Questões de Concurso Sobre português

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Ano: 2015 Banca: IADES Órgão: CRC-MG Prova: IADES - 2015 - CRC-MG - Revisor |
Q2791664 Português

Texto 3 para responder as questões de 36 a 41.



1 Quatro ou cinco cavalheiros debatiam, uma noite, várias
questões de alta transcendência, sem que a disparidade dos
votos trouxesse a menor alteração aos espíritos. A casa ficava
4 no morro de Santa Teresa, a sala era pequena, alumiada a
velas, cuja luz fundia-se misteriosamente com o luar que vinha
de fora. Entre a cidade, com as suas agitações e aventuras, e o
7 céu, em que as estrelas pestanejavam, através de uma
atmosfera límpida e sossegada, estavam os nossos quatro ou
cinco investigadores de coisas metafísicas, resolvendo
10 amigavelmente os mais árduos problemas do universo.
Por que quatro ou cinco? Rigorosamente eram quatro os
que falavam; mas, além deles, havia na sala um quinto
13 personagem, calado, pensando, cochilando, cuja espórtula no
debate não passava de um ou outro resmungo de aprovação.
Esse homem tinha a mesma idade dos companheiros, entre 45
16 anos, era provinciano, capitalista, inteligente, não sem
instrução, e, ao que parece, astuto e cáustico. Não discutia
nunca; e defendia-se da abstenção com um paradoxo, dizendo
19 que a discussão é a forma polida do instinto batalhador, que jaz
no homem, como uma herança bestial; e acrescentava que os
serafins e os querubins não controvertiam nada, e, aliás, eram a
22 perfeição espiritual e eterna.


ASSIS, Machado de. O espelho, esboço de uma nova teoria da alma humana. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994 (fragmento), com adaptações.

Mediante a leitura desse fragmento do conto de Machado de Assis, infere-se que

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Ano: 2015 Banca: IADES Órgão: CRC-MG Prova: IADES - 2015 - CRC-MG - Revisor |
Q2791663 Português

Texto 2 para responder as questões de 33 a 35.



1 A literatura mineira se desenvolveu ainda no século
18, quando Vila Rica, atual Ouro Preto, tornou-se centro
econômico e político da então Colônia Portuguesa,
4 formando a primeira geração literária brasileira. Na época
do ouro, os poetas árcades, como Tomás Antônio Gonzaga,
Alvarenga Peixoto e Cláudio Manoel da Costa, se
7 inspiravam na paisagem local e em ideais bucólicos. Mas
alguns deles acabaram se envolvendo na questão política da
região que eclodiu na Inconfidência Mineira, no fim do
10 século.
Já no século 19, no Romantismo e, depois, no
Simbolismo, surgem expoentes mineiros como Bernardo
13 Guimarães e Alphonsus de Guimaraens, respectivamente.
O século 20, desde seu início, é marcado pela volta de
Minas ao cenário literário nacional com grande projeção.
16 Um dos grandes marcos é a produção literária de Carlos
Drummond de Andrade, nascido em Itabira, no ano de
1902. Formado em farmácia - por insistência da família - o
19 escritor se uniu a outros autores, entre eles Emílio Moura, e
fundou A Revista para divulgar o Modernismo no Brasil.
Uma das principais temáticas do autor é sua terra natal. Só
22 mineiros sabem. E não dizem nem a si mesmos o
23 irrevelável segredo chamado Minas.


Disponível em: < https://www.mg.gov.br/governomg/portal/m/ governomg/conheca-minas/5658- literatura/5146/5044 >. Acesso em: 30 ago. 2015, com adaptações.

Assinale a alternativa cujo termo sublinhado representa adjunto adnominal da oração.

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Ano: 2015 Banca: IADES Órgão: CRC-MG Prova: IADES - 2015 - CRC-MG - Revisor |
Q2791662 Português

Texto 2 para responder as questões de 33 a 35.



1 A literatura mineira se desenvolveu ainda no século
18, quando Vila Rica, atual Ouro Preto, tornou-se centro
econômico e político da então Colônia Portuguesa,
4 formando a primeira geração literária brasileira. Na época
do ouro, os poetas árcades, como Tomás Antônio Gonzaga,
Alvarenga Peixoto e Cláudio Manoel da Costa, se
7 inspiravam na paisagem local e em ideais bucólicos. Mas
alguns deles acabaram se envolvendo na questão política da
região que eclodiu na Inconfidência Mineira, no fim do
10 século.
Já no século 19, no Romantismo e, depois, no
Simbolismo, surgem expoentes mineiros como Bernardo
13 Guimarães e Alphonsus de Guimaraens, respectivamente.
O século 20, desde seu início, é marcado pela volta de
Minas ao cenário literário nacional com grande projeção.
16 Um dos grandes marcos é a produção literária de Carlos
Drummond de Andrade, nascido em Itabira, no ano de
1902. Formado em farmácia - por insistência da família - o
19 escritor se uniu a outros autores, entre eles Emílio Moura, e
fundou A Revista para divulgar o Modernismo no Brasil.
Uma das principais temáticas do autor é sua terra natal. Só
22 mineiros sabem. E não dizem nem a si mesmos o
23 irrevelável segredo chamado Minas.


