Questões de Concurso Sobre português

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Q2909376 Português

TEXTO:

Água escassa e cara



O senso comum de que o Brasil é um país no qual a água é abundante e nunca vai faltar está caindo por terra. Certos de que o insumo está cada vez mais escasso, a União e os estados estão ampliando a cobrança pelo uso dos rios brasileiros, principalmente, no caso da indústria e do agronegócio, para racionalizar os recursos naturais.

Hoje, cerca de 20% do PIB brasileiro distribuídos por alguns estados, já incluíram a água em sua planilha de custos. Para o consumidor, a tendência será arcar com parte dessa conta, ainda que de forma indireta.

Essa medida visa apenas ao reforço do caixa, ela é orientada pela visão estratégica e de desenvolvimento sustentável nas regiões, Centro Sul e Nordeste, onde já há escassez desse recurso.

A maior quantidade do insumo está no Norte, onde se encontram 68% da água do país, mas apenas 7% da população. No Sul e no Sudeste, onde se concentram a maior produção econômica e 58% dos brasileiros, estão apenas 13% dos recursos hídricos.

Para responder a esse fenômeno, à medida que a cobrança se espalha, as empresas estão buscando formas de reduzir seu consumo. Levantamento feito pela Agência Nacional de Águas (ANA) estima que se reduziu em 20% o uso das águas das duas bacias nacionais onde já há cobrança.

O mais novo passo da cobrança foi dado na quinta-feira passada, quando cerca de 150 pessoas, entre empresários, agricultores, autoridades federais, estaduais e municipais se reuniram em Paracatu (MG), para discutir detalhes da cobrança do uso das águas da Bacia do São Francisco, maior rio brasileiro, que deve começar em 2009. Estima-se que serão arrecadados R$40 milhões por ano quando ela estiver plenamente implantada.

(O Globo -18/05/08 - Gustavo Paul (com adaptações))

A alternativa que está de acordo com a norma culta é:

Alternativas
Q2909375 Português

TEXTO:

Água escassa e cara



O senso comum de que o Brasil é um país no qual a água é abundante e nunca vai faltar está caindo por terra. Certos de que o insumo está cada vez mais escasso, a União e os estados estão ampliando a cobrança pelo uso dos rios brasileiros, principalmente, no caso da indústria e do agronegócio, para racionalizar os recursos naturais.

Hoje, cerca de 20% do PIB brasileiro distribuídos por alguns estados, já incluíram a água em sua planilha de custos. Para o consumidor, a tendência será arcar com parte dessa conta, ainda que de forma indireta.

Essa medida visa apenas ao reforço do caixa, ela é orientada pela visão estratégica e de desenvolvimento sustentável nas regiões, Centro Sul e Nordeste, onde já há escassez desse recurso.

A maior quantidade do insumo está no Norte, onde se encontram 68% da água do país, mas apenas 7% da população. No Sul e no Sudeste, onde se concentram a maior produção econômica e 58% dos brasileiros, estão apenas 13% dos recursos hídricos.

Para responder a esse fenômeno, à medida que a cobrança se espalha, as empresas estão buscando formas de reduzir seu consumo. Levantamento feito pela Agência Nacional de Águas (ANA) estima que se reduziu em 20% o uso das águas das duas bacias nacionais onde já há cobrança.

O mais novo passo da cobrança foi dado na quinta-feira passada, quando cerca de 150 pessoas, entre empresários, agricultores, autoridades federais, estaduais e municipais se reuniram em Paracatu (MG), para discutir detalhes da cobrança do uso das águas da Bacia do São Francisco, maior rio brasileiro, que deve começar em 2009. Estima-se que serão arrecadados R$40 milhões por ano quando ela estiver plenamente implantada.

(O Globo -18/05/08 - Gustavo Paul (com adaptações))

Assinale a alternativa INCORRETA:

Alternativas
Q2909374 Português

TEXTO:

Água escassa e cara



O senso comum de que o Brasil é um país no qual a água é abundante e nunca vai faltar está caindo por terra. Certos de que o insumo está cada vez mais escasso, a União e os estados estão ampliando a cobrança pelo uso dos rios brasileiros, principalmente, no caso da indústria e do agronegócio, para racionalizar os recursos naturais.

Hoje, cerca de 20% do PIB brasileiro distribuídos por alguns estados, já incluíram a água em sua planilha de custos. Para o consumidor, a tendência será arcar com parte dessa conta, ainda que de forma indireta.

Essa medida visa apenas ao reforço do caixa, ela é orientada pela visão estratégica e de desenvolvimento sustentável nas regiões, Centro Sul e Nordeste, onde já há escassez desse recurso.

A maior quantidade do insumo está no Norte, onde se encontram 68% da água do país, mas apenas 7% da população. No Sul e no Sudeste, onde se concentram a maior produção econômica e 58% dos brasileiros, estão apenas 13% dos recursos hídricos.

Para responder a esse fenômeno, à medida que a cobrança se espalha, as empresas estão buscando formas de reduzir seu consumo. Levantamento feito pela Agência Nacional de Águas (ANA) estima que se reduziu em 20% o uso das águas das duas bacias nacionais onde já há cobrança.

O mais novo passo da cobrança foi dado na quinta-feira passada, quando cerca de 150 pessoas, entre empresários, agricultores, autoridades federais, estaduais e municipais se reuniram em Paracatu (MG), para discutir detalhes da cobrança do uso das águas da Bacia do São Francisco, maior rio brasileiro, que deve começar em 2009. Estima-se que serão arrecadados R$40 milhões por ano quando ela estiver plenamente implantada.

(O Globo -18/05/08 - Gustavo Paul (com adaptações))

Segundo o texto:

Alternativas
Q2909373 Português

TEXTO:

Água escassa e cara



O senso comum de que o Brasil é um país no qual a água é abundante e nunca vai faltar está caindo por terra. Certos de que o insumo está cada vez mais escasso, a União e os estados estão ampliando a cobrança pelo uso dos rios brasileiros, principalmente, no caso da indústria e do agronegócio, para racionalizar os recursos naturais.

Hoje, cerca de 20% do PIB brasileiro distribuídos por alguns estados, já incluíram a água em sua planilha de custos. Para o consumidor, a tendência será arcar com parte dessa conta, ainda que de forma indireta.

Essa medida visa apenas ao reforço do caixa, ela é orientada pela visão estratégica e de desenvolvimento sustentável nas regiões, Centro Sul e Nordeste, onde já há escassez desse recurso.

A maior quantidade do insumo está no Norte, onde se encontram 68% da água do país, mas apenas 7% da população. No Sul e no Sudeste, onde se concentram a maior produção econômica e 58% dos brasileiros, estão apenas 13% dos recursos hídricos.

