariquice intelectual? Ou carburador entupido, avarias dessas que a vida do homem fica em ponto morto?
     Dona Serafina defendeu o filho e os estudos. O pai, conformado, exigiu que ele fosse examinado.
    – O médico que faça revisão geral, parte mecânica e elétrica. Que se afinasse o sangue, calibrasse os pulmões, lhe espreitassem o nível do óleo. O que urgia era terminar com aquela vergonha familiar.
     Olhos baixos, o médico escutou tudo e aviava a receita.
Com enfado, dirigiu-se ao menino:
    – Dói-te alguma coisa?
    – Dói-me a vida, doutor.
    A resposta o surpreendeu.
    – E o que fazes quando te assaltam essas dores?
    – O que melhor sei fazer, excelência, sonhar.
   Serafina desferiu um tapa na nuca do filho. Não lembrava o que o pai lhe dissera sobre os sonhos? Que fosse sonhar longe! Mas o filho reagiu: longe, por quê? Perto o sonho aleijaria alguém? O pai teria, sim, receio de sonho. E riu-se, acarinhando o braço da mãe.
   O médico estranhou o miúdo. Custava a crer, visto a idade. O menino exemplificaria os sonhos, mas o doutor interrompeu-o dizendo que não tinha tempo e que ali não era uma clínica psiquiátrica.
    A mãe, desesperada, pediu que o doutor olhasse o caderninho dos versos, a ver se ali catava o motivo de tão grave distúrbio. Contrafeito, o médico aceitou e propôs que voltasse na próxima semana.
    Na semana seguinte, o médico, sisudo, perguntou ao menino se ele havia escrito mais versos.
    – Isto que faço não é escrever, doutor. Estou, sim, a viver. Tenho este pedaço de vida – disse, apontando um novo caderninho.
    O médico chamou a mãe, à parte. Que aquilo era mais grave do que se poderia pensar. O menino carecia de internamento urgente. Ele assumiria as despesas, o menino ficaria em sua clínica para o tratamento.
    Hoje quem visita o consultório raramente encontra o médico. Manhãs e tardes ele se senta num recanto do quarto onde está internado o menino. Quem passa pode escutar a voz do filho do mecânico que vai lendo, verso a verso, o seu próprio coração. E o médico, abreviando silêncios:
    –Não pare, meu filho. Continue lendo...

(Mia Couto, O menino que escrevia versos. Adaptado)
Observe as passagens do texto:
Apontou o filho, como se entregasse... (2° parágrafo) Tratava-a bem, mas a doçura mais requintada... (5º parágrafo) O pai da criança (...) nunca espreitara uma página. (5º parágrafo)
As expressões destacadas expressam, no contexto em que se encontram, correta e respectivamente, sentido de:
Alternativas
Q2204018 Português

O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


'Odeio a palavra inclusão. Já estou aqui, não quero que me incluam em lugar nenhum'


Julia Risso fala com clareza e pausadamente. Sua voz demonstra seus anos de treinamento antes de se tornar locutora.

Ela diz que sempre se desvia do assunto durante as conversas e escolhe com cuidado cada uma de suas frases. E está convencida de que odeia a palavra 'inclusão'; ela prefere a palavra 'socializar'.

Risso tem 28 anos de idade, nasceu com uma má formação genética na coluna que a transformou em uma pessoa baixinha, como ela diz, com ternura.

Ela mora em San Miguel del Monte, a cerca de 110 km da capital argentina, Buenos Aires. Lá, trabalha como professora de teatro.

A jovem se autodefine como ativista deficiente. Ela apresenta o podcast Les otres, está prestes a publicar um livro de ficção autobiográfico e, no mês de abril, apresentou uma palestra na 47ª Feira Internacional do Livro de Buenos Aires sobre como romper as barreiras sociais que aprofundam a desigualdade.

Acho que sou uma pessoa incapacitada pela sociedade. Não sou eu que tenho deficiência. Incapacitam-me quando instalam um banheiro e eu não entro ou o vaso sanitário é alto para mim. Ou quando vou ao supermercado, a gôndola mede 1,80 metro e a erva-mate que eu gosto está em cima de tudo.

E a sociedade não incapacita somente a mim, mas também a uma pessoa mais alta que não consegue levantar seus braços ou outra que carrega uma criança e não alcança alguma coisa.

Sou uma mulher, sou branca e também sou deficiente. De qualquer forma, acredito que o mais difícil é que a sociedade entenda que o problema, na verdade, são os outros, não somos nós.

Para falar de forma mais teórica, o modelo social da deficiência entende que a deficiência é uma construção social, não é um tema individual, não é um problema que exige que se cure uma pessoa.

O entorno é que precisa se adaptar para que essa pessoa possa viver com a maior autonomia possível. Mesmo assim, acho que este conceito não encerra a discussão sobre a ideologia da normalidade.

Uma mulher de 42 anos me escreveu no Instagram para contar que tentava ter um filho ou uma filha e seu médico advertiu que, se decidisse ter um bebê, ele poderia ter risco de nascer com deficiência. Ela se assustou muito.

E eu disse: "Que forma de assustar uma pessoa que decide ter um filho, e o medo seja que ele tenha deficiência!" Depois achei que o médico talvez tivesse razão... mas, logo lembrei que minha mãe me teve com 32 anos, não tinha mais de 40.

