Questões de Português - Significação Contextual de Palavras e Expressões. Sinônimos e Antônimos. para Concurso

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Q2237314 Português
Medo é coisa boa
Paulo Pestana
Crônica


            Os criadores da inteligência artificial e alguns dos maiores cientistas do mundo dizem que o negócio é perigoso. E pedem para parar. Que se suspenda o curso da ciência por seis meses. Justo quando um estudo da Universidade da Califórnia mostra que o ChatGPT dá respostas melhores a consultas médicas do que os doutores.
              É bom ver esses ousados e intimoratos senhores com medo e com pudores que Oppenheimer – um dos criadores da bomba atômica – não teve, alegando que a ideia era “tecnicamente boa”.
          Isso evita até desfechos trágicos como o suicídio de Santos Dumont, causado, dizem, por uma depressão profunda iniciada quando ele viu aviões sendo usados como armas na primeira grande guerra. Ele se sentia culpado pela atuação de homens como o alemão Manfred von Richthofen, o Barão Vermelho, que teria abatido 80 inimigos no ar.
             Ao contrário do que muita gente pensa, medo é uma coisa boa. Impõe limites, sinaliza respeito – é o que nos impede de, por exemplo, enfiar a cabeça na boca de um leão (ainda que haja quem ganhe a vida fazendo isso ou coisa pior). Mas o medo não pode ser paralisante e por isso não faz nenhum sentido tentar para o mundo ou o avanço da ciência. Ou não?
           Os livros de Isaac Asimov definiram as leis da robótica; a mais importante delas é a primeira: um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal. Pelo jeito, e pelo que diz Geoffrey Hinton, um bambambã do assunto e que ajudou a desenvolver a ideia, a inteligência artificial pode ser usada para “coisas ruins”.
           Como tudo, poderíamos dizer. Como os aviões.
          Já se sabe que a IA já é capaz de criar algoritmos e novos softwares. Mas qual o perigo disso?
          Na dúvida, perguntei ao ChatGPT que mesmo sem ser essa inteligência toda – os cientistas acham que ainda é um embrião – respondeu:
          “Essa é uma questão controversa e debatida por diversos especialistas no campo da inteligência artificial. A maioria dos especialistas concorda que a inteligência artificial tem o potencial de superar a capacidade humana em tarefas específicas. Por exemplo, algumas tecnologias de IA já superam os humanos em jogos de estratégia, reconhecimento de padrões e processamento de grande quantidade de dados”.
        E continuou: “No entanto, alguns especialistas acreditam que a IA não será capaz de superar completamente a inteligência humana em todas as áreas, especialmente naquelas que requerem habilidades sociais e emocionais. Além disso, a maioria concorda que a IA não pode representar uma ameaça aos humanos, a menos que seja programada com intenções maliciosas”.
        E ainda esticou o assunto: “No geral, o desenvolvimento da IA e seus efeitos na sociedade é um tema complexo que deve ser cuidadosamente considerado em termos de ética e responsabilidade. É importante garantir que a tecnologia seja usada de maneira segura e benéfica para a humanidade”.
     Minha conclusão é que precisamos nos preocupar mesmo, porque a inteligência artificial está chegando lá; já aprendeu a enrolar, igual a uns políticos espertinhos.


PESTANA, Paulo. Medo é coisa boa. Correio Braziliense, 17 de maio de
2023. Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/paulopestana/medo-e-coisaboa/. Acesso em: 22 jun. 2023. Adaptado. 

O que significa a expressão "por inação" empregada no 5° parágrafo da crônica? 
Alternativas
Q2237246 Português

Texto CG1A1-II


          Segundo o relatório-síntese do Sexto Ciclo de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), a taxa de mortalidade decorrente de tempestades, inundações e secas, entre 2010 e 2020, foi quinze vezes mais alta nos países mais suscetíveis às mudanças climáticas. As populações mais vulneráveis são as que historicamente menos contribuíram para o aquecimento global.

