Questões de Português - Significação Contextual de Palavras e Expressões. Sinônimos e Antônimos. para Concurso

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Q2373169 Português
Pescadores 


    Domingo pede cachimbo, todo domingo aquele esquema: praia, bar, soneca, futebol, jantar em restaurante. Acaba em chatura. Os quatro jovens executivos sonhavam com um programa diferente.
     – Se a gente desse uma de pescador?
     – Falou.
    Muniram-se do necessário, desde o caniço até o sanduíche incrementado, e saíram rumo à praia mais deserta, mais piscosa, mais sensacional. Lá estavam felizes da vida, à espera de peixe. Mas os peixes, talvez por ser domingo, e todos os domingos serem iguais, também tinham variado de programa – e não se deixavam fisgar.
     – Tem importância não. Daqui a pouco aparecem. De qualquer modo, estamos curtindo.
     – É.
     Peixe não vinha. Veio pela estrada foi a Kombi, lentamente. Parou, saltaram uns barbudos:
   – Pescando, hem? Beleza de lugar. Fazem muito bem aproveitando a folga num programa legal. Saúde. Esporte. Alegria.
     – Estamos só arejando a cuca, né? Semana inteira no escritório, lidando com problemas. 
   – Ótimo. Assim é que todos deviam fazer. Trocar a poluição pela natureza, a vida ao ar livre. Somos da televisão, estamos filmando aspectos do domingo carioca. Podem colaborar?
     – Que programa é esse?
     – Aprenda a Viver no Rio. Programa novo, cheio de bossas. Vai ser lançado semana que vem. Gostaríamos que vocês fossem filmados como exemplo do que se pode curtir num dia de lazer, em benefício do corpo e da mente.  
      – Pois não. O grilo é que não pescamos nada ainda.
      – Não seja por isso. Tem peixe na Kombi, que a gente comprou para uma caldeirada logo mais.
      Desceram os aparelhos e os peixes, e tudo foi feito com técnica e verossimilhança, na manhã cristalina. Os quatro retiravam do mar, em ritual de pescadores experientes, os peixes já pescados. O pessoal da TV ficou radiante:
     – Um barato. Vocês estavam ótimos.
     – Quando é que passa o programa?
     – Quinta-feira, horário nobre. Já está sendo anunciado.
    Quinta-feira, os quatro e suas jovens mulheres e seus encantadores filhos reuniram-se no apartamento de um deles – o que tivera a ideia da pescaria.
     – Vocês vão ver os maiores pescadores da paróquia em plena ação.
     O programa, badaladíssimo, começou. Eram cenas do despertar e da manhã carioca, trens superlotados da Linha Auxiliar, filas no elevador, escritórios em atividade, balconistas, telefonistas, enfermeiras, bancários, tudo no batente ou correndo para. O apresentador fez uma pausa, mudou de tom:
     “– Agora, o contraste. Em pleno dia de trabalho, com a cidade funcionando a mil por cento para produzir riqueza e desenvolvimento, os inocentes do Leblon dedicam-se à pescaria sem finalidade. Aí estão esses quatro folgados, esquecidos de que a Guanabara enfrenta problemas seríssimos e cada hora desperdiçada reduz o produto nacional bruto…”
       – Canalhas!
       – Pai, você é um barato!
       – E eu que não sabia que você, em vez de ir para o escritório, vai pescar com a patota, Roberto!
       – Se eu pego aqueles safados mato eles.
       – E o peixe, pai, você não trouxe o peixe pra casa!
       – Não admito gozação!
       – Que é que vão dizer amanhã no escritório!
       – Desliga! Desliga logo essa porcaria!
       Para aliviar a tensão, serviu-se uísque aos adultos, refrigerante aos garotos.

(DE ANDRADE, Carlos Drummond. 70 historinhas: antologia. Livraria J. Olympio Editora, 1978.)
Compreender a significação das palavras no texto é atributo fundamental para a assimilação e a interpretação globais de sua mensagem, pois assim se constroem a leitura plena e a aquisição precisa de informações. Por vezes, faz-se presente o uso de jargões que incitam o leitor a recorrer ao seu conhecimento de mundo. Considere, portanto, o trecho “Quinta-feira, horário nobre. Já está sendo anunciado.” (18º§) O termo sublinhado é um exemplo de jargão advindo das mídias televisiva e radiofônica, que se refere ao período em que a emissora:
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Q2372600 Português
Ainda com base no fragmento “[...] BENTINHO FICOU COM CIÚMES PQ ELE QUERIA PEGAR O ESCOBAR”, encontrado no texto “A”, assinale a alternativa em que o verbo em destaque apresenta significado equivalente ao do termo sublinhado no fragmento.
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Q2372591 Português
GRAMÁTICA: A QUEM SERÁ QUE SE DESTINA


         Faz um bom tempo já que se firmou entre os pesquisadores da área da educação linguística a convicção de que a função primordial da escola, no que diz respeito à pedagogia de língua materna, é promover o letramento de seus aprendizes. E para essa promoção do letramento, as atividades fundamentais são a leitura e a escrita, com foco na diversidade de gêneros textuais que circulam na sociedade.

