Questões de Concurso
Sobre significação contextual de palavras e expressões. sinônimos e antônimos. em português
Foram encontradas 19.007 questões
Uma invenção humana
Vejo a literatura como um instrumento excepcional da nossa civilização. Ela ajuda a esclarecer o mundo. Quem nós somos? Quem nós fomos? Lendo a Ilíada, você pode imaginar quais foram os sentimentos de Aquiles ou de Príamo. Você se pergunta: “Por que esse fervor pela narrativa?”. Porque o ser humano precisou narrar, para que os fatos da vida, da poética do cotidiano, não desaparecessem. Enquanto o ser humano forjava a sua civilização, dava combate aos deuses e procurava entender em que caos estava imerso, ele contava histórias. Para que nada se perdesse. Não havia bibliotecas. No caso de Homero, os aedos – e quase podíamos intitulá-los os poetas da memória – memorizavam tudo para que os fatos humanos não se perdessem. E, assim, a angústia em relação à apreensão da vida real, o real humano, visível, intangível, esteve presente em todas as civilizações. Nas nossas Américas, por exemplo, houve entre os incas uma categoria social, a dos amautas, que tinha por finalidade única memorizar. Memorizar para que os povos não se esquecessem das suas próprias histórias. Quer dizer, a literatura não foi uma invenção dos escritores, gosto muito de enfatizar isso. Foi uma invenção humana.
Milhões de pessoas já leram Dom Quixote. Milhões, em diferentes línguas. Mas é o mesmo livro para diferentes leitores. Isso prova que a literatura dá visibilidade a quem somos, a nossos sentimentos mais secretos, mais obscuros, mais desesperados, às esperanças mais condicionais do ser humano. E a literatura conta histórias porque os sentimentos precisam de uma história para que você se dê conta deles. Então, a literatura pensou em dar conta de quem somos, dessa nossa complexidade extraordinária. Porque somos seres fundamentalmente singulares. E, por isso, a literatura é singular.
(Nélida PIÑON. Uma invenção humana – depoimento ao escritor e jornalista José Castello. Rascunho n° 110. Curitiba: 2009. In http://rascunho.com.br/wp-content/uploads/2012/02/ Book_Rascunho_110.pdf. Acesso em 15.11.18. Adaptado)
Uma invenção humana
Vejo a literatura como um instrumento excepcional da nossa civilização. Ela ajuda a esclarecer o mundo. Quem nós somos? Quem nós fomos? Lendo a Ilíada, você pode imaginar quais foram os sentimentos de Aquiles ou de Príamo. Você se pergunta: “Por que esse fervor pela narrativa?”. Porque o ser humano precisou narrar, para que os fatos da vida, da poética do cotidiano, não desaparecessem. Enquanto o ser humano forjava a sua civilização, dava combate aos deuses e procurava entender em que caos estava imerso, ele contava histórias. Para que nada se perdesse. Não havia bibliotecas. No caso de Homero, os aedos – e quase podíamos intitulá-los os poetas da memória – memorizavam tudo para que os fatos humanos não se perdessem. E, assim, a angústia em relação à apreensão da vida real, o real humano, visível, intangível, esteve presente em todas as civilizações. Nas nossas Américas, por exemplo, houve entre os incas uma categoria social, a dos amautas, que tinha por finalidade única memorizar. Memorizar para que os povos não se esquecessem das suas próprias histórias. Quer dizer, a literatura não foi uma invenção dos escritores, gosto muito de enfatizar isso. Foi uma invenção humana.
Milhões de pessoas já leram Dom Quixote. Milhões, em diferentes línguas. Mas é o mesmo livro para diferentes leitores. Isso prova que a literatura dá visibilidade a quem somos, a nossos sentimentos mais secretos, mais obscuros, mais desesperados, às esperanças mais condicionais do ser humano. E a literatura conta histórias porque os sentimentos precisam de uma história para que você se dê conta deles. Então, a literatura pensou em dar conta de quem somos, dessa nossa complexidade extraordinária. Porque somos seres fundamentalmente singulares. E, por isso, a literatura é singular.