Para responder a esse fenômeno, à medida que a cobrança se espalha, as empresas estão buscando formas de reduzir seu consumo. Levantamento feito pela Agência Nacional de Águas (ANA) estima que se reduziu em 20% o uso das águas das duas bacias nacionais onde já há cobrança.

O mais novo passo da cobrança foi dado na quinta-feira passada, quando cerca de 150 pessoas, entre empresários, agricultores, autoridades federais, estaduais e municipais se reuniram em Paracatu (MG), para discutir detalhes da cobrança do uso das águas da Bacia do São Francisco, maior rio brasileiro, que deve começar em 2009. Estima-se que serão arrecadados R$40 milhões por ano quando ela estiver plenamente implantada.

(O Globo -18/05/08 - Gustavo Paul (com adaptações))

Assinale a alternativa correta quanto ao texto:

Alternativas
Q2909372 Português

TEXTO:

Água escassa e cara



O senso comum de que o Brasil é um país no qual a água é abundante e nunca vai faltar está caindo por terra. Certos de que o insumo está cada vez mais escasso, a União e os estados estão ampliando a cobrança pelo uso dos rios brasileiros, principalmente, no caso da indústria e do agronegócio, para racionalizar os recursos naturais.

Hoje, cerca de 20% do PIB brasileiro distribuídos por alguns estados, já incluíram a água em sua planilha de custos. Para o consumidor, a tendência será arcar com parte dessa conta, ainda que de forma indireta.

Essa medida visa apenas ao reforço do caixa, ela é orientada pela visão estratégica e de desenvolvimento sustentável nas regiões, Centro Sul e Nordeste, onde já há escassez desse recurso.

A maior quantidade do insumo está no Norte, onde se encontram 68% da água do país, mas apenas 7% da população. No Sul e no Sudeste, onde se concentram a maior produção econômica e 58% dos brasileiros, estão apenas 13% dos recursos hídricos.

Para responder a esse fenômeno, à medida que a cobrança se espalha, as empresas estão buscando formas de reduzir seu consumo. Levantamento feito pela Agência Nacional de Águas (ANA) estima que se reduziu em 20% o uso das águas das duas bacias nacionais onde já há cobrança.

O mais novo passo da cobrança foi dado na quinta-feira passada, quando cerca de 150 pessoas, entre empresários, agricultores, autoridades federais, estaduais e municipais se reuniram em Paracatu (MG), para discutir detalhes da cobrança do uso das águas da Bacia do São Francisco, maior rio brasileiro, que deve começar em 2009. Estima-se que serão arrecadados R$40 milhões por ano quando ela estiver plenamente implantada.

(O Globo -18/05/08 - Gustavo Paul (com adaptações))

Todas as afirmativas podem ser comprovadas pelo texto, EXCETO:

Alternativas
Ano: 2013 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2013 - IF-PE - Auditor |
Q2909332 Português

Leia o texto 2 para responder as questões de 6 a 10.


Texto 2:


DINOS


Martha Medeiros


É um mundo estranho este. De repente, começaram a ser apresentados fósseis de animais pré-históricos descobertos recentemente no estado. Parece até coisa de novela. Primeiro foram as ossadas encontradas em São Gabriel, agora as de Dona Francisca. E eu que achava que os nossos mais antigos ancestrais eram os açorianos. Pois soube agora que tivemos Tiarajudens e Decuriasuchus residentes. Tivemos, e ainda temos.

Estou só esperando tocarem a campainha aqui de casa. Posso imaginar os paleontólogos entrando com suas escovinhas e pás, buscando embaixo do meu porcelanato algum resíduo de esqueleto. “Soubemos que dinossauros habitaram esse pedaço de chão milhões de anos atrás, exatamente aqui, onde a senhora vive.” E eu responderei muito circunspecta: “Habitaram, não. Habita ainda. Muito prazer”.

Sou uma dinossaura gaúcha.

Outro dia, num encontro entre amigas, me xingaram por não estar no Facebook. Em vez de uma liberdade de escolha, consideraram minha ausência uma afronta. Não estar no Facebook significa que você é uma esnobe com mania de ser diferente. Mas não é nada disso, tenho um bom argumento de defesa: é que me sinto obrigada a dar retorno a todos os contatos que recebo e, se entrar no Facebook, somando os e-mails que recebo (sim, e-mails – é condizente com minha espécie) não terei paz. Sou uma dinossaura. Relevem.

Eu ainda uso aparelho celular com teclas. Poderia ter um iPad, um tablet ou qualquer outro equipamento de última geração lançado dois minutos atrás, mas gosto do meu telefone simplificado, que só serve para fazer e receber chamadas e torpedos (eu ainda chamo de torpedo, e não de SMS). Não leio mensagens fora de casa. Dinossaura.

Lembram quando comentei outro dia sobre a entrevista que fiz com a Patrícia Pillar? A revista que me contratou me ofereceu um gravador. Aceitei. E pedi: não esqueçam de mandar as fitas! É um mistério terem mantido a missão que me confiaram. Gravador digital era coisa que eu ainda não tinha manuseado. Poderia ter gravado a conversa pelo celular também. Mas vocês sabem: não se extraem os resíduos paleolíticos do DNA assim no mais.

Outro dia contei pro escritor Fabrício Carpinejar que, quando estou no escuro do cinema, durante a projeção, costumo anotar nas folhas do talão de cheque as frases que me tocam durante o filme. Ele ficou bege. “Tu usa cheque???”.

E ainda acredito no amor. Podem me empalhar.


In: MEDEIROS, Martha. Feliz por nada. Porto Alegre, RS: LP & M, 2011. Adaptado.

Para dar mais coerência ao texto e ajudar a manter a sua unidade temática, a autora repete a palavra “ainda” nada menos do que seis vezes ao longo da crônica. Assim, fatos, ações, crenças ou comportamentos narrados ficam todos atrelados a uma circunstância de

Alternativas
Ano: 2013 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2013 - IF-PE - Auditor |
Q2909328 Português

O texto 1 serve de base para responder as questões de 1 a 5.


Texto 1:


Uma questão de bom senso


Ferreira Gullar


Falando francamente, o que você prefere, a segurança ou a insegurança, o previsível ou o imprevisível? Em suma, quer acordar de manhã certo de que as coisas vão caminhar normalmente ou prefere estremecer ao pensar no que fará, neste dia, o seu filho drogado?

Acho muito difícil que alguém prefira viver no desespero, temendo o que pode ocorrer nesse dia que começa. Estou certo de que todo mundo quer viver tranquilo, certo de que as coisas vão transcorrer dentro do previsível.

Mas quem se droga comporta-se, inevitavelmente, fora do previsível, ou não é? Já imaginou a apreensão em que vivem os pais de um filho drogado? Começa que ele já não vai à escola e, se vai, arma sempre alguma encrenca por lá. Se já trabalha, abandona o emprego e começa a roubar o dinheiro da família para comprar drogas.