           Além da leitura e da escrita, também tem espaço em sala de aula para a reflexão sobre a língua e a linguagem. Essa reflexão deve ser feita primordialmente através das chamadas atividades epilinguísticas, aquelas que não recorrem à nomenclatura técnica (a metalinguagem), de modo a permitir o percurso uso→reflexão→uso. Isso, logo de saída, implica que tais atividades só podem ser feitas a partir de textos autênticos, falados e escritos, dos quais se possa depreender o funcionamento da língua na construção dos sentidos. O enfoque deve ser, portanto, essencialmente semântico-pragmático-discursivo: as reflexões sobre os aspectos especificamente gramaticais precisam ser lançadas contra esse pano de fundo semântico-pragmático-discursivo, de modo a conscientizar o aprendiz de que os recursos disponíveis na língua são ativados essencialmente para a produção de sentido e a interação social.

         É do uso que se depreende a gramática, é do discurso que se chega nas regularidades (sempre instáveis e provisórias) da língua – uma distinção, é claro, que tem aqui uma perspectiva apenas pedagógica, já que na prática social mais ampla discurso e sistema (ou uso e gramática) interagem sem cessar, são indissociáveis, tanto quanto o oxigênio e o hidrogênio da água: são os usos frequentes e regulares de determinada forma linguística que acabam por transformá-la em regra gramatical, assim como são as regras gramaticais as condicionadoras dos usos linguísticos. Dado que só existe língua se existirem falantes dessa língua, ou seja, só existe língua em uso, a prática da linguagem como atividade constitutiva da própria natureza humana (natureza cognitiva e sociocultural) é que ditará os rumos da língua, num processo cíclico e permanente, que só se interrompe quando e se deixarem de existir falantes da língua.


BAGNO, Marcos. Gramática Pedagógica do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2012, pp. 19-20. 
Na passagem “Isso, logo de saída, implica que tais atividades só podem ser feitas a partir de textos autênticos [...]”, as palavras que estabelecem com os termos sublinhados as relações semânticas de antonímia (para o caso da palavra “saída”) e sinonímia (em se tratando da palavra “autênticos”), respectivamente, são
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Q2372421 Português
Texto para a questão.

[...]
A educação é central tanto para a reprodução do racismo como para o seu enfrentamento. “A educação sempre foi um campo de batalha para nós, negros”, enfatiza a filósofa Sueli Carneiro, criadora do portal Geledés, em entrevista para o vídeo “Gestão Escolar para Equidade Racial”, do Instituto Unibanco. A batalha começa ainda no século XIX, com a luta abolicionista, que já pautava o acesso à educação. A Frente Negra Brasileira, nas décadas de 1930 e 1940, permanece na construção de massivo processo para facilitar o acesso à educação, e o movimento negro, desde a constituinte até o presente, mantém-se nessa mesma luta.

O grande mito da democracia racial continua sendo reiterado quando até mesmo as imagens de luta e enfrentamento do racismo só são amplamente divulgadas se internacionais. O papel do movimento negro brasileiro na garantia do acesso à educação e na construção de uma agenda político-pedagógica rumo a um currículo e uma prática educacional antirracistas é central, garantindo nos últimos trinta anos conquistas fundamentais, como as ações afirmativas e a Lei nº 10.639/2003, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), tornando obrigatório o ensino da cultura e história africana, atualizada depois pela Lei nº 11.645/2008, que contemplou a história e cultura indígena

(Trecho retirado de O papel central da escola no enfrentamento do racismo. Crédito: Nathalie Bohm/Instituto Unibanco. Disponível em: https://www.geledes.org.br/o-papel-central-da-escola-no- enfrentamento-do-racismo/. Acesso em: 03 jan. 2024.

Considerando o contexto de uso, pode-se atribuir às palavras “massivo” e “reiterado” – presentes no texto – sem prejuízo de sentido, os seguintes sinônimos respectivamente
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Q2372370 Português
O calor da sauna

Paulo Pestana


      “Já que…” – a junção do advérbio com o pronominal é quase sinônimo de problema. Serve para dar prosseguimento a algo que estamos fazendo ou querendo fazer, e aí começa uma interminável sequência de ações, complementos e adendos. Numa obra é fatal.