(Nélida PIÑON. Uma invenção humana – depoimento ao escritor e jornalista José Castello. Rascunho n° 110. Curitiba: 2009. In http://rascunho.com.br/wp-content/uploads/2012/02/ Book_Rascunho_110.pdf. Acesso em 15.11.18. Adaptado)
Leia o texto para responder à questão.
Clareza, objetividade e sinceridade são as características de quem é assertivo. É ser uma pessoa transparente em intenções e colocações. Olhar no olho ao conversar, voltar-se à pessoa com quem fala (postura) e usar palavras alinhadas à expressão facial e tom de voz firme, claro e moderado revela este aspecto durante a comunicação.
Para Marcos Gross, autor do livro Dicas Práticas de Comunicação: Boas Ideias para os Relacionamentos e os Negócios, são raros os profissionais com essas qualidades, já que a capacidade de ser assertivo está sujeita a situações de poder no ambiente corporativo. “Como ser sincero, quando tenho medo de sofrer retaliações por dizer o que penso?”
Mas, pondera, engolir sapos faz mal à saúde. “Quando um colaborador não se permite expressar suas opiniões, desenvolve gastrite, dores na coluna, alergias, hipertensão, estresse, entre outros problemas”, escreve.
(Camila Pati, “As cinco regras de ouro da boa comunicação”. Exame.
Em: https://exame.abril.com.br. Adaptado)
Considere as passagens do texto:
● ... e tom de voz firme, claro e moderado... (1° parágrafo)
● “Como ser sincero, quando tenho medo de sofrer retaliações...” (2° parágrafo)
● Mas, pondera, engolir sapos faz mal à saúde. (3° parágrafo)
No contexto em que estão empregados, os termos destacados significam, correta e respectivamente:
Leia o texto para responder à questão.
Clareza, objetividade e sinceridade são as características de quem é assertivo. É ser uma pessoa transparente em intenções e colocações. Olhar no olho ao conversar, voltar-se à pessoa com quem fala (postura) e usar palavras alinhadas à expressão facial e tom de voz firme, claro e moderado revela este aspecto durante a comunicação.
Para Marcos Gross, autor do livro Dicas Práticas de Comunicação: Boas Ideias para os Relacionamentos e os Negócios, são raros os profissionais com essas qualidades, já que a capacidade de ser assertivo está sujeita a situações de poder no ambiente corporativo. “Como ser sincero, quando tenho medo de sofrer retaliações por dizer o que penso?”
Mas, pondera, engolir sapos faz mal à saúde. “Quando um colaborador não se permite expressar suas opiniões, desenvolve gastrite, dores na coluna, alergias, hipertensão, estresse, entre outros problemas”, escreve.
(Camila Pati, “As cinco regras de ouro da boa comunicação”. Exame.
Em: https://exame.abril.com.br. Adaptado)
Dois casinhos
O tema da variação linguística, especialmente quando não se trata de casos marcados — bons para preconceitos — é ocasião para interessantes reflexões. É que nela há um cruzamento de fatores de natureza diversa — gramaticais e de posição social dos falantes, pelo menos. Seja pelo cruzamento, seja pela diversidade de fatores, a questão se toma mais complexa. Vale a pena tentar esclarecê-la.
Vejam o que se pôde ler no sisudo Estadão (25 nov. 1999): “Causou constrangimento entre os parlamentares as perguntas da deputada Maria Laura Carneiro à ex-namorada de Fernandinho Beira-Mar, Alda Inês, na CPI do Narcotráfico”.
Se essa construção (com concordância verbal “errada”) ocorresse em conversa ou entrevista, por mais formal que fosse, não causaria espanto. Talvez nem fosse percebida. Aparecendo em texto escrito, e no Estadão, um jornal de linguagem conservadora, fornece elementos para reflexões.
A frase começa com o verbo, eis a questão. Esta estrutura é o fator mais importante para explicar a ausência de concordância (o sujeito é “as perguntas da deputada”). Quem escreveu este texto não escreveria “As perguntas da deputada causou constrangimento”. Mas, invertida a ordem sujeito-verbo, a relação sujeito-predicado se perde para o falante. Para efeito de concordância, importa que não haja nada antes do verbo, ou seja, é como se “causou” fosse um verbo impessoal. Que esteja na dita terceira pessoa do singular não é nem banal nem casual.