Se isso se torna inviável, entra para o tráfico, passa a vender drogas ou torna-se assaltante, porque tem de conseguir dinheiro para comprá-las, seja de que modo for. Daí a pouco, não apenas assalta e rouba como também mata. Os pais já não reconhecem nele o filho que criaram com tanto carinho. Pelo contrário, o temem, porque, drogado, ele é capaz de tudo.

E mesmo assim há quem seja a favor da liberação das drogas. Conheço muito bem o argumento que usam para justificá-la: como a repressão não acabou com o tráfico e o consumo, a liberação pode ser a solução do problema. Um argumento simplista, que não se sustenta, pois é o mesmo que propor o fim da repressão à criminalidade em geral. O argumento seria o mesmo: por que insistir em combater o crime, se isso se faz há séculos e não se acabou com ele?

Fora isso, pergunto: se não é proibida a venda de cigarros e bebidas, por que há tráfico dessas mercadorias? E pedras preciosas, é proibido vendê-las? Não e, no entanto, existe tráfico de pedras preciosas. E ainda assim os defensores da liberação das drogas acham que com isso acabariam com o problema. Claro, Fernandinho Beira-Mar certamente passaria a pagar imposto de renda, ISS, ICMS e tudo o mais. Esse pessoal parece estar de gozação.

Todo mundo sabe que, dos que se viciam em drogas, poucos conseguem largar o vício. E, se largam, é por entender que estavam sendo destruídos por ele, uma vez que perdem toda e qualquer capacidade de refletir e escolher; são verdadeiros robôs que a droga monitora.

Qual a saída, então? No meu modo de ver, a saída é uma campanha educativa, em larga escala, em âmbito nacional e internacional, para mostrar às crianças e aos adolescentes que as drogas só destroem as pessoas.

E isso não é difícil de demonstrar porque os exemplos estão aí aos milhares e à vista de quem quiser ver. Os traficantes sabem muito bem disso, tanto que hoje têm agentes dentro das escolas para aliciar meninos de oito, dez anos de idade.

Confesso que tenho dificuldade de entender a tese da descriminalização das drogas. Todas as semanas, a polícia apreende, nas estradas, em casas de subúrbio, em armazéns clandestinos, toneladas de maconha e de cocaína. É preciso muitos drogados para consumir essa quantidade de drogas.

Junto às drogas, apreendem, muitas vezes, verdadeiros arsenais de armas modernas de grosso calibre. É preciso muito dinheiro e muita gente envolvida para que o tráfico tenha alcançado tal amplitude e tal nível de eficiência. Como acreditar que tudo isso desaparecerá, de repente, bastando tornar a venda de drogas comércio legal? Sem falar nos novos tipos sofisticados de cocaína e maconha, que estão diversificando o mercado.

A verdade é que o tráfico existe e cresce porque cresce o número de pessoas que consomem drogas. Como se sabe, não pode haver produção e venda de mercadoria que ninguém compra. Se se reduzir o número de consumidores, o tráfico se reduzirá inevitavelmente. E a maneira de fazer isso é esclarecer os jovens do desastre que elas significam.

O resultado maior não será junto aos viciados crônicos, que tampouco devem ser abandonados à sua má sorte. Virá certamente do esclarecimento dos mais jovens, dos que ainda não foram cooptados pelo vício. A eles deve ser mostrado que as drogas destroem inevitavelmente os que a elas se entregam.


Ferreira Gullar é cronista, crítico de arte e poeta. Escreve aos domingos na versão impressa de “Ilustrada”.


FERREIRA GULLAR, J. Ribamar. Folha de S.Paulo.Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2013/08/1321441-uma-questao-de-bom-senso.shtml. Acesso em 11/08/13. Adaptado.

Na conclusão, Gullar reitera a ideia de que a saída para o problema viria do trabalho junto aos mais jovens e não junto “aos viciados crônicos”. Para evitar um possível mal-entendido, faz uma ressalva marcada no texto pelo uso da palavra

Alternativas
Ano: 2013 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2013 - IF-PE - Auditor |
Q2909326 Português

O texto 1 serve de base para responder as questões de 1 a 5.


Texto 1:


Uma questão de bom senso


Ferreira Gullar


Falando francamente, o que você prefere, a segurança ou a insegurança, o previsível ou o imprevisível? Em suma, quer acordar de manhã certo de que as coisas vão caminhar normalmente ou prefere estremecer ao pensar no que fará, neste dia, o seu filho drogado?

Acho muito difícil que alguém prefira viver no desespero, temendo o que pode ocorrer nesse dia que começa. Estou certo de que todo mundo quer viver tranquilo, certo de que as coisas vão transcorrer dentro do previsível.

Mas quem se droga comporta-se, inevitavelmente, fora do previsível, ou não é? Já imaginou a apreensão em que vivem os pais de um filho drogado? Começa que ele já não vai à escola e, se vai, arma sempre alguma encrenca por lá. Se já trabalha, abandona o emprego e começa a roubar o dinheiro da família para comprar drogas.

Se isso se torna inviável, entra para o tráfico, passa a vender drogas ou torna-se assaltante, porque tem de conseguir dinheiro para comprá-las, seja de que modo for. Daí a pouco, não apenas assalta e rouba como também mata. Os pais já não reconhecem nele o filho que criaram com tanto carinho. Pelo contrário, o temem, porque, drogado, ele é capaz de tudo.

E mesmo assim há quem seja a favor da liberação das drogas. Conheço muito bem o argumento que usam para justificá-la: como a repressão não acabou com o tráfico e o consumo, a liberação pode ser a solução do problema. Um argumento simplista, que não se sustenta, pois é o mesmo que propor o fim da repressão à criminalidade em geral. O argumento seria o mesmo: por que insistir em combater o crime, se isso se faz há séculos e não se acabou com ele?

Fora isso, pergunto: se não é proibida a venda de cigarros e bebidas, por que há tráfico dessas mercadorias? E pedras preciosas, é proibido vendê-las? Não e, no entanto, existe tráfico de pedras preciosas. E ainda assim os defensores da liberação das drogas acham que com isso acabariam com o problema. Claro, Fernandinho Beira-Mar certamente passaria a pagar imposto de renda, ISS, ICMS e tudo o mais. Esse pessoal parece estar de gozação.

Todo mundo sabe que, dos que se viciam em drogas, poucos conseguem largar o vício. E, se largam, é por entender que estavam sendo destruídos por ele, uma vez que perdem toda e qualquer capacidade de refletir e escolher; são verdadeiros robôs que a droga monitora.

Qual a saída, então? No meu modo de ver, a saída é uma campanha educativa, em larga escala, em âmbito nacional e internacional, para mostrar às crianças e aos adolescentes que as drogas só destroem as pessoas.

