Questões de Concurso Sobre português
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Sobre os movimentos literários brasileiros, assinalar a alternativa CORRETA:
Sobre os pressupostos da gramática no âmbito escolar, todas as alternativas estão corretas, EXCETO:
Sobre linguagem, língua e fala, analisar os itens abaixo:
I - A linguagem é heterogênea.
II - A língua é exterior ao indivíduo, que, por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la.
III - A fala é um ato individual de vontade.
Estão CORRETOS:
A alternativa correta, quanto aos aspectos que envolvem a construção da coesão e da coerência do texto, é:
Os excertos a seguir pertencem ao texto A máfia e os filmes, que faz parte do Capítulo 2 – Cosa Nostra – A Máfia Americana do livro A História do Crime Organizado (2014, Editora Escala), escrito por David Southwell.
Analise-os a seguir:
I. O Poderoso Chefão e sua primeira sequência O Poderoso Chefão – Parte II, em 1974, desencadeou uma enxurrada de filmes sobre a máfia. Dois dos melhores deles – Cassino (1995) e Os Bons Companheiros (1990) – foram baseados em livros de Nicholas Pileggi. Se o filme Os Bons Companheiros carece do glamour de O Poderoso Chefão, retrata, no entanto, a história da vida real de Henry Hill, com alto grau de precisão. Captou perfeitamente a traição, a politicagem, a ganância, a violência casual e o tédio da vida nos escalões inferiores da máfia. Na década de 1990, a máfia era ainda apropriada como assunto para a televisão. O drama de sucesso The Sopranos mostrava a vida de trabalho e a domiciliar do confiável capo de New Jersey, Tony Soprano.
II. O cinema e mais recentemente a televisão traçaram e moldaram a compreensão do público americano da máfia como a força dominante no crime organizado dos EUA. A Cosa Nostra sempre tem sido retratada com mais simpatia que outros grupos do crime organizado (basta comparar a Cosa Nostra de Al Pacino em filmes com seu papel como chefe da máfia cubana na versão 1983 de Scarface). Este não é o resultado de uma conspiração da mídia; simplesmente reflete a complexa relação de amor e ódio da América para com a máfia.
III. O amor entre Hollywood e a máfia começou na década de 1920. Sempre foi um caso de amor nos dois sentidos. Até mesmo os primeiros gângsteres da Lei Seca apreciavam o que percebiam como glamour refletido ao verem seus crimes retratados nas telas. Alguns dos primeiros filmes mudos que retratavam os marginais chegaram a estrelar um ex-gângster real – Joe Brown – que tirava proveito de sua amizade com Al Capone.
IV. Em uma época em que até mesmo o chefe do FBI negava a existência de qualquer organização chamada máfia, não era surpresa que os filmes nunca tocassem realmente nas origens e na verdadeira natureza da Cosa Nostra. Tudo isso mudou em 1972, com o lançamento de O Poderoso Chefão, baseado no romance de mesmo nome, best-seller de Mario Puzo. Depois das denúncias que a máfia havia sofrido desde a década de 1950, começando com as audiências Kefauver e o fiasco de Apalachin, um retrato mais verdadeiro representando a marginalidade estava em atraso. A Liga ítalo-americana dos Direitos Civis do chefe mafioso Joe Colombo, contudo, fez tanta pressão sobre a Paramount Pictures, antes do lançamento de O Poderoso Chefão, que a Paramount concordou em retirar do filme qualquer uso dos termos máfia e Cosa Nostra.
V. Baseado livremente na vida real de muitas personalidades da Cosa Nostra e em acontecimentos, O Poderoso Chefão foi um enorme sucesso, principalmente nos meios da máfia. Detetives disfarçados relataram que mafiosos viam o filme para obter inspiração e instruções sobre como deveriam se comportar. Enquanto atacado por alguns como um intenso exercício para criar uma mitologia positiva para a máfia, o chefe Joe Bonanno afirmou que o motivo real de o filme ter sido um sucesso foi porque “Tem a ver com o orgulho da família e a honra pessoal. Retratou as pessoas com um forte senso de parentesco que sobrevive em um mundo cruel”.
VI. Ao longo da década de 1930, centenas de filmes sobre gângsteres e a crescente onda do crime organizado foram produzidos pelos principais estúdios, muitas vezes tornando seus atores estrelas celebérrimas, como Edward G. Robinson. Muitos cineastas, contudo, se frustravam por terem de mostrar os mafiosos como anti-heróis. O Código de Produção Cinematográfica chegou a exigir que o fim de Scarface fosse alterado e que o filme tivesse como subtítulo Vergonha da nação.
VII. Se os filmes são a verdadeira jugular cultural da América, então muito do sangue que é bombeado através dela vem dos crimes da Cosa Nostra. Hollywood tem desfrutado de um longo e rentável caso de amor com a máfia por duas razões. Primeiro, o crime organizado da Cosa Nostra está tão profundamente enraizado nos últimos 100 anos da história americana que seria difícil ignorá-lo e ainda reflete com precisão a vida nos EUA. Em segundo lugar, e mais importante para os estúdios, as pessoas têm um fascínio eterno com o submundo, e isso significa que filmes da máfia dão dinheiro.
VIII. Brown não foi o último membro do crime organizado a ser seduzido pela ideia de tornar-se parte da própria Hollywood. Bandido por pouco tempo, George Raft tornou-se ator, estrelando não somente em grandes sucessos de Hollywood que retratavam gângsteres, como Scarface em 1932, mas também continuando a manter estreita amizade com vários mafiosos. No início dos anos 1940, até conseguiu que seu bom amigo “Bugsy” Siegel fizesse alguns testes de atuação em filmes.
A sequência adequada para o texto, conservando a coerência e a coesão textuais, é:
Texto para as questões 12 e 13.
CHECK-UP
Este ano pretendo cumprir rigorosamente a resolução que tomei no fim do ano passado: não mais tomar resoluções de ano-novo. Elas são promessas que fazemos à nossa consciência em que nem a consciência acredita mais. A minha já estava reagindo com bocejos a cada juramento que eu fazia para o ano-novo.
– Vou começar uma dieta. Séria, desta vez.
– Sei, sei.
– Vou ser tolerante, justo, sóbrio, equilibrado... e arrumar meus livros.
– Tudo bem.
– Fazer exercícios diários. Usar fio dental. Reler os clássicos. Não tudo ao mesmo tempo, claro.
– Certo, certo.
Mesmo com ar de enfaro, minha consciência não deixa de se submeter ao exame anual que faço nela, sempre nos últimos dias de dezembro. Uma espécie de check-up moral. Seu estado geral é bom. Não teve grandes provações no ano passado. Fiz algumas coisas que não devia, não fiz outras que devia, nada grave. Vamos poder continuar nos encarando – principalmente agora que eliminamos este ridículo ritual das resoluções de fim de ano da nossa relação. O homem maduro é o que desiste da virtude impossível para não perder a possível.
Luis Fernando Verissimo. Check-up. In: As mentiras que os homens contam. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
Em relação aos recursos linguísticos empregados na construção da linguagem literária do texto Check-up, assinale a alternativa correta:
Texto para as questões 12 e 13.
CHECK-UP
Este ano pretendo cumprir rigorosamente a resolução que tomei no fim do ano passado: não mais tomar resoluções de ano-novo. Elas são promessas que fazemos à nossa consciência em que nem a consciência acredita mais. A minha já estava reagindo com bocejos a cada juramento que eu fazia para o ano-novo.
– Vou começar uma dieta. Séria, desta vez.
– Sei, sei.
– Vou ser tolerante, justo, sóbrio, equilibrado... e arrumar meus livros.
– Tudo bem.
– Fazer exercícios diários. Usar fio dental. Reler os clássicos. Não tudo ao mesmo tempo, claro.
– Certo, certo.
Mesmo com ar de enfaro, minha consciência não deixa de se submeter ao exame anual que faço nela, sempre nos últimos dias de dezembro. Uma espécie de check-up moral. Seu estado geral é bom. Não teve grandes provações no ano passado. Fiz algumas coisas que não devia, não fiz outras que devia, nada grave. Vamos poder continuar nos encarando – principalmente agora que eliminamos este ridículo ritual das resoluções de fim de ano da nossa relação. O homem maduro é o que desiste da virtude impossível para não perder a possível.
Luis Fernando Verissimo. Check-up. In: As mentiras que os homens contam. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
Com relação aos aspectos gramaticais do texto, assinale a alternativa correta:
Texto para as questões 10 e 11.
O DEVORADOR DE MUNDOS
No início, havia os deuses.
Uma confraria que existira desde antes do tempo, desde antes do início. Mas, solitários, estavam insatisfeitos.
Forjaram a Criação.
Em conjunto, moldaram a terra, o céu e os mares. Povoaram-nos com criaturas. Era seu mundo, e agora era o mundo dos homens. E, durante muito tempo, os deuses observaram este mundo e sorriram, pois tudo era verde e bom.
Mas toda luz causa sombra. Oculto, atrás da bondade e da pureza da Criação dos deuses, havia o mal.