          Nesse contexto, a conceituação de justiça climática vem do fato de que os impactos desse aquecimento atingem de maneira desigual os diferentes grupos sociais. Segundo o IPCC, a justiça climática pode permitir ações de mitigação ambiciosas e o desenvolvimento resiliente ao clima, com resultados de adaptação fundamentados nas áreas e nas pessoas com maior vulnerabilidade aos riscos climáticos. Apesar do crescimento dos níveis de emissão per capita de gases de efeito estufa (GEE) nos países do Sul global, ainda há grandes disparidades econômicas, históricas e sociais que distinguem tanto a contribuição para as mudanças climáticas quanto as respectivas estratégias de mitigação e adaptação adotadas.

              A implantação dessas estratégias implica práticas de prevenção e mitigação que vêm sendo conduzidas local e globalmente e que visam reduzir emissões de GEE e suas consequentes alterações climáticas. Em relação à prevenção, podem ser citados, por exemplo, o aumento da eficiência energética, o uso de combustíveis de baixo carbono e a implantação de energia renovável; já as práticas de mitigação podem ser soluções baseadas na captura e no armazenamento de CO2, na captura e utilização do CO2 e na carbonatação mineral.

         As técnicas para a captura de carbono são especialmente importantes para fontes estacionárias de emissão de GEE, tais como indústrias com queima de combustíveis fósseis. Isso porque, se limitarmos a emissão pontualmente, impedimos que os gases sejam disseminados na atmosfera. Em se tratando de justiça climática, isso pode ser ainda mais relevante: se os empreendedores possuem responsabilidades, recursos financeiros e técnicas disponíveis para o gerenciamento dos resíduos gerados por seus empreendimentos (nesse caso, o resíduo gasoso), a sociedade em geral não deveria ser corresponsável pela mitigação de tal impacto.   


Internet:<https://jornal.usp.br> (com adaptações)

No texto CG1A1-II, a palavra “implantação” (primeiro período do terceiro parágrafo) tem sentido equivalente ao de 
Alternativas
Q2236967 Português
Uma galinha