Disponível em: < https://www.mg.gov.br/governomg/portal/m/ governomg/conheca-minas/5658- literatura/5146/5044 >. Acesso em: 30 ago. 2015, com adaptações.

No trecho “Já no século 19, no Romantismo e, depois, no Simbolismo, surgem expoentes mineiros como Bernardo Guimarães e Alphonsus de Guimaraens, respectivamente.” (linhas de 11 a 13), o sujeito é

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Ano: 2015 Banca: IADES Órgão: CRC-MG Prova: IADES - 2015 - CRC-MG - Revisor |
Q2791661 Português

Texto 2 para responder as questões de 33 a 35.



1 A literatura mineira se desenvolveu ainda no século
18, quando Vila Rica, atual Ouro Preto, tornou-se centro
econômico e político da então Colônia Portuguesa,
4 formando a primeira geração literária brasileira. Na época
do ouro, os poetas árcades, como Tomás Antônio Gonzaga,
Alvarenga Peixoto e Cláudio Manoel da Costa, se
7 inspiravam na paisagem local e em ideais bucólicos. Mas
alguns deles acabaram se envolvendo na questão política da
região que eclodiu na Inconfidência Mineira, no fim do
10 século.
Já no século 19, no Romantismo e, depois, no
Simbolismo, surgem expoentes mineiros como Bernardo
13 Guimarães e Alphonsus de Guimaraens, respectivamente.
O século 20, desde seu início, é marcado pela volta de
Minas ao cenário literário nacional com grande projeção.
16 Um dos grandes marcos é a produção literária de Carlos
Drummond de Andrade, nascido em Itabira, no ano de
1902. Formado em farmácia - por insistência da família - o
19 escritor se uniu a outros autores, entre eles Emílio Moura, e
fundou A Revista para divulgar o Modernismo no Brasil.
Uma das principais temáticas do autor é sua terra natal. Só
22 mineiros sabem. E não dizem nem a si mesmos o
23 irrevelável segredo chamado Minas.


Disponível em: < https://www.mg.gov.br/governomg/portal/m/ governomg/conheca-minas/5658- literatura/5146/5044 >. Acesso em: 30 ago. 2015, com adaptações.

Com relação à pontuação de orações do texto, assinale a alternativa correta.

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Ano: 2015 Banca: IADES Órgão: CRC-MG Prova: IADES - 2015 - CRC-MG - Revisor |
Q2791660 Português

Texto 1 para responder as questões de 31 a 32.   


       Saber Viver 

1   Não sei... Se a vida é curta 
     Ou longa demais pra nós, 
     Mas sei que nada do que vivemos 
4   Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas. 

5   Muitas vezes basta ser: 
     Colo que acolhe, 
     Braço que envolve, 
8   Palavra que conforta, 
     Silêncio que respeita, 
     Alegria que contagia, 
11 Lágrima que corre, 
     Olhar que acaricia, 
     Desejo que sacia, 
14 Amor que promove. 

15 E isso não é coisa de outro mundo, 
     É o que dá sentido à vida. 
     É o que faz com que ela 
18 Não seja nem curta, 
     Nem longa demais, 
     Mas que seja intensa, 
21 Verdadeira, pura... Enquanto durar. 


CORALINA, Cora. Disponível em: < http://www.luso-poemas.net/ >. Acesso em: 29 set. 2015.

Com relação à estrutura do texto, na segunda estrofe do poema, o vocábulo “que”, em todas as ocorrências, exerce a função de

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Ano: 2015 Banca: IADES Órgão: CRC-MG Prova: IADES - 2015 - CRC-MG - Revisor |
Q2791659 Português

Texto 1 para responder as questões de 31 a 32.   


       Saber Viver 

1   Não sei... Se a vida é curta 
     Ou longa demais pra nós, 
     Mas sei que nada do que vivemos 
4   Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas. 

5   Muitas vezes basta ser: 
     Colo que acolhe, 
     Braço que envolve, 
8   Palavra que conforta, 
     Silêncio que respeita, 
     Alegria que contagia, 
11 Lágrima que corre, 
     Olhar que acaricia, 
     Desejo que sacia, 
14 Amor que promove. 

15 E isso não é coisa de outro mundo, 
     É o que dá sentido à vida. 
     É o que faz com que ela 
18 Não seja nem curta, 
     Nem longa demais, 
     Mas que seja intensa, 
21 Verdadeira, pura... Enquanto durar. 


CORALINA, Cora. Disponível em: < http://www.luso-poemas.net/ >. Acesso em: 29 set. 2015.

Com base na leitura do poema, assinale a alternativa correta.

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Q2791580 Português

Assinale a alternativa na qual o elemento de coesão estabelece sentido de adversidade.

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Q2791578 Português

Assinale a alternativa que não apresenta erro quanto ao emprego das palavras parônimas:

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Q2791576 Português

Assinale a alternativa cujas obras não pertencem ao autor indicado:

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Q2791575 Português

No artigo “Ler, Leitura, Compreensão: Sempre falamos da mesma coisa?” de Isabel Solé ( 2003) nos chama atenção o seguinte excerto:


“Propensão aos resfriados, dores de cabeça, debilidade ocular (...) Não se trata dos sintomas de uma síndrome grave e desconhecida; tampouco de uma relação das doenças mais frequentes em uma população em uma época determinada. São apenas algumas das consequências físicas que podem resultar da leitura em excesso, segundo um panfleto publicado em 1795 por J.G. Heinzmann.”