Este fenômeno é, de certa forma, o avesso de outro. Ocorrem cada vez mais construções do tipo “A política dessas duas cidades são melhores do que...”, em que o verbo concorda com o nome que está mais próximo (aqui, “duas cidades") e não com seu sujeito (aqui, "a política”). Esta construção é o avesso da outra porque naquela também o verbo concorda com o que está mais próximo: não concorda com nada, já que antes dele não há nada.
Alguns poderiam imaginar que assim se produz confusão de “pensamento”. Pode-se ver facilmente que não. O “pensamento” é claro, ninguém deixa de entender a frase. Há casos em que a forma (a sintaxe) não resolve tudo. Se às vezes a sintaxe não é suficiente para a clareza do que se diz, em outras ela não interfere de forma alguma na compreensão do enunciado, que parece funcionar independentemente da sintaxe.
Talvez o mais importante nessas construções seja a falta de consciência de que se está cometendo um “erro”. É como se esta sintaxe fosse padrão, como se fosse correta, segundo as exigências daquele jornal. Os sociolinguistas ensinam que, quando um “erro” não é mais percebido, então não há mais um “erro”, mas uma nova norma.
Comento brevemente um segundo caso, colhido em coluna do ótimo Tostão (FSP, 28 nov. 1999): “Se o Atlético-MG se iludir de que tem um excepcional time, por causa da vitória sobre o Cruzeiro, e não ter garra e humildade, dança como o Vasco". Para horror de muitos, Tostão não escreveu “tiver”.
Definitivamente, cada vez mais há menos pessoas percebendo que certos verbos deveriam ter um futuro do subjuntivo irregular. O que dizer de sua abolição em penas como as de Tostão?
Pode ser que seja apenas a língua mudando, sem que os falantes percebam.
(POSSENTI, Sírio. Dois casinhos. In :_______portadas línguas. 2. ed.
Curitiba: Criar, 2002. p. 51*53.)
Trocando em miúdos, qualquer pessoa que acorde de manhã, independentemente de quantas horas dormiu, mas não esteja completamente descansada, sofre de insônia.
O sentido da frase não sofrerá alteração, se substituirmos a expressão destacada, na frase, por:
Leia o texto para responder a questão.
Informação é um elemento essencial para nossa sobrevivência e tomada de decisões. É por isso que ninguém se joga, para ganhar tempo, de um edifício de dez andares em vez de descer as escadas; o mesmo acontece com tomadas de decisão. Se uma pessoa deseja viajar de avião para Nova York, ela se informa da hora da partida antes de ir ao aeroporto. Caso contrário, corre o risco de perder o voo.
O bom senso comum, que nessas áreas é aceito por todos, não existe, contudo, no tocante a outro problema de grande importância, que é o aquecimento do nosso planeta, que está em curso. A temperatura média já subiu mais de um grau Celsius desde 1800 e provavelmente vai subir mais dois graus até o fim do século 21.
A probabilidade de que a principal causa desse aquecimento seja a emissão dos gases resultantes da queima dos combustíveis fósseis, do desmatamento e de atividades agrícolas é muito grande, e essa avaliação decorre de inúmeros estudos científicos. As consequências do aquecimento da Terra são muito sérias e já se manifestam, por exemplo, nos desastres climáticos que estão se tornando cada vez mais frequentes.
Para enfrentar o problema, a cooperação internacional é essencial, porque as emissões que causam o aquecimento não respeitam fronteiras. A temperatura na China (o maior país emissor mundial) está subindo por causa de suas próprias emissões, mas também das emissões dos Estados Unidos (o segundo emissor mundial) e vice-versa, bem como das emissões de todos os outros países. O Brasil é responsável por cerca de 3% das emissões mundiais.
Existem outras causas para o aquecimento (e até o resfriamento) da Terra – além das emissões de carbono –, como já aconteceu no passado, como a variação da atividade solar, a inclinação do eixo da Terra, erupções vulcânicas, etc. Mas elas foram todas analisadas pelos cientistas: a ação do homem soma-se a esses eventos naturais e está ocorrendo numa velocidade sem precedentes na história geológica da Terra. Questionar a realidade do problema é uma posição obscurantista, como foi a da Igreja Católica no fim da Idade Média ao negar que a Terra gira em torno do Sol.