Os seres que habitavam este mundo usaram seu livre-arbítrio para matar e roubar, para escravizar e oprimir. Descontentes com a Criação perfeita que as divindades lhes ofereciam, os homens corromperamna com suas almas imperfeitas. Voltaram-se uns contra os outros. Ambição, guerra, fome, traição e loucura assolaram as terras como uma mazela indomável.
Olhando o que o mundo havia se tornado, os deuses sentiram repugnância. Desencantaram-se com sua Criação.
Aquilo fora um erro.
Decididos a corrigi-lo, os deuses moldaram uma criatura vasta, de fome insaciável, para que pusesse fim ao mundo doente que eles haviam originado.
O Devorador de Mundos.
O monstro tinha uma couraça impenetrável, feita de rocha vitrificada semelhante ao ônix. Seu sangue era um óleo negro com propriedades mágicas imprevisíveis. Nada que as civilizações dos homens possuíam era capaz de deter a fera. Incontestado, o monstro avançou livre por pradarias, montanhas e florestas. Transformava o que era vivo e verde em uma aridez estéril.
Devorava tudo que era mau...
E tudo que era bom.
Era o fim do mundo.
Mas houve aqueles que resistiram. Porque, assim como existiam deuses, havia também demônios. Criaturas abissais, de maldade inconcebível. Seu poder não se comparava ao dos deuses, mas possuíam magia e capacidades muito além dos meros mortais. Os demônios viviam nas profundezas escuras e se alimentavam do ódio, do medo, da ganância. Sobreviviam às custas dos pecados dos seres vivos. E, se o mundo fosse desfeito, pereceriam à míngua.
Para combater o Devorador de Mundos, os demônios criaram uma horda de dragões. Criaturas poderosas, répteis voadores com presas e garras capazes de dilacerar castelos. Magia rivalizando a de seus próprios mestres. Em seu ventre, fogo capaz de derreter montanhas.
Os dragões enfrentaram o Devorador de Mundos, numa série de batalhas que abalou a Criação. Incontáveis deles morreram. Contudo, mais e mais eram enviados, movidos pelo desespero de seus senhores demoníacos.
Por fim, deixando um rastro de devastação e morte, os dragões venceram. O Devorador de Mundos tombou seu corpanzil gigantesco imóvel como uma cordilheira no deserto que resultou da última luta.
A fúria dos deuses foi sentida em tempestades de relâmpagos e erupções vulcânicas. Em terremotos e inundações. Mas o mundo perseverou, pois o Devorador fora vencido. Mesmo ante o desgosto divino, a terra continuava existindo. Cidades seriam reconstruídas, plantas voltariam a nascer.
O Devorador de Mundos estava adormecido. Enquanto o dia fosse dia e a noite fosse noite, ele dormiria seu sono de morte.
E os mortais viveriam, após serem salvos de seus próprios criadores pelos demônios que se alimentam de toda a maldade.
Leonel Caldela. O Devorador de Mundos. In: A lenda de Ruff Ghanor: O garoto-cabra, v. 1. Curitiba: Nerd Books, 2014.
Assinale a alternativa em que a significação da palavra destacada NÃO se altera de uma frase para a outra:
Texto para as questões 10 e 11.
O DEVORADOR DE MUNDOS
No início, havia os deuses.
Uma confraria que existira desde antes do tempo, desde antes do início. Mas, solitários, estavam insatisfeitos.
Forjaram a Criação.
Em conjunto, moldaram a terra, o céu e os mares. Povoaram-nos com criaturas. Era seu mundo, e agora era o mundo dos homens. E, durante muito tempo, os deuses observaram este mundo e sorriram, pois tudo era verde e bom.
Mas toda luz causa sombra. Oculto, atrás da bondade e da pureza da Criação dos deuses, havia o mal.
Os seres que habitavam este mundo usaram seu livre-arbítrio para matar e roubar, para escravizar e oprimir. Descontentes com a Criação perfeita que as divindades lhes ofereciam, os homens corromperamna com suas almas imperfeitas. Voltaram-se uns contra os outros. Ambição, guerra, fome, traição e loucura assolaram as terras como uma mazela indomável.
Olhando o que o mundo havia se tornado, os deuses sentiram repugnância. Desencantaram-se com sua Criação.
Aquilo fora um erro.
Decididos a corrigi-lo, os deuses moldaram uma criatura vasta, de fome insaciável, para que pusesse fim ao mundo doente que eles haviam originado.
O Devorador de Mundos.
O monstro tinha uma couraça impenetrável, feita de rocha vitrificada semelhante ao ônix. Seu sangue era um óleo negro com propriedades mágicas imprevisíveis. Nada que as civilizações dos homens possuíam era capaz de deter a fera. Incontestado, o monstro avançou livre por pradarias, montanhas e florestas. Transformava o que era vivo e verde em uma aridez estéril.
Devorava tudo que era mau...
E tudo que era bom.
Era o fim do mundo.
Mas houve aqueles que resistiram. Porque, assim como existiam deuses, havia também demônios. Criaturas abissais, de maldade inconcebível. Seu poder não se comparava ao dos deuses, mas possuíam magia e capacidades muito além dos meros mortais. Os demônios viviam nas profundezas escuras e se alimentavam do ódio, do medo, da ganância. Sobreviviam às custas dos pecados dos seres vivos. E, se o mundo fosse desfeito, pereceriam à míngua.
Para combater o Devorador de Mundos, os demônios criaram uma horda de dragões. Criaturas poderosas, répteis voadores com presas e garras capazes de dilacerar castelos. Magia rivalizando a de seus próprios mestres. Em seu ventre, fogo capaz de derreter montanhas.
Os dragões enfrentaram o Devorador de Mundos, numa série de batalhas que abalou a Criação. Incontáveis deles morreram. Contudo, mais e mais eram enviados, movidos pelo desespero de seus senhores demoníacos.
Por fim, deixando um rastro de devastação e morte, os dragões venceram. O Devorador de Mundos tombou seu corpanzil gigantesco imóvel como uma cordilheira no deserto que resultou da última luta.
A fúria dos deuses foi sentida em tempestades de relâmpagos e erupções vulcânicas. Em terremotos e inundações. Mas o mundo perseverou, pois o Devorador fora vencido. Mesmo ante o desgosto divino, a terra continuava existindo. Cidades seriam reconstruídas, plantas voltariam a nascer.
O Devorador de Mundos estava adormecido. Enquanto o dia fosse dia e a noite fosse noite, ele dormiria seu sono de morte.
E os mortais viveriam, após serem salvos de seus próprios criadores pelos demônios que se alimentam de toda a maldade.
Leonel Caldela. O Devorador de Mundos. In: A lenda de Ruff Ghanor: O garoto-cabra, v. 1. Curitiba: Nerd Books, 2014.
Assinale a alternativa correta quanto ao emprego da linguagem e do vocabulário do texto:
Texto para as questões 6, 7, 8 e 9.
REESCREVENDO A ESCOLA
O professor James Paul Gee, da Escola de Educação Madison, da Universidade de Wisconsin, chama essas culturas informais de aprendizado de “espaços de afinidades” e questiona por que as pessoas aprendem mais, participam mais ativamente e se envolvem mais profundamente com a cultura popular do que com os conteúdos dos livros didáticos. Como me disse Flourish, uma fã de Harry Potter de 16 anos, “uma coisa é discutir sobre o tema de um conto que você nunca ouviu falar e para o qual você não dá a mínima. Outra coisa é discutir o tema de um trabalho de 50 mil palavras sobre Harry e Hermione que um amigo levou três meses para escrever”. Gee afirma que os espaços de afinidades oferecem poderosas oportunidades para o aprendizado porque são sustentados por empreendimentos comuns, criando pontes que unem as diferenças de idade, classe, raça, sexo e nível educacional; porque as pessoas podem participar de diversas formas, de acordo com suas habilidades e seus interesses; porque dependem da instrução de seus pares, de igual para igual, com cada participante constantemente motivado a adquirir novos conhecimentos ou refinar suas habilidades existentes; porque, enfim, esses espaços de afinidades permitem a cada participante sentir-se um expert, ao mesmo tempo que recorrem à expertise de outros. Cada vez mais, experts em educação estão reconhecendo que encenar, recitar e apropriar-se de elementos de histórias preexistentes é uma parte orgânica e valiosa do processo através do qual as crianças desenvolvem o letramento cultural.
Há uma década, a fan fiction publicada era, em sua maioria, escrita por mulheres na faixa dos 20, 30 anos, ou mais. Hoje, essas escritoras mais velhas estão acompanhadas de uma geração de novos colaboradores que descobriram a fan fiction navegando pela Internet e decidiram ver o que eram capazes de produzir. Harry Potter, em particular, incentivou muitos jovens a escrever e compartilhar suas primeiras histórias.
[...]
