Questões de Português - Pronomes pessoais oblíquos para Concurso

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Q1683236 Português

Universidade pública paga?

    Pesquisa realizada pelo Datafolha mostrou que a maioria da população brasileira quer educação gratuita para todos, da creche à universidade.
   Educação deve ser pública e gratuita, da primeira infância ao ensino médio. Por exemplo, uma menina que passar por esse ciclo gerará um retorno social maior que o privado: a produtividade da economia aumenta com trabalhadores qualificados.
    Há justificativa moral para a gratuidade: ela confere liberdade às pessoas. No processo educacional, funcionalidades são apropriadas pelos indivíduos, conferindo-lhes a possibilidade de serem livres e agentes, não dependentes e passivos.
   No ensino superior, o retorno privado é maior do que o social. Por exemplo, mais médicos e administradores graduados geram ganhos sociais, mas os salários desses profissionais indicam que os ganhos privados são substantivos: não seria razoável oferecer-lhes educação superior gratuita.
    Há aspectos morais que justificariam ensino superior pago, mas somente para quem tem condições de fazê-lo. O Brasil é um país consideravelmente desigual. Logo, desiguais deveriam ser tratados desigualmente. E há dois fundamentos filosóficos para tal posição.
   O primeiro advém do conceito de progressividade de impostos e gastos públicos. Logo na graduação, economistas aprendem um princípio de justiça: de cada um de acordo com sua capacidade, a cada um de acordo com sua necessidade. O segundo é derivado da visão do filósofo John Ralws: por vezes, é mais justo tratar desiguais de forma desigual.
    Logo, seria mais razoável, do ponto de vista econômico e moral, considerar que alunos do ensino superior que possam pagar por este o façam.

(Marcos Fernandes G. da Silva. https://www1.folha.uol.com.br/ opiniao/2020/08/universidade-publica-paga.shtml. 31.08.2020. Adaptado)
O termo ou expressão a que se refere o pronome destacado está corretamente identificado entre parênteses em:
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Q1682799 Português

    Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernáculo. Por alguns anos ele sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informações sobre as regras da gramática, que eu não respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra no último Quarto de Badulaques. Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em “varreção” — do verbo “varrer”. De fato, tratava-se de um equívoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovação. Pois o meu amigo, paladino da língua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário. O certo é “varrição”, e não “varreção”. Mas estou com medo de que os mineiros da roça façam troça de mim, porque nunca os ouvi falar de “varrição”. E se eles rirem de mim não vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da página do dicionário. Porque para eles não é o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas de Minas Gerais, fala “varreção”, quando não “barreção”. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto é que nunca tenha dito nada sobre o que eu escrevo, se é bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato está rachado.


Rubem Alves. Internet: (com adaptações).


A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto anterior, julgue o seguinte item. 

No trecho “Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra no último Quarto de Badulaques”, a substituição de “Fi-lo” por O fiz, forma mais comum no português do Brasil, manteria a correção gramatical do trecho, de modo que é possível concluir que a escolha do autor visa ironizar a visão que seu amigo tem sobre a língua.
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Q1682491 Português
O verão da inteligência artificial

     Panaceia ou armadilha diabólica são as posições extremas no espectro de quem discute Inteligência Artificial (IA) e as consequências de sua aplicação. Provavelmente a verdade (mas, o que é “verdade?”) deve localizar-se em algum ponto intermediário. E tanto os apologéticos como os apocalípticos obtém apoio de peso: o próprio Stephen Hawking teria declarado que “conseguir sucesso na criação real de IA poderá ser o maior evento da história da nossa civilização. Ou o pior. Não sabemos...”
      O que ajuda a carrear tanta atenção à IA é que, talvez levianamente, grudamos o rótulo de IA em muitas coisas que seriam, apenas, sofisticada tecnologia, tratamentos estatísticos e exame de correlação de dados.
       Reconhecimento facial, por exemplo, é um tema de pesquisa desde os anos 60, e até recentemente não relacionado a IA. O mesmo se pode dizer das eficientíssimas máquinas de busca de que dispomos da internet de hoje. Foi o rápido e contínuo desenvolvimento do poder computacional que, aplicado a algoritmos, permitiu que usássemos a impressão digital, ou imagem da íris, ou reconhecimento facial como identificadores pessoais de acesso. Processamento, associado a capacidade quase ilimitada de armazenamento e intercomunicação em rede, gerou ferramentas de busca e de localização.
       Parece vontade de “dourar a pílula” da IA – por si já muito poderosa – colocar tudo sob o mesmo guarda-chuva. Aliás, cunha-se a sigla IA (Inteligência Artificial) para designar essa simplificação matreira e oportunista.
     Os exemplos citados podem ser muito potencializados com a introdução da IA. Algoritmos fixos usados tornam-se dinâmicos: “aprendem” com seus próprios erros e resultados e buscam refinar sua ação. Não se trata mais, apenas, de identificar uma face, mas de detectar o estado de espírito do indivíduo e, se possível, inferir suas intenções. Não estamos simplesmente encontrando coisas na rede, mas recebendo resultados personalizados que, além de ter maior sintonia com o que procuramos, procuram causar mais impacto no que faremos depois. O céu (ou o inferno...) é o limite do que se pode conseguir quando sistemas evoluem a partir da sua própria experiência, afastam-se do seu funcionamento original e chegam a obter autonomia de difícil predição ou controle.
        Há, assim, um efeito “moda” sobreposto a um real e afetivo progresso rumo a uma IA exuberante. Se previsões alarmantes, como 1984, de George Orwell ou Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, parecem estar se concretizando rapidamente, outras mais otimistas e animadoras, como robôs domésticos, viagens interplanetárias e carros totalmente autônomos ainda situam-se no campo das possibilidades. A história da IA começa nos anos 60 e apresenta uma “ciclotimia”: passa-se de momentos de euforia para momentos de retração, que ficaram conhecidos como os “invernos da IA”.
      Estamos claramente num pleno verão, um pouco forçado, mas indiscutível. Há também alguns indícios de reconhecimento: levantam-se dúvidas sobre “carros automáticos”, se chegaremos mesmo à singularidade de Ray Kurzweil etc.. Há quem prenuncie um novo inverno pela frente. Se esse inverno vier, que seja na forma de oportunidades para avaliar riscos e benefícios, o uso ética e controle de tecnologias críticas que representam a ameaças à civilização.
        Ou seja, que esse inverno traga um renascimento auspicioso como Shakespeare coloca na boca de Ricardo III: “... o inverno do nosso descontentamento converte-se agora em glorioso verão... e todas as nuvens que ameaçavam nossa casa estão enterradas no mais profundo dos oceanos”.

