Questões de Concurso
Sobre problemas da língua culta em português
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Dadas as orações:
I - Alguém pode explicar porque eles saíram tão cedo?
II - Por que você chegou a essa hora?
III - A mãe não gostou da “nora” por que esta ficou implicando com seu filho.
A alternativa correta quanto ao uso das palavras em destaque é:
Considerando o uso dos porquês, faça a associação correta:
1 – Por que
2 – Por quê
3 – Porque
4 – Porquê
( ) Não terminei o trabalho ________ passei mal
( ) Ela não quis ir ao clube _______?
( ) __________ você não me contou isso antes?
( ) Logo imagino o ______ de toda esta alegria!
Assinale a alternativa com a respectiva sequência:
Complete as sentenças com as formas verbais corretas ao contexto e a norma culta padrão:
1. Antigamente..................poucos moradores na cidade.
2. Já ..........muitos anos que não se ouvia essa música.
3. .................dias que não a via mais.
Respeitando a ordem em que as frases aparecem, temos:
Complete as sentenças:
1. Falamos.........................dos problemas de nossa cidade.
2. O ônibus parou..........................trinta centímetros da ponte.
3. O trabalhador parou.........................meia hora.
4. Corremos....................dez quilômetros para chegar no vilarejo.
No Manual de Redação Oficial da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, lê-se:
A escolha das palavras e das estruturas determina, portanto, a expressão do pensamento e garante a inteligibilidade da mensagem. Assim, é inadmissível que a Redação Oficial apresente incorreções, coloquialismos, gírias, expressões regionais e “burocratês”, tipo de linguagem administrativa, constituída de formas arcaicas, inadequadas ao contexto contemporâneo.
Considerando essas recomendações quanto ao que é admissível na Redação Oficial, há INCORREÇÃO na seguinte frase
Texto: Mais poder digital
Quem tem mais de 40 anos deve lembrar que acessar um computador não era tarefa fácil nos anos 80. Nos primeiros modelos de computadores pessoais que chegaram ao Brasil, a tela escura do monitor era inundada por letrinhas verdes e muitos códigos. Para muitos parecia assustador. Para mim, a descoberta de um universo fascinante. A curiosidade e o desejo de desvendar esse novo mundo me levaram ao aprendizado da programação, que definiu a minha vida profissional e pessoal.
A mudança foi grande, e hoje o acesso à internet abrange 77% dos jovens brasileiros de 10 a 17 anos, dos quais 83% usam a rede via seus celulares inteligentes, segundo o Cetic.br (2014). Com apenas um toque, fazemos ligações, tiramos fotos e gravamos vídeos, além de navegarmos por informações e serviços em todo o mundo.
Mas um estudo recente do Banco Mundial revela que, apesar de o acesso a novas tecnologias ter alcançado 40% da população global, nem sempre isso é sinônimo de desenvolvimento: em muitos países, persistem problemas impedindo a inclusão, a eficiência e a inovação. Para que os benefícios cheguem a todas as camadas sociais, o relatório recomenda investimento em educação e ensino das tecnologias de informação e comunicação, o que merece atenção urgente dos governos e da sociedade brasileira.
A inclusão digital deixou de ser nosso principal desafio, como era em 1995, quando fundei o CDI (Comitê para Democratização de Informática) para levar computadores a comunidades do Rio. Evoluímos nosso propósito para o empoderamento digital, usando a tecnologia como algo transformador, potencializando a autonomia, a criatividade e a colaboração para resolver problemas sociais. Isso é possível.
Quando os jovens percebem que podem migrar de usuários a criadores de tecnologia, eles também descobrem um imenso potencial para reprogramar suas realidades. Blog que denuncia o acúmulo de lixo na comunidade, app que promove apoio a pacientes de câncer ou compartilha eventos culturais gratuitos são algumas ideias que surgem dessas mentes inquietas, grandes talentos e protagonistas das mudanças que querem ver no mundo.
Dominar ferramentas tecnológicas e a lógica da programação é habilidade cada vez mais necessária para pensar em soluções que vão revolucionar nossa relação com o mundo. Aprender a programar pode ser muito divertido porque é um trabalho feito coletivamente, colaborativo, criativo e desafiador.