O excerto põe em relevo:

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Q2791573 Português

A Epígrafe consiste em um texto inicial, que tem como objetivo abrir uma narrativa, ou seja, é utilizada quando um escritor se vale da passagem de uma obra prévia para dar início ao seu próprio enredo. É, portanto, um registro escrito introdutório utilizado como diretriz do discurso central por ser capaz de sintetizar de maneira modelar a filosofia do escritor. A palavra „epígrafe‟ tem origem no idioma grego e pode ser traduzida aproximadamente como „escrita na posição superior‟. Nesse sentido podemos afirmar que a epígrafe é uma forma de:

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Q2791567 Português

Compondo o quadro do padrão informal da linguagem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais representam as variações de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas nas quais são empregadas.


Texto 1:


“Para dizerem milho dizem mio

Para melhor dizem mió

Para pior pió

Para telha dizem teia

Para telhado dizem teiado

E vão fazendo telhados.”


(Oswald de Andrade)


Texto 2:


“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."


Carlos Drummond de Andrade


A partir dos textos apresentados é correto afirmar:

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Q2791565 Português

Segundo Travaglia, 2002, normalmente tem-se levantado três possibilidades distintas de se conceber a linguagem: linguagem como expressão do pensamento, linguagem como instrumento de comunicação e, linguagem como forma ou processo de interação. Nesse sentido é correto afirmar:


I - A concepção de linguagem como forma ou processo de interação é representada por todas as correntes de estudo da língua que podem ser reunidas sob o rótulo de linguística da enunciação.

II - Na concepção de linguagem como expressão do pensamento presume-se que há regras a serem seguidas para a organização lógica do pensamento e, consequentemente, da linguagem.

III – Na concepção de linguagem como instrumento de comunicação a língua é vista como um código, ou seja, como um conjunto de signos que se combinam segundo regras, e que é capaz de transmitir uma mensagem.

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Q2791537 Português

TEXTO PARA AS QUESTÕES DE 01 A 04

-

A situação fiscal dos Estados é mais delicada do que seus próprios governos faziam parecer. Dados divulgados nesta quinta-feira, 20, pelo Tesouro Nacional revelam que o rombo da Previdência estadual é na verdade R$ 18 bilhões maior do que o informado pelos governos regionais. Eles estão descumprindo limites previstos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para gastos com pessoal. Em meio a esse quadro, o Tesouro rebaixou as notas de classificação de 10 Estados, e agora apenas 14 unidades da federação estão aptas a receber garantias da União para novos empréstimos.

O boletim do Ministério da Fazenda evidencia a “maquiagem” feita pelos governos estaduais em suas contas. No caso da Previdência, os Estados declararam um custo de R$ 59,119 bilhões no ano passado. Mas a metodologia do Programa de Reestruturação e Ajuste Fiscal (PAF), calculado pelo Tesouro e que utiliza informações de execução orçamentária dos Estados, aponta um déficit maior, de R$ 77,072 bilhões em 2015.

Mais da metade dessa diferença - R$ 10 bilhões - foi encontrada nas contas do Rio, Estado que está em moratória e que entre 2009 e 2015 aumentou em 70% as despesas com pessoal, das quais mais da metade com o pagamento dos servidores inativos. O Rio informou que o déficit da Previdência dos seus servidores no ano passado foi de apenas R$ 542,09 milhões, mas o Tesouro detectou um rombo de R$ 10,84 bilhões.

Além do Rio, as maiores diferenças foram encontradas nas contas dos Estados que enfrentam maiores dificuldades financeiras, como Minas Gerais e Rio Grande do Sul. O governo mineiro apresentou um déficit de R$ 10,06 bilhões, mas para o Tesouro é de R$ 13,90 bilhões. Já o governo gaúcho informou que seu déficit era de R$ 7,59 bilhões, ante um rombo de R$ 8,97 bilhões encontrado pelos técnicos do Tesouro. Em Goiás, a diferença chega a quase R$ 500 milhões.

O boletim ainda mostra que oito Estados estão fora dos limites da LRF para pagamento de despesas com pessoal pelo critério do Tesouro - a lei prevê um máximo de 60% da Receita Corrente Líquida (RCL). Pelo critério dos próprios governos estaduais, apenas dois estariam desenquadrados.

A situação do Rio é uma das que chamam a atenção. O Estado aponta que suas despesas com pessoal estão em 41,77% da RCL, ou seja, bem abaixo do porcentual estabelecido pela lei. Mas o quadro detectado pelos técnicos do Tesouro mostra que a relação já chega a 62,84%. Já o governo de Minas Gerais, que tem a maior parcela comprometida com pessoal (78%) segundo o Tesouro, alega, no entanto, que essa despesa responde por apenas 57,33%.

A discrepância acontece porque muitos Estados criam exceções à classificação, abrindo brechas para que o número apresentado seja mais benigno.

-

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,alivio-com-

renegociacao-da-divida-dos-estados-deve-ser-temporario-diz-tesouro,10000083329 - Acessado em 21/10/2016

Qual o Estado responsável por mais da metade da diferença de R$ 18 bilhões, verificada pelo Tesouro Nacional no rombo da Previdência Estadual?

