Questões de Concurso Sobre português

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Q2927201 Português

TEXTO 2:

“As crianças têm de brincar mais”

Mais velho de três irmãos, o americano Howard Chudacoff começou a trabalhar aos 12 anos, na empresa de um tio. Ainda que temporária, a privação de brincadeiras deixou lembranças úteis para seu trabalho como professor de História. Chudacoff estudou o hábito de brincar nos últimos 500 anos.

Época – O conceito de “brincadeira infantil” é recente?
Chudacoff
– A urbanização e a redução do papel das crianças na economia doméstica ajudaram a criar a infância como um período separado da vida. Quando as crianças eram necessárias para a economia, trabalhando nos campos ou nas fábricas, era difícil vê-las como diferentes dos adultos. Depois da industrialização surgiu o conceito de infância, um período especial da vida, isolado, protegido dos perigos e das responsabilidades da idade adulta, um tempo para educação e diversão (...).

Época – O que mudou nas brincadeiras das crianças do século XVI para cá?
Chudacoff
– A primeira grande alteração foi no espaço onde acontecem as brincadeiras. Com a industrialização as crianças passaram a usar menos os espaços abertos e a natureza para brincar. Em vez de ir para o campo ou para o mato, ficam nas ruas ou dentro de casa. (...)

Época – Qual é o papel dos pais nas brincadeiras dos filhos?
Chudacoff
– Providenciar esse tipo de ambiente seguro e independente de brincadeira sem serem muito protetores. As crianças aprendem a cuidar de si mesmas e não se machucam com tanta freqüência quanto pensam os pais. (...) Os pais se sentem muito culpados quando não brincam com seus filhos, mas se esquecem de perguntar se os filhos querem brincar com eles. Às vezes, os filhos querem criar o próprio jogo e construir sua autonomia.

Época – Qual é o melhor brinquedo para uma criança?
Chudacoff
– O melhor brinquedo é um pedaço de pau. Pode ser chocante, mas, se você pensar, um bastão, uma bola ou uma caixa vazia são o tipo de brinquedo com que todo mundo brinca. Você pode fazer várias coisas com eles, usar sua imaginação e criar. Na maioria das vezes, as crianças enjoam dos brinquedos industrializados muito rapidamente.

Época – O senhor afirma que as crianças brincam cada vez mais tempo sozinhas. Isso é necessariamente ruim?
Chudacoff
– Com um jogo, um computador, um videogame ou mesmo assistindo à televisão, as crianças não brincam com os vizinhos, não correm pelas redondezas. Certamente uma criança que brinca sozinha várias horas por dia vai ter um tipo diferente de personalidade que o de alguém que interage com outras crianças. Tendemos a olhar mais para o lado negativo desses novos hábitos, que é mais evidente, mas as crianças de hoje têm de usar sua imaginação da mesma forma que seus antepassados. Elas não estão se tornando zumbis ou robôs.

Época – As crianças brincam o suficiente?
Chudacoff
– Tempo é liberdade quando se fala em brincar. E os pais estão tão preocupados em dar experiências enriquecedoras a seus filhos que acabam tomando conta do tempo de brincar. Eles as inscrevem em ligas de futebol, em aulas de ginástica. Além de tentar educá-las, eles tentam evitar que as crianças saiam de casa e façam algo perigoso. O tempo livre para brincadeiras, infelizmente, tem sido reduzido.

(CHUDACOFF, Howard. As crianças têm de brincar mais. In: Revista Época, 10 de março de 2008, edição 512, p.104-106.)

O verbo assistir pode assumir mais de uma significação dependendo do contexto e da regência que o acompanha. Logo, no período “com um jogo, um computador, um vídeo game ou mesmo assistindo à televisão” (5.ª fala), a alternativa em que esse verbo apresenta regência e sentido idênticos ao do fragmento é:

Alternativas
Q2927194 Português

TEXTO 2:

“As crianças têm de brincar mais”

Mais velho de três irmãos, o americano Howard Chudacoff começou a trabalhar aos 12 anos, na empresa de um tio. Ainda que temporária, a privação de brincadeiras deixou lembranças úteis para seu trabalho como professor de História. Chudacoff estudou o hábito de brincar nos últimos 500 anos.

Época – O conceito de “brincadeira infantil” é recente?
Chudacoff
– A urbanização e a redução do papel das crianças na economia doméstica ajudaram a criar a infância como um período separado da vida. Quando as crianças eram necessárias para a economia, trabalhando nos campos ou nas fábricas, era difícil vê-las como diferentes dos adultos. Depois da industrialização surgiu o conceito de infância, um período especial da vida, isolado, protegido dos perigos e das responsabilidades da idade adulta, um tempo para educação e diversão (...).

Época – O que mudou nas brincadeiras das crianças do século XVI para cá?
Chudacoff
– A primeira grande alteração foi no espaço onde acontecem as brincadeiras. Com a industrialização as crianças passaram a usar menos os espaços abertos e a natureza para brincar. Em vez de ir para o campo ou para o mato, ficam nas ruas ou dentro de casa. (...)

Época – Qual é o papel dos pais nas brincadeiras dos filhos?
Chudacoff
– Providenciar esse tipo de ambiente seguro e independente de brincadeira sem serem muito protetores. As crianças aprendem a cuidar de si mesmas e não se machucam com tanta freqüência quanto pensam os pais. (...) Os pais se sentem muito culpados quando não brincam com seus filhos, mas se esquecem de perguntar se os filhos querem brincar com eles. Às vezes, os filhos querem criar o próprio jogo e construir sua autonomia.

Época – Qual é o melhor brinquedo para uma criança?
Chudacoff
– O melhor brinquedo é um pedaço de pau. Pode ser chocante, mas, se você pensar, um bastão, uma bola ou uma caixa vazia são o tipo de brinquedo com que todo mundo brinca. Você pode fazer várias coisas com eles, usar sua imaginação e criar. Na maioria das vezes, as crianças enjoam dos brinquedos industrializados muito rapidamente.