Quando eu aprendi a programar, conheci uma nova linguagem, a linguagem dos sistemas e dos aplicativos (app). Habilidade que já é responsável por melhorar a empregabilidade e o rendimento escolar, além de abrir portas para o universo do empreendedorismo.
Empoderadas digitalmente, as novas gerações têm a chance de protagonizar imensas transformações. Em rede, podem tornar sua realidade melhor e mais positiva. Precisamos fomentar as possibilidades de ação e criação, usando a tecnologia para acessar oportunidades de trabalho, estudo e empreendedorismo. Com isso, poderemos reprogramar e redefinir todo o nosso sistema.
Rodrigo Baggio. O Globo, 01/09/2016, p. 17. Adaptado. Disponível em: http://oglobo.globo.com/opiniao/mais-poder-digital- 20029560
Texto para responder a questão a seguir.
O que há de errado com a globalização?
“Não é possível ter hiperglobalização, democracia e soberania nacional ao mesmo tempo”, afirma Dani Rodrik, em The globalization paradox.
O Reino Unido decide sair da União Europeia (UE), depois de uma campanha inflamada contra a imigração. A xenofobia cresce no continente, às voltas com a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. Nos Estados Unidos, Donald Trump leva a candidatura presidencial republicana com uma plataforma paranoica, que prevê proibir a entrada de muçulmanos no país, deportar 11 milhões de ilegais e erguer um gigantesco muro na fronteira com o México. Pela primeira vez desde a crise de 2008, a Organização Mundial do Comércio (OMC) registra, em 2015, queda no comércio global de mercadorias. O protecionismo se torna não apenas mais popular, mas também mais difícil de desarmar. Três em cada quatro das mais de 2.500 barreiras comerciais impostas desde 2008 continuam em vigor. O estoque cresce a um ritmo de quase 100 por ano, e as medidas de abertura de mercado mal as compensam. O que deu errado com a globalização? O livre-comércio não era o atalho mais rápido para o crescimento? Não era inevitável que o mundo se tornasse mais aberto, até alcançar o fluxo livre de mercadorias, serviços, dinheiro e até pessoas?
O plebiscito britânico mostra que não. Ele faz tremer a integração europeia, uma ideia que nasceu nos anos 1950 para evitar novas guerras e tragédias no continente. De início apenas econômico, o projeto ganhou forma política com a UE, em 1992. Era uma época em que a queda do Muro de Berlim e a globalização punham em questão as fronteiras e os Estados nacionais. A visão de mundo dominante pregava uma variante do seguinte discurso: “O Estado-nação é passado. As fronteiras desapareceram. A distância morreu. A Terra é plana. Nossas identidades não estão limitadas pelo lugar onde nascemos”. É assim, com certa ironia, que o economista turco Dani Rodrik, da Universidade Princeton, descreve os projetos de governança global, como a UE, em seu livro The globalization paradox: democracy and the future of the world economy (O paradoxo da globalização: democracia e o futuro da economia mundial). No mundo, a UE foi a instituição que levou mais longe, no plano político, o sonho global. Mas o Reino Unido sempre pensou diferente. “O interesse britânico na Europa sempre foi primariamente econômico”, dizia Rodrik já em 2011. “Sua abordagem minimalista diante da construção de instituições europeias contrasta agudamente com as metas federalistas mais ambiciosas, de França e Alemanha.”
(Helio Gurovitz, 26/06/2016. Disponível em: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/helio-gurovitz/noticia/2016/06/o-que-ha-de-errado-comglobalizacao.html. Fragmento.)
“E a escolha não é por menos, já que HÁ milhões de anos os vegetais fazem isso” (4º §)
No fragmento acima, foi empregado o verbo “haver”, e não a preposição “a”, por se tratar de construção que, pelo sentido, remete a tempo decorrido.
Das frases abaixo, está INCORRETA, por se ter empregado
o verbo “haver” no lugar da preposição “a”, ou
vice-versa, a seguinte:
“Assim, nos últimos anos, grupos de cientistas espalhados pelo mundo têm buscado formas de tornar esta reação mais eficiente e barata” (1º §)
A flexão do verbo “ter” e seus derivados é feita por uma padrão especial em língua portuguesa, que se caracteriza por inúmeras irregularidades.