Os educadores gostam de falar em “andaime” (scaffolding), o conceito de que um bom processo pedagógico funciona passo a passo, incentivando as crianças a construir novas habilidades sobre aquelas que já dominam, fornecendo um suporte para os novos passos até que o aprendiz se sinta confiante o bastante para caminhar sozinho. Na sala de aula, o andaime é fornecido pelo professor. Numa cultura participativa, a comunidade inteira assume uma parte da responsabilidade em ajudar os iniciantes na Internet. Muitos jovens autores começaram a redigir histórias sozinhos, como uma reação espontânea a uma cultura popular. Para esses jovens, o próximo passo foi a descoberta da fan fiction na Internet, que forneceu modelos alternativos do que significava ser autor. No início, eles talvez apenas lessem as histórias, mas as comunidades fornecem muitos estímulos para que os leitores atravessem o último limiar para a redação e a apresentação de suas próprias histórias. E depois que um fã apresenta uma história, o feedback que recebe o inspira a escrever mais e melhor.
Que diferença fará, ao longo do tempo, se uma porcentagem crescente de jovens escritores começar a publicar e receber feedback sobre sua obra enquanto ainda estão no colégio? Irão desenvolver sua arte com mais rapidez? Irão descobrir sua forma de expressão mais cedo? E o que vai acontecer quando esses jovens escritores compararem suas observações, se tornarem críticos, editores e mentores? Isso irá ajudá-los a desenvolver um vocabulário básico para pensar em narrativas? Ninguém tem certeza absoluta, mas o potencial parece enorme. A autoria tem uma aura quase sagrada, num mundo onde as oportunidades de circular suas ideias a um público maior são limitadas. À medida que expandimos o acesso à distribuição em massa pela web, nossa compreensão do que significa ser autor – e que tipo de autoridade se deve atribuir a autores – necessariamente muda. A mudança pode levar a uma consciência maior sobre direitos de propriedade, à medida que mais e mais pessoas têm a sensação de posse sobre as histórias que criam. Porém, pode resultar também em uma desmistificação do processo criativo, um reconhecimento crescente das dimensões comunitárias da expressão, à medida que o ato de escrever assume mais aspectos das práticas tradicionais.
[...]
Como a pesquisadora educacional Rebecca Black observa, a comunidade de fãs pode muitas vezes ser mais tolerante com erros linguísticos do que professores tradicionais em salas de aula, e mais generosa, ao possibilitar que o aprendiz identifique o que realmente está querendo dizer, porque o leitor e o escritor operam dentro do mesmo quadro de referências, compartilhando um profundo envolvimento emocional com o conteúdo que está sendo explorado. A comunidade de fãs promove uma série mais abrangente de formas de letramento – não apenas fan fiction, mas vários modos de comentários e explanações – do que os modelos disponíveis na sala de aula, e muitas vezes a comunidade exibe próximos passos realistas para o desenvolvimento do aprendiz, em vez de mostrar apenas textos profissionais, muito distantes de qualquer coisa que os alunos serão capazes de produzir.
[...]
Muitos adultos se preocupam com o fato de as crianças estarem “copiando” o conteúdo de mídia preexistente, em vez de criar os próprios trabalhos originais. Entretanto, deve-se pensar nessas apropriações como um tipo de aprendizagem. Historicamente, jovens artistas sempre aprenderam com os mestres consagrados, às vezes colaborando com as obras dos artistas mais velhos, muitas vezes seguindo seus padrões, antes de desenvolver o próprio estilo e a própria técnica. As expectativas modernas sobre expressões originais são um fardo difícil para qualquer um em início de carreira. Da mesma forma, esses jovens artistas aprendem o que podem com as histórias e imagens que lhes são mais familiares. Erigir os primeiros esforços a partir de produtos culturais existentes permite-lhes concentrar sua energia em outras coisas, dominar a arte, aperfeiçoar as habilidades e comunicar suas ideias.
[...]
A escola ainda está presa num modelo de aprendizagem autônoma que contrasta nitidamente com a aprendizagem necessária aos estudantes à medida que eles entram nas novas culturas do conhecimento. Gee e outros educadores temem que os estudantes que se sentem confortáveis em participar e trocar conhecimento através dos espaços de afinidades estejam sendo menosprezados em sala de aula:
A aprendizagem torna-se uma trajetória pessoal e singular num espaço complexo de oportunidades (por exemplo, o deslocamento singular de uma pessoa pelos diversos espaços de afinidades, no decorrer do tempo) e uma jornada social, à medida que se compartilham aspectos dessa trajetória com outros (que podem ser muito diferentes dela mesma e, de resto, viver em espaços completamente diferentes) por um período mais curto ou mais longo, antes de prosseguir. O que esses jovens veem na escola pode empalidecer, diante da comparação. A escola talvez pareça não ter a imaginação existente em aspectos de sua vida fora da escola. No mínimo, podem se perguntar e argumentar: “Para que serve a escola?”
O foco de Gee é o sistema de suporte que emerge em torno do aprendiz individual, o foco de Lévy é o modo como cada aprendiz colabora com uma inteligência coletiva maior; mas ambos estão descrevendo partes da mesma experiência – viver num mundo onde o conhecimento é compartilhado e onde a atitude crítica é contínua e vitalícia.
Não surpreende que alguém que tenha acabado de publicar seu primeiro romance on-line e de receber dezenas de cartas com comentários ache decepcionante voltar à sala de aula, onde seu trabalho será lido apenas pelo professor e o feedback pode ser muito limitado. Alguns alunos adolescentes confessaram que escondem os rascunhos de suas histórias dentro do livro didático e os corrigem durante a aula; outros se sentam em volta da mesa do almoço e conversam com colegas de classe sobre enredo e personagens, ou tentam trabalhar nas histórias usando os computadores da escola, até que bibliotecários os acusem de estar desperdiçando tempo. Mal conseguem esperar que o sinal toque, para que possam se concentrar em sua escrita.
Muitos compreendem os benefícios da fan fiction. Várias bibliotecas têm trazido palestrantes imaginários para falar sobre a vida dos trouxas e promovido aulas estendidas no fim de semana, inspiradas no modelo da extraordinária escola de Hogwarts. Um grupo de editores canadenses organizou um acampamento de redação de verão para as crianças, destinado a ajudá-las a aperfeiçoar sua arte. Os editores estavam respondendo aos vários manuscritos espontâneos que tinham recebido de fãs de Harry Potter. Um grupo educacional organizou o Hogwarts Virtual, que oferecia cursos tanto de assuntos acadêmicos quanto de tópicos que ficaram famosos a partir dos livros de Rowling. Professores adultos de quatro continentes desenvolveram materiais on-line para 30 aulas diferentes, e a iniciativa atraiu mais de três mil estudantes de 75 países.
Não está claro se os sucessos dos espaços de afinidades podem ser copiados pela simples incorporação de atividades semelhantes na sala de aula. As escolas impõem uma hierarquia fixa de liderança (inclusive papéis muito diferentes para adultos e adolescentes); é improvável que alguém como Flourish teria as mesmas oportunidades editoriais que encontrou na comunidade de fãs. As escolas possuem menos flexibilidade para apoiar escritores em estágios muito diferentes de desenvolvimento. Até as escolas mais progressistas impõem limites sobre o que os alunos podem escrever, se comparado à liberdade que eles desfrutam sozinhos. Decerto, os adolescentes podem receber críticas severas às suas histórias mais controversas quando elas são publicadas on-line, mas os próprios adolescentes estão decidindo os riscos que desejam correr e enfrentando as consequências dessas decisões.
Dito isso, precisamos reconhecer que aprimorar as habilidades de redação é um benefício secundário da participação em comunidades de fan fiction. Falar sobre fan fiction nesses termos faz com que a atividade pareça mais valiosa aos olhos de pais e professores que talvez sejam céticos em relação ao mérito dessas atividades. E as crianças certamente levam sua arte a sério e têm orgulho de suas realizações em letramento. Ao mesmo tempo, a escrita é valiosa pelo modo como expande as experiências das crianças com o mundo de Harry Potter e pelas conexões sociais com outros fãs que ela facilita. Essas crianças são apaixonadas pela escrita porque são apaixonados pelo assunto sobre o qual estão escrevendo. Até certo ponto, arrastar essas atividades para a escola tende a enfraquecê-las, pois a cultura escolar gera uma mentalidade diferente daquela que temos em nossa vida recreativa.
Henry Jenkins. Trecho de Por que Heather pode escrever. In: Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009, p. 249-258 (com adaptações).
Cada uma das alternativas a seguir apresenta uma proposta de reescrita de trechos do texto. Assinale a alternativa cuja proposta de reescrita está correta, seguindo os preceitos da gramática normativa da língua portuguesa e conservando, além das informações do texto original, os fatores de textualidade: pontuação, coesão e coerência.
Texto para as questões 6, 7, 8 e 9.