Época – O senhor afirma que as crianças brincam cada vez mais tempo sozinhas. Isso é necessariamente ruim?
Chudacoff
– Com um jogo, um computador, um videogame ou mesmo assistindo à televisão, as crianças não brincam com os vizinhos, não correm pelas redondezas. Certamente uma criança que brinca sozinha várias horas por dia vai ter um tipo diferente de personalidade que o de alguém que interage com outras crianças. Tendemos a olhar mais para o lado negativo desses novos hábitos, que é mais evidente, mas as crianças de hoje têm de usar sua imaginação da mesma forma que seus antepassados. Elas não estão se tornando zumbis ou robôs.

Época – As crianças brincam o suficiente?
Chudacoff
– Tempo é liberdade quando se fala em brincar. E os pais estão tão preocupados em dar experiências enriquecedoras a seus filhos que acabam tomando conta do tempo de brincar. Eles as inscrevem em ligas de futebol, em aulas de ginástica. Além de tentar educá-las, eles tentam evitar que as crianças saiam de casa e façam algo perigoso. O tempo livre para brincadeiras, infelizmente, tem sido reduzido.

(CHUDACOFF, Howard. As crianças têm de brincar mais. In: Revista Época, 10 de março de 2008, edição 512, p.104-106.)

“Os pais se sentem muito culpados”, “O melhor brinquedo é um pedaço de pau”, “as crianças não brincam com os vizinhos”.

Pela ordem, os predicados das orações acima se classificam como

Alternativas
Q2927191 Português

TEXTO 2:

“As crianças têm de brincar mais”

Mais velho de três irmãos, o americano Howard Chudacoff começou a trabalhar aos 12 anos, na empresa de um tio. Ainda que temporária, a privação de brincadeiras deixou lembranças úteis para seu trabalho como professor de História. Chudacoff estudou o hábito de brincar nos últimos 500 anos.

Época – O conceito de “brincadeira infantil” é recente?
Chudacoff
– A urbanização e a redução do papel das crianças na economia doméstica ajudaram a criar a infância como um período separado da vida. Quando as crianças eram necessárias para a economia, trabalhando nos campos ou nas fábricas, era difícil vê-las como diferentes dos adultos. Depois da industrialização surgiu o conceito de infância, um período especial da vida, isolado, protegido dos perigos e das responsabilidades da idade adulta, um tempo para educação e diversão (...).

Época – O que mudou nas brincadeiras das crianças do século XVI para cá?
Chudacoff
– A primeira grande alteração foi no espaço onde acontecem as brincadeiras. Com a industrialização as crianças passaram a usar menos os espaços abertos e a natureza para brincar. Em vez de ir para o campo ou para o mato, ficam nas ruas ou dentro de casa. (...)

Época – Qual é o papel dos pais nas brincadeiras dos filhos?
Chudacoff
– Providenciar esse tipo de ambiente seguro e independente de brincadeira sem serem muito protetores. As crianças aprendem a cuidar de si mesmas e não se machucam com tanta freqüência quanto pensam os pais. (...) Os pais se sentem muito culpados quando não brincam com seus filhos, mas se esquecem de perguntar se os filhos querem brincar com eles. Às vezes, os filhos querem criar o próprio jogo e construir sua autonomia.

Época – Qual é o melhor brinquedo para uma criança?
Chudacoff
– O melhor brinquedo é um pedaço de pau. Pode ser chocante, mas, se você pensar, um bastão, uma bola ou uma caixa vazia são o tipo de brinquedo com que todo mundo brinca. Você pode fazer várias coisas com eles, usar sua imaginação e criar. Na maioria das vezes, as crianças enjoam dos brinquedos industrializados muito rapidamente.

Época – O senhor afirma que as crianças brincam cada vez mais tempo sozinhas. Isso é necessariamente ruim?
Chudacoff
– Com um jogo, um computador, um videogame ou mesmo assistindo à televisão, as crianças não brincam com os vizinhos, não correm pelas redondezas. Certamente uma criança que brinca sozinha várias horas por dia vai ter um tipo diferente de personalidade que o de alguém que interage com outras crianças. Tendemos a olhar mais para o lado negativo desses novos hábitos, que é mais evidente, mas as crianças de hoje têm de usar sua imaginação da mesma forma que seus antepassados. Elas não estão se tornando zumbis ou robôs.

Época – As crianças brincam o suficiente?
Chudacoff
– Tempo é liberdade quando se fala em brincar. E os pais estão tão preocupados em dar experiências enriquecedoras a seus filhos que acabam tomando conta do tempo de brincar. Eles as inscrevem em ligas de futebol, em aulas de ginástica. Além de tentar educá-las, eles tentam evitar que as crianças saiam de casa e façam algo perigoso. O tempo livre para brincadeiras, infelizmente, tem sido reduzido.

(CHUDACOFF, Howard. As crianças têm de brincar mais. In: Revista Época, 10 de março de 2008, edição 512, p.104-106.)

Na entrevista, Howard Chudacoff, quando fala das mudanças ocorridas no hábito de brincar nos últimos anos, destaca uma característica da criança que, mesmo depois da industrialização, não se perdeu. Esta se define pela capacidade que a criança tem de

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Q2927187 Português

TEXTO I:

O Risadinha (I)

Seria melhor dizer que ele não teve infância. Mas não é verdade. Eu o conheci menino, trepando às árvores, armando alçapão para canários-da-terra, bodoqueando as rolinhas, rolando pneu velho pelas ruas, pegando traseira de bonde, chamando o professor Asdrúbal de Jaburu. Foi este último um dos mais divertidos e perigosos brinquedos da nossa infância: o velho corria atrás da gente brandindo a bengala, seus bastos bigodes amarelos fremindo sob as ventas vulcânicas.

Nestor, em suma, teve a meninice normal de um filho de funcionário público em nosso tempo, tempo incerto, pois os recursos da fazenda na província eram magros, e os pagamentos se atrasavam, enervando a população.

