Questões de Concurso
Comentadas sobre pronomes relativos em português
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Julgue o item a seguir em relação à correção gramatical e à coerência das substituições propostas para palavras, expressões e trechos do texto.
“que” (linha 11) por quem
Em relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto apresentado, julgue o item seguinte.
O sentido original e a correção gramatical do texto seriam
preservados se o trecho “que tem seus principais pilares
fincados na persecução do bem comum” (l. 4 e 5) fosse assim
reescrito: cujos pilares principais se assentam na busca do
bem comum.
Modos de disputa
Dois indivíduos têm uma contenda e estão enraivecidos. Um deles diz ao outro, furioso: − Vou te quebrar a cara! Ao que o outro, igualmente indignado, responde com energia: − Pois eu vou te processar!
São, não há dúvida, dois modos de disputar a razão de quem viu ofendido um suposto direito seu. O primeiro indivíduo recua bastante na história e reproduz a jurisprudência das cavernas: a pancada corretiva, o direito da força, o recurso dos instintos primários; o segundo preferiu confiar numa instituição, numa instância social, na mediação das leis, na força do direito. O que não significa que, em outra situação, os mesmos indivíduos não pudessem reagir de modo oposto: somos criaturas difíceis, sujeitas ao temperamento, ao sentimento de ocasião.
“Vou te processar” é o modo civilizado, que confia no equilíbrio de um rito jurídico, devidamente conduzido e arbitrado por profissionais do ramo: advogados, juízes, promotores. O processo tem sua mecânica balizada por prazos, recursos, ações de embargo etc. O propósito está em que, ao fim e ao cabo do processo, todos os componentes de uma disputa tenham sido devidamente apreciados e julgados, a partir do que se exare a sentença final. Como todo rito complexo e minucioso, pode demorar muito até o bater do martelo.
A instituição justa do processo conta com o fato de que ambas as partes sigam exatamente os mesmos passos garantidos pela lei. Mas não há como evitar certas condicionantes, que fazem diferença: a habilidade maior de um advogado, os recursos para custear um processo longo, a intimidação que pode representar o fato de uma das partes ser um litigante de grande poder político ou notoriedade social. As diferenças sociais e econômicas entre os homens podem marcar o destino de um processo. Nesse caso, voltamos um pouquinho no tempo e, de um modo aparentemente mais civilizado, reproduzimos algo parecido com o direito da força.
(Júlio Castro de Ribeiro, inédito)
Sem privacidade
Ainda é possível ter privacidade em meio a celulares, redes sociais e dispositivos outros das mais variadas conexões? Os mais velhos devem se lembrar do tempo em que era feio “ouvir conversa alheia”. Hoje é impossível transitar por qualquer espaço público sem recolher informações pessoais de todo mundo. Viajando de ônibus, por exemplo, acompanham-se em conversas ao celular brigas de casal, reclamações trabalhistas, queixas de pais a filhos e vice-versa, declarações românticas, acordo de negócios, informações técnicas, transmissão de dados e um sem-número de situações de que se é testemunha compulsória. Em clara e alta voz, lances da vida alheia se expõem aos nossos ouvidos, desfazendo-se por completo a fronteira que outrora distinguia entre a intimidade e a mais aberta exposição.
Nas redes sociais, emoções destemperadas convivem com confissões perturbadoras, o humor de mau gosto disputa espaço com falácias políticas – tudo deixando ver que agora o sujeito só pode existir na medida em que proclama para o mundo inteiro seu gosto, sua opinião, seu juízo, sua reação emotiva. É como se todos se obrigassem a deixar bem claro para o resto da humanidade o sentido de sua existência, seu propósito no mundo. A discrição, a fala contida, o recolhimento íntimo parecem fazer parte de uma civilização extinta, de quando fazia sentido proteger os limites da própria individualidade.
Em meio a tais processos da irrestrita divulgação da personalidade, as reticências, a reflexão silenciosa e o olhar contemplativo surgem como sintomas problemáticos de alienação. Impõe-se um tipo de coletivismo no qual todos se obrigam a se falar, na esperança de que sejam ouvidos por todos. Nesse imenso ruído social, a reclamação por privacidade é recebida como o mais condenável egoísmo. Pretender identificar-se como um sujeito singular passou a soar como uma provocação escandalosa, em tempos de celebração do paradigma público da informação.
(Jeremias Tancredo Paz, inédito)
Entre o público e o privado
“Pichou o nome da gangue em parede de igreja.” Essa frase está no dicionário Houaiss para exemplificar o sentido do verbo pichar: “escrever, rabiscar (dizeres de qualquer espécie) em muros, paredes, fachadas de edifícios etc.”. Mas o exemplo de aplicação do verbo não é neutro: a diferença entre “nome da gangue” e “parede de igreja” parece sugerir a violência de um ato condenável, herético, pecaminoso, aplicado sobre o espaço do sagrado.