(Disponível em: https://link.estadao.com.br/noticias/geral,o-verao-dainteligencia-artificial,70003166362. Demi Getschko.)
A substituição do sintagma grifado pelo pronome correspondente NÃO foi realizada corretamente em:
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Q1682442 Português
Pesquisadores podem ter identificado fóssil de menor dinossauro já visto

    Cientistas descreveram na revista Nature o fóssil do menor dinossauro já visto. A evidência foi encontrada dentro de um âmbar (resina de árvores fossilizadas) proveniente do norte de Myanmar. O dinossauro – que se assemelha aos menores pássaros existentes hoje – viveu há cerca de 99 milhões de anos, no período Cretáceo.
    O fóssil era um crânio de 1,5 centímetros de comprimento, tamanho aproximado de uma unha de polegar. Com base nisso, pesquisadores acreditam que o dinossauro, batizado de Oculudentavis khaungraae, tinha o tamanho de um colibri-abelha-cubano – espécie de beija-flor que pesa, no máximo, dois gramas.
    Pode ser que o Oculudentavis tenha relação com outras espécies de dinossauros com penas, como o Archaeopteryx e o Jeholornis (primos distantes dos pássaros modernos). Mas é difícil fazer qualquer afirmação sem evidências do resto de seu corpo. A única certeza é que o fóssil pertence a um dinossauro que morreu na idade adulta. Para concluir isso, cientistas fizeram um exame que indica a maturação do dinossauro, analisando o quanto seus ossos se fundiram.
    O formato do crânio sugere que o dinossauro era um grande caçador de insetos que exercia suas atividades durante o dia. Apesar da cabeça pequena, guardava 40 dentes na mandíbula superior. Além disso, seus olhos enormes eram sustentados por ossos côncavos, parecidos com os de alguns lagartos, e com uma abertura estreita que restringia a entrada abundante de luz, facilitando a busca por alimentos sob o sol.
    São essas características que podem ________ de outras aves e ________ para a família dos dinossauros. Os pesquisadores acreditam que elas surgiram devido à falta de recursos existentes nas ilhas em que viviam, o que causou uma miniaturização evolucionária, ou seja, os Oculudentavis foram ficando pequeninhos.
    O âmbar com o fóssil havia sido adquirido em 2016 por um colecionador. Ele notou o fóssil presente e doou a relíquia para o Hupoge Amber Museum, em Tengchong (China). Nas florestas tropicais de Myanmar, paleontologistas já identificaram âmbares contendo insetos, cobras e até pedaços de dinossauros com penas. Nas árvores fossilizadas da região, é possível encontrar os menores habitantes que passaram por lá.

https://super.abril.com.br/ciencia/pesquisadores-podem... - adaptado. 
Assinalar a alternativa que preenche as lacunas do texto CORRETAMENTE:
Alternativas
Q1681938 Português
Leia o texto abaixo e, em seguida, responda a questão pertinente:

Louco amor
(Ferreira Gullar)