Seus companheiros talvez nem soubessem que se chamasse Nestor: era para todos o Risadinha. Falava pouco e ria muito, um riso de fato diminutivo, nascido de reservados solilóquios, quase sempre extemporâneo. Certa feita, na aula de francês, quando entoávamos em coro o presente do subjuntivo do verbo s`en aller, Risadinha pespegou uma bólide de papel bem na ponta do nariz do professor, que era muito branco, pedante a capricho e tinha o nome de Demóstenes. O rosto do mestre passou do pálido ao rubro das suas tremendas cóleras. Um dos seus prazeres, sendo-lhe vetado por lei castigar-nos com o bastão, era desafiar em cima do culpado uma série de insultos preciosos, que ele ia escandindo um por um, sem pressa e com ódio.

- Levante-se, seu Nestor! Sa-cri-pan-ta! Ne-gli-gen-te! Si-co-fan-ta! Tu-nan-te! Man-dri-ão! Ca-la-cei-ro! Pan-di-lha! Bil-tre! Tram-po-lei-ro! Bar-gan-te! Es-trói-na! Val-de-vi-nos! Va-ga-bun-do!...

Pegando a deixa da única palavra inteligível, Risadinha erguia o dedo no ar e protestava, com ar ofendido:

- Vagabundo, não, professor.

Era um artista do cinismo, e sua momice de inocência era de tal arte que até mesmo seu Demóstenes não conseguia conter o riso. Como também somente ele já arrancara uma gargalhada do padre-prefeito, um alemão da altura da catedral de Colônia, num dia em que vinha caminhando lento e distraído, fora de forma.

- Por que o senhorr não está na forma? – perguntou-lhe rosnando o padre, como se estivesse de promotor da Inquisição, diante de um herege horripilante.

- É porque estou com meu pezinho machucado, respondeu com doçura o Risadinha.

- E por que senhorr não está mancando?

Risadinha olhou com espanto para os seus próprios pés, começando a mancar vistosamente:

- Desculpe, seu padre, é porque eu tinha esquecido.

(CAMPOS, Paulo Mendes. O Risadinha (I). In: Para gostar e ler – Volume 2 – Crônicas. 7ª ed. Rio de Janeiro: Ática, p. 62-63.)

“Como também somente ele já arrancara uma gargalhada do padre-prefeito, um alemão da altura da catedral da Colônia (...)"- 7.°§

A forma verbal composta correspondente à destacada na passagem é

Alternativas
Q2927184 Português

TEXTO I:

O Risadinha (I)

Seria melhor dizer que ele não teve infância. Mas não é verdade. Eu o conheci menino, trepando às árvores, armando alçapão para canários-da-terra, bodoqueando as rolinhas, rolando pneu velho pelas ruas, pegando traseira de bonde, chamando o professor Asdrúbal de Jaburu. Foi este último um dos mais divertidos e perigosos brinquedos da nossa infância: o velho corria atrás da gente brandindo a bengala, seus bastos bigodes amarelos fremindo sob as ventas vulcânicas.

Nestor, em suma, teve a meninice normal de um filho de funcionário público em nosso tempo, tempo incerto, pois os recursos da fazenda na província eram magros, e os pagamentos se atrasavam, enervando a população.

Seus companheiros talvez nem soubessem que se chamasse Nestor: era para todos o Risadinha. Falava pouco e ria muito, um riso de fato diminutivo, nascido de reservados solilóquios, quase sempre extemporâneo. Certa feita, na aula de francês, quando entoávamos em coro o presente do subjuntivo do verbo s`en aller, Risadinha pespegou uma bólide de papel bem na ponta do nariz do professor, que era muito branco, pedante a capricho e tinha o nome de Demóstenes. O rosto do mestre passou do pálido ao rubro das suas tremendas cóleras. Um dos seus prazeres, sendo-lhe vetado por lei castigar-nos com o bastão, era desafiar em cima do culpado uma série de insultos preciosos, que ele ia escandindo um por um, sem pressa e com ódio.

- Levante-se, seu Nestor! Sa-cri-pan-ta! Ne-gli-gen-te! Si-co-fan-ta! Tu-nan-te! Man-dri-ão! Ca-la-cei-ro! Pan-di-lha! Bil-tre! Tram-po-lei-ro! Bar-gan-te! Es-trói-na! Val-de-vi-nos! Va-ga-bun-do!...

Pegando a deixa da única palavra inteligível, Risadinha erguia o dedo no ar e protestava, com ar ofendido:

- Vagabundo, não, professor.

Era um artista do cinismo, e sua momice de inocência era de tal arte que até mesmo seu Demóstenes não conseguia conter o riso. Como também somente ele já arrancara uma gargalhada do padre-prefeito, um alemão da altura da catedral de Colônia, num dia em que vinha caminhando lento e distraído, fora de forma.

- Por que o senhorr não está na forma? – perguntou-lhe rosnando o padre, como se estivesse de promotor da Inquisição, diante de um herege horripilante.

- É porque estou com meu pezinho machucado, respondeu com doçura o Risadinha.

- E por que senhorr não está mancando?

Risadinha olhou com espanto para os seus próprios pés, começando a mancar vistosamente:

- Desculpe, seu padre, é porque eu tinha esquecido.

(CAMPOS, Paulo Mendes. O Risadinha (I). In: Para gostar e ler – Volume 2 – Crônicas. 7ª ed. Rio de Janeiro: Ática, p. 62-63.)

“Seus companheiros talvez nem soubessem que se chamasse Nestor; era para todos o Risadinha.” (3.°§)

O ponto-e-vírgula pode ser substituído, sem causar prejuízo ao sentido original da frase, pela conjunção

Alternativas
Q2927180 Português

TEXTO I:

O Risadinha (I)

Seria melhor dizer que ele não teve infância. Mas não é verdade. Eu o conheci menino, trepando às árvores, armando alçapão para canários-da-terra, bodoqueando as rolinhas, rolando pneu velho pelas ruas, pegando traseira de bonde, chamando o professor Asdrúbal de Jaburu. Foi este último um dos mais divertidos e perigosos brinquedos da nossa infância: o velho corria atrás da gente brandindo a bengala, seus bastos bigodes amarelos fremindo sob as ventas vulcânicas.

Nestor, em suma, teve a meninice normal de um filho de funcionário público em nosso tempo, tempo incerto, pois os recursos da fazenda na província eram magros, e os pagamentos se atrasavam, enervando a população.