REESCREVENDO A ESCOLA
O professor James Paul Gee, da Escola de Educação Madison, da Universidade de Wisconsin, chama essas culturas informais de aprendizado de “espaços de afinidades” e questiona por que as pessoas aprendem mais, participam mais ativamente e se envolvem mais profundamente com a cultura popular do que com os conteúdos dos livros didáticos. Como me disse Flourish, uma fã de Harry Potter de 16 anos, “uma coisa é discutir sobre o tema de um conto que você nunca ouviu falar e para o qual você não dá a mínima. Outra coisa é discutir o tema de um trabalho de 50 mil palavras sobre Harry e Hermione que um amigo levou três meses para escrever”. Gee afirma que os espaços de afinidades oferecem poderosas oportunidades para o aprendizado porque são sustentados por empreendimentos comuns, criando pontes que unem as diferenças de idade, classe, raça, sexo e nível educacional; porque as pessoas podem participar de diversas formas, de acordo com suas habilidades e seus interesses; porque dependem da instrução de seus pares, de igual para igual, com cada participante constantemente motivado a adquirir novos conhecimentos ou refinar suas habilidades existentes; porque, enfim, esses espaços de afinidades permitem a cada participante sentir-se um expert, ao mesmo tempo que recorrem à expertise de outros. Cada vez mais, experts em educação estão reconhecendo que encenar, recitar e apropriar-se de elementos de histórias preexistentes é uma parte orgânica e valiosa do processo através do qual as crianças desenvolvem o letramento cultural.
Há uma década, a fan fiction publicada era, em sua maioria, escrita por mulheres na faixa dos 20, 30 anos, ou mais. Hoje, essas escritoras mais velhas estão acompanhadas de uma geração de novos colaboradores que descobriram a fan fiction navegando pela Internet e decidiram ver o que eram capazes de produzir. Harry Potter, em particular, incentivou muitos jovens a escrever e compartilhar suas primeiras histórias.
[...]
Os educadores gostam de falar em “andaime” (scaffolding), o conceito de que um bom processo pedagógico funciona passo a passo, incentivando as crianças a construir novas habilidades sobre aquelas que já dominam, fornecendo um suporte para os novos passos até que o aprendiz se sinta confiante o bastante para caminhar sozinho. Na sala de aula, o andaime é fornecido pelo professor. Numa cultura participativa, a comunidade inteira assume uma parte da responsabilidade em ajudar os iniciantes na Internet. Muitos jovens autores começaram a redigir histórias sozinhos, como uma reação espontânea a uma cultura popular. Para esses jovens, o próximo passo foi a descoberta da fan fiction na Internet, que forneceu modelos alternativos do que significava ser autor. No início, eles talvez apenas lessem as histórias, mas as comunidades fornecem muitos estímulos para que os leitores atravessem o último limiar para a redação e a apresentação de suas próprias histórias. E depois que um fã apresenta uma história, o feedback que recebe o inspira a escrever mais e melhor.
Que diferença fará, ao longo do tempo, se uma porcentagem crescente de jovens escritores começar a publicar e receber feedback sobre sua obra enquanto ainda estão no colégio? Irão desenvolver sua arte com mais rapidez? Irão descobrir sua forma de expressão mais cedo? E o que vai acontecer quando esses jovens escritores compararem suas observações, se tornarem críticos, editores e mentores? Isso irá ajudá-los a desenvolver um vocabulário básico para pensar em narrativas? Ninguém tem certeza absoluta, mas o potencial parece enorme. A autoria tem uma aura quase sagrada, num mundo onde as oportunidades de circular suas ideias a um público maior são limitadas. À medida que expandimos o acesso à distribuição em massa pela web, nossa compreensão do que significa ser autor – e que tipo de autoridade se deve atribuir a autores – necessariamente muda. A mudança pode levar a uma consciência maior sobre direitos de propriedade, à medida que mais e mais pessoas têm a sensação de posse sobre as histórias que criam. Porém, pode resultar também em uma desmistificação do processo criativo, um reconhecimento crescente das dimensões comunitárias da expressão, à medida que o ato de escrever assume mais aspectos das práticas tradicionais.
[...]
Como a pesquisadora educacional Rebecca Black observa, a comunidade de fãs pode muitas vezes ser mais tolerante com erros linguísticos do que professores tradicionais em salas de aula, e mais generosa, ao possibilitar que o aprendiz identifique o que realmente está querendo dizer, porque o leitor e o escritor operam dentro do mesmo quadro de referências, compartilhando um profundo envolvimento emocional com o conteúdo que está sendo explorado. A comunidade de fãs promove uma série mais abrangente de formas de letramento – não apenas fan fiction, mas vários modos de comentários e explanações – do que os modelos disponíveis na sala de aula, e muitas vezes a comunidade exibe próximos passos realistas para o desenvolvimento do aprendiz, em vez de mostrar apenas textos profissionais, muito distantes de qualquer coisa que os alunos serão capazes de produzir.
[...]
Muitos adultos se preocupam com o fato de as crianças estarem “copiando” o conteúdo de mídia preexistente, em vez de criar os próprios trabalhos originais. Entretanto, deve-se pensar nessas apropriações como um tipo de aprendizagem. Historicamente, jovens artistas sempre aprenderam com os mestres consagrados, às vezes colaborando com as obras dos artistas mais velhos, muitas vezes seguindo seus padrões, antes de desenvolver o próprio estilo e a própria técnica. As expectativas modernas sobre expressões originais são um fardo difícil para qualquer um em início de carreira. Da mesma forma, esses jovens artistas aprendem o que podem com as histórias e imagens que lhes são mais familiares. Erigir os primeiros esforços a partir de produtos culturais existentes permite-lhes concentrar sua energia em outras coisas, dominar a arte, aperfeiçoar as habilidades e comunicar suas ideias.
[...]
A escola ainda está presa num modelo de aprendizagem autônoma que contrasta nitidamente com a aprendizagem necessária aos estudantes à medida que eles entram nas novas culturas do conhecimento. Gee e outros educadores temem que os estudantes que se sentem confortáveis em participar e trocar conhecimento através dos espaços de afinidades estejam sendo menosprezados em sala de aula:
A aprendizagem torna-se uma trajetória pessoal e singular num espaço complexo de oportunidades (por exemplo, o deslocamento singular de uma pessoa pelos diversos espaços de afinidades, no decorrer do tempo) e uma jornada social, à medida que se compartilham aspectos dessa trajetória com outros (que podem ser muito diferentes dela mesma e, de resto, viver em espaços completamente diferentes) por um período mais curto ou mais longo, antes de prosseguir. O que esses jovens veem na escola pode empalidecer, diante da comparação. A escola talvez pareça não ter a imaginação existente em aspectos de sua vida fora da escola. No mínimo, podem se perguntar e argumentar: “Para que serve a escola?”
O foco de Gee é o sistema de suporte que emerge em torno do aprendiz individual, o foco de Lévy é o modo como cada aprendiz colabora com uma inteligência coletiva maior; mas ambos estão descrevendo partes da mesma experiência – viver num mundo onde o conhecimento é compartilhado e onde a atitude crítica é contínua e vitalícia.
Não surpreende que alguém que tenha acabado de publicar seu primeiro romance on-line e de receber dezenas de cartas com comentários ache decepcionante voltar à sala de aula, onde seu trabalho será lido apenas pelo professor e o feedback pode ser muito limitado. Alguns alunos adolescentes confessaram que escondem os rascunhos de suas histórias dentro do livro didático e os corrigem durante a aula; outros se sentam em volta da mesa do almoço e conversam com colegas de classe sobre enredo e personagens, ou tentam trabalhar nas histórias usando os computadores da escola, até que bibliotecários os acusem de estar desperdiçando tempo. Mal conseguem esperar que o sinal toque, para que possam se concentrar em sua escrita.
Muitos compreendem os benefícios da fan fiction. Várias bibliotecas têm trazido palestrantes imaginários para falar sobre a vida dos trouxas e promovido aulas estendidas no fim de semana, inspiradas no modelo da extraordinária escola de Hogwarts. Um grupo de editores canadenses organizou um acampamento de redação de verão para as crianças, destinado a ajudá-las a aperfeiçoar sua arte. Os editores estavam respondendo aos vários manuscritos espontâneos que tinham recebido de fãs de Harry Potter. Um grupo educacional organizou o Hogwarts Virtual, que oferecia cursos tanto de assuntos acadêmicos quanto de tópicos que ficaram famosos a partir dos livros de Rowling. Professores adultos de quatro continentes desenvolveram materiais on-line para 30 aulas diferentes, e a iniciativa atraiu mais de três mil estudantes de 75 países.
Não está claro se os sucessos dos espaços de afinidades podem ser copiados pela simples incorporação de atividades semelhantes na sala de aula. As escolas impõem uma hierarquia fixa de liderança (inclusive papéis muito diferentes para adultos e adolescentes); é improvável que alguém como Flourish teria as mesmas oportunidades editoriais que encontrou na comunidade de fãs. As escolas possuem menos flexibilidade para apoiar escritores em estágios muito diferentes de desenvolvimento. Até as escolas mais progressistas impõem limites sobre o que os alunos podem escrever, se comparado à liberdade que eles desfrutam sozinhos. Decerto, os adolescentes podem receber críticas severas às suas histórias mais controversas quando elas são publicadas on-line, mas os próprios adolescentes estão decidindo os riscos que desejam correr e enfrentando as consequências dessas decisões.