Alternativas
Q2791512 Português

INSTRUÇÃO: Considere o texto 3, a seguir, para responder às questões 11 a 15.


TEXTO 3

Ciência e o sentido da vida


Marcelo Gleiser


[1º§]Outro dia, estava dando uma palestra, quando alguém me fez "aquela" pergunta: professor, por que o senhor é cientista? Respondi que não podia ser outra coisa, que considerava um privilégio poder dedicar minha vida ao ensino e à pesquisa. Mas o que de fato está por trás dessa profissão, ao menos para mim, é uma oportunidade única para criarmos algo de novo, algo que nos diferencie do resto.

[2º§]A ciência oferece uma oportunidade para que possamos nos engajar com o "mistério", como Einstein chamava nossa atração pelo desconhecido: "A emoção mais significativa que podemos sentir é o mistério. Ela é o berço da verdadeira arte e da ciência. Quem não a conhece e não é mais capaz de se maravilhar, está mais morto do que vivo, como uma vela que se apagou".

[3º§]Einstein pôs as artes e as ciências sobre o mesmo patamar, frutos que são da criatividade humana. Para ele, nossas criações são produto desse questionamento incessante sobre quem somos e sobre o mundo à nossa volta.

[4º§]A ciência abre portas para o desconhecido, para o que nos foge aos sentidos. Aquilo que não vemos ou ouvimos é tão real quanto o que percebemos. Usamos instrumentos variados para amplificar nossa percepção da realidade, mesmo sabendo que nossa visão será sempre limitada: qualquer microscópio, telescópio ou detector tem alcance e precisão determinados pelo estado da tecnologia.

[5º§]É claro que um telescópio do século 19 não pode competir com os telescópios mais avançados de hoje. Com isso, o que captamos da realidade depende de forma essencial daquilo que nossos instrumentos nos permitem ver. Esse fato tem uma consequência importante: o que captamos do mundo depende das tecnologias que usamos. Ou seja, com o avanço delas, muda, muitas vezes, nossa visão de mundo.

[6º§]Um exemplo que já usei aqui é o microscópio. A visão da vida antes e depois da invenção do microscópio mudou completamente. O instrumento, inventado ao fim do século 17, permitiu que víssemos criaturas invisíveis aos olhos. Com isso, novas perguntas sobre a natureza da vida puderam ser feitas – perguntas que, antes da invenção do microscópio, não eram nem vislumbradas.

[7º§]Esta é uma lição importante, que elaboro no livro "Ilha do Conhecimento": o conhecimento não evolui linearmente; cresce de forma imprevisível, interagindo com as tecnologias que temos ao nosso dispor. Portanto, o mistério que nos cerca, e que tanto fascinava Einstein, estará sempre à nossa volta: não há como decifrá-lo por completo. Isso dá uma conotação única à ciência. Sendo um caminho para o conhecimento, ela nos oferece uma oportunidade de estar sempre buscando, e crescendo com a busca.

[8º§]O sentido da vida é dar sentido à vida. Não existe, ou deve existir, um fim. Pense num alpinista. Ele se prepara para subir o pico que vê à sua frente e, depois de muito esforço, consegue. De lá de cima, pode fazer duas coisas: se dar por satisfeito e descer, ou olhar em torno e ver todos os picos que ainda não escalou.

[9º§]A busca pelo conhecimento científico é assim: uma escalada por todos os picos que podemos encontrar. E quando conquistarmos todos eles, basta olhar para cima, e continuar nossa busca no espaço.


Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 12/10/2014. Texto adaptado.

Considere este trecho:


Usamos instrumentos variados para amplificar nossa percepção da realidade, mesmo sabendo que nossa visão será sempre limitada (...).


A opção em que se encontra a reescrita desse trecho sem rupturas de sentido é

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Q2791511 Português

INSTRUÇÃO: Considere o texto 3, a seguir, para responder às questões 11 a 15.


TEXTO 3

Ciência e o sentido da vida


Marcelo Gleiser


[1º§]Outro dia, estava dando uma palestra, quando alguém me fez "aquela" pergunta: professor, por que o senhor é cientista? Respondi que não podia ser outra coisa, que considerava um privilégio poder dedicar minha vida ao ensino e à pesquisa. Mas o que de fato está por trás dessa profissão, ao menos para mim, é uma oportunidade única para criarmos algo de novo, algo que nos diferencie do resto.

[2º§]A ciência oferece uma oportunidade para que possamos nos engajar com o "mistério", como Einstein chamava nossa atração pelo desconhecido: "A emoção mais significativa que podemos sentir é o mistério. Ela é o berço da verdadeira arte e da ciência. Quem não a conhece e não é mais capaz de se maravilhar, está mais morto do que vivo, como uma vela que se apagou".

[3º§]Einstein pôs as artes e as ciências sobre o mesmo patamar, frutos que são da criatividade humana. Para ele, nossas criações são produto desse questionamento incessante sobre quem somos e sobre o mundo à nossa volta.

[4º§]A ciência abre portas para o desconhecido, para o que nos foge aos sentidos. Aquilo que não vemos ou ouvimos é tão real quanto o que percebemos. Usamos instrumentos variados para amplificar nossa percepção da realidade, mesmo sabendo que nossa visão será sempre limitada: qualquer microscópio, telescópio ou detector tem alcance e precisão determinados pelo estado da tecnologia.