Na redação das frases abaixo, foram usados verbos
derivados de “ter”. A frase em que a flexão do verbo está
em DESACORDO com a norma culta da língua é:
Considere no fragmento acima, do ponto de vista da regência, o emprego do pronome relativo na redação da oração adjetiva.
Das alterações feitas abaixo no mesmo fragmento, aquela em que o emprego do pronome relativo CONTRARIA norma de regência da língua culta é:
Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.
Por esta, as casas de aposta britânicas não esperavam: o cantor Bob Dylan ganhou o Prêmio Nobel de Literatura de 2016. Seria um sinal de que as já questionáveis fronteiras entre a cultura pop e a chamada alta literatura estão se desfazendo? Deixemos essa questão a quem interessa: os círculos acadêmicos obcecados por categorizar os gêneros do discurso.
Ao mundo hispano-americano, no entanto, cabe uma lembrança oportuna: a importância dos trovadores para nossa formação cultural e sua atualidade nem sempre reconhecida.
Sim, houve um tempo em que poesia e música eram indissociáveis. A literatura na Península Ibérica nasceu com o canto dos trovadores da Idade Média, menestréis ambulantes ou abrigados nas cortes da Galícia e do norte de Portugal. Eles construíram um vigoroso retrato do amor medieval e deram lugar à voz feminina nas suas composições. Foram eles também que denunciaram as mazelas daquela sociedade em suas cantigas de escárnio e maldizer
Soterrados por séculos de esquecimento, os trovadores sofreram críticas pedantes, que os consideravam repetitivos, vulgares... populares demais, enfim. Houve uma crueldade especial por parte dos eruditos até sua eventual redescoberta pela professora Carolina Michaelis de Vasconcelos, já no início do século XX. Vale notar que a lacuna de percepção que os menosprezou por 600 anos tem uma estreita relação com o esnobismo acadêmico que recusa às letras de canção o status de nobreza da poesia.
Para os brasileiros, nada disso faz sentido. Aí esteve Vinícius de Moraes, que não nos deixa mentir. Quando perguntaram a Manuel Bandeira qual o mais belo verso já escrito no Brasil, o poeta pernambucano respondeu: “Tu pisavas nos astros, distraída”, decassílabo de Orestes Barbosa na letra de “Chão de estrelas”.
Mesmo assim, entre nós, as manchetes denunciam a surpresa diante do compositor nobelizado. Como se não fosse ele sério o suficiente. Como se ele fosse produto de outro mundo... popular demais, enfim.
(Adaptado de: LOZANO, José Ruy. Com o Nobel para Bob Dylan, é hora de redescobrir os trovadores. El país – Brasil, 13.10.2016. Disponível
em: http://brasil.elpais.com)
Para responder à questão, leia o texto abaixo, de autoria de Patativa do Assaré:
Vaca Estrela e Boi Fubá
Seu dotô me dê licença
Pra minha história contar
Hoje eu tô nu’a terra estranha
E é bem triste o meu penar
Mas já fui muito feliz
Vivendo no meu lugar
Eu tinha cavalo bão
Gostava de campear
E todo dia aboiava
Na porteira do currá
Ê, vaca Estrela! Ô, boi Fubá!
Eu sou fio do nordeste
Não nego o meu naturá
Mas uma seca medonha
Me tangeu de lá pra cá
Lá eu tinha meu gadinho
Num é bão nem alembrar
Minha linda vaca Estrela
E o meu belo boi Fubá
Quando era de tardinha
Eu começava aboiar
Ê, vaca Estrela! Ô, boi Fubá!
Aquela seca medonha
Fez tudo se atrapaiar
Não nasceu capim no campo
Para o gado sustentar
O sertão se esturricou
Fez os açude secar
Morreu minha vaca Estrela
Se acabou meu boi Fubá
Perdi tudo quanto tinha
Nunca mais pude aboiar
Ê, vaca Estrela! Ô, boi Fubá!
Hoje nas terra do sul
Longe do torrão natá
Quando eu vejo em minha frente
Uma boiada passar
As água corre dos óio
Começo logo a chorar
Lembro minha vaca Estrela
E o meu belo boi Fubá
Com sodade do nordeste
Dá vontade de aboiar
Ê, vaca Estrela! Ô, boi Fubá!