Quem tem risco de ter deficiência? Até certo ponto, todos nós temos risco. Talvez todos nós cheguemos a ser velhos e, se isso acontecer, o corpo se deteriore. Existem pessoas que, do nada, têm uma doença incapacitante e passam a usar cadeira de rodas. A vida tem uma porção de circunstâncias que fazem você ficar deficiente em algum momento.

Quem tem medo de ser deficiente não deve nascer, pois a condição humana é frágil. Existe um medo de que discriminem esse filho ou filha. Penso no meu pai, que tinha pavor de que me tratassem mal, que me enganassem. Antes me aborrecia, mas agora entendo o que ele sentia. Minha mãe precisou educar não só a mim, mas também ao meu pai e a todos os demais para que percebessem que estavam criando uma menina autônoma.


https://www.bbc.com/portuguese/articles/cz4nved839eo. Adaptado.

A sociedade não incapacita somente a mim, 'mas também a uma pessoa mais alta'.

A expressão destacada trata-se de uma ORAÇÃO:
Alternativas
Q2200095 Português
Sobre a classificação da oração sublinhada no fragmento “Por meio de seus conteúdos, seus rituais, sua disciplina e sua moral, esperava-se que a escola tradicional formasse novas disposições nos indivíduos, que, embora não diminuíssem as disposições familiares e comunitárias de origem, deveriam dotar os estudantes de relativa autonomia quanto a novos caminhos e decisões.”, assinalar a alternativa CORRETA:
Alternativas
Ano: 2023 Banca: Avança SP Órgão: Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP Provas: Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Assistente Social | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Cirurgião Dentista | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Contador | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Coordenador de Controle Interno | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Enfermeiro | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Engenheiro Agrônomo | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Engenheiro Civil | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Farmacêutico | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Fisioterapeuta | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Fonoaudiólogo | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Psicólogo | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Supervisor de Educação | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Tesoureiro | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Médico Clínico Geral Plantonista | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Médico Ginecologista/Obstetra | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Médico Pediatra | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Médico Veterinário | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Professor de Educação Básica II - Professor de Arte | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Professor de Educação Básica II - Professor de Educação Física | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Professor de Educação Básica I - Ensino Especial | Avança SP - 2023 - Prefeitura de São Lourenço da Serra - SP - Professor de Educação Básica II - Língua Inglesa |
Q2199370 Português
História estranha

Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos de idade. Está com quarenta, quarenta e poucos. De repente dá com ele mesmo chutando uma bola perto de um banco onde está a sua babá fazendo tricô. Não tem a menor dúvida de que é ele mesmo. Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia ele estava jogando bola no parque quando de repente aproximou-se um homem e... O homem aproxima-se dele mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos seus ombros e olha nos seus olhos. Seus olhos se enchem de lágrimas. Sente uma coisa no peito. Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo. Como eu era inocente. Como meus olhos eram limpos. O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente. Depois sai caminhando, chorando, sem olhar para trás. O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta. Também se reconheceu. E fica pensando, aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos, como eu vou ser sentimental! Vivendo e... Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido que se hoje pegasse uma bola de gude conseguisse equilibrá-la na dobra do dedo indicador sobre a unha do polegar, quanto mais jogá-la com a precisão que tinha quando era garoto. Outra coisa: acabo de procurar no dicionário, pela primeira vez, o significado da palavra "gude". Quando era garoto nunca pensei nisso, eu sabia o que era gude. Gude era gude. Juntando-se as duas mãos de um determinado jeito, com os polegares para dentro, e assoprando pelo buraquinho, tirava-se um silvo bonito que inclusive variava de tom conforme o posicionamento das mãos. Hoje não sei mais que jeito é esse. Eu sabia a fórmula de fazer cola caseira. Algo envolvendo farinha e água e muita confusão na cozinha, de onde éramos expulsos sob ameaças. Hoje não sei mais. A gente começava a contar depois de ver um relâmpago e o número a que chegasse quando ouvia a trovoada, multiplicado por outro número, dava a distância exata do relâmpago. Não me lembro mais dos números. Ainda no terreno dos sons: tinha uma folha que a gente dobrava e, se ela rachasse de um certo jeito, dava um razoável pistom em miniatura. Nunca mais encontrei a tal folha. E espremendo-se a mão entre o braço e o corpo, claro, tinha-se o chamado trombone axilar, que muito perturbava os mais velhos. Não consigo mais tirar o mesmo som. … verdade que não tenho tentado com muito empenho, ainda mais com o país na situação em que está. Lembro o orgulho com que consegui, pela primeira vez, cuspir corretamente pelo espaço adequado entre os dentes de cima e a ponta da língua de modo que o cuspe ganhasse distância e pudesse ser mirado. Com prática, conseguia-se controlar a trajetória elíptica da cusparada com uma mínima margem de erro. Era puro instinto. Hoje o mesmo feito requereria complicados cálculos de balística, e eu provavelmente só acertaria a frente da minha camisa. Outra habilidade perdida. Na verdade, deve-se revisar aquela antiga frase. … vivendo e desaprendendo. Não falo daquelas coisas que deixamos de fazer porque não temos mais as condições físicas e a coragem de antigamente, como subir em bonde andando _ mesmo porque não há mais bondes andando. Falo da sabedoria desperdiçada, das artes que nos abandonaram. Algumas até úteis. Quem nunca desejou ainda ter o cuspe certeiro de garoto para acertar em algum alvo contemporâneo, bem no olho, e depois sair correndo? Eu já.

Luiz Fernando Veríssimo
Assinale a alternativa que apresenta uma oração subordinada adverbial concessiva. 
Alternativas
Respostas
411: C
412: B
413: C
414: C
415: D