E isso não é difícil de demonstrar porque os exemplos estão aí aos milhares e à vista de quem quiser ver. Os traficantes sabem muito bem disso, tanto que hoje têm agentes dentro das escolas para aliciar meninos de oito, dez anos de idade.

Confesso que tenho dificuldade de entender a tese da descriminalização das drogas. Todas as semanas, a polícia apreende, nas estradas, em casas de subúrbio, em armazéns clandestinos, toneladas de maconha e de cocaína. É preciso muitos drogados para consumir essa quantidade de drogas.

Junto às drogas, apreendem, muitas vezes, verdadeiros arsenais de armas modernas de grosso calibre. É preciso muito dinheiro e muita gente envolvida para que o tráfico tenha alcançado tal amplitude e tal nível de eficiência. Como acreditar que tudo isso desaparecerá, de repente, bastando tornar a venda de drogas comércio legal? Sem falar nos novos tipos sofisticados de cocaína e maconha, que estão diversificando o mercado.

A verdade é que o tráfico existe e cresce porque cresce o número de pessoas que consomem drogas. Como se sabe, não pode haver produção e venda de mercadoria que ninguém compra. Se se reduzir o número de consumidores, o tráfico se reduzirá inevitavelmente. E a maneira de fazer isso é esclarecer os jovens do desastre que elas significam.

O resultado maior não será junto aos viciados crônicos, que tampouco devem ser abandonados à sua má sorte. Virá certamente do esclarecimento dos mais jovens, dos que ainda não foram cooptados pelo vício. A eles deve ser mostrado que as drogas destroem inevitavelmente os que a elas se entregam.


Ferreira Gullar é cronista, crítico de arte e poeta. Escreve aos domingos na versão impressa de “Ilustrada”.


FERREIRA GULLAR, J. Ribamar. Folha de S.Paulo.Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2013/08/1321441-uma-questao-de-bom-senso.shtml. Acesso em 11/08/13. Adaptado.

Esse diálogo inicial com o leitor é construído, principalmente, por meio de

Alternativas
Ano: 2013 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2013 - IF-PE - Auditor |
Q2909325 Português

O texto 1 serve de base para responder as questões de 1 a 5.


Texto 1:


Uma questão de bom senso


Ferreira Gullar


Falando francamente, o que você prefere, a segurança ou a insegurança, o previsível ou o imprevisível? Em suma, quer acordar de manhã certo de que as coisas vão caminhar normalmente ou prefere estremecer ao pensar no que fará, neste dia, o seu filho drogado?

Acho muito difícil que alguém prefira viver no desespero, temendo o que pode ocorrer nesse dia que começa. Estou certo de que todo mundo quer viver tranquilo, certo de que as coisas vão transcorrer dentro do previsível.

Mas quem se droga comporta-se, inevitavelmente, fora do previsível, ou não é? Já imaginou a apreensão em que vivem os pais de um filho drogado? Começa que ele já não vai à escola e, se vai, arma sempre alguma encrenca por lá. Se já trabalha, abandona o emprego e começa a roubar o dinheiro da família para comprar drogas.

Se isso se torna inviável, entra para o tráfico, passa a vender drogas ou torna-se assaltante, porque tem de conseguir dinheiro para comprá-las, seja de que modo for. Daí a pouco, não apenas assalta e rouba como também mata. Os pais já não reconhecem nele o filho que criaram com tanto carinho. Pelo contrário, o temem, porque, drogado, ele é capaz de tudo.

E mesmo assim há quem seja a favor da liberação das drogas. Conheço muito bem o argumento que usam para justificá-la: como a repressão não acabou com o tráfico e o consumo, a liberação pode ser a solução do problema. Um argumento simplista, que não se sustenta, pois é o mesmo que propor o fim da repressão à criminalidade em geral. O argumento seria o mesmo: por que insistir em combater o crime, se isso se faz há séculos e não se acabou com ele?

Fora isso, pergunto: se não é proibida a venda de cigarros e bebidas, por que há tráfico dessas mercadorias? E pedras preciosas, é proibido vendê-las? Não e, no entanto, existe tráfico de pedras preciosas. E ainda assim os defensores da liberação das drogas acham que com isso acabariam com o problema. Claro, Fernandinho Beira-Mar certamente passaria a pagar imposto de renda, ISS, ICMS e tudo o mais. Esse pessoal parece estar de gozação.

Todo mundo sabe que, dos que se viciam em drogas, poucos conseguem largar o vício. E, se largam, é por entender que estavam sendo destruídos por ele, uma vez que perdem toda e qualquer capacidade de refletir e escolher; são verdadeiros robôs que a droga monitora.

Qual a saída, então? No meu modo de ver, a saída é uma campanha educativa, em larga escala, em âmbito nacional e internacional, para mostrar às crianças e aos adolescentes que as drogas só destroem as pessoas.

E isso não é difícil de demonstrar porque os exemplos estão aí aos milhares e à vista de quem quiser ver. Os traficantes sabem muito bem disso, tanto que hoje têm agentes dentro das escolas para aliciar meninos de oito, dez anos de idade.

Confesso que tenho dificuldade de entender a tese da descriminalização das drogas. Todas as semanas, a polícia apreende, nas estradas, em casas de subúrbio, em armazéns clandestinos, toneladas de maconha e de cocaína. É preciso muitos drogados para consumir essa quantidade de drogas.

Junto às drogas, apreendem, muitas vezes, verdadeiros arsenais de armas modernas de grosso calibre. É preciso muito dinheiro e muita gente envolvida para que o tráfico tenha alcançado tal amplitude e tal nível de eficiência. Como acreditar que tudo isso desaparecerá, de repente, bastando tornar a venda de drogas comércio legal? Sem falar nos novos tipos sofisticados de cocaína e maconha, que estão diversificando o mercado.

A verdade é que o tráfico existe e cresce porque cresce o número de pessoas que consomem drogas. Como se sabe, não pode haver produção e venda de mercadoria que ninguém compra. Se se reduzir o número de consumidores, o tráfico se reduzirá inevitavelmente. E a maneira de fazer isso é esclarecer os jovens do desastre que elas significam.

O resultado maior não será junto aos viciados crônicos, que tampouco devem ser abandonados à sua má sorte. Virá certamente do esclarecimento dos mais jovens, dos que ainda não foram cooptados pelo vício. A eles deve ser mostrado que as drogas destroem inevitavelmente os que a elas se entregam.


Ferreira Gullar é cronista, crítico de arte e poeta. Escreve aos domingos na versão impressa de “Ilustrada”.


FERREIRA GULLAR, J. Ribamar. Folha de S.Paulo.Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ferreiragullar/2013/08/1321441-uma-questao-de-bom-senso.shtml. Acesso em 11/08/13. Adaptado.