Dito isso, precisamos reconhecer que aprimorar as habilidades de redação é um benefício secundário da participação em comunidades de fan fiction. Falar sobre fan fiction nesses termos faz com que a atividade pareça mais valiosa aos olhos de pais e professores que talvez sejam céticos em relação ao mérito dessas atividades. E as crianças certamente levam sua arte a sério e têm orgulho de suas realizações em letramento. Ao mesmo tempo, a escrita é valiosa pelo modo como expande as experiências das crianças com o mundo de Harry Potter e pelas conexões sociais com outros fãs que ela facilita. Essas crianças são apaixonadas pela escrita porque são apaixonados pelo assunto sobre o qual estão escrevendo. Até certo ponto, arrastar essas atividades para a escola tende a enfraquecê-las, pois a cultura escolar gera uma mentalidade diferente daquela que temos em nossa vida recreativa.
Henry Jenkins. Trecho de Por que Heather pode escrever. In: Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009, p. 249-258 (com adaptações).
Com relação aos sentidos e ao emprego de palavras e expressões no texto de Henry Jenkins, assinale a alternativa correta:
Texto para as questões 6, 7, 8 e 9.
REESCREVENDO A ESCOLA
O professor James Paul Gee, da Escola de Educação Madison, da Universidade de Wisconsin, chama essas culturas informais de aprendizado de “espaços de afinidades” e questiona por que as pessoas aprendem mais, participam mais ativamente e se envolvem mais profundamente com a cultura popular do que com os conteúdos dos livros didáticos. Como me disse Flourish, uma fã de Harry Potter de 16 anos, “uma coisa é discutir sobre o tema de um conto que você nunca ouviu falar e para o qual você não dá a mínima. Outra coisa é discutir o tema de um trabalho de 50 mil palavras sobre Harry e Hermione que um amigo levou três meses para escrever”. Gee afirma que os espaços de afinidades oferecem poderosas oportunidades para o aprendizado porque são sustentados por empreendimentos comuns, criando pontes que unem as diferenças de idade, classe, raça, sexo e nível educacional; porque as pessoas podem participar de diversas formas, de acordo com suas habilidades e seus interesses; porque dependem da instrução de seus pares, de igual para igual, com cada participante constantemente motivado a adquirir novos conhecimentos ou refinar suas habilidades existentes; porque, enfim, esses espaços de afinidades permitem a cada participante sentir-se um expert, ao mesmo tempo que recorrem à expertise de outros. Cada vez mais, experts em educação estão reconhecendo que encenar, recitar e apropriar-se de elementos de histórias preexistentes é uma parte orgânica e valiosa do processo através do qual as crianças desenvolvem o letramento cultural.
Há uma década, a fan fiction publicada era, em sua maioria, escrita por mulheres na faixa dos 20, 30 anos, ou mais. Hoje, essas escritoras mais velhas estão acompanhadas de uma geração de novos colaboradores que descobriram a fan fiction navegando pela Internet e decidiram ver o que eram capazes de produzir. Harry Potter, em particular, incentivou muitos jovens a escrever e compartilhar suas primeiras histórias.
[...]
Os educadores gostam de falar em “andaime” (scaffolding), o conceito de que um bom processo pedagógico funciona passo a passo, incentivando as crianças a construir novas habilidades sobre aquelas que já dominam, fornecendo um suporte para os novos passos até que o aprendiz se sinta confiante o bastante para caminhar sozinho. Na sala de aula, o andaime é fornecido pelo professor. Numa cultura participativa, a comunidade inteira assume uma parte da responsabilidade em ajudar os iniciantes na Internet. Muitos jovens autores começaram a redigir histórias sozinhos, como uma reação espontânea a uma cultura popular. Para esses jovens, o próximo passo foi a descoberta da fan fiction na Internet, que forneceu modelos alternativos do que significava ser autor. No início, eles talvez apenas lessem as histórias, mas as comunidades fornecem muitos estímulos para que os leitores atravessem o último limiar para a redação e a apresentação de suas próprias histórias. E depois que um fã apresenta uma história, o feedback que recebe o inspira a escrever mais e melhor.
Que diferença fará, ao longo do tempo, se uma porcentagem crescente de jovens escritores começar a publicar e receber feedback sobre sua obra enquanto ainda estão no colégio? Irão desenvolver sua arte com mais rapidez? Irão descobrir sua forma de expressão mais cedo? E o que vai acontecer quando esses jovens escritores compararem suas observações, se tornarem críticos, editores e mentores? Isso irá ajudá-los a desenvolver um vocabulário básico para pensar em narrativas? Ninguém tem certeza absoluta, mas o potencial parece enorme. A autoria tem uma aura quase sagrada, num mundo onde as oportunidades de circular suas ideias a um público maior são limitadas. À medida que expandimos o acesso à distribuição em massa pela web, nossa compreensão do que significa ser autor – e que tipo de autoridade se deve atribuir a autores – necessariamente muda. A mudança pode levar a uma consciência maior sobre direitos de propriedade, à medida que mais e mais pessoas têm a sensação de posse sobre as histórias que criam. Porém, pode resultar também em uma desmistificação do processo criativo, um reconhecimento crescente das dimensões comunitárias da expressão, à medida que o ato de escrever assume mais aspectos das práticas tradicionais.
[...]
Como a pesquisadora educacional Rebecca Black observa, a comunidade de fãs pode muitas vezes ser mais tolerante com erros linguísticos do que professores tradicionais em salas de aula, e mais generosa, ao possibilitar que o aprendiz identifique o que realmente está querendo dizer, porque o leitor e o escritor operam dentro do mesmo quadro de referências, compartilhando um profundo envolvimento emocional com o conteúdo que está sendo explorado. A comunidade de fãs promove uma série mais abrangente de formas de letramento – não apenas fan fiction, mas vários modos de comentários e explanações – do que os modelos disponíveis na sala de aula, e muitas vezes a comunidade exibe próximos passos realistas para o desenvolvimento do aprendiz, em vez de mostrar apenas textos profissionais, muito distantes de qualquer coisa que os alunos serão capazes de produzir.
[...]
Muitos adultos se preocupam com o fato de as crianças estarem “copiando” o conteúdo de mídia preexistente, em vez de criar os próprios trabalhos originais. Entretanto, deve-se pensar nessas apropriações como um tipo de aprendizagem. Historicamente, jovens artistas sempre aprenderam com os mestres consagrados, às vezes colaborando com as obras dos artistas mais velhos, muitas vezes seguindo seus padrões, antes de desenvolver o próprio estilo e a própria técnica. As expectativas modernas sobre expressões originais são um fardo difícil para qualquer um em início de carreira. Da mesma forma, esses jovens artistas aprendem o que podem com as histórias e imagens que lhes são mais familiares. Erigir os primeiros esforços a partir de produtos culturais existentes permite-lhes concentrar sua energia em outras coisas, dominar a arte, aperfeiçoar as habilidades e comunicar suas ideias.
[...]
A escola ainda está presa num modelo de aprendizagem autônoma que contrasta nitidamente com a aprendizagem necessária aos estudantes à medida que eles entram nas novas culturas do conhecimento. Gee e outros educadores temem que os estudantes que se sentem confortáveis em participar e trocar conhecimento através dos espaços de afinidades estejam sendo menosprezados em sala de aula:
A aprendizagem torna-se uma trajetória pessoal e singular num espaço complexo de oportunidades (por exemplo, o deslocamento singular de uma pessoa pelos diversos espaços de afinidades, no decorrer do tempo) e uma jornada social, à medida que se compartilham aspectos dessa trajetória com outros (que podem ser muito diferentes dela mesma e, de resto, viver em espaços completamente diferentes) por um período mais curto ou mais longo, antes de prosseguir. O que esses jovens veem na escola pode empalidecer, diante da comparação. A escola talvez pareça não ter a imaginação existente em aspectos de sua vida fora da escola. No mínimo, podem se perguntar e argumentar: “Para que serve a escola?”
O foco de Gee é o sistema de suporte que emerge em torno do aprendiz individual, o foco de Lévy é o modo como cada aprendiz colabora com uma inteligência coletiva maior; mas ambos estão descrevendo partes da mesma experiência – viver num mundo onde o conhecimento é compartilhado e onde a atitude crítica é contínua e vitalícia.
Não surpreende que alguém que tenha acabado de publicar seu primeiro romance on-line e de receber dezenas de cartas com comentários ache decepcionante voltar à sala de aula, onde seu trabalho será lido apenas pelo professor e o feedback pode ser muito limitado. Alguns alunos adolescentes confessaram que escondem os rascunhos de suas histórias dentro do livro didático e os corrigem durante a aula; outros se sentam em volta da mesa do almoço e conversam com colegas de classe sobre enredo e personagens, ou tentam trabalhar nas histórias usando os computadores da escola, até que bibliotecários os acusem de estar desperdiçando tempo. Mal conseguem esperar que o sinal toque, para que possam se concentrar em sua escrita.
Muitos compreendem os benefícios da fan fiction. Várias bibliotecas têm trazido palestrantes imaginários para falar sobre a vida dos trouxas e promovido aulas estendidas no fim de semana, inspiradas no modelo da extraordinária escola de Hogwarts. Um grupo de editores canadenses organizou um acampamento de redação de verão para as crianças, destinado a ajudá-las a aperfeiçoar sua arte. Os editores estavam respondendo aos vários manuscritos espontâneos que tinham recebido de fãs de Harry Potter. Um grupo educacional organizou o Hogwarts Virtual, que oferecia cursos tanto de assuntos acadêmicos quanto de tópicos que ficaram famosos a partir dos livros de Rowling. Professores adultos de quatro continentes desenvolveram materiais on-line para 30 aulas diferentes, e a iniciativa atraiu mais de três mil estudantes de 75 países.