Seus companheiros talvez nem soubessem que se chamasse Nestor: era para todos o Risadinha. Falava pouco e ria muito, um riso de fato diminutivo, nascido de reservados solilóquios, quase sempre extemporâneo. Certa feita, na aula de francês, quando entoávamos em coro o presente do subjuntivo do verbo s`en aller, Risadinha pespegou uma bólide de papel bem na ponta do nariz do professor, que era muito branco, pedante a capricho e tinha o nome de Demóstenes. O rosto do mestre passou do pálido ao rubro das suas tremendas cóleras. Um dos seus prazeres, sendo-lhe vetado por lei castigar-nos com o bastão, era desafiar em cima do culpado uma série de insultos preciosos, que ele ia escandindo um por um, sem pressa e com ódio.

- Levante-se, seu Nestor! Sa-cri-pan-ta! Ne-gli-gen-te! Si-co-fan-ta! Tu-nan-te! Man-dri-ão! Ca-la-cei-ro! Pan-di-lha! Bil-tre! Tram-po-lei-ro! Bar-gan-te! Es-trói-na! Val-de-vi-nos! Va-ga-bun-do!...

Pegando a deixa da única palavra inteligível, Risadinha erguia o dedo no ar e protestava, com ar ofendido:

- Vagabundo, não, professor.

Era um artista do cinismo, e sua momice de inocência era de tal arte que até mesmo seu Demóstenes não conseguia conter o riso. Como também somente ele já arrancara uma gargalhada do padre-prefeito, um alemão da altura da catedral de Colônia, num dia em que vinha caminhando lento e distraído, fora de forma.

- Por que o senhorr não está na forma? – perguntou-lhe rosnando o padre, como se estivesse de promotor da Inquisição, diante de um herege horripilante.

- É porque estou com meu pezinho machucado, respondeu com doçura o Risadinha.

- E por que senhorr não está mancando?

Risadinha olhou com espanto para os seus próprios pés, começando a mancar vistosamente:

- Desculpe, seu padre, é porque eu tinha esquecido.

(CAMPOS, Paulo Mendes. O Risadinha (I). In: Para gostar e ler – Volume 2 – Crônicas. 7ª ed. Rio de Janeiro: Ática, p. 62-63.)

Assinale a alternativa em que o pronome destacado não assume idéia de posse.

Alternativas
Q2927177 Português

TEXTO I:

O Risadinha (I)

Seria melhor dizer que ele não teve infância. Mas não é verdade. Eu o conheci menino, trepando às árvores, armando alçapão para canários-da-terra, bodoqueando as rolinhas, rolando pneu velho pelas ruas, pegando traseira de bonde, chamando o professor Asdrúbal de Jaburu. Foi este último um dos mais divertidos e perigosos brinquedos da nossa infância: o velho corria atrás da gente brandindo a bengala, seus bastos bigodes amarelos fremindo sob as ventas vulcânicas.

Nestor, em suma, teve a meninice normal de um filho de funcionário público em nosso tempo, tempo incerto, pois os recursos da fazenda na província eram magros, e os pagamentos se atrasavam, enervando a população.

Seus companheiros talvez nem soubessem que se chamasse Nestor: era para todos o Risadinha. Falava pouco e ria muito, um riso de fato diminutivo, nascido de reservados solilóquios, quase sempre extemporâneo. Certa feita, na aula de francês, quando entoávamos em coro o presente do subjuntivo do verbo s`en aller, Risadinha pespegou uma bólide de papel bem na ponta do nariz do professor, que era muito branco, pedante a capricho e tinha o nome de Demóstenes. O rosto do mestre passou do pálido ao rubro das suas tremendas cóleras. Um dos seus prazeres, sendo-lhe vetado por lei castigar-nos com o bastão, era desafiar em cima do culpado uma série de insultos preciosos, que ele ia escandindo um por um, sem pressa e com ódio.

- Levante-se, seu Nestor! Sa-cri-pan-ta! Ne-gli-gen-te! Si-co-fan-ta! Tu-nan-te! Man-dri-ão! Ca-la-cei-ro! Pan-di-lha! Bil-tre! Tram-po-lei-ro! Bar-gan-te! Es-trói-na! Val-de-vi-nos! Va-ga-bun-do!...

Pegando a deixa da única palavra inteligível, Risadinha erguia o dedo no ar e protestava, com ar ofendido:

- Vagabundo, não, professor.

Era um artista do cinismo, e sua momice de inocência era de tal arte que até mesmo seu Demóstenes não conseguia conter o riso. Como também somente ele já arrancara uma gargalhada do padre-prefeito, um alemão da altura da catedral de Colônia, num dia em que vinha caminhando lento e distraído, fora de forma.

- Por que o senhorr não está na forma? – perguntou-lhe rosnando o padre, como se estivesse de promotor da Inquisição, diante de um herege horripilante.

- É porque estou com meu pezinho machucado, respondeu com doçura o Risadinha.

- E por que senhorr não está mancando?

Risadinha olhou com espanto para os seus próprios pés, começando a mancar vistosamente:

- Desculpe, seu padre, é porque eu tinha esquecido.

(CAMPOS, Paulo Mendes. O Risadinha (I). In: Para gostar e ler – Volume 2 – Crônicas. 7ª ed. Rio de Janeiro: Ática, p. 62-63.)

O vocativo é um termo independente de uma oração que serve para chamar, invocar. No texto “O Risadinha”, esse termo é identificado em

Alternativas
Q2927176 Português

TEXTO I:

O Risadinha (I)

Seria melhor dizer que ele não teve infância. Mas não é verdade. Eu o conheci menino, trepando às árvores, armando alçapão para canários-da-terra, bodoqueando as rolinhas, rolando pneu velho pelas ruas, pegando traseira de bonde, chamando o professor Asdrúbal de Jaburu. Foi este último um dos mais divertidos e perigosos brinquedos da nossa infância: o velho corria atrás da gente brandindo a bengala, seus bastos bigodes amarelos fremindo sob as ventas vulcânicas.

Nestor, em suma, teve a meninice normal de um filho de funcionário público em nosso tempo, tempo incerto, pois os recursos da fazenda na província eram magros, e os pagamentos se atrasavam, enervando a população.