      E foi assim que começou a saga do nosso amigo, 15 anos atrás. Morador do bairro Sudoeste desde os primeiros dias, decidiu fazer uma reforma no apartamento. Não precisava, mas “já que…” (olha ele aí) um amigo tinha terminado uma obra, aproveitou o arquiteto.

     E “já que…” (de novo!) faria um projeto, pediu para acrescentar uma sauna na área da piscina da cobertura. Coisa simples. Os amigos estranharam. Nunca o viram numa sauna antes. Mas era um capricho, e com esses desejos repentinos não se discute; e “já que…” (mais uma vez) existia uma pequena casa de máquinas no local, seria moleza.

    Muitos “já-ques” depois, a obra foi entregue. A cozinha ficou mais ampla, o escritório mais confortável, a sala mais agradável e até o banheiro do quarto ganhou uma garibada. Satisfeito, nosso amigo curtia a casa como se fosse nova, um prazer onanista – no sentido figurado, claro, já que era exclusivo dele; nunca foi um exibido.

     E a sauna?, já pressinto a pergunta. Também ficou muito boa, caprichada, feita com material de primeira, motor último tipo. Como mimo, o arquiteto deixou uma essência de eucalipto e uma toalhinha branca. Não sei se por encanto com o resto do lar, mas ele nunca entrou na sauna, nunca apertou o botão de ligar. Até agora.

      15 anos se passaram e, enfim, ele resolveu estrear a sauna. De novo, os amigos estranharam. Eram dias escaldantes, com temperatura próxima dos quarenta graus; ou seja: a cidade inteira atrás de um refresco, de uma sombra, e ele chamou amigos para inaugurar a sauna, com direito a champanhe geladinha.

      Qualquer pessoa prevenida faria um teste antes, mas nosso amigo é um otimista. As pessoas chegaram e ele apertou o botão. Nada. Nem uma faísca. O motor, talvez cansado de esperar, não ligou. Mas como ensinou madame Clicquot Ponsardin, com champanhe não há tempo ruim. E a festa continuou.

        Com o calorão, não precisava mesmo de vapor para esquentar a sauna, e pelo menos o cheiro do eucalipto funcionou a contento.

       Dia seguinte, veio a ressaca moral, e nosso amigo chamou o eletricista que havia contratado para fazer uma revisão em todo o sistema elétrico da casa. “Já que…” (ele sempre volta!) seria feita mudança de fios e tomadas, que consertasse também a sauna, inclusive trocando o motor zero quilômetro, mas inútil, por uma máquina nova, menor e mais potente.

      O rapaz tinha muita boa vontade, mas, ao que parece, só isso. Quando foi instalar o motor no quadro de luz, encostou a chave de fenda nos dois polos, e ninguém precisa ser um unabomber para saber que isso dá em explosão. E o bum foi tão poderoso que apagou a luz de todo o bloco; muita gente saiu correndo.

         Até hoje os vizinhos olham nosso amigo de soslaio. E se alguém quiser briga é só falar em sauna com ele.

PESTANA, Paulo. O calor da sauna. Correio Braziliense, 13 de novembro de 2023. Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/paulopestana/ocalor-da-sauna/. Acesso em: 15 nov. 2023. Adaptado.

Glossário:

- Madame Clicquot Ponsardin: empresária francesa do ramo de bebidas. Passou a fazer vinho na região de Champagne, na França, no início do século XIX, à frente de um negócio falido que havia sido fundado pelo sogro em 1772. A bebida que leva sua alcunha é um dos champanhes mais reverenciados do planeta. (Adaptado de Veja, 09/09/2022)

- unabomber: Apelido dado pela polícia federal estadunidense (FBI) ao matemático Ted Kaczynski, que matou três pessoas e feriu mais 23 durante uma onda de bombardeios em massa entre 1978 e 1995. Os alvos de seus ataques pareciam sempre ser universidades e companhias aéreas. (Adaptado de BBC Brasil, 10/06/2023)

- onanista: Aquele que pratica o onanismo = 1. Coito interrompido antes da ejaculação. 2. Masturbação masculina. ("onanismo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2023, https://dicionario.priberam.org/onanismo.) 
Qual é o sentido veiculado pela palavra grifada no trecho “Como mimo, o arquiteto deixou uma essência de eucalipto e uma toalhinha branca.” (5º parágrafo)?
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Respostas
1191: A
1192: B
1193: A
1194: D
1195: D