Não está claro se os sucessos dos espaços de afinidades podem ser copiados pela simples incorporação de atividades semelhantes na sala de aula. As escolas impõem uma hierarquia fixa de liderança (inclusive papéis muito diferentes para adultos e adolescentes); é improvável que alguém como Flourish teria as mesmas oportunidades editoriais que encontrou na comunidade de fãs. As escolas possuem menos flexibilidade para apoiar escritores em estágios muito diferentes de desenvolvimento. Até as escolas mais progressistas impõem limites sobre o que os alunos podem escrever, se comparado à liberdade que eles desfrutam sozinhos. Decerto, os adolescentes podem receber críticas severas às suas histórias mais controversas quando elas são publicadas on-line, mas os próprios adolescentes estão decidindo os riscos que desejam correr e enfrentando as consequências dessas decisões.
Dito isso, precisamos reconhecer que aprimorar as habilidades de redação é um benefício secundário da participação em comunidades de fan fiction. Falar sobre fan fiction nesses termos faz com que a atividade pareça mais valiosa aos olhos de pais e professores que talvez sejam céticos em relação ao mérito dessas atividades. E as crianças certamente levam sua arte a sério e têm orgulho de suas realizações em letramento. Ao mesmo tempo, a escrita é valiosa pelo modo como expande as experiências das crianças com o mundo de Harry Potter e pelas conexões sociais com outros fãs que ela facilita. Essas crianças são apaixonadas pela escrita porque são apaixonados pelo assunto sobre o qual estão escrevendo. Até certo ponto, arrastar essas atividades para a escola tende a enfraquecê-las, pois a cultura escolar gera uma mentalidade diferente daquela que temos em nossa vida recreativa.
Henry Jenkins. Trecho de Por que Heather pode escrever. In: Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009, p. 249-258 (com adaptações).
As citações a seguir são afirmações de teóricos, críticos literários e escritores acerca das práticas literárias que circulam por multimeios e de suas contribuições para a construção de identidades culturais. Assinale a única alternativa que NÃO se enquadra na discussão promovida por Henry Jenkins no texto Reescrevendo a escola:
Texto para as questões 6, 7, 8 e 9.
REESCREVENDO A ESCOLA
O professor James Paul Gee, da Escola de Educação Madison, da Universidade de Wisconsin, chama essas culturas informais de aprendizado de “espaços de afinidades” e questiona por que as pessoas aprendem mais, participam mais ativamente e se envolvem mais profundamente com a cultura popular do que com os conteúdos dos livros didáticos. Como me disse Flourish, uma fã de Harry Potter de 16 anos, “uma coisa é discutir sobre o tema de um conto que você nunca ouviu falar e para o qual você não dá a mínima. Outra coisa é discutir o tema de um trabalho de 50 mil palavras sobre Harry e Hermione que um amigo levou três meses para escrever”. Gee afirma que os espaços de afinidades oferecem poderosas oportunidades para o aprendizado porque são sustentados por empreendimentos comuns, criando pontes que unem as diferenças de idade, classe, raça, sexo e nível educacional; porque as pessoas podem participar de diversas formas, de acordo com suas habilidades e seus interesses; porque dependem da instrução de seus pares, de igual para igual, com cada participante constantemente motivado a adquirir novos conhecimentos ou refinar suas habilidades existentes; porque, enfim, esses espaços de afinidades permitem a cada participante sentir-se um expert, ao mesmo tempo que recorrem à expertise de outros. Cada vez mais, experts em educação estão reconhecendo que encenar, recitar e apropriar-se de elementos de histórias preexistentes é uma parte orgânica e valiosa do processo através do qual as crianças desenvolvem o letramento cultural.
Há uma década, a fan fiction publicada era, em sua maioria, escrita por mulheres na faixa dos 20, 30 anos, ou mais. Hoje, essas escritoras mais velhas estão acompanhadas de uma geração de novos colaboradores que descobriram a fan fiction navegando pela Internet e decidiram ver o que eram capazes de produzir. Harry Potter, em particular, incentivou muitos jovens a escrever e compartilhar suas primeiras histórias.
[...]
Os educadores gostam de falar em “andaime” (scaffolding), o conceito de que um bom processo pedagógico funciona passo a passo, incentivando as crianças a construir novas habilidades sobre aquelas que já dominam, fornecendo um suporte para os novos passos até que o aprendiz se sinta confiante o bastante para caminhar sozinho. Na sala de aula, o andaime é fornecido pelo professor. Numa cultura participativa, a comunidade inteira assume uma parte da responsabilidade em ajudar os iniciantes na Internet. Muitos jovens autores começaram a redigir histórias sozinhos, como uma reação espontânea a uma cultura popular. Para esses jovens, o próximo passo foi a descoberta da fan fiction na Internet, que forneceu modelos alternativos do que significava ser autor. No início, eles talvez apenas lessem as histórias, mas as comunidades fornecem muitos estímulos para que os leitores atravessem o último limiar para a redação e a apresentação de suas próprias histórias. E depois que um fã apresenta uma história, o feedback que recebe o inspira a escrever mais e melhor.
Que diferença fará, ao longo do tempo, se uma porcentagem crescente de jovens escritores começar a publicar e receber feedback sobre sua obra enquanto ainda estão no colégio? Irão desenvolver sua arte com mais rapidez? Irão descobrir sua forma de expressão mais cedo? E o que vai acontecer quando esses jovens escritores compararem suas observações, se tornarem críticos, editores e mentores? Isso irá ajudá-los a desenvolver um vocabulário básico para pensar em narrativas? Ninguém tem certeza absoluta, mas o potencial parece enorme. A autoria tem uma aura quase sagrada, num mundo onde as oportunidades de circular suas ideias a um público maior são limitadas. À medida que expandimos o acesso à distribuição em massa pela web, nossa compreensão do que significa ser autor – e que tipo de autoridade se deve atribuir a autores – necessariamente muda. A mudança pode levar a uma consciência maior sobre direitos de propriedade, à medida que mais e mais pessoas têm a sensação de posse sobre as histórias que criam. Porém, pode resultar também em uma desmistificação do processo criativo, um reconhecimento crescente das dimensões comunitárias da expressão, à medida que o ato de escrever assume mais aspectos das práticas tradicionais.
[...]
Como a pesquisadora educacional Rebecca Black observa, a comunidade de fãs pode muitas vezes ser mais tolerante com erros linguísticos do que professores tradicionais em salas de aula, e mais generosa, ao possibilitar que o aprendiz identifique o que realmente está querendo dizer, porque o leitor e o escritor operam dentro do mesmo quadro de referências, compartilhando um profundo envolvimento emocional com o conteúdo que está sendo explorado. A comunidade de fãs promove uma série mais abrangente de formas de letramento – não apenas fan fiction, mas vários modos de comentários e explanações – do que os modelos disponíveis na sala de aula, e muitas vezes a comunidade exibe próximos passos realistas para o desenvolvimento do aprendiz, em vez de mostrar apenas textos profissionais, muito distantes de qualquer coisa que os alunos serão capazes de produzir.
[...]
Muitos adultos se preocupam com o fato de as crianças estarem “copiando” o conteúdo de mídia preexistente, em vez de criar os próprios trabalhos originais. Entretanto, deve-se pensar nessas apropriações como um tipo de aprendizagem. Historicamente, jovens artistas sempre aprenderam com os mestres consagrados, às vezes colaborando com as obras dos artistas mais velhos, muitas vezes seguindo seus padrões, antes de desenvolver o próprio estilo e a própria técnica. As expectativas modernas sobre expressões originais são um fardo difícil para qualquer um em início de carreira. Da mesma forma, esses jovens artistas aprendem o que podem com as histórias e imagens que lhes são mais familiares. Erigir os primeiros esforços a partir de produtos culturais existentes permite-lhes concentrar sua energia em outras coisas, dominar a arte, aperfeiçoar as habilidades e comunicar suas ideias.
[...]
A escola ainda está presa num modelo de aprendizagem autônoma que contrasta nitidamente com a aprendizagem necessária aos estudantes à medida que eles entram nas novas culturas do conhecimento. Gee e outros educadores temem que os estudantes que se sentem confortáveis em participar e trocar conhecimento através dos espaços de afinidades estejam sendo menosprezados em sala de aula:
A aprendizagem torna-se uma trajetória pessoal e singular num espaço complexo de oportunidades (por exemplo, o deslocamento singular de uma pessoa pelos diversos espaços de afinidades, no decorrer do tempo) e uma jornada social, à medida que se compartilham aspectos dessa trajetória com outros (que podem ser muito diferentes dela mesma e, de resto, viver em espaços completamente diferentes) por um período mais curto ou mais longo, antes de prosseguir. O que esses jovens veem na escola pode empalidecer, diante da comparação. A escola talvez pareça não ter a imaginação existente em aspectos de sua vida fora da escola. No mínimo, podem se perguntar e argumentar: “Para que serve a escola?”