O texto “Uma questão de bom senso” é um artigo de opinião. Nele, Ferreira Gullar expressa o seu ponto de vista sobre a questão levantada e argumenta em defesa da tese de que

Alternativas
Q2909262 Português

O gigolô das palavras

Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos

do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma

missão, designada por seu professor de Português:

saber se eu considerava o estudo da Gramática indis

5 pensável para aprender e usar a nossa ou qualquer

outra língua. Suspeitei de saída que o tal professor

lia esta coluna, se descabelava diariamente com

suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aque

la oportunidade para me desmascarar. Já estava até

10preparando, às pressas, minha defesa (“Culpa da re

visão! Culpa da revisão!”). Mas os alunos desfizeram

o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos

tinham escolhido os nomes a serem entrevistados.

Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo er

15rado? Não. Então vamos em frente.

Respondi que a linguagem, qualquer linguagem,

é um meio de comunicação e que deve ser julgada

exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras

básicas da Gramática, para evitar os vexames mais

20gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma

questão de uso, não de princípios. Escrever bem é es

crever claro, não necessariamente certo. Por exemplo:

dizer “escrever claro” não é certo, mas é claro, certo?

O importante é comunicar. (E quando possível surpre

25ender, iluminar, divertir, mover… Mas aí entramos na

área do talento, que também não tem nada a ver com

Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. [...]

É o esqueleto que nos traz de pé, mas ele não informa

nada, como a Gramática é a estrutura da língua, mas

30 sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias con

versam entre si em Gramática pura.

Claro que eu não disse isso tudo para meus en-

trevistadores. E adverti que minha implicância com

a Gramática na certa se devia à minha pouca inti-

35midade com ela. Sempre fui péssimo em Português.

Mas – isso eu disse – vejam vocês, a intimidade com

a Gramática é tão dispensável que eu ganho a vida

escrevendo, apesar da minha total inocência na ma-

téria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas cus-

40tas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften

profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço,

as desconhecidas são perigosas e potencialmente

traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas

flexões inomináveis para satisfazer um gosto pas

45sageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo

dominar por elas. [...]

Um escritor que passasse a respeitar a intimida

de gramatical das suas palavras seria tão ineficiente

quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel.



VERISSIMO, Luis Fernando. O gigolô das palavras. In: LUFT, Celso Pedro. Língua e liberdade: por uma nova concepção de língua materna e seu ensino. Porto Alegre: L&PM, 1985. p. 36. Adaptado.

Texto II

Aula de português

A linguagem

na ponta da língua,

tão fácil de falar

e de entender.

5 A linguagem

na superfície estrelada de letras,

sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,

e vai desmatando

10o amazonas de minha ignorância.

Figuras de gramática, equipáticas,

atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,

15em que pedia para ir lá fora,

em que levava e dava pontapé,

a língua, breve língua entrecortada

do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Aula de português. In: Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1974. p. 81.

O seguinte verbo em destaque NÃO está conjugado de acordo com a norma-padrão:

Alternativas
Q2909261 Português

O gigolô das palavras

Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos

do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma

missão, designada por seu professor de Português:

saber se eu considerava o estudo da Gramática indis

5 pensável para aprender e usar a nossa ou qualquer

outra língua. Suspeitei de saída que o tal professor

lia esta coluna, se descabelava diariamente com

suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aque

la oportunidade para me desmascarar. Já estava até

10preparando, às pressas, minha defesa (“Culpa da re

visão! Culpa da revisão!”). Mas os alunos desfizeram

o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos

tinham escolhido os nomes a serem entrevistados.

Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo er

15rado? Não. Então vamos em frente.

Respondi que a linguagem, qualquer linguagem,

é um meio de comunicação e que deve ser julgada

exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras

básicas da Gramática, para evitar os vexames mais

20gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma

questão de uso, não de princípios. Escrever bem é es

crever claro, não necessariamente certo. Por exemplo:

dizer “escrever claro” não é certo, mas é claro, certo?

O importante é comunicar. (E quando possível surpre

25ender, iluminar, divertir, mover… Mas aí entramos na

área do talento, que também não tem nada a ver com

Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. [...]

É o esqueleto que nos traz de pé, mas ele não informa

nada, como a Gramática é a estrutura da língua, mas

30 sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias con

versam entre si em Gramática pura.

Claro que eu não disse isso tudo para meus en-

trevistadores. E adverti que minha implicância com

a Gramática na certa se devia à minha pouca inti-

35midade com ela. Sempre fui péssimo em Português.

Mas – isso eu disse – vejam vocês, a intimidade com

a Gramática é tão dispensável que eu ganho a vida

escrevendo, apesar da minha total inocência na ma-

téria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas cus-

40tas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften

profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço,

as desconhecidas são perigosas e potencialmente

traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas

flexões inomináveis para satisfazer um gosto pas

45sageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo

dominar por elas. [...]

Um escritor que passasse a respeitar a intimida

de gramatical das suas palavras seria tão ineficiente

quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel.



VERISSIMO, Luis Fernando. O gigolô das palavras. In: LUFT, Celso Pedro. Língua e liberdade: por uma nova concepção de língua materna e seu ensino. Porto Alegre: L&PM, 1985. p. 36. Adaptado.

Texto II

Aula de português

A linguagem

na ponta da língua,

tão fácil de falar

e de entender.

5 A linguagem

na superfície estrelada de letras,

sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,

e vai desmatando

10o amazonas de minha ignorância.

Figuras de gramática, equipáticas,

atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,

15em que pedia para ir lá fora,

em que levava e dava pontapé,

a língua, breve língua entrecortada

do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Aula de português. In: Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1974. p. 81.

De acordo com a norma-padrão, a frase que não precisa ser corrigida pelo Professor Carlos Góis, mencionado pelo Texto II, é:

Alternativas
Q2909259 Português

O gigolô das palavras

Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos

do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma

missão, designada por seu professor de Português:

saber se eu considerava o estudo da Gramática indis

5 pensável para aprender e usar a nossa ou qualquer

outra língua. Suspeitei de saída que o tal professor

lia esta coluna, se descabelava diariamente com

suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aque

la oportunidade para me desmascarar. Já estava até

10preparando, às pressas, minha defesa (“Culpa da re

visão! Culpa da revisão!”). Mas os alunos desfizeram

o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos

tinham escolhido os nomes a serem entrevistados.

Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo er

15rado? Não. Então vamos em frente.

Respondi que a linguagem, qualquer linguagem,

é um meio de comunicação e que deve ser julgada

exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras

básicas da Gramática, para evitar os vexames mais

20gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma

questão de uso, não de princípios. Escrever bem é es

crever claro, não necessariamente certo. Por exemplo:

dizer “escrever claro” não é certo, mas é claro, certo?

O importante é comunicar. (E quando possível surpre

25ender, iluminar, divertir, mover… Mas aí entramos na

área do talento, que também não tem nada a ver com

Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. [...]