[5º§]É claro que um telescópio do século 19 não pode competir com os telescópios mais avançados de hoje. Com isso, o que captamos da realidade depende de forma essencial daquilo que nossos instrumentos nos permitem ver. Esse fato tem uma consequência importante: o que captamos do mundo depende das tecnologias que usamos. Ou seja, com o avanço delas, muda, muitas vezes, nossa visão de mundo.

[6º§]Um exemplo que já usei aqui é o microscópio. A visão da vida antes e depois da invenção do microscópio mudou completamente. O instrumento, inventado ao fim do século 17, permitiu que víssemos criaturas invisíveis aos olhos. Com isso, novas perguntas sobre a natureza da vida puderam ser feitas – perguntas que, antes da invenção do microscópio, não eram nem vislumbradas.

[7º§]Esta é uma lição importante, que elaboro no livro "Ilha do Conhecimento": o conhecimento não evolui linearmente; cresce de forma imprevisível, interagindo com as tecnologias que temos ao nosso dispor. Portanto, o mistério que nos cerca, e que tanto fascinava Einstein, estará sempre à nossa volta: não há como decifrá-lo por completo. Isso dá uma conotação única à ciência. Sendo um caminho para o conhecimento, ela nos oferece uma oportunidade de estar sempre buscando, e crescendo com a busca.

[8º§]O sentido da vida é dar sentido à vida. Não existe, ou deve existir, um fim. Pense num alpinista. Ele se prepara para subir o pico que vê à sua frente e, depois de muito esforço, consegue. De lá de cima, pode fazer duas coisas: se dar por satisfeito e descer, ou olhar em torno e ver todos os picos que ainda não escalou.

[9º§]A busca pelo conhecimento científico é assim: uma escalada por todos os picos que podemos encontrar. E quando conquistarmos todos eles, basta olhar para cima, e continuar nossa busca no espaço.


Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 12/10/2014. Texto adaptado.

A partir da leitura do 4º, do 5º e do 6º parágrafos, o desenvolvimento tecnológico só NÃO possibilita aos cientistas

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Q2791504 Português

INSTRUÇÃO: Considere os textos 1 e 2 para responder à questão 10.


TEXTO 1


A arte de envelhecer


Dráuzio Varella


[1º§]Achei que estava bem na foto. Magro, olhar vivo, rindo com os amigos na praia. Quase não havia cabelos brancos entre os poucos que sobreviviam. Comparada ao homem de hoje, era a fotografia de um jovem. Tinha 50 anos naquela época, entretanto, idade em que me considerava bem distante da juventude. Se me for dado o privilégio de chegar aos 90 em pleno domínio da razão, é possível que uma imagem de agora me cause impressão semelhante.

[2º§]O envelhecimento é sombra que nos acompanha desde a concepção: o feto de seis meses é muito mais velho do que o embrião de cinco dias. Lidar com a inexorabilidade desse processo exige uma habilidade na qual nós somos inigualáveis: a adaptação. Não há animal capaz de criar soluções diante da adversidade como nós, de sobreviver em nichos ecológicos que vão do calor tropical às geleiras do Ártico.

[3º§]Da mesma forma como ensaiamos os primeiros passos por imitação, temos de aprender a ser adolescentes, adultos e a ficar cada vez mais velhos. A adolescência é um fenômeno moderno. Nossos ancestrais passavam da infância à vida adulta sem estágios intermediários. Nas comunidades agrárias, o menino de sete anos trabalhava na roça e as meninas cuidavam dos afazeres domésticos antes de chegar a essa idade.

[4º§]A figura do adolescente que mora com os pais até os 30 anos, sem abrir mão do direito de reclamar da comida à mesa e da camisa mal passada, surgiu nas sociedades industrializadas depois da Segunda Guerra Mundial. Bem mais cedo, nossos avós tinham filhos para criar.

[5º§]A exaltação da juventude como o período áureo da existência humana é um mito das sociedades ocidentais. Confinar aos jovens a publicidade dos bens de consumo, exaltar a estética, os costumes e os padrões de comportamento característicos dessa faixa etária tem o efeito perverso de insinuar que o declínio começa assim que essa fase se aproxima do fim.

[6º§]A ideia de envelhecer aflige mulheres e homens modernos, muito mais do que afligia nossos antepassados. Sócrates tomou cicuta aos 70 anos, Cícero foi assassinado aos 63, Matusalém sabe-se lá quantos anos teve, mas seus contemporâneos gregos, romanos ou judeus viviam em média 30 anos. No início do século 20, a expectativa de vida ao nascer nos países da Europa mais desenvolvida não passava dos 40 anos.

[7º§]A mortalidade infantil era altíssima; epidemias de peste negra, varíola, malária, febre amarela, gripe e tuberculose dizimavam populações inteiras. Nossos ancestrais viveram num mundo devastado por guerras, enfermidades infecciosas, escravidão, dores sem analgesia e a onipresença da mais temível das criaturas. Que sentido haveria em pensar na velhice quando a probabilidade de morrer jovem era tão alta? Seria como hoje preocupar- nos com a vida aos cem anos de idade, que pouquíssimos conhecerão.