Era uma galinha de domingo. Ainda viva porque não passava de nove horas da manhã. Parecia calma. Desde sábado encolhera-se num canto da cozinha. Não olhava para ninguém, ninguém olhava para ela. Mesmo quando a escolheram, apalpando sua intimidade com indiferença, não souberam dizer se era gorda ou magra. Nunca se adivinharia nela um anseio. Foi pois uma surpresa quando a viram abrir as asas de curto vôo, inchar o peito e, em dois ou três lances, alcançar a murada do terraço. Um instante ainda vacilou - o tempo da cozinheira dar um grito - e em breve estava no terraço do vizinho, de onde, em outro vôo desajeitado, alcançou um telhado. Lá ficou em adorno deslocado, hesitando ora num, ora noutro pé. A família foi chamada com urgência e consternada viu o almoço junto de uma chaminé. O dono da casa, lembrando-se da dupla necessidade de fazer esporadicamente algum esporte e de almoçar, vestiu radiante um calção de banho e resolveu seguir o itinerário da galinha: em pulos cautelosos alcançou o telhado onde esta, hesitante e trêmula, escolhia com urgência outro rumo. A perseguição tornou-se mais intensa. De telhado a telhado foi percorrido mais de um quarteirão da rua. Pouco afeita a uma luta mais selvagem pela vida, a galinha tinha que decidir por si mesma os caminhos a tomar, sem nenhum auxílio de sua raça. O rapaz, porém, era um caçador adormecido. E, por mais ínfima que fosse a presa, o grito de conquista havia soado. Sozinha no mundo, sem pai nem mãe, ela corria, arfava, muda, concentrada. Às vezes, na fuga, pairava ofegante num beiral de telhado e enquanto o rapaz galgava outros com dificuldade tinha tempo de se refazer por um momento. E então parecia tão livre. Estápida, tímida e livre. Não vitoriosa como seria um galo em fuga. Que é que havia nas suas vísceras que fazia dela um ser? A galinha é um ser. É verdade que não se poderia contar com ela para nada. Nem ela prÛpria contava consigo, como o galo crê na sua crista. Sua única vantagem é que havia tantas galinhas que, morrendo uma, surgiria no mesmo instante outra tão igual como se fora a mesma. Afinal, numa das vezes em que parou para gozar sua fuga, o rapaz alcançou-a. Entre gritos e penas, ela foi presa. Em seguida carregada em triunfo por uma asa através das telhas e pousada no chão da cozinha com certa violência. Ainda tonta, sacudiu-se um pouco, em cacarejos roucos e indecisos. Foi então que aconteceu. De pura afobação a galinha pôs um ovo. Surpreendida, exausta. Talvez fosse prematuro. Mas logo depois, nascida que fora para a maternidade, parecia uma velha mãe habituada. Sentou-se sobre o ovo e assim ficou, respirando, abotoando e desabotoando os olhos. Seu coração, tão pequeno num prato, solevava e abaixava as penas, enchendo de tepidez aquilo que nunca passaria de um ovo. Só a menina estava perto e assistiu a tudo estarrecida. Mal porém conseguiu desvencilhar-se do acontecimento, despregou-se do chão e saiu aos gritos:
- Mamãe, mamãe, não mate mais a galinha, ela pôs um ovo! Ela quer o nosso bem!
Todos correram de novo à cozinha e rodearam mudos a jovem parturiente. Esquentando seu filho, esta não era nem suave nem arisca, nem alegre, nem triste, não era nada, era uma galinha. O que não sugeria nenhum sentimento especial. O pai, a mãe e a filha olhavam já há algum tempo, sem propriamente um pensamento qualquer. Nunca ninguém acariciou uma cabeça de galinha. O pai afinal decidiu-se com certa brusquidão:
- Se você mandar matar esta galinha, nunca mais comerei galinha na minha vida!
- Eu também! jurou a menina com ardor. A mãe, cansada, deu de ombros. 
Inconsciente da vida que lhe fora entregue, a galinha passou a morar com a família. A menina, de volta do colégio, jogava a pasta longe sem interromper a corrida para a cozinha. O pai de vez em quando ainda se lembrava: "E dizer que a obriguei a correr naquele estado!" A galinha tornara-se a rainha da casa. Todos, menos ela, o sabiam. Continuou entre a cozinha e o terraço dos fundos, usando suas duas capacidades: a de apatia e a do sobressalto. Mas quando todos estavam quietos na casa e pareciam tê-la esquecido, enchia-se de uma pequena coragem, resquícios da grande fuga - e circulava pelo ladrilho, o corpo avançando atrás da cabeça, pausado como num campo, embora a pequena cabeça a traísse: mexendo-se rápida e vibrátil, com o velho susto de sua espécie já mecanizado. Uma vez ou outra, sempre mais raramente, lembrava de novo a galinha que se recortara contra o ar à beira do telhado, prestes a anunciar.
Nesses momentos enchia os pulmões com o ar impuro da cozinha e, se fosse dado às fêmeas cantar, ela não cantaria mas ficaria muito mais contente. Embora nem nesses instantes a expressão de sua vazia cabeça se alterasse. Na fuga, no descanso, quando deu à luz ou bicando milho - era uma cabeça de galinha, a mesma que fora desenhada no começo dos séculos. Até que um dia mataram-na, comeram-na e passaram-se anos.

Clarice Lispector
Considere o excerto: "E, por mais ínfima que fosse a presa, o grito de conquista havia soado." Neste contexto, a palavra "ínfima" poderia   ser substituída, sem prejuízo de valor, por: 
Alternativas
Q2236901 Português
Autismo: o que é, causas e sintomas 






(Disponível em: https://catracalivre.com.br/saude-bem-estar/autismo-o-que-e-causas-e-sintomas/ – texto adaptado especialmente para esta prova).
Assinale a alternativa que apresenta palavra de sentido antônimo a “incerto” (l. 05).
Alternativas
Q2236900 Português
Autismo: o que é, causas e sintomas 






(Disponível em: https://catracalivre.com.br/saude-bem-estar/autismo-o-que-e-causas-e-sintomas/ – texto adaptado especialmente para esta prova).
Assinale a alternativa que poderia substituir, sem prejudicar o sentido do texto, a palavra “estima-se” (l. 05).
Alternativas
Respostas
2036: D
2037: A
2038: B
2039: A
2040: D