Do ponto de vista dos pichadores, porém, sua ação é política, e corresponderia, ainda, a uma manifestação artística de caráter transgressivo. A pichação seria o direito de os anônimos marginalizados inscreverem sua marca pessoal no espaço público, para proclamarem sua existência como sujeitos. Já os adversários dos pichadores costumam ver nas pichações a obsessão pela sujeira atrevida, pelo prazer rudimentar de manchar o que é limpo. Os mais sofisticados chegam mesmo a reverter a justificativa dos pichadores: a pichação seria a manifestação de uma iniciativa privada dentro do espaço aberto ao público.
A discussão está lançada. Não parece que estejamos próximos de ver terminada essa batalha pela distribuição e reconhecimento de direitos conflitantes. O espaço da cidade continua, assim, um campo de disputa entre os que detêm o direito de propriedade e os que justificam a ação transgressiva como o direito a uma assinatura.
(Teobaldo Tirreno, inédito)
A questão foi elaborada tendo como base o texto de Reinaldo José Lopes, a seguir.
Em livro ambicioso, sociólogo analisa incertezas do futuro
Falta de ambição claramente não é o problema de A Era do Imprevisto: A Grande Transição do Século 21, novo livro do sociólogo mineiro Sérgio Abranches. Se o leitor já se perguntou, como imagino, que diabos está acontecendo com o mundo nos últimos anos e o que pode vir daqui para a frente, a obra do especialista formula algumas respostas – imaginativas, provisórias e diabolicamente complicadas.
Ele tem se especializado na interface entre política global e questões ambientais, uma conexão que, por si só, já seria suficiente para produzir calvície e gastrite nos espíritos mais serenos. Esse eixo político-ambiental está no cerne do livro, mas o sociólogo também tenta investigar como a ascensão das redes sociais pode afetar a organização da sociedade do futuro; como o conhecimento emergente (biotecnologia, nanotecnologia, inteligência artificial) pode transformar a vida humana neste século; e o que a tradição filosófica ocidental e as descobertas da biologia evolucionista têm a dizer sobre nossa natureza e nosso futuro como espécie.
Para Abranches, a sede de ir ao cerne de todas essas questões existenciais se justifica pelo próprio subtítulo do livro: estaríamos vivendo “a grande transição do século 21”, um ponto de virada tão importante, à sua maneira, quanto o Renascimento do século 16 ou a Revolução Industrial do século 18.
Num cenário fulcral como esse, nada mais lógico que tudo pareça bagunçado e em crise permanente. Estruturas políticas, sociais, econômicas e culturais velhas ainda estão se encaminhando lentamente para o leito de morte, enquanto suas substitutas passam por um parto difícil. Resultado: sensação perpétua de caos e desalento, ainda que o momento também esteja repleto de potencialidades positivas.
Abranches está convicto de que a falta de controle sobre o capitalismo tem solapado o funcionamento das democracias. “As leis de mercado são hoje um eufemismo que designa a combinação entre controle oligopolista e hegemonia do capital financeiro”, resume. Nesse cenário, poucos decidem os destinos de bilhões.
Onde ver esperança? Para Abranches, será crucial usar as possibilidades do ciberespaço para criar um modelo de participação política mais direto, evitando que a democracia representativa se transforme de vez em oligarquia. Resta saber como fazer isso sem que as redes sociais se transformem numa reunião de condomínio improdutiva de dimensões planetárias.
(Reinaldo José Lopes, Folha de S. Paulo, 27.05.2017. Adaptado)
Leia os fragmentos textuais abaixo e responda ao que se pede.
Lembrando que (1) o Brasil, mesmo com o progresso na Economia, ocupa a posição de número 84 no IDH mundial, justamente porque (2) o indicador considera a melhoria na saúde e educação, e não apenas na renda. (Texto 1)
Um ponto contudo (3) passou em vários momentos ao largo do debate nacional (Texto 2)
A partir da leitura dos fragmentos retirados dos textos 1 e 2, respectivamente, indique a opção que
melhor responde qual é a função gramatical que exercem os termos em destaque.
Considere o trecho abaixo:
Hoje, grande parte dos embates ocorre no dia a dia e, em especial, no ambiente profissional. Daí a conclusão, bastante compreensível, __________ sensação de nos sentirmos pressionados, capaz de operar transformações físicas e mentais “necessárias” para a sobrevivência, pode ser benéfica.
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna acima.