O foco de Gee é o sistema de suporte que emerge em torno do aprendiz individual, o foco de Lévy é o modo como cada aprendiz colabora com uma inteligência coletiva maior; mas ambos estão descrevendo partes da mesma experiência – viver num mundo onde o conhecimento é compartilhado e onde a atitude crítica é contínua e vitalícia.
Não surpreende que alguém que tenha acabado de publicar seu primeiro romance on-line e de receber dezenas de cartas com comentários ache decepcionante voltar à sala de aula, onde seu trabalho será lido apenas pelo professor e o feedback pode ser muito limitado. Alguns alunos adolescentes confessaram que escondem os rascunhos de suas histórias dentro do livro didático e os corrigem durante a aula; outros se sentam em volta da mesa do almoço e conversam com colegas de classe sobre enredo e personagens, ou tentam trabalhar nas histórias usando os computadores da escola, até que bibliotecários os acusem de estar desperdiçando tempo. Mal conseguem esperar que o sinal toque, para que possam se concentrar em sua escrita.
Muitos compreendem os benefícios da fan fiction. Várias bibliotecas têm trazido palestrantes imaginários para falar sobre a vida dos trouxas e promovido aulas estendidas no fim de semana, inspiradas no modelo da extraordinária escola de Hogwarts. Um grupo de editores canadenses organizou um acampamento de redação de verão para as crianças, destinado a ajudá-las a aperfeiçoar sua arte. Os editores estavam respondendo aos vários manuscritos espontâneos que tinham recebido de fãs de Harry Potter. Um grupo educacional organizou o Hogwarts Virtual, que oferecia cursos tanto de assuntos acadêmicos quanto de tópicos que ficaram famosos a partir dos livros de Rowling. Professores adultos de quatro continentes desenvolveram materiais on-line para 30 aulas diferentes, e a iniciativa atraiu mais de três mil estudantes de 75 países.
Não está claro se os sucessos dos espaços de afinidades podem ser copiados pela simples incorporação de atividades semelhantes na sala de aula. As escolas impõem uma hierarquia fixa de liderança (inclusive papéis muito diferentes para adultos e adolescentes); é improvável que alguém como Flourish teria as mesmas oportunidades editoriais que encontrou na comunidade de fãs. As escolas possuem menos flexibilidade para apoiar escritores em estágios muito diferentes de desenvolvimento. Até as escolas mais progressistas impõem limites sobre o que os alunos podem escrever, se comparado à liberdade que eles desfrutam sozinhos. Decerto, os adolescentes podem receber críticas severas às suas histórias mais controversas quando elas são publicadas on-line, mas os próprios adolescentes estão decidindo os riscos que desejam correr e enfrentando as consequências dessas decisões.
Dito isso, precisamos reconhecer que aprimorar as habilidades de redação é um benefício secundário da participação em comunidades de fan fiction. Falar sobre fan fiction nesses termos faz com que a atividade pareça mais valiosa aos olhos de pais e professores que talvez sejam céticos em relação ao mérito dessas atividades. E as crianças certamente levam sua arte a sério e têm orgulho de suas realizações em letramento. Ao mesmo tempo, a escrita é valiosa pelo modo como expande as experiências das crianças com o mundo de Harry Potter e pelas conexões sociais com outros fãs que ela facilita. Essas crianças são apaixonadas pela escrita porque são apaixonados pelo assunto sobre o qual estão escrevendo. Até certo ponto, arrastar essas atividades para a escola tende a enfraquecê-las, pois a cultura escolar gera uma mentalidade diferente daquela que temos em nossa vida recreativa.
Henry Jenkins. Trecho de Por que Heather pode escrever. In: Cultura da Convergência. São Paulo: Aleph, 2009, p. 249-258 (com adaptações).
Com relação às ideias desenvolvidas no texto, assinale a alternativa correta:
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder às questões de 6 a 10.
NASA prepara avião supersônico de passageiros – como o Concorde, só que melhor
A agência espacial americana anunciou que está desenvolvendo, em parceria com a GE e a Lockheed Martin, um avião supersônico de passageiros – coisa que os céus do mundo não veem desde a aposentadoria do Concorde, em 2003. O Concorde, que foi criado pela França e pela Inglaterra nos anos 1970, sempre teve um problema crítico: ao ultrapassar a velocidade do som, gerava o chamado estrondo sônico, uma onda de choque ouvida como uma espécie de explosão pelas pessoas em terra. Por isso, o Concorde foi proibido de voar em velocidades supersônicas quando estivesse sobre áreas habitadas, o que limitou bastante sua agilidade. O avião deixou de operar comercialmente no começo dos anos 2000, quando protagonizou um acidente grave que matou 113 pessoas em Paris. De lá para cá, a aviação comercial deixou de oferecer voos supersônicos.
Mas, no que depender da Nasa, eles vão voltar. A agência diz ter inventado uma tecnologia supersônica silenciosa, que reduz muito o estrondo sônico – e pretende usá-la em um novo avião, que se chama QueSST Passenger Jet (a sigla significa Quiet Supersonic Technology), cujos testes começariam já em 2020. Não há mais informações sobre a aeronave, como preço ou número de passageiros, mas a Nasa divulgou uma animação indicando como ele poderá ser. A Nasa diz, apenas, que a redução de ruído é conseguida graças ao formato do avião, que é bem diferente do comum, e aos materiais empregados na construção.
Além do projeto da Nasa, existem outras iniciativas de aviação supersônica – para atender ao mercado de voos executivos. O avião AS2, da Aerion Corporation, é um deles. Ele promete capacidade para 12 passageiros e velocidade máxima de Mach 1.5 (uma vez e meia a velocidade do som). Já o S-512, da Spike Aerospace, promete levar 18 passageiros a Mach 1.6. Ambos começarão a ser testados entre 2018 e 2020.
GARATTONI, Bruno; SALEH, Dayane. Nasa prepara avião supersônico de passageiros – como o concorde, só que melhor. Super Interessante. 7 mar. 2016. Disponível em: <http://zip.net/brs0lM>. Acesso em: 9 mar. 2016 (Adaptação).
De acordo com o terceiro parágrafo do texto, existem outros projetos para voos supersônicos porque há:
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder às questões de 6 a 10.
NASA prepara avião supersônico de passageiros – como o Concorde, só que melhor
A agência espacial americana anunciou que está desenvolvendo, em parceria com a GE e a Lockheed Martin, um avião supersônico de passageiros – coisa que os céus do mundo não veem desde a aposentadoria do Concorde, em 2003. O Concorde, que foi criado pela França e pela Inglaterra nos anos 1970, sempre teve um problema crítico: ao ultrapassar a velocidade do som, gerava o chamado estrondo sônico, uma onda de choque ouvida como uma espécie de explosão pelas pessoas em terra. Por isso, o Concorde foi proibido de voar em velocidades supersônicas quando estivesse sobre áreas habitadas, o que limitou bastante sua agilidade. O avião deixou de operar comercialmente no começo dos anos 2000, quando protagonizou um acidente grave que matou 113 pessoas em Paris. De lá para cá, a aviação comercial deixou de oferecer voos supersônicos.
Mas, no que depender da Nasa, eles vão voltar. A agência diz ter inventado uma tecnologia supersônica silenciosa, que reduz muito o estrondo sônico – e pretende usá-la em um novo avião, que se chama QueSST Passenger Jet (a sigla significa Quiet Supersonic Technology), cujos testes começariam já em 2020. Não há mais informações sobre a aeronave, como preço ou número de passageiros, mas a Nasa divulgou uma animação indicando como ele poderá ser. A Nasa diz, apenas, que a redução de ruído é conseguida graças ao formato do avião, que é bem diferente do comum, e aos materiais empregados na construção.
Além do projeto da Nasa, existem outras iniciativas de aviação supersônica – para atender ao mercado de voos executivos. O avião AS2, da Aerion Corporation, é um deles. Ele promete capacidade para 12 passageiros e velocidade máxima de Mach 1.5 (uma vez e meia a velocidade do som). Já o S-512, da Spike Aerospace, promete levar 18 passageiros a Mach 1.6. Ambos começarão a ser testados entre 2018 e 2020.
GARATTONI, Bruno; SALEH, Dayane. Nasa prepara avião supersônico de passageiros – como o concorde, só que melhor. Super Interessante. 7 mar. 2016. Disponível em: <http://zip.net/brs0lM>. Acesso em: 9 mar. 2016 (Adaptação).
Leia o trecho a seguir.
“O avião AS2, da Aerion Corporation, é um deles. Ele promete capacidade para 12 passageiros e velocidade máxima de Mach 1.5 (uma vez e meia a velocidade do som).”
Assinale a alternativa em que a palavra ou locução utilizada para unir as orações não mantém o sentido original do trecho.
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder às questões de 6 a 10.