É o esqueleto que nos traz de pé, mas ele não informa

nada, como a Gramática é a estrutura da língua, mas

30 sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias con

versam entre si em Gramática pura.

Claro que eu não disse isso tudo para meus en-

trevistadores. E adverti que minha implicância com

a Gramática na certa se devia à minha pouca inti-

35midade com ela. Sempre fui péssimo em Português.

Mas – isso eu disse – vejam vocês, a intimidade com

a Gramática é tão dispensável que eu ganho a vida

escrevendo, apesar da minha total inocência na ma-

téria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas cus-

40tas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften

profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço,

as desconhecidas são perigosas e potencialmente

traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas

flexões inomináveis para satisfazer um gosto pas

45sageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo

dominar por elas. [...]

Um escritor que passasse a respeitar a intimida

de gramatical das suas palavras seria tão ineficiente

quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel.



VERISSIMO, Luis Fernando. O gigolô das palavras. In: LUFT, Celso Pedro. Língua e liberdade: por uma nova concepção de língua materna e seu ensino. Porto Alegre: L&PM, 1985. p. 36. Adaptado.

Texto II

Aula de português

A linguagem

na ponta da língua,

tão fácil de falar

e de entender.

5 A linguagem

na superfície estrelada de letras,

sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,

e vai desmatando

10o amazonas de minha ignorância.

Figuras de gramática, equipáticas,

atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,

15em que pedia para ir lá fora,

em que levava e dava pontapé,

a língua, breve língua entrecortada

do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Aula de português. In: Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1974. p. 81.

Segundo diria o Professor Carlos Góis, mencionado no Texto II, a frase cuja regência do verbo respeita a norma-padrão é:

Alternativas
Q2909258 Português

O gigolô das palavras

Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos

do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma

missão, designada por seu professor de Português:

saber se eu considerava o estudo da Gramática indis

5 pensável para aprender e usar a nossa ou qualquer

outra língua. Suspeitei de saída que o tal professor

lia esta coluna, se descabelava diariamente com

suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aque

la oportunidade para me desmascarar. Já estava até

10preparando, às pressas, minha defesa (“Culpa da re

visão! Culpa da revisão!”). Mas os alunos desfizeram

o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos

tinham escolhido os nomes a serem entrevistados.

Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo er

15rado? Não. Então vamos em frente.

Respondi que a linguagem, qualquer linguagem,

é um meio de comunicação e que deve ser julgada

exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras

básicas da Gramática, para evitar os vexames mais

20gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma

questão de uso, não de princípios. Escrever bem é es

crever claro, não necessariamente certo. Por exemplo:

dizer “escrever claro” não é certo, mas é claro, certo?

O importante é comunicar. (E quando possível surpre

25ender, iluminar, divertir, mover… Mas aí entramos na

área do talento, que também não tem nada a ver com

Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. [...]

É o esqueleto que nos traz de pé, mas ele não informa

nada, como a Gramática é a estrutura da língua, mas

30 sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias con

versam entre si em Gramática pura.

Claro que eu não disse isso tudo para meus en-

trevistadores. E adverti que minha implicância com

a Gramática na certa se devia à minha pouca inti-

35midade com ela. Sempre fui péssimo em Português.

Mas – isso eu disse – vejam vocês, a intimidade com

a Gramática é tão dispensável que eu ganho a vida

escrevendo, apesar da minha total inocência na ma-

téria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas cus-

40tas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften

profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço,

as desconhecidas são perigosas e potencialmente

traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas

flexões inomináveis para satisfazer um gosto pas

45sageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo

dominar por elas. [...]

Um escritor que passasse a respeitar a intimida

de gramatical das suas palavras seria tão ineficiente

quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel.



VERISSIMO, Luis Fernando. O gigolô das palavras. In: LUFT, Celso Pedro. Língua e liberdade: por uma nova concepção de língua materna e seu ensino. Porto Alegre: L&PM, 1985. p. 36. Adaptado.

Texto II

Aula de português

A linguagem

na ponta da língua,

tão fácil de falar

e de entender.

5 A linguagem

na superfície estrelada de letras,

sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,

e vai desmatando

10o amazonas de minha ignorância.

Figuras de gramática, equipáticas,

atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,

15em que pedia para ir lá fora,

em que levava e dava pontapé,

a língua, breve língua entrecortada

do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Aula de português. In: Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1974. p. 81.

De acordo com a ortografia da língua portuguesa, sabida e ensinada pelo professor do Texto II, a seguinte frase respeita “a linguagem / na superfície estrelada de letras” (l. 5-6):

Alternativas
Q2909257 Português

O gigolô das palavras

Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos

do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma

missão, designada por seu professor de Português:

saber se eu considerava o estudo da Gramática indis

5 pensável para aprender e usar a nossa ou qualquer

outra língua. Suspeitei de saída que o tal professor

lia esta coluna, se descabelava diariamente com

suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aque

la oportunidade para me desmascarar. Já estava até

10preparando, às pressas, minha defesa (“Culpa da re

visão! Culpa da revisão!”). Mas os alunos desfizeram

o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos

tinham escolhido os nomes a serem entrevistados.

Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo er

15rado? Não. Então vamos em frente.

Respondi que a linguagem, qualquer linguagem,

é um meio de comunicação e que deve ser julgada

exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras

básicas da Gramática, para evitar os vexames mais

20gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma

questão de uso, não de princípios. Escrever bem é es

crever claro, não necessariamente certo. Por exemplo:

dizer “escrever claro” não é certo, mas é claro, certo?

O importante é comunicar. (E quando possível surpre

25ender, iluminar, divertir, mover… Mas aí entramos na

área do talento, que também não tem nada a ver com

Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. [...]

É o esqueleto que nos traz de pé, mas ele não informa

nada, como a Gramática é a estrutura da língua, mas

30 sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias con

versam entre si em Gramática pura.

Claro que eu não disse isso tudo para meus en-

trevistadores. E adverti que minha implicância com

a Gramática na certa se devia à minha pouca inti-

35midade com ela. Sempre fui péssimo em Português.

Mas – isso eu disse – vejam vocês, a intimidade com

a Gramática é tão dispensável que eu ganho a vida

escrevendo, apesar da minha total inocência na ma-

téria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas cus-

40tas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften

profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço,

as desconhecidas são perigosas e potencialmente

traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas

flexões inomináveis para satisfazer um gosto pas

45sageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo

dominar por elas. [...]

Um escritor que passasse a respeitar a intimida

de gramatical das suas palavras seria tão ineficiente

quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel.



VERISSIMO, Luis Fernando. O gigolô das palavras. In: LUFT, Celso Pedro. Língua e liberdade: por uma nova concepção de língua materna e seu ensino. Porto Alegre: L&PM, 1985. p. 36. Adaptado.