(José Goldemberg. “Aquecimento global e desinformação”.https://opiniao.estadao. com.br, 21.01.2019. Adaptado)
Leia o texto para responder a questão.
Está bem difícil a vida de quem mora no Rio de Janeiro e precisa andar na rua. Termômetros digitais mostram uma temperatura que o corpo da gente não registra: a sensação térmica é muito mais alta. Dia desses, vinha caminhando, tentando respirar e, ao mesmo tempo, poupar um pouco as energias para chegar ao meu destino, quando encontrei uma moça, numa sombra de árvore, tentando estimular seu buldogue francês, esparramado no chão, a se levantar e andar. Olhei o relógio, o qual marcava pouco mais de 11h. Ao lado do bichinho, já com meio palmo de língua para fora, havia uma cumbuca cheia de água, que a moça tentava oferecer ao animal e que, naquele momento, estava sendo inútil.
Parei um pouco, sugeri que ela jogasse a água sobre a cabeça do cão, pegasse-o no colo e corresse com ele para casa. O risco de intermação é grande, sobretudo para raças de focinho achatado.
Quando nos despedimos, chamei sua atenção para o perigo que o cão correra e fiz ela me prometer que nunca mais sairia com ele àquela hora no verão. “Eu sei, ele fica plantado em casa, sem sair, por causa deste calor. Não consigo acordar cedo para sair com ele”, confessou-me ela.
(Amelia Gonzalez. “Nossos pets e o aquecimento global”. https://g1.globo.com, 25.01.2019. Adaptado)
Leia o texto para responder a questão.
Está bem difícil a vida de quem mora no Rio de Janeiro e precisa andar na rua. Termômetros digitais mostram uma temperatura que o corpo da gente não registra: a sensação térmica é muito mais alta. Dia desses, vinha caminhando, tentando respirar e, ao mesmo tempo, poupar um pouco as energias para chegar ao meu destino, quando encontrei uma moça, numa sombra de árvore, tentando estimular seu buldogue francês, esparramado no chão, a se levantar e andar. Olhei o relógio, o qual marcava pouco mais de 11h. Ao lado do bichinho, já com meio palmo de língua para fora, havia uma cumbuca cheia de água, que a moça tentava oferecer ao animal e que, naquele momento, estava sendo inútil.
Parei um pouco, sugeri que ela jogasse a água sobre a cabeça do cão, pegasse-o no colo e corresse com ele para casa. O risco de intermação é grande, sobretudo para raças de focinho achatado.
Quando nos despedimos, chamei sua atenção para o perigo que o cão correra e fiz ela me prometer que nunca mais sairia com ele àquela hora no verão. “Eu sei, ele fica plantado em casa, sem sair, por causa deste calor. Não consigo acordar cedo para sair com ele”, confessou-me ela.
(Amelia Gonzalez. “Nossos pets e o aquecimento global”. https://g1.globo.com, 25.01.2019. Adaptado)
Leia o texto para responder a questão.
Sedentários bem alimentados
Pela primeira vez na história de nossa espécie, foi-nos oferecida a possibilidade de comer à larga em todas as refeições e de ganhar a vida sentados o dia inteiro. Obesidade e sedentarismo se tornaram as principais epidemias nos países de renda média e alta, nos quais a praga mortífera do tabagismo começa a ser a duras penas controlada.
Na esteira dessas duas pandemias, caminham a passos apressados hipertensão arterial, diversos tipos de câncer, diabetes, doenças cardiovasculares, problemas ortopédicos, articulares, renais e outras complicações que sobrecarregam o sistema de saúde, encarecem o atendimento e fazem sofrer milhões de pessoas. Nas capitais, 19% dos brasileiros adultos estão obesos e outros 35% têm sobrepeso, ou seja, menos da metade da população cai na faixa do peso considerado saudável.
Na contramão de outros ramos da economia, a incorporação de tecnologia na área médica aumenta o custo do produto final. A assistência a uma população que envelhece mal como a brasileira exigirá recursos de que não dispomos no SUS nem na saúde suplementar.
Esperar as pessoas adoecerem para tratá-las em hospitais e unidades de pronto atendimento é política suicida. Não há saída: ou investimos na prevenção ou, cada vez mais, só os privilegiados terão acesso à medicina moderna.