Seus companheiros talvez nem soubessem que se chamasse Nestor: era para todos o Risadinha. Falava pouco e ria muito, um riso de fato diminutivo, nascido de reservados solilóquios, quase sempre extemporâneo. Certa feita, na aula de francês, quando entoávamos em coro o presente do subjuntivo do verbo s`en aller, Risadinha pespegou uma bólide de papel bem na ponta do nariz do professor, que era muito branco, pedante a capricho e tinha o nome de Demóstenes. O rosto do mestre passou do pálido ao rubro das suas tremendas cóleras. Um dos seus prazeres, sendo-lhe vetado por lei castigar-nos com o bastão, era desafiar em cima do culpado uma série de insultos preciosos, que ele ia escandindo um por um, sem pressa e com ódio.

- Levante-se, seu Nestor! Sa-cri-pan-ta! Ne-gli-gen-te! Si-co-fan-ta! Tu-nan-te! Man-dri-ão! Ca-la-cei-ro! Pan-di-lha! Bil-tre! Tram-po-lei-ro! Bar-gan-te! Es-trói-na! Val-de-vi-nos! Va-ga-bun-do!...

Pegando a deixa da única palavra inteligível, Risadinha erguia o dedo no ar e protestava, com ar ofendido:

- Vagabundo, não, professor.

Era um artista do cinismo, e sua momice de inocência era de tal arte que até mesmo seu Demóstenes não conseguia conter o riso. Como também somente ele já arrancara uma gargalhada do padre-prefeito, um alemão da altura da catedral de Colônia, num dia em que vinha caminhando lento e distraído, fora de forma.

- Por que o senhorr não está na forma? – perguntou-lhe rosnando o padre, como se estivesse de promotor da Inquisição, diante de um herege horripilante.

- É porque estou com meu pezinho machucado, respondeu com doçura o Risadinha.

- E por que senhorr não está mancando?

Risadinha olhou com espanto para os seus próprios pés, começando a mancar vistosamente:

- Desculpe, seu padre, é porque eu tinha esquecido.

(CAMPOS, Paulo Mendes. O Risadinha (I). In: Para gostar e ler – Volume 2 – Crônicas. 7ª ed. Rio de Janeiro: Ática, p. 62-63.)

“Foi este último um dos mais divertidos e perigosos brinquedos da nossa infância (...)” – 1.° §

A redação clara de um texto depende da boa articulação de idéias e palavras. No período acima, o pronome demonstrativo este, um desses recursos de coesão, refere-se, especificamente, à seguinte ação praticada por Risadinha em sua infância:

Alternativas
Q2927046 Português

Acerca das idéias e estruturas lingüísticas do texto, assinale a opção correta.

Alternativas
Q2927044 Português

Julgue os itens a seguir, de acordo com as idéias do texto.

I Existe a crença de que os mortos, em uma espécie de acerto de contas, vêem sua vida passar diante dos seus olhos.

II No momento em que os neurônios se desligam, acontece a morte.

III Nos momentos finais de vida, há dois importantes movimentos no corpo humano: a diminuição da atividade cardíaca e o aumento de atividade cerebral.

Assinale a opção correta.

Alternativas
Q2927031 Português

Imagem associada para resolução da questão


Haveria erro gramatical no texto caso



Alternativas
Q2927029 Português

Assinale a opção correta de acordo com as regras de concordância verbal e nominal.

Alternativas
Q2927027 Português

Julgue os itens a seguir, referentes às estruturas lingüísticas do texto.

I Sem se alterar o sentido do texto, seria gramaticalmente correto reescrever o trecho "É fácil não dar conta dessa simples realidade" (L.2) da seguinte forma: Não é fácil dar conta dessa simples realidade.

II A palavra "uma", em "com uma emoção qualquer" (L.9), confere sentido indefinido ao substantivo "emoção".

III A partícula "que", tanto na linha 10 quanto na 15, pertence a uma mesma classe de palavras.

IV O emprego do sinal indicativo de crase, em "no que diz respeito à sua biologia" (L.18-19) é facultativo.

A quantidade de itens certos é igual a

Alternativas
Q2927025 Português

Considerando as idéias do texto e a sua organização, assinale a opção correta.

Alternativas
Q2926958 Português

Instrução: As questões de números 01 a 15 referem-se ao texto abaixo.


Você escreve seu nome na agenda?

01 Tenho o privilégio de ser médico há algumas décadas. Pessoas consultam para tratar doenças,
02 entender melhor algo que ......... percebendo. Buscam diagnóstico, tratamento, alívio. Cada vez mais
03 encontro gente interessada em __________ alterações que podem gerar problemas no futuro – os fatores
04 de risco. São poucas as vezes em que não encontro sugestões para uma vida com mais qualidade e
05 duração mais longa. ____ inúmeras mudanças em hábitos nas nossas vidas que comprovadamente
06 poderão levar a mais e melhores anos de vida. ____ conhecimento científico comprovado disponível.
07 Como é a _______ quando estas mudanças são propostas? Sabe-se que mudar hábitos é difícil. Às
08 vezes, um susto ou medo de que algo ruim aconteça é o que motiva: passar-se por um episódio de doença,
09 ou em familiar ou amigo próximo, pode motivar mudanças.
10 ____ na literatura médica farta comprovação da dificuldade que é manter o uso regular de
11 medicamentos nas doenças crônicas como hipertensão arterial. As pessoas cansam, sentem efeitos
12 colaterais, esquecem, e o resultado é a queda nos índices de aceitação.
13 E as recomendações de mudança de hábitos? Quando um sedentário é identificado, sugere- se que
14 escolha algum tipo de atividade física de que goste (ou “desgoste” menos...) e comece gradualmente a
15 exercitar-se. Depois de quatro a oito semanas, começa-se a perceber sensação de bem-estar, disposição,
16 melhora na qualidade do sono. Mas a transição da inatividade para o hábito do exercício exige esforço e
17 determinação iniciais que nem sempre se encontram. O bem-estar e até o vício pelo exercício só ......
18 depois. Inúmeros são os argumentos que expressam esta resistência: “Não tenho tempo, viajo muito, não há
19 academia próxima...” E 30 minutos de simples caminhada já seriam suficientes para a transformação, diários
20 ou na frequência possível! Qualquer coisa é melhor que nenhuma coisa...
21 Foi assim que recolhi numa palestra de Nuno Cobra a sugestão que utilizo bastante: “Escreva seu
22 nome em sua agenda!”. Reserve um tempo para si próprio e sua atividade física. Você merece uma hora de
23 alguns dos seus dias para plantar saúde em seu corpo!
24 É claro que não é tão simples e que o motivo “falta de tempo” em geral é uma das formas de resistir.
25 Mas, em conversa franca, pode- se chegar à parceria com quem afinal nos procurou, buscando mais e
26 melhores anos de vida.
27 Isto vale como parte das sugestões que se fazem aos que ...... benefícios nas mudanças: hábito de
28 fumar, álcool e drogas, excesso de peso corporal, mau hábito alimentar, postura física, segurança no
29 trânsito, melhora nas relações interpessoais no trabalho e na família, ________ emocionais excessivas, falta
30 de lazer. Estes são alguns pontos que temos que entender e ajudar quem nos procura para que
31 compreenda e encontre maneiras de mudar para melhor.
32 Vale o esforço.