    Era dado a paixões, desde menino. Na escola, aos oito anos, sentava-se ao lado de Nevinha, que tinha a mesma idade que ele e uns olhos que pareciam fechados: dois traços no rosto redondo e sorridente. Quando se vestia, de manhã cedo, para ir à escola, pensava nela e queria ir correndo encontrá-la. Puxava conversa a ponto da professora ralhar. Mas, chegaram as férias de dezembro, perguntou onde ela ia passá-las. “No inferno”, respondeu. Ele se espantou, ela riu. “É como minha mãe chama o sítio de meus avós em Codó.” No ano seguinte, sua mãe o matriculou numa escola mais perto de sua casa e ele nunca mais viu Nevinha.
    Na nova escola, enamorou-se de Teca, que tinha duas tranças compridas caídas nos ombros. Era engraçada e sapeca, brincava com todo mundo e não dava atenção a ele. Já no ginásio, foi a Lúcia, de olhos fundos, silenciosa, quase não ria. Amor à distância. Uma vez ela deixa cair o estojo de lápis e ele, prestimoso, o juntou no chão, e lhe entregou. Ela riu, agradecida.
    Enlouqueceu mesmo foi pela Paula, de 15 anos, quando ele já tinha 22 e se tornara pintor. Era filha de Bonetti, seu professor na Escola de Belas Artes e cuja casa passou a frequentar, bem como outros colegas de turma. A coisa nasceu sem que ele se desse conta, já que a via como uma menina. Mas, certo dia, acordou com a lembrança dela na mente, o perfil bem desenhado, o nariz, os lábios, os olhos inteligentes. Ela era muito inteligente, falava francês, já que vivera com os pais em Paris e lá estudara. A partir daquela manhã, quando visitava o professor era, na verdade, para revê-la. De volta a seu quarto, no Catete, sentia sua falta e inventava pretextos para visitas. Ficava a olhá-la, o coração batendo forte, louco para tomar-lhe as mãos e dizer-lhe: “Eu te amo, Paula”.
    Mas não se atrevia, embora já não conseguisse pintar nem sair com os amigos sem pensar no momento em que declararia a ela o seu amor. Mas não o fazia e já agora custava a dormir e, quando dormia, sonhava com ela. Mas eis que, numa das visitas à casa do professor, não a encontrou. Puxou conversa com a mãe dela e soube que havia ido ao cinema com um primo. Quando chegou, foi em companhia dele, de mãos dadas. Era o Eduardo, que chegara dos Estados Unidos, onde se formara.
    Sentiu que o mundo ia desabar sobre sua cabeça, mal conseguia ver os dois, sentados no divã da sala, cochichando e rindo, encantados um com o outro.
    Agora, acordar de manhã era um suplício, já que a lembrança dela não lhe saía da cabeça. Evitava agora ir à casa de Bonetti, que, entranhando-lhe a ausência, telefonava para convidá-lo. Temia ir lá, mas terminava indo, porque pelo menos podia revê-la, mas voltava para casa arrasado. Muitas vezes nem entrava em casa, com medo de se defrontar com a insuportável realidade. Ficava pela rua andando à toa, até altas horas da noite. Decidiu entregar-se totalmente a sua pintura, comprou telas novas, tintas novas, mas postado em frente ao cavalete, tudo o que conseguia era pensar nela. “Então, vou fazer dela o tema de meus quadros”, decidiu-se e iniciou uma série de retratos dela, que eram antes alegorias patéticas e dolorosas. Os colegas gostaram e contaram ao Bonetti, que pediu para vê-los. Levou-lhe alguns dos quadros, que mereceram dele entusiasmados elogios. Paula, depois de elogiá-los, observou: “Ela parece comigo!”. Ele a fitou nos olhos: “Ela é você”. Sem entender, ela sorriu lisonjeada.
    Paula e o primo se casaram e foram morar nos Estados Unidos. Júlio ganhou um prêmio de viagem ao exterior e foi conhecer os museus da Europa, fixando-se em Paris, que era na época o centro irradiador de arte e literatura. De volta ao Brasil, conheceu Camila, com quem se casou e teve dois filhos, uma menina e um menino, que hoje estão casados e lhe deram netos. Quanto a Paula, de que nunca mais tivera notícias, soube que se separara do marido e voltara ao Brasil, indo morar em São Paulo.
    Júlio e Bonetti continuaram amigos. Já sem a mesma frequência, ia visitá-lo naquele mesmo apartamento de Botafogo, onde viveu com a mesma mulher, mãe de Paula. Morreu dormindo, como queria. Júlio foi ao velório, no Cemitério de São João Batista, onde ele encontrou Paula, quarenta anos depois.
    Ela estava sentada junto ao caixão, ao lado de uma moça. “Júlio foi amigo de meu pai a vida toda... Me conheceu menina.”
    Falou aquilo com toda a naturalidade. “Que estranha é a vida”, pensou ele, fitando o rosto da mocinha que jamais poderia ter sido filha sua.

Gullar, Ferreira. A alquimia na quitanda: artes, bichos e barulhos nas melhores crônicas do poeta. São Paulo: Três Estrelas, 2016.
Releia e responda: “Ficava a olhá-la, o coração batendo forte, louco para tomar-lhe as mãos e dizer-lhe: “Eu te amo, Paula”.” Dê a classificação morfológica respectiva dos termos sublinhados, considerando a inserção na sentença:
Alternativas
Respostas
726: B
727: E
728: C
729: E
730: C