NASA prepara avião supersônico de passageiros – como o Concorde, só que melhor
A agência espacial americana anunciou que está desenvolvendo, em parceria com a GE e a Lockheed Martin, um avião supersônico de passageiros – coisa que os céus do mundo não veem desde a aposentadoria do Concorde, em 2003. O Concorde, que foi criado pela França e pela Inglaterra nos anos 1970, sempre teve um problema crítico: ao ultrapassar a velocidade do som, gerava o chamado estrondo sônico, uma onda de choque ouvida como uma espécie de explosão pelas pessoas em terra. Por isso, o Concorde foi proibido de voar em velocidades supersônicas quando estivesse sobre áreas habitadas, o que limitou bastante sua agilidade. O avião deixou de operar comercialmente no começo dos anos 2000, quando protagonizou um acidente grave que matou 113 pessoas em Paris. De lá para cá, a aviação comercial deixou de oferecer voos supersônicos.
Mas, no que depender da Nasa, eles vão voltar. A agência diz ter inventado uma tecnologia supersônica silenciosa, que reduz muito o estrondo sônico – e pretende usá-la em um novo avião, que se chama QueSST Passenger Jet (a sigla significa Quiet Supersonic Technology), cujos testes começariam já em 2020. Não há mais informações sobre a aeronave, como preço ou número de passageiros, mas a Nasa divulgou uma animação indicando como ele poderá ser. A Nasa diz, apenas, que a redução de ruído é conseguida graças ao formato do avião, que é bem diferente do comum, e aos materiais empregados na construção.
Além do projeto da Nasa, existem outras iniciativas de aviação supersônica – para atender ao mercado de voos executivos. O avião AS2, da Aerion Corporation, é um deles. Ele promete capacidade para 12 passageiros e velocidade máxima de Mach 1.5 (uma vez e meia a velocidade do som). Já o S-512, da Spike Aerospace, promete levar 18 passageiros a Mach 1.6. Ambos começarão a ser testados entre 2018 e 2020.
GARATTONI, Bruno; SALEH, Dayane. Nasa prepara avião supersônico de passageiros – como o concorde, só que melhor. Super Interessante. 7 mar. 2016. Disponível em: <http://zip.net/brs0lM>. Acesso em: 9 mar. 2016 (Adaptação).
Segundo a Nasa, o que levará o novo avião a produzir menos ruído é:
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder às questões de 6 a 10.
NASA prepara avião supersônico de passageiros – como o Concorde, só que melhor
A agência espacial americana anunciou que está desenvolvendo, em parceria com a GE e a Lockheed Martin, um avião supersônico de passageiros – coisa que os céus do mundo não veem desde a aposentadoria do Concorde, em 2003. O Concorde, que foi criado pela França e pela Inglaterra nos anos 1970, sempre teve um problema crítico: ao ultrapassar a velocidade do som, gerava o chamado estrondo sônico, uma onda de choque ouvida como uma espécie de explosão pelas pessoas em terra. Por isso, o Concorde foi proibido de voar em velocidades supersônicas quando estivesse sobre áreas habitadas, o que limitou bastante sua agilidade. O avião deixou de operar comercialmente no começo dos anos 2000, quando protagonizou um acidente grave que matou 113 pessoas em Paris. De lá para cá, a aviação comercial deixou de oferecer voos supersônicos.
Mas, no que depender da Nasa, eles vão voltar. A agência diz ter inventado uma tecnologia supersônica silenciosa, que reduz muito o estrondo sônico – e pretende usá-la em um novo avião, que se chama QueSST Passenger Jet (a sigla significa Quiet Supersonic Technology), cujos testes começariam já em 2020. Não há mais informações sobre a aeronave, como preço ou número de passageiros, mas a Nasa divulgou uma animação indicando como ele poderá ser. A Nasa diz, apenas, que a redução de ruído é conseguida graças ao formato do avião, que é bem diferente do comum, e aos materiais empregados na construção.
Além do projeto da Nasa, existem outras iniciativas de aviação supersônica – para atender ao mercado de voos executivos. O avião AS2, da Aerion Corporation, é um deles. Ele promete capacidade para 12 passageiros e velocidade máxima de Mach 1.5 (uma vez e meia a velocidade do som). Já o S-512, da Spike Aerospace, promete levar 18 passageiros a Mach 1.6. Ambos começarão a ser testados entre 2018 e 2020.
GARATTONI, Bruno; SALEH, Dayane. Nasa prepara avião supersônico de passageiros – como o concorde, só que melhor. Super Interessante. 7 mar. 2016. Disponível em: <http://zip.net/brs0lM>. Acesso em: 9 mar. 2016 (Adaptação).
Nos trechos a seguir, a palavra destacada refere-se ao termo que está entre colchetes, EXCETO em:
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder às questões de 6 a 10.
NASA prepara avião supersônico de passageiros – como o Concorde, só que melhor
A agência espacial americana anunciou que está desenvolvendo, em parceria com a GE e a Lockheed Martin, um avião supersônico de passageiros – coisa que os céus do mundo não veem desde a aposentadoria do Concorde, em 2003. O Concorde, que foi criado pela França e pela Inglaterra nos anos 1970, sempre teve um problema crítico: ao ultrapassar a velocidade do som, gerava o chamado estrondo sônico, uma onda de choque ouvida como uma espécie de explosão pelas pessoas em terra. Por isso, o Concorde foi proibido de voar em velocidades supersônicas quando estivesse sobre áreas habitadas, o que limitou bastante sua agilidade. O avião deixou de operar comercialmente no começo dos anos 2000, quando protagonizou um acidente grave que matou 113 pessoas em Paris. De lá para cá, a aviação comercial deixou de oferecer voos supersônicos.
Mas, no que depender da Nasa, eles vão voltar. A agência diz ter inventado uma tecnologia supersônica silenciosa, que reduz muito o estrondo sônico – e pretende usá-la em um novo avião, que se chama QueSST Passenger Jet (a sigla significa Quiet Supersonic Technology), cujos testes começariam já em 2020. Não há mais informações sobre a aeronave, como preço ou número de passageiros, mas a Nasa divulgou uma animação indicando como ele poderá ser. A Nasa diz, apenas, que a redução de ruído é conseguida graças ao formato do avião, que é bem diferente do comum, e aos materiais empregados na construção.
Além do projeto da Nasa, existem outras iniciativas de aviação supersônica – para atender ao mercado de voos executivos. O avião AS2, da Aerion Corporation, é um deles. Ele promete capacidade para 12 passageiros e velocidade máxima de Mach 1.5 (uma vez e meia a velocidade do som). Já o S-512, da Spike Aerospace, promete levar 18 passageiros a Mach 1.6. Ambos começarão a ser testados entre 2018 e 2020.
GARATTONI, Bruno; SALEH, Dayane. Nasa prepara avião supersônico de passageiros – como o concorde, só que melhor. Super Interessante. 7 mar. 2016. Disponível em: <http://zip.net/brs0lM>. Acesso em: 9 mar. 2016 (Adaptação).
Analise as afirmativas a seguir.
I. Há mais de dez anos não existem voos comerciais supersônicos, mas eles voltarão a ser oferecidos até 2020.
II. O avião projetado pela Nasa pretende transportar tantos passageiros quanto o Concorde.
III. O Concorde deixou de operar porque teve parte de sua agilidade limitada.
A partir da leitura do texto, estão INCORRETAS as afirmativas:
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 5.
Tomate é fruta?
Sim, ele é. Não só o tomate é fruta, como a berinjela, a abobrinha, o pepino, o pimentão e outros alimentos que nós chamamos de legumes também são. Fruta é o ovário amadurecido de uma planta, onde ficam as sementes. A confusão acontece porque nós somos acostumados a chamar as frutas salgadas de legumes. Se você acha que sua vida foi uma mentira até agora, saiba que também existem alimentos que nós chamamos de fruta, mas não são. Trata-se dos pseudofrutos – estruturas suculentas que têm cara e jeito de fruto, mas não se desenvolvem a partir do ovário da planta, como as frutas reais. É o caso do morango, do caju, da maçã, da pera e do abacaxi, entre outros.
HAICK, Sabrina. Tomate é fruta? Mundo Estranho. Ed. 177.
Disponível em: <http://zip.net/bys0Dt>.
Acesso em: 8 mar. 2016 (Adaptação).
Nos trechos a seguir, a ideia expressa pela palavra entre colchetes está presente, EXCETO em:
INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 5.
Tomate é fruta?
Sim, ele é. Não só o tomate é fruta, como a berinjela, a abobrinha, o pepino, o pimentão e outros alimentos que nós chamamos de legumes também são. Fruta é o ovário amadurecido de uma planta, onde ficam as sementes. A confusão acontece porque nós somos acostumados a chamar as frutas salgadas de legumes. Se você acha que sua vida foi uma mentira até agora, saiba que também existem alimentos que nós chamamos de fruta, mas não são. Trata-se dos pseudofrutos – estruturas suculentas que têm cara e jeito de fruto, mas não se desenvolvem a partir do ovário da planta, como as frutas reais. É o caso do morango, do caju, da maçã, da pera e do abacaxi, entre outros.
HAICK, Sabrina. Tomate é fruta? Mundo Estranho. Ed. 177.
Disponível em: <http://zip.net/bys0Dt>.
Acesso em: 8 mar. 2016 (Adaptação).
Assinale a alternativa cuja palavra destacada não desempenha uma função adjetival.