(Kanter, José Flávio – médico -. Zero Hora, 03-2-2010)

Considerando as ideias apresentadas pelo autor, é correto dizer que:


I. Por sermos preguiçosos, é necessário agendarmos nossos horários dedicados à atividade física para cumpri-las com rigor, desde o primeiro dia.

II. É papel do médico orientar seu paciente no sentido de fazê-lo ver o quão importante é mudar hábitos, visando mais e melhores anos de vida.

III. Identificar os fatores de risco é fundamental para os hipertensos, que se baseiam nesse conhecimento para buscarem medicamentos mais eficazes, sem necessidade de exercícios físicos.


Quais estão corretas?

Alternativas
Q2926904 Português

Texto I

Assentamento

ChicoBuarque

Quando eu morrer, que me enterrem na

beira do chapadão

-- contente com minha terra

cansado de tanta guerra

crescido de coração

Zanza daqui

Zanza pra acolá

Fim de feira, periferia afora

A cidade não mora mais em mim

Francisco, Serafim Vamos embora

Ver o capim

Ver o baobá

Vamos ver a campina quando flora

A piracema, rios contravim Binho,

Bel, Bia, Quim

Vamos embora

Quando eu morrer

Cansado de guerra

Morro de bem

Com a minha terra:

Cana, caqui

Inhame, abóbora

Onde só vento se semeava outrora

Amplidão, nação, sertão sem fim

Ó Manuel, Miguilim

Vamos embora

As questões 1, 2, 3 e 4 se referem ao Texto I

No trecho “cana, caqui, inhame, abóbora, onde só vento se semeava outrora” o autor faz uma crítica:

Alternativas
Q2926788 Português

O FANTASMA DA ÓRFÃ


Atribui-se ao presidente Kennedy a observação de que a vitória tem muitos pais, mas a derrota é órfã. Melancólica verdade, sobretudo na política, que sempre a confirma sem perdão, bastando ver como as mãos políticas que hoje afagam são as mesmas que ontem apedrejavam e vice-versa. Em nosso caso, temos ainda uma tradição de adesismo por que zelar, bem como a prevalência do Sonho Brasileiro, que é descolar uma mamata vitalícia em algum lugar do governo ou do estado, porque aqui governo e estado são a mesma coisa. Entra um governo novo e declara “o estado é nosso e só faz o que queremos”. Isso torna impossível a realização do sonho sem que o sonhador abandone o inditoso derrotado e passe para o lado do futuroso vencedor. Suponho que devemos encarar essas coisas com compreensão e até caridade, pois o pessoal está apenas querendo sobreviver e subir na vida. É natural.

Vários outros princípios e paradigmas de conduta estão também envolvidos na questão, entre os quais se sobressai o “farinha pouca, meu pirão primeiro”, farol ético que parece nortear nossa formação coletiva, tal o vigor com que se evidencia no comportamento de nossos governantes. Às vezes penso que a frase deveria constar de algum emblema nacional: é muito injusto que não receba o reconhecimento merecido. No momento, a farinha ainda não está propriamente pouca, mas há sempre os previdentes, que não querem deixar seu pirão aos cuidados do acaso. Melhor tratar de farejar os ares e descortinar por onde anda a temível assombração da derrota, para ir-se afastando dela o quanto antes. Não sei se já começou a debandada, mas acho que pelo menos há alguns sinais dela, difusos nos noticiários e comentários políticos.

O moral do governo não parece andar muito alto. O saco de gatos dos ministérios é um espetáculo triste, desanimado, desarvorado. Ninguém — arrisco-me a dizer que nem mesmo a presidente — é capaz de lembrar todos os ministérios e muito menos todos os ministros. Sabe-se que muitos destes se esgueiram obscuramente pelos corredores e salas dos fundos do poder, sem sequer terem a chance de dar um bom-dia à presidente, quanto mais de despachar alguma coisa. Fica aquela pasmaceira, interrompida por momentos de falatório vago e repetitivo, que não prenunciam nada de importante. E há, seguramente, ministros que, se perguntados de surpresa, não saberão bem o que fazem suas pastas, acrescido o pormenor de que vários ministérios, ou grande parte deles, não fazem nada mesmo, a não ser dar despesa.

A reação às manifestações de rua mostrou um esforço atarantado para manter a aparência de calma, equilíbrio e controle da situação, quando era visível que não havia nada disso e estava todo mundo de olho arregalado e sem saber o que dizer ou, pior ainda, fazer.

A tal governabilidade, que tanto mal tem produzido, tão pouco bem tem causado e nunca funcionou direito, servindo basicamente para o intricado jogo das nomeações, colocações, favores e outros objetivos dos nossos homens públicos, está cada vez mais caindo pelas tabelas. Todo dia um cai fora, outro proclama dissidência e independência, formam-se alas e subalas, o rebuliço surdinado é grande.