Nos anos 1960, cerca de 60% dos nossos adultos fumavam, hoje não passam de 10%. Se conseguimos resultado tão impressionante com a dependência química mais feroz que a medicina conhece, não é impossível convencer mulheres, crianças e homens a comer um pouco menos e a andar míseros 40 minutos num dia de 24 horas.
(Drauzio Varella. Folha de S. Paulo, 11.11.2018. www.folha.uol.com.br. Adaptado)
Leia um trecho do romance Anatomia do Paraíso, para responder à questão.
Os bens dos tataravós libaneses: tecidos e aviamentos. Linho, algodão, chita. Botões de todos os tipos, linhas, alfinetes, agulhas e o metro dobrável. Montado em seu jegue, o tataravô ia sozinho comerciar de casa em casa, sítio em sítio, fazenda em fazenda, onde recebia pouso, contava e ouvia histórias. Com o nascimento dos filhos brasileiros, passou a levar consigo o mais velho, bisavô de Félix, quando ele tinha sete anos.
De noite, na sua casa em Belo Horizonte, o pai de Félix lhe contava a história dos antepassados enquanto consertava joias das clientes da sua loja de antiguidades. Durante as tardes solitárias, a bisavó lhe mostrava o bauzinho de veludo bordô e contava a história de cada joia que ele já tinha guardado e a situação em que havia sido vendida para o estabelecimento da família no Brasil. Um anel de brilhante se foi na compra do jegue e da primeira leva de mercadoria; um bracelete, na reforma da casa antes do nascimento do terceiro filho.
Depois dos acidentes vasculares, ela não conseguia falar mais do que poucas palavras, e estas serviam de evocação para as histórias que Félix conhecia de cor. Ele era pequeno, carregava o baú pela casa, cheio de vidros coloridos, e o exibia dizendo: “meu tesouro”. Era um bauzinho feito de cedro, com tiras de latão, e o estofamento interno, de veludo bordô, era o que mais encantava Félix. Protegido da luz ao longo dos anos, ele continuava brilhante e macio.
As joias foram o bilhete de entrada do casal no Brasil. O que veio depois foi trabalho, trabalho e trabalho; e filhos. Mas então já tinham um jegue e a primeira leva de mercadorias.
E aconteceu de Félix ter puxado a voz aveludada do outro ramo da família, de portugueses para quem aquela terra já era antiga quando os libaneses chegaram: já tinham tirado dela pau, pedra e ouro, criado gado e plantado cana e café. Já tinham sido donos de escravos, matado e sido mortos por eles. Abriram fazendas, ergueram escolas, construíram ferrovias e cemitérios. Terra de homens brutos, domados, esfalfados, trabalho, trabalho e trabalho; e filhos.
(Beatriz Bracher. Anatomia do Paraíso. Editora 34. Adaptado)
Leia a resenha do livro Solar da Fossa, escrito por Toninho Vaz, para responder à questão.
Misto de pensão e apart-hotel da zona sul carioca, o lendário Solar da Fossa serviu, entre 1964 e 1971, de moradia e ponto de encontro para jovens artistas e intelectuais oriundos de diversos cantos do país.
Estes o procuravam não só pelo aluguel acessível, mas também pela considerável liberdade que desfrutavam ali, em pleno regime militar. Paulinho da Viola, Gal Costa, Tim Maia, Ítala Nandi e Paulo Leminski estão entre as dezenas de personagens do livro, cuja narrativa transita pelos 85 apartamentos, revelando detalhes do cotidiano dos moradores, inconfidências e causos divertidos, além de traçar um painel cultural da época.
(Carlos Calado. Guia Folha. Adaptado)
Creio que muito de nossa insistência, enquanto professoras e professores, em que os estudantes “leiam”, num semestre, um sem-número de capítulos de livros, reside na compreensão errônea que às vezes temos do ato de ler. Em minha andarilhagem pelo mundo, não foram poucas as vezes em que jovens estudantes me falaram de sua luta às voltas com extensas bibliografias a serem muito mais “devoradas” do que realmente lidas ou estudadas. Verdadeiras “lições de leitura” no sentido mais tradicional desta expressão, a que se achavam submetidos em nome de sua formação científica e de que deviam prestar contas através do famoso controle de leitura. Em algumas vezes cheguei mesmo a ler, em relações bibliográficas, indicações em torno de que páginas deste ou daquele capítulo de tal ou qual livro deveriam ser lidas: “Da página 15 à 37”.