Texto II

Aula de português

A linguagem

na ponta da língua,

tão fácil de falar

e de entender.

5 A linguagem

na superfície estrelada de letras,

sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,

e vai desmatando

10o amazonas de minha ignorância.

Figuras de gramática, equipáticas,

atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,

15em que pedia para ir lá fora,

em que levava e dava pontapé,

a língua, breve língua entrecortada

do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Aula de português. In: Reunião: 10 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1974. p. 81.

O “gigolô das palavras”, como o cronista se caracteriza no Texto I, entende sua escrita como
Alternativas
Q2909125 Português
De acordo com o texto, os parentes eletrônicos do Lobo Mau
Alternativas
Ano: 2012 Banca: IFPI Órgão: IF-PI Prova: IFPI - 2012 - IF-PI - Odontólogo |
Q2909056 Português

A partir da leitura do texto acima, pode-se inferir que:

I A proliferação de programas religiosos e comerciais é consequência das brechas da legislação de rádio e TV.

II O mercado paralelo de que trata o texto é legalizado pela lei atual, mas pratica atos considerados ilegais.

III O governo prepara medidas a fim de fechar brechas da lei atual de rádio e TV.

Está correto o que se afirma em:

Alternativas
Q2909038 Português

Tecnologia


asdasdPara começar, ele nos olha na cara. Não é como a máquina de escrever, que a gente olha de cima, com superioridade. Com ele é olho no olho ou tela no olho. Ele nos desafia. Parece estar dizendo: vamos lá, seu desprezível pré‐eletrônico, mostre o que você sabe fazer. A máquina de escrever faz tudo que você manda, mesmo que seja a tapa. Com o computador é diferente. Você faz tudo que ele manda. Ou precisa fazer tudo ao modo dele, senão ele não aceita. Simplesmente ignora você. Mas se apenas ignorasse ainda seria suportável. Ele responde. Repreende. Corrige. Uma tela vazia, muda, nenhuma reação aos nossos comandos digitais, tudo bem. Quer dizer, você se sente como aquele cara que cantou a secretária eletrônica. É um vexame privado. Mas quando você o manda fazer alguma coisa, mas manda errado, ele diz “Errado”. Não diz “Burro”, mas está implícito. É pior, muito pior. Às vezes, quando a gente erra, ele faz “bip”. Assim, para todo mundo ouvir. Comecei a usar o computador na redação do jornal e volta e meia errava. E lá vinha ele: “Bip!” “Olha aqui, pessoal: ele errou.” “O burro errou!”

asdasdOutra coisa: ele é mais inteligente que você. Sabe muito mais coisa e não tem nenhum pudor em dizer que sabe. Esse negócio de que qualquer máquina só é tão inteligente quanto quem a usa não vale com ele. Está subentendido, nas suas relações com o computador, que você jamais aproveitará metade das coisas que ele tem para oferecer. Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando outro igual a ele o estiver programando. A máquina de escrever podia ter recursos que você nunca usaria, mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de quem só aguentava os humanos por falta de coisa melhor, no momento. E a máquina, mesmo nos seus instantes de maior impaciência conosco, jamais faria “bip” em público.

asdasdDito isto, é preciso dizer também que quem provou pela primeira vez suas letrinhas dificilmente voltará à máquina de escrever sem a sensação de que está desembarcando de uma Mercedes e voltando à carroça. Está certo, jamais teremos com ele a mesma confortável cumplicidade que tínhamos com a velha máquina. É outro tipo de relacionamento, mais formal e exigente. Mas é fascinante. Agora compreendo o entusiasmo de gente como Millôr Fernandes e Fernando Sabino, que dividem a sua vida profissional em antes dele e depois dele. Sinto falta do papel e da fiel Bic, sempre pronta a inserir entre uma linha e outra a palavra que faltou na hora, e que nele foi substituída por um botão, que, além de mais rápido, jamais nos sujará os dedos, mas acho que estou sucumbindo. Sei que nunca seremos íntimos, mesmo porque ele não ia querer se rebaixar a ser meu amigo, mas retiro tudo o que pensei sobre ele. Claro que você pode concluir que eu só estou querendo agradá‐lo, precavidamente, mas juro que é sincero.

asdasdQuando saí da redação do jornal depois de usar o computador pela primeira vez, cheguei em casa e bati na minha máquina. Sabendo que ela aguentaria sem reclamar, como sempre, a pobrezinha.


(VERÍSSIMO, Luis Fernando. O Globo)

“Agora compreendo o entusiasmo de gente como Millôr Fernandes e Fernando Sabino, que dividem a sua vida profissional em antes dele e depois dele”.


Esse segmento do texto tem a função de

Alternativas
Q2909029 Português

Tecnologia


asdasdPara começar, ele nos olha na cara. Não é como a máquina de escrever, que a gente olha de cima, com superioridade. Com ele é olho no olho ou tela no olho. Ele nos desafia. Parece estar dizendo: vamos lá, seu desprezível pré‐eletrônico, mostre o que você sabe fazer. A máquina de escrever faz tudo que você manda, mesmo que seja a tapa. Com o computador é diferente. Você faz tudo que ele manda. Ou precisa fazer tudo ao modo dele, senão ele não aceita. Simplesmente ignora você. Mas se apenas ignorasse ainda seria suportável. Ele responde. Repreende. Corrige. Uma tela vazia, muda, nenhuma reação aos nossos comandos digitais, tudo bem. Quer dizer, você se sente como aquele cara que cantou a secretária eletrônica. É um vexame privado. Mas quando você o manda fazer alguma coisa, mas manda errado, ele diz “Errado”. Não diz “Burro”, mas está implícito. É pior, muito pior. Às vezes, quando a gente erra, ele faz “bip”. Assim, para todo mundo ouvir. Comecei a usar o computador na redação do jornal e volta e meia errava. E lá vinha ele: “Bip!” “Olha aqui, pessoal: ele errou.” “O burro errou!”

asdasdOutra coisa: ele é mais inteligente que você. Sabe muito mais coisa e não tem nenhum pudor em dizer que sabe. Esse negócio de que qualquer máquina só é tão inteligente quanto quem a usa não vale com ele. Está subentendido, nas suas relações com o computador, que você jamais aproveitará metade das coisas que ele tem para oferecer. Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando outro igual a ele o estiver programando. A máquina de escrever podia ter recursos que você nunca usaria, mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de quem só aguentava os humanos por falta de coisa melhor, no momento. E a máquina, mesmo nos seus instantes de maior impaciência conosco, jamais faria “bip” em público.

asdasdDito isto, é preciso dizer também que quem provou pela primeira vez suas letrinhas dificilmente voltará à máquina de escrever sem a sensação de que está desembarcando de uma Mercedes e voltando à carroça. Está certo, jamais teremos com ele a mesma confortável cumplicidade que tínhamos com a velha máquina. É outro tipo de relacionamento, mais formal e exigente. Mas é fascinante. Agora compreendo o entusiasmo de gente como Millôr Fernandes e Fernando Sabino, que dividem a sua vida profissional em antes dele e depois dele. Sinto falta do papel e da fiel Bic, sempre pronta a inserir entre uma linha e outra a palavra que faltou na hora, e que nele foi substituída por um botão, que, além de mais rápido, jamais nos sujará os dedos, mas acho que estou sucumbindo. Sei que nunca seremos íntimos, mesmo porque ele não ia querer se rebaixar a ser meu amigo, mas retiro tudo o que pensei sobre ele. Claro que você pode concluir que eu só estou querendo agradá‐lo, precavidamente, mas juro que é sincero.

asdasdQuando saí da redação do jornal depois de usar o computador pela primeira vez, cheguei em casa e bati na minha máquina. Sabendo que ela aguentaria sem reclamar, como sempre, a pobrezinha.