Claudio Pérez, enviado especial de El País a Nova York, para informar sobre a crise financeira, escreve em sua crônica da sexta feira, 19 de setembro de 2008: “Os tabloides de Nova York estão como loucos em busca de um corretor da Bolsa que se atire no vazio do alto de algum dos imponentes arranha-céus que abrigam os grandes bancos de investimento, ídolos caídos que o furacão financeiro está transformando em cinzas.” Vamos reter por um momento esta imagem na memória: uma multidão de fotógrafos, de paparazzi, espreitando as alturas com as câmaras prontas, para captar o primeiro suicida que encarne de maneira gráfica, dramática e espetacular a hecatombe financeira que fez evaporar bilhões de dólares e mergulhou na ruína grandes empresas e inúmeros cidadãos. Não creio que haja imagem que resuma melhor a civilização de que fazemos parte.
Parece-me ser essa a melhor maneira de definirmos a civilização de nosso tempo, compartilhada pelos países ocidentais, pelos que atingiram altos níveis de desenvolvimento na Ásia e por muitos do chamado Terceiro Mundo.
O que quer dizer civilização do espetáculo? É a civilização de um mundo onde o primeiro lugar na tabela de valores vigente é ocupado pelo entretenimento, onde divertir-se, escapar do tédio, é a paixão universal. Esse ideal de vida é perfeitamente legítimo, sem dúvida. Só um puritano fanático poderia reprovar os membros de uma sociedade que quisessem dar descontração, relaxamento, humor e diversão a vidas geralmente enquadradas em rotinas deprimentes e às vezes imbecilizantes. Mas transformar em valor supremo essa propensão natural a divertir-se tem consequências inesperadas: banalização da cultura, generalização da frivolidade e, no campo da informação, a proliferação do jornalismo irresponsável da bisbilhotice e do escândalo.
(LLOSA, Mario Vargas. A civilização do espetáculo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013. Adaptado).
“Os tabloides de Nova York estão como loucos em busca de um corretor da Bolsa que se atire no vazio do alto de algum dos imponentes arranha-céus que abrigam os grandes bancos de investimento, ídolos caídos que o furacão financeiro está transformando em cinzas.” (1º parágrafo)
As três orações introduzidas nesse período pelo pronome relativo “que” têm em comum a função de
Julgue o iten seguinte, com relação aos aspectos linguísticos do texto CB5A1BBB.
A supressão da preposição “em” (L.1) prejudicaria a correção
gramatical do texto.
Considerando as ideias e os aspectos linguísticos desse texto, julgue o item a seguir.
O segmento “cujas águas depois eram usadas para o
consumo da população” (linhas 5 e 6) poderia ser
reescrito, correta e coerentemente, da seguinte forma:
que suas águas depois eram destinadas ao consumo da
população.
Leia o texto para responder à questão.
Com quase quatro anos, minha filha começa a compreender um elemento fundamental da existência: o tempo. Meu filho, de dois, não tem a menor ideia ________ haja um antes e um depois. Sua vida é um agora contínuo, uma tela diante_________ passam mamadeira, berço, carrinho, pudim, avó, banho, Lego, minhoca.
Outro dia me meti numa encrenca ___________ resolvi falar que “amanhã” seria aniversário dele e ele iria ganhar presente. Ele abriu um sorriso, pediu o presente. Eu disse “amanhã”. Ele pediu de novo, educadamente, mas já sem o sorriso. Não entendia ________ eu não lhe dava o presente. Repeti, educadamente (e sorrindo muitíssimo), que o presente seria dado “amanhã”. Foi aquela choradeira. Claro.
(Antonio Prata, “Eu não quero ficar velhinha”.
Folha de S.Paulo, 19.02.2017. Adaptado)
EVITE O ABUSO DO VERBO "FAZER"
Por: Chico Viana. Disponível em: http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-ponta/evite-o-abuso-do-verbo-fazer-301353-1.asp Acesso em 19 de dezembro de 2013
- O que o músico faz em comum com o sapateiro?
- Sola.
No diálogo acima, há um jogo de palavras que se apoia na homonímia da palavra "sola". Ela é verbo e substantivo. Significa, no primeiro caso, o ato de "executar um canto ou solo". E no segundo, a "sola do sapato".
O jogo de palavras só foi possível graças ao emprego do verbo "fazer". Ele significa "produzir, confeccionar" no que diz respeito ao ofício do sapateiro ("sola", ou "solado", é mesmo o que o sapateiro faz). No que tange à atividade do músico, "fazer" não tem sentido próprio; substitui o verbo "solar". Ou seja: é um verbo vicário.