[8º§]Os que estão vivos agora têm boa chance de passar dos 80. Se assim for, é preciso sabedoria para aceitar que nossos atributos se modificam com o passar dos anos. Que nenhuma cirurgia devolverá aos 60 o rosto que tínhamos aos 18, mas que envelhecer não é sinônimo de decadência física para aqueles que se movimentam, não fumam, comem com parcimônia, exercitam a cognição e continuam atentos às transformações do mundo.

[9º§]Considerar a vida um vale de lágrimas no qual submergimos de corpo e alma ao deixar a juventude é torná-la experiência medíocre. Julgar, aos 80 anos, que os melhores foram aqueles dos 15 aos 25 é não levar em conta que a memória é editora autoritária, capaz de suprimir por conta própria as experiências traumáticas e relegar ao esquecimento inseguranças, medos, desilusões afetivas, riscos desnecessários e as burradas que fizemos nessa época. Nada mais ofensivo para o velho do que dizer que ele tem "cabeça de jovem". É considerá-lo mais inadequado do que o rapaz de 20 anos que se comporta como criança de dez.

[10º§]Ainda que maldigamos o envelhecimento, é ele que nos traz a aceitação das ambiguidades, das diferenças, do contraditório e abre espaço para uma diversidade de experiências com as quais nem sonhávamos anteriormente.


Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 23/01/2016. Texto adaptado.



TEXTO 2

"Que é isso, querida... hoje em dia ninguém

mais é obrigado a envelhecer."


Charge de Caco Galhardo – Jornal Folha de São Paulo, 21/03/2011

A visão crítica sobre envelhecer, presente nessa charge,

Alternativas
Q2791502 Português

INSTRUÇÃO: As questões de 01 a 09 devem ser respondidas com base no texto 1. Leia-o atentamente, antes de responder a todas essas questões.


TEXTO 1


A arte de envelhecer


Dráuzio Varella


[1º§]Achei que estava bem na foto. Magro, olhar vivo, rindo com os amigos na praia. Quase não havia cabelos brancos entre os poucos que sobreviviam. Comparada ao homem de hoje, era a fotografia de um jovem. Tinha 50 anos naquela época, entretanto, idade em que me considerava bem distante da juventude. Se me for dado o privilégio de chegar aos 90 em pleno domínio da razão, é possível que uma imagem de agora me cause impressão semelhante.

[2º§]O envelhecimento é sombra que nos acompanha desde a concepção: o feto de seis meses é muito mais velho do que o embrião de cinco dias. Lidar com a inexorabilidade desse processo exige uma habilidade na qual nós somos inigualáveis: a adaptação. Não há animal capaz de criar soluções diante da adversidade como nós, de sobreviver em nichos ecológicos que vão do calor tropical às geleiras do Ártico.

[3º§]Da mesma forma como ensaiamos os primeiros passos por imitação, temos de aprender a ser adolescentes, adultos e a ficar cada vez mais velhos. A adolescência é um fenômeno moderno. Nossos ancestrais passavam da infância à vida adulta sem estágios intermediários. Nas comunidades agrárias, o menino de sete anos trabalhava na roça e as meninas cuidavam dos afazeres domésticos antes de chegar a essa idade.

[4º§]A figura do adolescente que mora com os pais até os 30 anos, sem abrir mão do direito de reclamar da comida à mesa e da camisa mal passada, surgiu nas sociedades industrializadas depois da Segunda Guerra Mundial. Bem mais cedo, nossos avós tinham filhos para criar.

[5º§]A exaltação da juventude como o período áureo da existência humana é um mito das sociedades ocidentais. Confinar aos jovens a publicidade dos bens de consumo, exaltar a estética, os costumes e os padrões de comportamento característicos dessa faixa etária tem o efeito perverso de insinuar que o declínio começa assim que essa fase se aproxima do fim.

[6º§]A ideia de envelhecer aflige mulheres e homens modernos, muito mais do que afligia nossos antepassados. Sócrates tomou cicuta aos 70 anos, Cícero foi assassinado aos 63, Matusalém sabe-se lá quantos anos teve, mas seus contemporâneos gregos, romanos ou judeus viviam em média 30 anos. No início do século 20, a expectativa de vida ao nascer nos países da Europa mais desenvolvida não passava dos 40 anos.

[7º§]A mortalidade infantil era altíssima; epidemias de peste negra, varíola, malária, febre amarela, gripe e tuberculose dizimavam populações inteiras. Nossos ancestrais viveram num mundo devastado por guerras, enfermidades infecciosas, escravidão, dores sem analgesia e a onipresença da mais temível das criaturas. Que sentido haveria em pensar na velhice quando a probabilidade de morrer jovem era tão alta? Seria como hoje preocupar-nos com a vida aos cem anos de idade, que pouquíssimos conhecerão.

[8º§]Os que estão vivos agora têm boa chance de passar dos 80. Se assim for, é preciso sabedoria para aceitar que nossos atributos se modificam com o passar dos anos. Que nenhuma cirurgia devolverá aos 60 o rosto que tínhamos aos 18, mas que envelhecer não é sinônimo de decadência física para aqueles que se movimentam, não fumam, comem com parcimônia, exercitam a cognição e continuam atentos às transformações do mundo.