A inflação está voltando e as negativas e bravatas das autoridades não convencem, diante da realidade dos preços. Para completar o quadro, o governo não dispõe de um Big Bang para apresentar, no encerramento destes seus quatro anos. A gente percebe que a situação tem cara de insucesso do governo e ninguém vai requerer a paternidade dela. Mas receio que não haverá dificuldade em se apontar a mãe.


O RIBEIRO, J.U. : O Globo; 21/07/13 (texto adaptado)

“Entra um governo novo e declara ‘o estado é nosso e só faz o que queremos’.”

Desconsideradas as alterações de sentido, assinale a alternativa que contém uma redação em que NÃO se preserva a coesão textual.

Alternativas
Q2926784 Português

O FANTASMA DA ÓRFÃ


Atribui-se ao presidente Kennedy a observação de que a vitória tem muitos pais, mas a derrota é órfã. Melancólica verdade, sobretudo na política, que sempre a confirma sem perdão, bastando ver como as mãos políticas que hoje afagam são as mesmas que ontem apedrejavam e vice-versa. Em nosso caso, temos ainda uma tradição de adesismo por que zelar, bem como a prevalência do Sonho Brasileiro, que é descolar uma mamata vitalícia em algum lugar do governo ou do estado, porque aqui governo e estado são a mesma coisa. Entra um governo novo e declara “o estado é nosso e só faz o que queremos”. Isso torna impossível a realização do sonho sem que o sonhador abandone o inditoso derrotado e passe para o lado do futuroso vencedor. Suponho que devemos encarar essas coisas com compreensão e até caridade, pois o pessoal está apenas querendo sobreviver e subir na vida. É natural.

Vários outros princípios e paradigmas de conduta estão também envolvidos na questão, entre os quais se sobressai o “farinha pouca, meu pirão primeiro”, farol ético que parece nortear nossa formação coletiva, tal o vigor com que se evidencia no comportamento de nossos governantes. Às vezes penso que a frase deveria constar de algum emblema nacional: é muito injusto que não receba o reconhecimento merecido. No momento, a farinha ainda não está propriamente pouca, mas há sempre os previdentes, que não querem deixar seu pirão aos cuidados do acaso. Melhor tratar de farejar os ares e descortinar por onde anda a temível assombração da derrota, para ir-se afastando dela o quanto antes. Não sei se já começou a debandada, mas acho que pelo menos há alguns sinais dela, difusos nos noticiários e comentários políticos.

O moral do governo não parece andar muito alto. O saco de gatos dos ministérios é um espetáculo triste, desanimado, desarvorado. Ninguém — arrisco-me a dizer que nem mesmo a presidente — é capaz de lembrar todos os ministérios e muito menos todos os ministros. Sabe-se que muitos destes se esgueiram obscuramente pelos corredores e salas dos fundos do poder, sem sequer terem a chance de dar um bom-dia à presidente, quanto mais de despachar alguma coisa. Fica aquela pasmaceira, interrompida por momentos de falatório vago e repetitivo, que não prenunciam nada de importante. E há, seguramente, ministros que, se perguntados de surpresa, não saberão bem o que fazem suas pastas, acrescido o pormenor de que vários ministérios, ou grande parte deles, não fazem nada mesmo, a não ser dar despesa.

A reação às manifestações de rua mostrou um esforço atarantado para manter a aparência de calma, equilíbrio e controle da situação, quando era visível que não havia nada disso e estava todo mundo de olho arregalado e sem saber o que dizer ou, pior ainda, fazer.

A tal governabilidade, que tanto mal tem produzido, tão pouco bem tem causado e nunca funcionou direito, servindo basicamente para o intricado jogo das nomeações, colocações, favores e outros objetivos dos nossos homens públicos, está cada vez mais caindo pelas tabelas. Todo dia um cai fora, outro proclama dissidência e independência, formam-se alas e subalas, o rebuliço surdinado é grande.

A inflação está voltando e as negativas e bravatas das autoridades não convencem, diante da realidade dos preços. Para completar o quadro, o governo não dispõe de um Big Bang para apresentar, no encerramento destes seus quatro anos. A gente percebe que a situação tem cara de insucesso do governo e ninguém vai requerer a paternidade dela. Mas receio que não haverá dificuldade em se apontar a mãe.


O RIBEIRO, J.U. : O Globo; 21/07/13 (texto adaptado)

“Às vezes penso que a frase deveria constar de algum emblema nacional: é muito injusto que não receba o reconhecimento merecido.”


Assinale a alternativa que contém uma redação com interpretação CORRETA do texto original.

Alternativas
Q2926776 Português

O FANTASMA DA ÓRFÃ


Atribui-se ao presidente Kennedy a observação de que a vitória tem muitos pais, mas a derrota é órfã. Melancólica verdade, sobretudo na política, que sempre a confirma sem perdão, bastando ver como as mãos políticas que hoje afagam são as mesmas que ontem apedrejavam e vice-versa. Em nosso caso, temos ainda uma tradição de adesismo por que zelar, bem como a prevalência do Sonho Brasileiro, que é descolar uma mamata vitalícia em algum lugar do governo ou do estado, porque aqui governo e estado são a mesma coisa. Entra um governo novo e declara “o estado é nosso e só faz o que queremos”. Isso torna impossível a realização do sonho sem que o sonhador abandone o inditoso derrotado e passe para o lado do futuroso vencedor. Suponho que devemos encarar essas coisas com compreensão e até caridade, pois o pessoal está apenas querendo sobreviver e subir na vida. É natural.

Vários outros princípios e paradigmas de conduta estão também envolvidos na questão, entre os quais se sobressai o “farinha pouca, meu pirão primeiro”, farol ético que parece nortear nossa formação coletiva, tal o vigor com que se evidencia no comportamento de nossos governantes. Às vezes penso que a frase deveria constar de algum emblema nacional: é muito injusto que não receba o reconhecimento merecido. No momento, a farinha ainda não está propriamente pouca, mas há sempre os previdentes, que não querem deixar seu pirão aos cuidados do acaso. Melhor tratar de farejar os ares e descortinar por onde anda a temível assombração da derrota, para ir-se afastando dela o quanto antes. Não sei se já começou a debandada, mas acho que pelo menos há alguns sinais dela, difusos nos noticiários e comentários políticos.