A insistência na quantidade de leituras sem o devido adentramento nos textos a serem compreendidos, e não mecanicamente memorizados, revela uma visão mágica da palavra escrita. Visão que urge ser superada. A mesma, ainda que encarnada desde outro ângulo, que se encontra, por exemplo, em quem escreve, quando identifica a possível qualidade de seu trabalho, ou não, com a quantidade de páginas escritas. No entanto, um dos documentos filosóficos mais importantes de que dispomos, As teses sobre Feuerbach, de Marx, tem apenas duas páginas e meia...
Parece importante, contudo, para evitar uma compreensão errônea do que estou afirmando, sublinhar que a minha crítica à magicização da palavra não significa, de maneira alguma, uma posição pouco responsável de minha parte com relação à necessidade que temos, educadores e educandos, de ler, sempre e seriamente, os clássicos neste ou naquele campo do saber, de nos adentrarmos nos textos, de criar uma disciplina intelectual, sem a qual inviabilizamos a nossa prática enquanto professores e estudantes.
(Paulo Freire. A importância do ato de ler)
No front da alfabetização, a rede municipal de educação da cidade de São Paulo obteve conquista apreciável: 92% dos alunos sabiam ler e escrever ao término do segundo ano, ante não mais de 77% em 2017. Com isso, a prefeitura estipulou a meta de 85% de alfabetização no primeiro ano, quando as crianças em geral têm seis anos.
Uma ousadia, quando se tem em vista que, até recentemente, a diretriz nacional se limitava a preconizar leitura e escrita até o final do terceiro ano. Só em 2018, com a Base Nacional Comum Curricular, esse objetivo foi antecipado para o segundo ano, algo que a rede paulistana já havia adotado com um ano de antecedência.
Fica assim comprovado, na experiência de São Paulo, que metas ambiciosas nada têm de incompatível com progresso de aprendizado – ao contrário. Em particular no campo da alfabetização, base de tudo que virá a seguir, um nível alto de exigência dará motivação extra para educadores e estudantes se aplicarem mais.
Conforme se avança no ensino fundamental, contudo, os descaminhos e a leniência do passado se fazem manifestar nos parcos resultados obtidos por estudantes em provas padronizadas.
A deficiência manifesta-se em todas as grandes áreas de conhecimento. Quando concluem o quinto ano, final da fase 1 do fundamental, só 39% das meninas e dos meninos alcançam desempenho satisfatório em língua portuguesa. Pior, são apenas 27% em matemática e 20% em ciências.
A perda agrava-se na fase seguinte. Quando saem do fundamental 2, no nono ano, apenas 25% dos estudantes estão no nível adequado de língua. E há inaceitáveis 10% e 9% nessa faixa de desempenho, respectivamente, nas áreas de matemática e ciências naturais, o que torna fácil de entender o desastre que hoje se observa no ensino médio.
Não deixa de ser animador constatar que ao menos nos fundamentos do aprendizado – a alfabetização – houve avanço em São Paulo. Mas a cidade mais populosa e rica do país ainda precisa fazer mais e melhor por suas crianças e jovens.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 02.01.2019. Adaptado)
No front da alfabetização, a rede municipal de educação da cidade de São Paulo obteve conquista apreciável: 92% dos alunos sabiam ler e escrever ao término do segundo ano, ante não mais de 77% em 2017. Com isso, a prefeitura estipulou a meta de 85% de alfabetização no primeiro ano, quando as crianças em geral têm seis anos.
Uma ousadia, quando se tem em vista que, até recentemente, a diretriz nacional se limitava a preconizar leitura e escrita até o final do terceiro ano. Só em 2018, com a Base Nacional Comum Curricular, esse objetivo foi antecipado para o segundo ano, algo que a rede paulistana já havia adotado com um ano de antecedência.