[9º§]Considerar a vida um vale de lágrimas no qual submergimos de corpo e alma ao deixar a juventude é torná-la experiência medíocre. Julgar, aos 80 anos, que os melhores foram aqueles dos 15 aos 25 é não levar em conta que a memória é editora autoritária, capaz de suprimir por conta própria as experiências traumáticas e relegar ao esquecimento inseguranças, medos, desilusões afetivas, riscos desnecessários e as burradas que fizemos nessa época. Nada mais ofensivo para o velho do que dizer que ele tem "cabeça de jovem". É considerá-lo mais inadequado do que o rapaz de 20 anos que se comporta como criança de dez.

[10º§]Ainda que maldigamos o envelhecimento, é ele que nos traz a aceitação das ambiguidades, das diferenças, do contraditório e abre espaço para uma diversidade de experiências com as quais nem sonhávamos anteriormente.


Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 23/01/2016. Texto adaptado.

A palavra ‘que’, grifada nas sentenças a seguir, foi utilizada para retomar um termo/uma ideia antecedente em:

Alternativas
Q2791501 Português

INSTRUÇÃO: As questões de 01 a 09 devem ser respondidas com base no texto 1. Leia-o atentamente, antes de responder a todas essas questões.


TEXTO 1


A arte de envelhecer


Dráuzio Varella


[1º§]Achei que estava bem na foto. Magro, olhar vivo, rindo com os amigos na praia. Quase não havia cabelos brancos entre os poucos que sobreviviam. Comparada ao homem de hoje, era a fotografia de um jovem. Tinha 50 anos naquela época, entretanto, idade em que me considerava bem distante da juventude. Se me for dado o privilégio de chegar aos 90 em pleno domínio da razão, é possível que uma imagem de agora me cause impressão semelhante.

[2º§]O envelhecimento é sombra que nos acompanha desde a concepção: o feto de seis meses é muito mais velho do que o embrião de cinco dias. Lidar com a inexorabilidade desse processo exige uma habilidade na qual nós somos inigualáveis: a adaptação. Não há animal capaz de criar soluções diante da adversidade como nós, de sobreviver em nichos ecológicos que vão do calor tropical às geleiras do Ártico.

[3º§]Da mesma forma como ensaiamos os primeiros passos por imitação, temos de aprender a ser adolescentes, adultos e a ficar cada vez mais velhos. A adolescência é um fenômeno moderno. Nossos ancestrais passavam da infância à vida adulta sem estágios intermediários. Nas comunidades agrárias, o menino de sete anos trabalhava na roça e as meninas cuidavam dos afazeres domésticos antes de chegar a essa idade.

[4º§]A figura do adolescente que mora com os pais até os 30 anos, sem abrir mão do direito de reclamar da comida à mesa e da camisa mal passada, surgiu nas sociedades industrializadas depois da Segunda Guerra Mundial. Bem mais cedo, nossos avós tinham filhos para criar.

[5º§]A exaltação da juventude como o período áureo da existência humana é um mito das sociedades ocidentais. Confinar aos jovens a publicidade dos bens de consumo, exaltar a estética, os costumes e os padrões de comportamento característicos dessa faixa etária tem o efeito perverso de insinuar que o declínio começa assim que essa fase se aproxima do fim.

[6º§]A ideia de envelhecer aflige mulheres e homens modernos, muito mais do que afligia nossos antepassados. Sócrates tomou cicuta aos 70 anos, Cícero foi assassinado aos 63, Matusalém sabe-se lá quantos anos teve, mas seus contemporâneos gregos, romanos ou judeus viviam em média 30 anos. No início do século 20, a expectativa de vida ao nascer nos países da Europa mais desenvolvida não passava dos 40 anos.

[7º§]A mortalidade infantil era altíssima; epidemias de peste negra, varíola, malária, febre amarela, gripe e tuberculose dizimavam populações inteiras. Nossos ancestrais viveram num mundo devastado por guerras, enfermidades infecciosas, escravidão, dores sem analgesia e a onipresença da mais temível das criaturas. Que sentido haveria em pensar na velhice quando a probabilidade de morrer jovem era tão alta? Seria como hoje preocupar-nos com a vida aos cem anos de idade, que pouquíssimos conhecerão.

[8º§]Os que estão vivos agora têm boa chance de passar dos 80. Se assim for, é preciso sabedoria para aceitar que nossos atributos se modificam com o passar dos anos. Que nenhuma cirurgia devolverá aos 60 o rosto que tínhamos aos 18, mas que envelhecer não é sinônimo de decadência física para aqueles que se movimentam, não fumam, comem com parcimônia, exercitam a cognição e continuam atentos às transformações do mundo.

[9º§]Considerar a vida um vale de lágrimas no qual submergimos de corpo e alma ao deixar a juventude é torná-la experiência medíocre. Julgar, aos 80 anos, que os melhores foram aqueles dos 15 aos 25 é não levar em conta que a memória é editora autoritária, capaz de suprimir por conta própria as experiências traumáticas e relegar ao esquecimento inseguranças, medos, desilusões afetivas, riscos desnecessários e as burradas que fizemos nessa época. Nada mais ofensivo para o velho do que dizer que ele tem "cabeça de jovem". É considerá-lo mais inadequado do que o rapaz de 20 anos que se comporta como criança de dez.

[10º§]Ainda que maldigamos o envelhecimento, é ele que nos traz a aceitação das ambiguidades, das diferenças, do contraditório e abre espaço para uma diversidade de experiências com as quais nem sonhávamos anteriormente.


Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 23/01/2016. Texto adaptado.

De acordo com Cunha e Cintra (2013: p.101), “os vocábulos formados pela agregação simultânea de prefixo e sufixo a determinado radical chamam-se PARASSINTÉTICOS (...)”. Esse conceito se aplica à formação do vocábulo

Alternativas
Q2791500 Português

INSTRUÇÃO: As questões de 01 a 09 devem ser respondidas com base no texto 1. Leia-o atentamente, antes de responder a todas essas questões.


TEXTO 1


A arte de envelhecer


Dráuzio Varella


[1º§]Achei que estava bem na foto. Magro, olhar vivo, rindo com os amigos na praia. Quase não havia cabelos brancos entre os poucos que sobreviviam. Comparada ao homem de hoje, era a fotografia de um jovem. Tinha 50 anos naquela época, entretanto, idade em que me considerava bem distante da juventude. Se me for dado o privilégio de chegar aos 90 em pleno domínio da razão, é possível que uma imagem de agora me cause impressão semelhante.

[2º§]O envelhecimento é sombra que nos acompanha desde a concepção: o feto de seis meses é muito mais velho do que o embrião de cinco dias. Lidar com a inexorabilidade desse processo exige uma habilidade na qual nós somos inigualáveis: a adaptação. Não há animal capaz de criar soluções diante da adversidade como nós, de sobreviver em nichos ecológicos que vão do calor tropical às geleiras do Ártico.

[3º§]Da mesma forma como ensaiamos os primeiros passos por imitação, temos de aprender a ser adolescentes, adultos e a ficar cada vez mais velhos. A adolescência é um fenômeno moderno. Nossos ancestrais passavam da infância à vida adulta sem estágios intermediários. Nas comunidades agrárias, o menino de sete anos trabalhava na roça e as meninas cuidavam dos afazeres domésticos antes de chegar a essa idade.

[4º§]A figura do adolescente que mora com os pais até os 30 anos, sem abrir mão do direito de reclamar da comida à mesa e da camisa mal passada, surgiu nas sociedades industrializadas depois da Segunda Guerra Mundial. Bem mais cedo, nossos avós tinham filhos para criar.

[5º§]A exaltação da juventude como o período áureo da existência humana é um mito das sociedades ocidentais. Confinar aos jovens a publicidade dos bens de consumo, exaltar a estética, os costumes e os padrões de comportamento característicos dessa faixa etária tem o efeito perverso de insinuar que o declínio começa assim que essa fase se aproxima do fim.

[6º§]A ideia de envelhecer aflige mulheres e homens modernos, muito mais do que afligia nossos antepassados. Sócrates tomou cicuta aos 70 anos, Cícero foi assassinado aos 63, Matusalém sabe-se lá quantos anos teve, mas seus contemporâneos gregos, romanos ou judeus viviam em média 30 anos. No início do século 20, a expectativa de vida ao nascer nos países da Europa mais desenvolvida não passava dos 40 anos.

[7º§]A mortalidade infantil era altíssima; epidemias de peste negra, varíola, malária, febre amarela, gripe e tuberculose dizimavam populações inteiras. Nossos ancestrais viveram num mundo devastado por guerras, enfermidades infecciosas, escravidão, dores sem analgesia e a onipresença da mais temível das criaturas. Que sentido haveria em pensar na velhice quando a probabilidade de morrer jovem era tão alta? Seria como hoje preocupar-nos com a vida aos cem anos de idade, que pouquíssimos conhecerão.

[8º§]Os que estão vivos agora têm boa chance de passar dos 80. Se assim for, é preciso sabedoria para aceitar que nossos atributos se modificam com o passar dos anos. Que nenhuma cirurgia devolverá aos 60 o rosto que tínhamos aos 18, mas que envelhecer não é sinônimo de decadência física para aqueles que se movimentam, não fumam, comem com parcimônia, exercitam a cognição e continuam atentos às transformações do mundo.

[9º§]Considerar a vida um vale de lágrimas no qual submergimos de corpo e alma ao deixar a juventude é torná-la experiência medíocre. Julgar, aos 80 anos, que os melhores foram aqueles dos 15 aos 25 é não levar em conta que a memória é editora autoritária, capaz de suprimir por conta própria as experiências traumáticas e relegar ao esquecimento inseguranças, medos, desilusões afetivas, riscos desnecessários e as burradas que fizemos nessa época. Nada mais ofensivo para o velho do que dizer que ele tem "cabeça de jovem". É considerá-lo mais inadequado do que o rapaz de 20 anos que se comporta como criança de dez.

[10º§]Ainda que maldigamos o envelhecimento, é ele que nos traz a aceitação das ambiguidades, das diferenças, do contraditório e abre espaço para uma diversidade de experiências com as quais nem sonhávamos anteriormente.


Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 23/01/2016. Texto adaptado.

Houve emprego de sujeito desinencial em:

Alternativas
Respostas
13781: B
13782: E
13783: A
13784: E
13785: D
13786: C
13787: A
13788: E
13789: E
13790: A
13791: B
13792: E
13793: E
13794: B
13795: B
13796: C
13797: C
13798: C
13799: E
13800: E