Vicários são os termos que aparecem no lugar de outros. Pronomes, numerais, advérbios (sim e não) e o verbo "ser" também desempenham esse papel. Veja alguns exemplos: "Pedro desistiu de concorrer a uma vaga para medicina. Ele não tinha esperança de passar", "Veio acompanhado de um irmão e um primo; o primeiro era mais educado do que o segundo", "Você gosta de cinema? Sim (ou seja: gosto)", "Se desistiu, foi porque não teve o estímulo da família (quer dizer: "desistiu porque não teve o estímulo da família)".
O verbo "fazer", seguido ou não de pronome, pode substituir qualquer verbo de ação da língua portuguesa. Uma pergunta como "O que você faz?" admite como respostas frases do tipo: "Estudo", "Construo prédios", "Organizo eventos" etc. "Fazer" toma o lugar de todas essas ações.
A amplitude semântica desse verbo pode levar a abusos no seu emprego. É quando, em vez de empregar uma forma verbal específica, usa-se "fazer" seguido de substantivo. Eis alguns exemplos retirados de redações: "Decidiu-se fazer a votação de duas propostas bem especiais", "É preciso fazer uma avaliação honesta do que está ocorrendo no País", "O governo precisa fazer uma sondagem na opinião pública".
Devem-se evitar essas construções perifrásticas. O texto ganha em economia e expressividade quando elas são substituídas pelos verbos correspondentes. Por que não dizer "votar duas propostas" "avaliar honestamente" ou "sondar a opinião pública"? Além de ter mais energia do que o nome, o verbo designa diretamente a ação.
Há casos em que o conjunto "verbo mais substantivo" é pertinente (como em "fazer um levantamento"), mas na maioria das vezes ele afrouxa a expressão.
Chico Viana é professor de português e
redação. www.chicoviana.com
Sobre os recursos de construção textual utilizados, avalie as proposições a seguir. Em seguida assinale a alternativa que contenha a resposta correta sobre a análise das mesmas.
I. Em: “jogo de palavras que se apoia na homonímia" (3º par.), a palavra “que” é um pronome relativo.
II. Em: “no que diz respeito ao ofício do sapateiro” (4º par.) a palavra “que” é uma conjunção subordinativa concessiva.
III. A palavra “que” pode desempenhar a função de pronome interrogativo. Então, sem perda de sentido, outra forma correta de escrever o trecho: “O que você faz” (6º par.) seria: “você faz o que?”.
IV. No último parágrafo, em “Há casos em que o conjunto
‘verbo mais substantivo’ é pertinente”, a palavra “que”
é um pronome relativo.
Leia a manchete do UOL.
De acordo com a norma-padrão, as lacunas do texto
devem ser preenchidas, respectivamente, com:
Utilize o texto para responder à questão.
Analise as frases abaixo:
A praia ........... águas me banho é Ingleses.
A cidade .......... mais gosto é Biguaçu.
São válidos os protestos .............. o povo vai às ruas.
Temos certeza ................... o Papa Francisco ama a todos.
Assinale a alternativa que preenche correta e sequêncialmente as lacunas do texto.
Texto
AQUI SOZINHO
Aqui sozinho, nesta calma, toda a história da humanidade e da vida rolam diante de mim. Respiro o ar inaugural do mundo, o perfume das rosas do Éden ainda recendentes de originalidade. A primeira mulher colhe o primeiro botão. Vejo as pirâmides subindo; o rosto da esfinge pela primeira vez iluminado pela lua cheia que sobe no oriente; ouço os gritos dos conquistadores avançando. Observo o matemático inca no orgasmo de criar a mais simples e fantástica invenção humana – o zero. Entro na banheira em Siracusa e percebo, emocionado, meu corpo sofrendo um impulso de baixo para cima igual ao peso do líquido por ele deslocado. Reabro feridas de traições, horrores do poder, rios de sangue correm pela história, justos são condenados, injustos devidamente glorificados. Sinto as frustrações neuróticas de tantos seres ansiosos, e a tentativa de superá-las com o exercício de supostas santidades. Com a emoção a que nenhum sexo se compara, começo, pouco a pouco, a decifrar, numa pedra com uma tríplice inscrição, o que pensaram seres como eu em dias assustadoramente remotos. Acompanho um homem – num desses raros instantes de competência que embelezam e justificam a humanidade – pintando e repintando o teto de uma capela; ouço o som divino que outro tira de um instrumento que ele próprio é incapaz de ouvir. Componho em minha imaginação o retrato de maravilhosas sedutoras, espiãs, cortesãs e barregãs, que possivelmente nem foram tão belas, nem seduziram tanto. Sento e sinto e vejo, numa criação única, pessoal e intensa, porque ninguém materializou nada num teatro, numa televisão, num filme. Estou só com a minha imaginação. E um livro.
(Fernandes, M. JB – 01.02.92)