O moral do governo não parece andar muito alto. O saco de gatos dos ministérios é um espetáculo triste, desanimado, desarvorado. Ninguém — arrisco-me a dizer que nem mesmo a presidente — é capaz de lembrar todos os ministérios e muito menos todos os ministros. Sabe-se que muitos destes se esgueiram obscuramente pelos corredores e salas dos fundos do poder, sem sequer terem a chance de dar um bom-dia à presidente, quanto mais de despachar alguma coisa. Fica aquela pasmaceira, interrompida por momentos de falatório vago e repetitivo, que não prenunciam nada de importante. E há, seguramente, ministros que, se perguntados de surpresa, não saberão bem o que fazem suas pastas, acrescido o pormenor de que vários ministérios, ou grande parte deles, não fazem nada mesmo, a não ser dar despesa.

A reação às manifestações de rua mostrou um esforço atarantado para manter a aparência de calma, equilíbrio e controle da situação, quando era visível que não havia nada disso e estava todo mundo de olho arregalado e sem saber o que dizer ou, pior ainda, fazer.

A tal governabilidade, que tanto mal tem produzido, tão pouco bem tem causado e nunca funcionou direito, servindo basicamente para o intricado jogo das nomeações, colocações, favores e outros objetivos dos nossos homens públicos, está cada vez mais caindo pelas tabelas. Todo dia um cai fora, outro proclama dissidência e independência, formam-se alas e subalas, o rebuliço surdinado é grande.

A inflação está voltando e as negativas e bravatas das autoridades não convencem, diante da realidade dos preços. Para completar o quadro, o governo não dispõe de um Big Bang para apresentar, no encerramento destes seus quatro anos. A gente percebe que a situação tem cara de insucesso do governo e ninguém vai requerer a paternidade dela. Mas receio que não haverá dificuldade em se apontar a mãe.


O RIBEIRO, J.U. : O Globo; 21/07/13 (texto adaptado)

Assinale a alternativa que contém um comentário IMPROCEDENTE em relação ao fragmento transcrito

Alternativas
Q2926774 Português

O FANTASMA DA ÓRFÃ


Atribui-se ao presidente Kennedy a observação de que a vitória tem muitos pais, mas a derrota é órfã. Melancólica verdade, sobretudo na política, que sempre a confirma sem perdão, bastando ver como as mãos políticas que hoje afagam são as mesmas que ontem apedrejavam e vice-versa. Em nosso caso, temos ainda uma tradição de adesismo por que zelar, bem como a prevalência do Sonho Brasileiro, que é descolar uma mamata vitalícia em algum lugar do governo ou do estado, porque aqui governo e estado são a mesma coisa. Entra um governo novo e declara “o estado é nosso e só faz o que queremos”. Isso torna impossível a realização do sonho sem que o sonhador abandone o inditoso derrotado e passe para o lado do futuroso vencedor. Suponho que devemos encarar essas coisas com compreensão e até caridade, pois o pessoal está apenas querendo sobreviver e subir na vida. É natural.

Vários outros princípios e paradigmas de conduta estão também envolvidos na questão, entre os quais se sobressai o “farinha pouca, meu pirão primeiro”, farol ético que parece nortear nossa formação coletiva, tal o vigor com que se evidencia no comportamento de nossos governantes. Às vezes penso que a frase deveria constar de algum emblema nacional: é muito injusto que não receba o reconhecimento merecido. No momento, a farinha ainda não está propriamente pouca, mas há sempre os previdentes, que não querem deixar seu pirão aos cuidados do acaso. Melhor tratar de farejar os ares e descortinar por onde anda a temível assombração da derrota, para ir-se afastando dela o quanto antes. Não sei se já começou a debandada, mas acho que pelo menos há alguns sinais dela, difusos nos noticiários e comentários políticos.

O moral do governo não parece andar muito alto. O saco de gatos dos ministérios é um espetáculo triste, desanimado, desarvorado. Ninguém — arrisco-me a dizer que nem mesmo a presidente — é capaz de lembrar todos os ministérios e muito menos todos os ministros. Sabe-se que muitos destes se esgueiram obscuramente pelos corredores e salas dos fundos do poder, sem sequer terem a chance de dar um bom-dia à presidente, quanto mais de despachar alguma coisa. Fica aquela pasmaceira, interrompida por momentos de falatório vago e repetitivo, que não prenunciam nada de importante. E há, seguramente, ministros que, se perguntados de surpresa, não saberão bem o que fazem suas pastas, acrescido o pormenor de que vários ministérios, ou grande parte deles, não fazem nada mesmo, a não ser dar despesa.

A reação às manifestações de rua mostrou um esforço atarantado para manter a aparência de calma, equilíbrio e controle da situação, quando era visível que não havia nada disso e estava todo mundo de olho arregalado e sem saber o que dizer ou, pior ainda, fazer.

A tal governabilidade, que tanto mal tem produzido, tão pouco bem tem causado e nunca funcionou direito, servindo basicamente para o intricado jogo das nomeações, colocações, favores e outros objetivos dos nossos homens públicos, está cada vez mais caindo pelas tabelas. Todo dia um cai fora, outro proclama dissidência e independência, formam-se alas e subalas, o rebuliço surdinado é grande.

A inflação está voltando e as negativas e bravatas das autoridades não convencem, diante da realidade dos preços. Para completar o quadro, o governo não dispõe de um Big Bang para apresentar, no encerramento destes seus quatro anos. A gente percebe que a situação tem cara de insucesso do governo e ninguém vai requerer a paternidade dela. Mas receio que não haverá dificuldade em se apontar a mãe.


O RIBEIRO, J.U. : O Globo; 21/07/13 (texto adaptado)

Desconsideradas as alterações de sentido, assinale a alternativa em que a forma verbal entre parênteses PODE SUBSTITUIR o termo destacado, sem que se incorra em erro quanto à concordância verbal.

Alternativas
Respostas
10281: C
10282: B
10283: D
10284: E
10285: B
10286: D
10287: C
10288: B
10289: E
10290: C
10291: A
10292: D
10293: C
10294: B
10295: B
10296: C
10297: C
10298: A
10299: B
10300: C