(VERÍSSIMO, Luis Fernando. O Globo)

“Sinto falta do papel e da fiel Bic, sempre pronta a inserir entre uma linha e outra a palavra que faltou na hora...”.


Assinale a alternativa em que a substituição da forma reduzida sublinhada foi feita de forma adequada.

Alternativas
Q2909027 Português

Tecnologia


asdasdPara começar, ele nos olha na cara. Não é como a máquina de escrever, que a gente olha de cima, com superioridade. Com ele é olho no olho ou tela no olho. Ele nos desafia. Parece estar dizendo: vamos lá, seu desprezível pré‐eletrônico, mostre o que você sabe fazer. A máquina de escrever faz tudo que você manda, mesmo que seja a tapa. Com o computador é diferente. Você faz tudo que ele manda. Ou precisa fazer tudo ao modo dele, senão ele não aceita. Simplesmente ignora você. Mas se apenas ignorasse ainda seria suportável. Ele responde. Repreende. Corrige. Uma tela vazia, muda, nenhuma reação aos nossos comandos digitais, tudo bem. Quer dizer, você se sente como aquele cara que cantou a secretária eletrônica. É um vexame privado. Mas quando você o manda fazer alguma coisa, mas manda errado, ele diz “Errado”. Não diz “Burro”, mas está implícito. É pior, muito pior. Às vezes, quando a gente erra, ele faz “bip”. Assim, para todo mundo ouvir. Comecei a usar o computador na redação do jornal e volta e meia errava. E lá vinha ele: “Bip!” “Olha aqui, pessoal: ele errou.” “O burro errou!”

asdasdOutra coisa: ele é mais inteligente que você. Sabe muito mais coisa e não tem nenhum pudor em dizer que sabe. Esse negócio de que qualquer máquina só é tão inteligente quanto quem a usa não vale com ele. Está subentendido, nas suas relações com o computador, que você jamais aproveitará metade das coisas que ele tem para oferecer. Que ele só desenvolverá todo o seu potencial quando outro igual a ele o estiver programando. A máquina de escrever podia ter recursos que você nunca usaria, mas não tinha a mesma empáfia, o mesmo ar de quem só aguentava os humanos por falta de coisa melhor, no momento. E a máquina, mesmo nos seus instantes de maior impaciência conosco, jamais faria “bip” em público.

asdasdDito isto, é preciso dizer também que quem provou pela primeira vez suas letrinhas dificilmente voltará à máquina de escrever sem a sensação de que está desembarcando de uma Mercedes e voltando à carroça. Está certo, jamais teremos com ele a mesma confortável cumplicidade que tínhamos com a velha máquina. É outro tipo de relacionamento, mais formal e exigente. Mas é fascinante. Agora compreendo o entusiasmo de gente como Millôr Fernandes e Fernando Sabino, que dividem a sua vida profissional em antes dele e depois dele. Sinto falta do papel e da fiel Bic, sempre pronta a inserir entre uma linha e outra a palavra que faltou na hora, e que nele foi substituída por um botão, que, além de mais rápido, jamais nos sujará os dedos, mas acho que estou sucumbindo. Sei que nunca seremos íntimos, mesmo porque ele não ia querer se rebaixar a ser meu amigo, mas retiro tudo o que pensei sobre ele. Claro que você pode concluir que eu só estou querendo agradá‐lo, precavidamente, mas juro que é sincero.

asdasdQuando saí da redação do jornal depois de usar o computador pela primeira vez, cheguei em casa e bati na minha máquina. Sabendo que ela aguentaria sem reclamar, como sempre, a pobrezinha.


(VERÍSSIMO, Luis Fernando. O Globo)

Assinale a alternativa em que a troca de posição dos elementos altera seu significado.

Alternativas
Q2909019 Português

Pedro da Silva Nava – Pedro Nava –, talvez o mais notável memorialista da literatura brasileira, dedicou-se originalmente à medicina. Graduado em 1928, em Belo Horizonte, o autor de Baú de Ossos fez brilhante carreira acadêmica. Foi Livre-Docente de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da então Universidade do Brasil (atual UFRJ), Catedrático e professor Emérito do Centro de Ciências Biológicas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), professor Honoris Causa da Faculdade de Medicina de Barbacena. Pioneiro da Reumatologia no Brasil, Nava, certa vez, assim se definiu: “Aprendi e ensino. Para servir, aceitei por três vezes encargos de administração médica - o que é ato heróico... equivalente ao daquele que se dispuser a caminhar descalço num serpentário! Clínico da roça, fui médico, operador e parteiro.”

O texto adiante é um trecho da crônica De homens e mulheres, de Elaine Tavares, publicada na edição n° 535, do Jornal semanal BRASIL DE FATO (de 30 de maio a 05 de junho de 2013). Leia-o, cuidadosamente, e responda a questão proposta.

“Desde pequenina circulo pelo universo masculino, mundo secreto, cheio de surpreendentes mistérios, sempre a me (1) atrair. Mas não o suiciente para desvendá-los (2), uma vez que, assim, perderiam beleza. Minha (3) opção foi despejar neles minha mulheridade em diálogo amoroso. Nunca pensei em competição ou igualdade. Não creio que sejamos iguais, homens e mulheres. Nosso mundo úmido também tem seus deliciosos mistérios, que (4) jamais poderão ser conhecidos pelo homem. São perspectivas diferentes e absurdamente belas, cada uma com suas (5) especiicidades. (...).”

Assinale a alternativa que relaciona corretamente a classiicação e colocação dos pronomes sublinhados e numerados no texto:

Alternativas
Respostas
10761: C
10762: B
10763: D
10764: E
10765: E
10766: E
10767: E
10768: A
10769: D
10770: C
10771: C
10772: A
10773: D
10774: D
10775: E
10776: C
10777: C
10778: C
10779: B
10780: A