Fica assim comprovado, na experiência de São Paulo, que metas ambiciosas nada têm de incompatível com progresso de aprendizado – ao contrário. Em particular no campo da alfabetização, base de tudo que virá a seguir, um nível alto de exigência dará motivação extra para educadores e estudantes se aplicarem mais.
Conforme se avança no ensino fundamental, contudo, os descaminhos e a leniência do passado se fazem manifestar nos parcos resultados obtidos por estudantes em provas padronizadas.
A deficiência manifesta-se em todas as grandes áreas de conhecimento. Quando concluem o quinto ano, final da fase 1 do fundamental, só 39% das meninas e dos meninos alcançam desempenho satisfatório em língua portuguesa. Pior, são apenas 27% em matemática e 20% em ciências.
A perda agrava-se na fase seguinte. Quando saem do fundamental 2, no nono ano, apenas 25% dos estudantes estão no nível adequado de língua. E há inaceitáveis 10% e 9% nessa faixa de desempenho, respectivamente, nas áreas de matemática e ciências naturais, o que torna fácil de entender o desastre que hoje se observa no ensino médio.
Não deixa de ser animador constatar que ao menos nos fundamentos do aprendizado – a alfabetização – houve avanço em São Paulo. Mas a cidade mais populosa e rica do país ainda precisa fazer mais e melhor por suas crianças e jovens.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 02.01.2019. Adaptado)
Considere as passagens do texto:
• ... a diretriz nacional se limitava a preconizar leitura e escrita até o final do terceiro ano. (2° parágrafo)
• Conforme se avança no ensino fundamental, contudo, os descaminhos e a leniência do passado se fazem manifestar nos parcos resultados obtidos por estudantes em provas padronizadas. (4° parágrafo)
Os termos em destaque significam, correta e respectivamente:
Leia o texto para responder à questão.
No front da alfabetização, a rede municipal de educação da cidade de São Paulo obteve conquista apreciável: 92% dos alunos sabiam ler e escrever ao término do segundo ano, ante não mais de 77% em 2017. Com isso, a prefeitura estipulou a meta de 85% de alfabetização no primeiro ano, quando as crianças em geral têm seis anos.
Uma ousadia, quando se tem em vista que, até recentemente, a diretriz nacional se limitava a preconizar leitura e escrita até o final do terceiro ano. Só em 2018, com a Base Nacional Comum Curricular, esse objetivo foi antecipado para o segundo ano, algo que a rede paulistana já havia adotado com um ano de antecedência.
Fica assim comprovado, na experiência de São Paulo, que metas ambiciosas nada têm de incompatível com progresso de aprendizado – ao contrário. Em particular no campo da alfabetização, base de tudo que virá a seguir, um nível alto de exigência dará motivação extra para educadores e estudantes se aplicarem mais.
Conforme se avança no ensino fundamental, contudo, os descaminhos e a leniência do passado se fazem manifestar nos parcos resultados obtidos por estudantes em provas padronizadas.
A deficiência manifesta-se em todas as grandes áreas de conhecimento. Quando concluem o quinto ano, final da fase 1 do fundamental, só 39% das meninas e dos meninos alcançam desempenho satisfatório em língua portuguesa. Pior, são apenas 27% em matemática e 20% em ciências.
A perda agrava-se na fase seguinte. Quando saem do fundamental 2, no nono ano, apenas 25% dos estudantes estão no nível adequado de língua. E há inaceitáveis 10% e 9% nessa faixa de desempenho, respectivamente, nas áreas de matemática e ciências naturais, o que torna fácil de entender o desastre que hoje se observa no ensino médio.
Não deixa de ser animador constatar que ao menos nos fundamentos do aprendizado – aalfabetização – houve avanço em São Paulo. Mas a cidade mais populosa e rica do país ainda precisa fazer mais e melhor por suas crianças e jovens.
(Editorial. Folha de S.Paulo, 02.01.2019. Adaptado)
Considere as passagens do texto:
• … a diretriz nacional se limitava a preconizar leitura e escrita até o final do terceiro ano. (2º parágrafo)
• Conforme se avança no ensino fundamental, contudo, os descaminhos e a leniência do passado se fazem manifestar nos parcos resultados obtidos por estudantes em provas padronizadas. (4º parágrafo)
Os termos em destaque significam, correta e respectivamente: