Questões de Português - Sintaxe para Concurso
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Texto para responder às questões de 01 a 10.
O rapaz e ela se olharam por entre a chuva e se reconheceram como dois nordestinos, bichos da mesma espécie que se farejam. Ele a olhara enxugando o rosto molhado com as mãos. E a moça, bastou-lhe vê-lo para torná-lo imediatamente sua goiabada-com-queijo.
Ele... Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe:
– E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear?
– Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa antes que ele mudasse de ideia.
– E, se me permite, qual é mesmo a sua graça?
– Macabéa.
– Maca – o quê?
– Béa, foi ela obrigada a completar.
– Me desculpe, mas até parece doença, doença de pele.
– Eu também acho esquisito, mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome que ninguém tem mas parece que deu certo – parou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor – pois como o senhor vê eu vinguei... pois é...
– Também no sertão da Paraíba promessa é questão de grande dívida de honra.
Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de ferragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas, parafusos grandes e pregos. E Macabéa, com medo de que o silêncio já significasse uma ruptura, disse ao recém-namorado:
– Eu gosto tanto de parafuso e prego, e o senhor?
Da segunda vez em que se encontraram caía uma chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos se darem as mãos caminhavam na chuva que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.
Da terceira vez que se encontraram – pois não é que estava chovendo? – o rapaz, irritado e perdendo o leve verniz de finura que o padrasto a custo lhe ensinara, disse-lhe:
– Você também só sabe é mesmo chover!
– Desculpe.
Mas ela já o amava tanto que não sabia mais como se livrar dele, estava em desespero de amor.
Numa das vezes em que se encontraram ela afinal perguntou-lhe o nome.
– Olímpico de Jesus Moreira Chaves – mentiu ele porque tinha como sobrenome apenas o de Jesus, sobrenome dos que não têm pai. Fora criado por um padrasto que lhe ensinara o modo fino de tratar pessoas para se aproveitar delas e lhe ensinara como pegar mulher.
— Eu não entendo o seu nome — disse ela. — Olímpico?
Macabéa fingia enorme curiosidade escondendo dele que ela nunca entendia tudo muito bem e que isso era assim mesmo. Mas ele, galinho de briga que era, arrepiou-se todo com a pergunta tola e que ele não sabia responder. Disse aborrecido:
– Eu sei mas não quero dizer!
– Não faz mal, não faz mal, não faz mal... a gente não precisa entender o nome.
[...] Olímpico de Jesus trabalhava de operário numa metalúrgica e ela nem notou que ele não se chamava “operário” e sim “metalúrgico”. Macabéa ficava contente com a posição social dele porque tinha orgulho de ser datilógrafa, embora ganhasse menos que o salário mínimo. Mas ela e Olímpico eram alguém no mundo. “Metalúrgico e datilógrafa” formavam um casal de classe.
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, 30 jan. p. 43 - 45. (Fragmento)
Sobre os elementos destacados do fragmento “– Eu também acho esquisito, mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte”, leia as afirmativas.
I. O uso do pronome em BOTOU ELE atende ao padrão culto da língua.
II. O modo das formas verbais ACHO e BOTOU é determinado sobretudo pelas hipóteses que se verificam entre o conteúdo das orações.
III. Apalavra MAS é uma conjunção coordenativa.
Está correto apenas o que se afirma em
Assinale a alternativa que apresenta a concordância verbal correta:
Instrução: as questões de 01 a 08 referem-se ao texto ‘Pokemon Go’ não é destinado às crianças, de Rosely Sayão.
'POKEMON GO' NÃO É DESTINADO ÀS CRIANÇAS
Rosely Sayão
1 ______ Muitos pais se afetam tanto com os caprichos dos filhos. O capricho atual é jogar "Pokemon Go". Então vamos
2 enfrentar a fera, já que inúmeros pais querem saber se deixam o filho ter o jogo, qual a idade para começar, se pode
3 prejudicar, se pode beneficiar, qual o tempo que se deve permitir que a criança se dedique ao jogo, como fazer para ela
4 aceitar o limite de tempo etc.
5 _______Um pai pegou um táxi só para que o filho conseguisse caçar uma determinada criatura do jogo, outro deixou a filha
6 de 11 anos ir até um lugar que considera perigoso porque ela estava acompanhada de outras colegas e "precisava" muito
7 ganhar um ovo virtual. O pai ficou preocupado, mas permitiu. Assim fica difícil!
8 ______Meus caros pais, um jogo é um jogo, apenas isso. As características desse em particular revelam que ele não é
9 destinado às crianças. Quantas delas saem para o espaço público desacompanhadas de um adulto na "vida real"? Como
10 nossas crianças são jovens desde os primeiros anos de vida, porém, foram capturadas pela sensação do momento. Mas os
11 pais devem ter suas referências, e não abdicar delas só porque a atividade virou febre social.
12 _____O primeiro passo é conhecer o jogo: como funciona, quais as metas, o que o filho deve fazer para alcançá-las. Se,
13 para a família, ele não é inconveniente, não transgride os princípios priorizados, não apresenta imagens ou atos que ela não
14 aceite, ela pode permitir que o filho brinque. Não é preciso aprender a jogar ou apreciar, mas é necessário conhecer os
15 princípios básicos do aplicativo antes de permiti-lo.
16 _____O segundo passo é avaliar o tempo que o filho tem em seu cotidiano para ajudá-lo a administrar isso entre todas as
17 atividades e ainda ter tempo para ficar sem fazer nada. Como há crianças mais rápidas e outras que dedicam mais tempo a
18 cada atividade, não é possível determinar um tempo padrão. Aqueles que fazem tudo mais rapidamente não podem dedicar
19 tanto tempo ao jogo; os que fazem tudo mais tranquilamente, porém, podem brincar mais, por exemplo.
20 _____Uma coisa é certa: a criança e o jovem têm muito o que fazer e pensar, por isso não podem se limitar a uma
21 atividade específica. Caros pais, observem o tamanho e a complexidade do mundo que eles precisam conhecer!
22 ____+Quando uma criança ou jovem gosta muito de algo, seja por iniciativa pessoal ou por adesão do grupo, é fácil para
23 ele ficar horas e horas só naquilo, prejudicando todo o resto. Os pais não devem permitir. Para tanto, devem fazer valer sua
24 autoridade, dizendo "agora chega". Isso vale para tudo, porque os mais novos ainda não têm ou estão desenvolvendo seu
25 índice de saciedade. E o "agora chega" dos pais ajuda muito a estabelecer esse limite.
26 _____Os filhos vão reclamar, choramingar, brigar, implorar, insistir, tentar negociar, seduzir, propor trocas, chantagear.
27 São as estratégias que têm para alcançar o que querem. E são, portanto, legítimas.
28 _____Os pais precisam bancar tudo isso e firmar sua decisão, mesmo que seja para aguentar cara feia. Aliás, os filhos
29 sabem muito bem que isso costuma funcionar. Mas cara feia passa, lembram disso?
30 _____Por fim, é importante ensinar, nas entrelinhas, que não é bom se tornar escravo de um capricho, de um gosto, de
31 uma diversão. É muito melhor prepará-los para que sejam autônomos e livres, não é?.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2016/08/1803351-pokemon-go-nao-e-destinado-as-criancas.shtml. Acessado em 24 setembro 2016.
Considere as seguintes propostas de alterações no texto.
I) Na frase Muitos pais se afetam tanto com os caprichos dos filhos (linha 01), substituir a palavra tanto por demais.
II) Substituir a vírgula da linha 05 por ponto-e-vírgula.
III) Retirar os dois-pontos da linha 12.
IV) Substituir a palavra saciedade (linha 25) por saturação.
Quais alterações não mudariam o sentido do texto?
AS QUESTÕES DE 1 A 10 ESTÃO RELACIONADAS AO TEXTO ABAIXO
Quando o sentido é subvertido
- O consumismo, isto é, a compra exagerada, a acumulação irrestrita e a substituição precoce
- dos bens de consumo é uma marca da nossa sociedade. A sedução e o efêmero orientam a frenética
- renovação do que existe e a criação de novas necessidades. Entre outros problemas, essa dinâmica
- gera a exploração predatória dos recursos naturais, o sofrimento dos animais não humanos, a
- naturalização do desperdício e a supressão da singularidade do indivíduo.
- Atualmente, a mentalidade consumidora infiltrou-se nos relacionamentos, na espiritualidade,
- na política e até na ordenação do tempo disponível. Assim, de modo geral, as pessoas têm suas vidas
- mercantilizadas, isto é, orientadas pelos princípios e lógica do mercado. Portanto não é de se
- estranhar que elas busquem nos bens de consumo, dentre outras coisas, a resposta às suas questões
- existenciais.
- Uma característica do ethos consumista atual é o que Gilles Lipovetsky denomina consumo
- experiência. Três dos seus aspectos são: 1) a busca por aventuras em locais que prometem o
- inesperado sem abrir mão do conforto e da segurança; 2) a procura por sensações novas nas
- mercadorias; e 3) a conquista da harmonia interior sem esforço e de modo imediato. Entretanto, os
- produtos e serviços que se enquadram nesse tipo de consumo, quando não esvaziam o sentido do que
- é vendido, o subvertem. Para mostrar isso, devemos pensar a razoabilidade destes para além do viés
- empreendedor-consumista. Vejamos alguns exemplos.
- Creio que todos já fizeram ou ouviram falar em piquenique. Pois bem, na cidade de São
- Paulo, um local vende a ideia dessa experiência sem inconvenientes e sem preocupações, que pode
- ser um ambiente com paredes decoradas, um teto feito com guarda-chuvas coloridos, algumas mesas
- de madeira postadas sobre uma grama artificial. A cesta de alimentos é fornecida pela própria casa.
- Mas será que este serviço entrega o que promete?
- Neste espaço, não precisamos planejar nada, não tomaremos uma eventual chuva, estaremos
- mais protegidos de um assalto e sequer nos preocuparemos com formigas que possam nos picar.
- Porém, é fato que isso subverte a experiência do piquenique, na medida em que a empobrece e a
- reduz enormemente. Ora, a graça do piquenique está nas descobertas que um ambiente não
- controlado proporciona, no planejamento do que levar, no pé na terra ou na grama real - enfim, é o
- contato com a natureza. Colocando de outra forma, esse tipo de serviço subverte a aventura real, pois
- o sentido dessa conflita com o que é controlado e seguro. Desse modo, esse piquenique não passa de
- um simulacro.
- O segundo aspecto do consumo experiencial é refletido pela onda gourmetizadora, que
- chegou até à pipoca! A versão gourmet da pipoca tem diversos sabores, vem dentro de latas
- decoradas, é exposta em carrinhos bem acabados e custa, muitas vezes, muito mais que a
- convencional. Na página de uma das marcas desse produto (procure no Google por pipoca gourmet),
- a criadora diz que pensou em proporcionar ao freguês uma experiência diferenciada, não só através
- da pipoca, mas também por meio de uma embalagem que envolve e encanta o cliente.
- Embora especiarias tenham sido adicionadas e a apresentação da pipoca seja diferente, isso
- não é razoável. Primeiramente porque você vai consumir um produto frio e que não é fresco, pois não
- é feito na hora. Ao criar-se uma atmosfera mágica em torno da pipoca, vende-se algo que esta não
- pode entregar, pois os signos e imagens a ela associados excedem as suas qualidades efetivas. Mais
- que isso, a versão gourmet não é superior à convencional, ela é apenas diferente. Desse modo, como
- na maioria dos produtos gourmetizados, o conceito excede o produto.
- O mercado também atende àqueles que querem a solução dos seus conflitos e conforto
- psíquico de modo rápido e fácil. A proliferação dos livros de autoajuda nas livrarias, que lotam as
- prateleiras e têm um lugar de destaque, é um exemplo disso. Em geral, duas são as ideias implícitas
- nos livros de autoajuda: a) receitas de felicidade e sucesso podem ser compradas e; b) seguindo o
- ensinamento destes livros, o sujeito, por meio da sua vontade, vai saber lidar e solucionar os
- problemas que o atingem.
- Talvez os manuais de autoajuda sirvam como paliativos - mas, eles não podem entregar o
- que prometem, pois esquemas prontos não respondem à singularidade do indivíduo. Ao venderem a
- ideia de que a conquista da felicidade só depende do leitor, não se considera que o sujeito está imerso
- num contexto onde existem variáveis que atuam em sua vida e que podem não serem controladas.
- Em parte, o consumo experiencial explica-se como um sintoma de uma sociedade que
- almeja a euforia perpétua, legitima os simulacros publicitários, festeja toda e qualquer novidade
- mercadológica, quer saúde física e mental rapidamente e sem esforço... Enfim, que procura a razão
- do seu existir no mercado. Contudo, esses produtos e serviços não têm razoabilidade, tendo em vista
- que se apropriam de atividades e ideias e as subvertem, espetacularizam o banal, e vendem a falsa
- ideia que a felicidade pode ser comprada. Isso evidencia o empobrecimento subjetivo e a
- heteronomia do sujeito nestas relações mercantis.
Quando o sentido é subvertido, Daniel Borgon. FILOSOFIA, Ciência & Vida, Ano IX, nº 120, p.72.
Marque a alternativa cuja oração tenha o mesmo valor sintático de “variáveis” (L.52).
Para responder às questões de 6 a 10, leia os quadrinhos a seguir.
Das palavras a seguir, retiradas do primeiro quadrinho, qual delas introduz uma subordinação?
Para responder às questões de 1 a 5, leia o texto abaixo.
Tomada de decisão
O que um administrador faz é tomar decisões. No seu dia a dia, dentre outras funções e atividades secundárias, o que um gestor da pequena empresa faz é apurar as informações provenientes dos relatórios e identificar a melhor alternativa.
O planejamento é crucial para uma decisão concisa e adequada, o que, porém, não garante o acerto. Existirá sempre uma probabilidade de erro e, dessa maneira, o risco deve ser administrado da melhor maneira possível.
Em um contexto corporativo, muitos observam somente seus objetivos para tomar suas decisões – o que é um procedimento aceitável, desde que se deseje administrar sempre com o foco no curto prazo, como um bombeiro ao apagar um incêndio. Os gestores devem se preocupar com o longo prazo, com decisões que irão render frutos no futuro e, dessa maneira, que colaborem para relações mais lucrativas e projetos mais estáveis.
Temos 4 regras primordiais para o processo decisório:
1. Tenha vontade de decidir;
2. Não tome decisões desnecessárias;
3. Procure não decidir precocemente;
4. Evite chegar a uma conclusão tarde demais.
Identificamos que uma simples decisão de comprar um produto à vista ou a prazo pode prejudicar a organização. Internalizar tais questões e abranger toda a organização nesse processo poderá facilitar o trabalho do administrador da pequena empresa, contudo a palavra final é sempre dele.
Decisões muito precoces podem prejudicar a organização, ou por revelarem estratégias corporativas para os concorrentes, ou por deixarem vazar alguma informação sigilosa.
Em contrapartida, decisões tomadas tarde demais também podem prejudicar a organização. O gestor da pequena empresa deve estar antenado com o mercado para novas tecnologias e processos, para qual tendência de consumo ele está se dirigindo.
O administrador que objetiva somente o lucro de sua organização está com o que especialistas denominam visão estratégica míope, ou seja, com dificuldades de estabelecer projetos de longo prazo. Para colher bons frutos, o administrador deve plantar boas sementes na época correta, como contratar profissionais competentes, ter um produto de qualidade e se posicionar ativamente no mercado.
Tais decisões irão desencadear um processo de agregação de valor e maior entrada de recursos de maneira secundária e, com certeza, serão mais lucrativas a longo prazo. Portanto, o administrador deve ponderar como tal processo pode ser construído, para que suas decisões sejam elaboradas com argumentos concretos.
( www.portaleducacao.com.br)
Releia e analise esta passagem do texto:
Para colher bons frutos, o administrador deve plantar boas sementes na época correta [...]
Com relação à regência dos verbos "colher" e "plantar", no contexto em que eles aparecem na passagem acima, assinale a alternativa totalmente correta.
Leia com atenção o texto a seguir para responder às questões de 01 a 08.
Texto I - Desperdício de Água
Hoje, no Dia Mundial da Água, os brasileiros precisam refletir sobre uma triste realidade: o desperdício de água potável em todos os setores, desde as empresas de saneamento até o cotidiano das famílias e das indústrias. O número é alarmante, mas 35,7% de toda água tratada se perdem em virtude de vazamentos, ligações clandestinas, falta de medição ou medições incorretas no consumo. A pesquisa “Perdas de Água: Entraves ao Avanço do Saneamento Básico e Riscos de Agravamento à Escassez Hídrica no Brasil”, realizada pelo Instituto Trata Brasil, aponta que a simples economia de 10% da água perdida geraria uma receita extra anual de R$ 1,3 bilhão, valor equivalente a 42% do investimento realizado em abastecimento de água em todo o Brasil em 2010.
O mapa do desperdício revela que na Região Norte 51,55% de toda água tratada acaba se perdendo, enquanto na Região Nordeste o índice fica em 44,93%, na Região Centro-Oeste está em 32,59% e no Sudeste é de 35,19%. O menor desperdício está na Região Sul, com 32,29% de toda água tratada se perdendo. O fato é que o planeta não tem muito o que comemorar no Dia Mundial da Água, data criada em 1993, durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), como forma de dar vida à proposta apresentada um ano antes, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que aconteceu no Rio de Janeiro e culminou com a elaboração da Agenda 21.
Lamentavelmente, desde o dia 22 de março de 1993, pouca coisa tem mudado em relação ao desperdício de água no planeta e, mais grave, os governantes têm feito muito pouco para preservar os mananciais hídricos, tanto que até mesmo em regiões bem abastecidas já começam a ocorrer ações de racionamento em virtude do uso indevido da água potável. A iniciativa da ONU é louvável, mas não gera resultados práticos por falta de vontade e, sobretudo, de comprometimento governamental com as políticas públicas de preservação das riquezas naturais.
(Em: <http://www.progresso.com.br/editorial/desperdicio-de-agua-21-03-2013-17, com adaptações.> Acesso em: 14/05/13.)
Do ponto de vista sintático, marque a alternativa correta sobre a oração: “A iniciativa da ONU é louvável”.
Contemplando o rosto do outro
asd Está nas livrarias o álbum de fotos de Vivian Maier. [...] Paisagens urbanas, pessoas e costumes americanos, registrados entre as décadas de 1950 e 1990. Essas fotos foram descobertas pelo historiador John Maloof que, em 2007, arrematou em leilão a caixa que guardava os negativos (a fotógrafa perdera o direito de acesso à caixa, por não ter dinheiro para resgatá-la do guarda-volumes em que a mantivera).
asd Vivian Maier era governanta de família rica de Chicago que depois se transferiu para Nova York. Sozinha pelas ruas da cidade, fotografava, com sua Rolleiflex, o que a interessava e que nunca mostrou a ninguém. Ela montou assim um mapa antropológico da América do pós-guerra, um mundo de classe média afluente, de miseráveis nas esquinas, de crianças sujas e mulheres de casacos de pele, de pilhas de caixotes abandonados e estações de metrô cheias de gente. Inspirada, Vivian Maier fotografou-se a si mesma, usando vitrines e espelhos de lojas, bem como sua própria sombra na calçada.
asd Ignorante do resto do mundo, Vivian Maier [...] era apenas intuitiva e curiosa, procurava na rua o que não via na casa de família em que trabalhava. O que não conhecia.
asd Um fotógrafo culto como Sebastião Salgado apoia seu assunto (os deserdados) em composições de espaço e de coisas, nuvens, florestas, montanhas que são alvos simultâneos de sua obra. A superfície artística do objeto de seu foco. Franceses como Pierre Verger e Raymond Depardon, que se dedicaram a registrar a África e os africanos, o fizeram por amor ao que fotografavam, mais que por fidelidade ideológica ou dever de ofício.
asd [...] É assim que Vivian Maier procura oferecer a ela mesma (posto que não contava com espectadores) o entendimento do outro. [...] Quando a câmera fotográfica foi inventada, em 1839, seu objetivo era esse mesmo. Como estamos em meados do século 19, o rosto do outro preferencial era, em geral, o de um herói público, de uma estrela do teatro, de uma família nobre (Dom Pedro II, um entusiasta da novidade tecnológica, se deixou fotografar perplexo diante das Pirâmides do Egito, em sua viagem particular ao Oriente Médio).
asd A morte democratizou o rosto que a câmera devia procurar. O húngaro Robert Capa, cobrindo guerras na primeira metade do século 20, inaugurou esse viés com seu célebre registro do momento da morte de um anônimo republicano espanhol, atingido por bala franquista. Essa foto ilustrou reportagem da revista Life, no ano de 1937, excitando o mundo inteiro com o glamour da miséria humana. Capa e parceiros inauguravam um novo jeito de fotografar o homem e o mundo. Ou o homem no mundo. Com dor.
asd Foi só por aí que a fotografia começou a ser reconhecida como arte, mesmo que saibamos do valor das fotos históricas anteriores a esse tempo, uma descoberta de nós mesmos no passado. Como nas de Marc Ferrez ou Augusto Malta, registros do Rio de Janeiro do final do século 19. Ou como na foto de Antonio Luiz Ferreira de missa no Campo de São Cristóvão, em 17 de maio de 1888, festa religiosa pela Abolição da Escravatura. Nessa última, pesquisadores do Portal Brasiliana Fotográfica identificaram recentemente o rosto de Machado de Assis, no meio de uma multidão de 30 mil pessoas.
asd Em seu livro sobre fotografia, “Regarding the pain of others” (numa tradução livre, “Contemplando a dor de outros”), Susan Sontag escreve que “a fotografia é como uma citação, uma máxima, um provérbio”, aludindo ao efeito de permanência das fotos, uma tradição nova da qual o homem não pode mais escapar. Nem tem razão para isso. [...]
Cacá Diegues, O Globo, 21/06/2015.
1º Caderno. Opinião. Excerto.
No tocante à concordância verbal, o uso da língua portuguesa está adequado à situação formal, respeitando as regras gramaticais estabelecidas para a norma escrita padrão na seguinte frase:
Escolha uma das palavras dos parênteses para completar cada uma das frases. Após marque a sequência correta.
I – A receita indica ______________ gramas de queijo parmesão ralado. (trezentas / trezentos)
II - ______ eczema está cada vez mais aparente. ( O / A)
III – Foi enviado telegrama de ____________ para a família enlutada. (pêsames / pêsame)
IV - ______ champanha foi servido bem gelado. (O /A)
V - _____ omoplata foi deslocada com o impacto. (O / A)
VI – Esqueci _________ óculos em casa. (meu / meus)
Texto para responder às questões de 01 a 14.
Uma velhinha
___Quem me dera um pouco de poesia, esta manhã, de simplicidade, ao menos para descrever a velhinha do Westfália! É uma velhinha dos seus setenta anos, que chega todos os dias ao Westfália (dez e meia, onze horas), e tudo daquele momento em diante começa a girar em torno dela. Tudo é para ela. Quem nunca antes a viu, chama o garçom e pergunta quem ela é. Saberá, então, que se trata de uma velhinha “de muito valor”, professora de inglês, francês e alemão, mas “uma grande criadora de casos”.
___Não é preciso perguntar de que espécie de casos, porque, um minuto depois, já a velhinha abre sua mala de James Bond, de onde retira, para começar, um copo de prata, em seguida, um guardanapo, com o qual começa a limpar o copo de prata, meticulosamente, por dentro e por fora. Volta à mala e sai lá de dentro com uma faca, um garfo e uma colher, também de prata. Por último o prato, a única peça que não é de prata. Enquanto asseia as “armas” com que vai comer, chama o garçom e manda que leve os talheres e a louça da casa. Um gesto soberbo de repulsa.
___O garçom (brasileiro) tenta dizer alguma coisa amável, mas ela repele, por considerar (tinha razão) a pronúncia defeituosa. E diz, em francês, que é uma pena aquele homem tentar dizer todo dia a mesma coisa e nunca acertar. Olha-nos e sorri, absolutamente certa de que seu espetáculo está agradando, Pede um filete recomenda que seja mais bem do que malpassado. Recomenda pressa, enquanto bebe dois copos de água mineral. Vem o filet e ela, num resmungo, manda voltar, porque está cru. Vai o filet, volta o filet e ela o devolve mais uma vez alegando que está assado demais. Vem um novo filet e ela resolve aceitar, mas, antes, faz com os ombros um protesto de resignação.
___Pela descrição, vocês irão supor que essa velhinha é insuportável. Uma chata. Mas não. É um encanto. Podia ser avó da Grace Kelly. Uma mulher que luta o tempo inteiro pelos seus gostos. Não negocia sua comodidade, seu conforto. Não confia nas louças e nos talheres daquele restaurante de aparência limpíssima. Paciência, traz de sua casa, lavados por ela, a louça, os talheres e o copo de prata. Um dia o garçom lhe dirá um palavrão? Não acredito. A velhinha tão bela e frágil por fora, magrinha como ela é, se a gente abrir, vai ver tem um homem dentro. Um homem solitário, que sabe o que quer e não cede “isso” de sua magnífica solidão.
(MARIA, Antônio. “Com Vocês, Antônio Maria”. Rio de Janeiro: Editora Paze Terra, 1964, p. 262.)
“Não NEGOCIA sua comodidade..." (§ 4)
O verbo em maiúsculas acima faz parte de um modelo de flexão com possibilidade de ditongação no radical: são os verbos terminados no infinitivo em -iar e -ear. Assim, pode-se afirmar que está em desacordo com o padrão culto de flexão o verbo em destaque na seguinte frase:
Texto para responder às questões de 01 a 14.
Uma velhinha
___Quem me dera um pouco de poesia, esta manhã, de simplicidade, ao menos para descrever a velhinha do Westfália! É uma velhinha dos seus setenta anos, que chega todos os dias ao Westfália (dez e meia, onze horas), e tudo daquele momento em diante começa a girar em torno dela. Tudo é para ela. Quem nunca antes a viu, chama o garçom e pergunta quem ela é. Saberá, então, que se trata de uma velhinha “de muito valor”, professora de inglês, francês e alemão, mas “uma grande criadora de casos”.
___Não é preciso perguntar de que espécie de casos, porque, um minuto depois, já a velhinha abre sua mala de James Bond, de onde retira, para começar, um copo de prata, em seguida, um guardanapo, com o qual começa a limpar o copo de prata, meticulosamente, por dentro e por fora. Volta à mala e sai lá de dentro com uma faca, um garfo e uma colher, também de prata. Por último o prato, a única peça que não é de prata. Enquanto asseia as “armas” com que vai comer, chama o garçom e manda que leve os talheres e a louça da casa. Um gesto soberbo de repulsa.
___O garçom (brasileiro) tenta dizer alguma coisa amável, mas ela repele, por considerar (tinha razão) a pronúncia defeituosa. E diz, em francês, que é uma pena aquele homem tentar dizer todo dia a mesma coisa e nunca acertar. Olha-nos e sorri, absolutamente certa de que seu espetáculo está agradando, Pede um filete recomenda que seja mais bem do que malpassado. Recomenda pressa, enquanto bebe dois copos de água mineral. Vem o filet e ela, num resmungo, manda voltar, porque está cru. Vai o filet, volta o filet e ela o devolve mais uma vez alegando que está assado demais. Vem um novo filet e ela resolve aceitar, mas, antes, faz com os ombros um protesto de resignação.
___Pela descrição, vocês irão supor que essa velhinha é insuportável. Uma chata. Mas não. É um encanto. Podia ser avó da Grace Kelly. Uma mulher que luta o tempo inteiro pelos seus gostos. Não negocia sua comodidade, seu conforto. Não confia nas louças e nos talheres daquele restaurante de aparência limpíssima. Paciência, traz de sua casa, lavados por ela, a louça, os talheres e o copo de prata. Um dia o garçom lhe dirá um palavrão? Não acredito. A velhinha tão bela e frágil por fora, magrinha como ela é, se a gente abrir, vai ver tem um homem dentro. Um homem solitário, que sabe o que quer e não cede “isso” de sua magnífica solidão.
(MARIA, Antônio. “Com Vocês, Antônio Maria”. Rio de Janeiro: Editora Paze Terra, 1964, p. 262.)
“.. traz de sua casa, lavados por ela, a louça, os talheres e o copo de prata.” (§ 4)
Caso a oração expressa na voz passiva do fragmento acima seja redigida na forma composta da voz ativa, uma forma de redação possível será:
Leia atentamente o texto a seguir para responder às questões de 01 a 08.
OS NAMORADOS DA FILHA
___Quando a filha adolescente anunciou que ia dormir com o namorado, o pai não disse nada. Não a recriminou, não lembrou os rígidos padrões morais de sua antiga juventude. Homem avançado, já esperava que aquilo acontecesse um dia. Só não esperava que acontecesse tão cedo.
___Mas tinha uma exigência, além das clássicas recomendações. A moça podia dormir com o namorado:
___─ Mas aqui em casa.
___Ela, por sua vez, não protestou. Até ficou contente. Aquilo resultava em inesperada comodidade. Vida amorosa em domicílio, o que mais podia desejar? Perfeito.
___O namorado não se mostrou menos satisfeito. Entre outras razões, porque passaria a partilhar o abundante café da manhã da família. Aliás, seu apetite era espantoso: diante do olhar assombrado e melancólico do dono da casa, devorava toneladas do melhor requeijão, do mais fino presunto, tudo regado a litros de suco de laranja.
___Um dia, o namorado sumiu. Brigamos, disse a filha, mas já estou saindo com outro. O pai pediu que ela trouxesse o rapaz. Veio, e era muito parecido com o anterior: magro, cabeludo, com apetite descomunal.
___Brevemente, o homem descobriria que constância não era uma característica fundamental de sua filha. Os namorados começaram a se suceder em ritmo acelerado. Cada manhã de domingo, era uma nova surpresa: este é o Rodrigo, este é o James, este é o Tato, este é o Cabeça. Lá pelas tantas, ele desistiu de memorizar nomes ou mesmo fisionomias. Se estava na mesa do café da manhã, era namorado. Às vezes, também acontecia ─ ah, essa próstata, essa próstata ─ que ele levantava à noite para ir ao banheiro e cruzava com um dos galãs no corredor. Encontro insólito, mas os cumprimentos eram sempre gentis.
___Uma noite, acordou, como de costume, e, no corredor, deu de cara com um rapaz que o olhou apavorado. Tranquilizou-o:
___─ Eu sou o pai da Melissa. Não se preocupe, fique à vontade. Faça de conta que a casa é sua.
___E foi deitar.
___Na manhã seguinte, a filha desceu para tomar café. Sozinha.
___─ E o rapaz?
___─ perguntou o pai.
___─ Que rapaz? ─ disse ela.
___Algo lhe ocorreu, e ele, nervoso, pôs-se de imediato a checar a casa. Faltava o CD player, a máquina fotográfica, a impressora do computador. O namorado não era namorado. Paixão poderia nutrir, mas era pela propriedade alheia.
___Um único consolo restou ao perplexo pai: aquele, pelo menos, não fizera estrago no café da manhã.
(Moacyr Scliar. Crônica extraída da Revista Zero
Hora, 26/4/1998)
As palavras destacadas nos trechos “Quando a filha adolescente anunciou que ia dormir com o namorado, o pai não disse nada” e “Se estava na mesa do café da manhã, era namorado” indicam, respectivamente:
Conforme o emprego de regência nominal e verbal adequadas, indique a alternativa que completa corretamente a lacuna do seguinte período: “Naquele momento, éramos .......... assistindo ........ rapaz atropelado”
Apenas uma, das alternativas a seguir, apresenta desvio em relação à Concordância Verbal, conforme propõe a Norma Culta. Indique tal alternativa:
Ao se singularizar os termos sublinhados em “No entanto, ele observou que, em muitos lugares, os moradores ainda estavam bombeando água dos poços que foram testados, expondo-se a graves problemas de saúde.”, quantas outras palavras sofrerão obrigatoriamente alteração de número para fins de concordância?
Considerando-se os termos da oração “Mas, nas cidades, as pessoas não veem quão ruim a poluição da água é.”, o sublinhado classifica-se sintaticamente de:
Das questões abaixo, todas estão obedecendo às regras da norma-padrão da língua quanto à concordância verbal, EXCETO:
Assinale a única alternativa que apresenta verbo transitivo indireto:
Quanto custa um pôr-de-sol?
Leonardo Boff
1 Um grande empresário americano, estando em Roma, quis mostrar ao filho a beleza de um pôr-
2 de-sol nas colinas de Castelgandolfo. Antes de se postarem num bom ângulo, o filho perguntou ao pai:
3 "pai, onde se paga?" Esta pergunta revela a estrutura da sociedade dominante, assentada sobre a economia
4 e o mercado. Nela para tudo se paga - também um pôr-de-sol - tudo se vende e tudo se compra.
5 Ela operou, segundo notou ainda em 1944 o economista norte-americano Polanyi, a grande
6 transformação ao conferir valor econômico a tudo. As relações humanas se transformaram em transações
7 comerciais e tudo, tudo mesmo, do sexo à Santíssima Trindade, vira mercadoria e chance de lucro.
8 Se quisermos qualificá-la, diríamos que esta é uma sociedade produtivista, consumista e
9 materialista. É produtivista porque explora todos os recursos e serviços naturais visando o lucro e não a
10 preservação da natureza. É consumista porque se não houver consumo cada vez maior não há também
11 produção nem lucro. É materialista, pois sua centralidade é produzir e consumir coisas materiais e não
12 espirituais como a cooperação e o cuidado. Está mais interessada no crescimento quantitativo – como
13 ganhar mais – do que no desenvolvimento qualitativo – como viver melhor com menos – em harmonia
14 com a natureza, com equidade social e sustentabilidade sócio-ecológica.
15 Cabe insistir no óbvio: não há dinheiro que pague um pôr-de-sol. Não se compra na bolsa a lua
16 cheia “que sabe de mi largo caminar.” A felicidade, a amizade, a lealdade e o amor não estão à venda nos
17 shoppings. Quem pode viver sem esses intangíveis? Aqui não funciona a lógica do interesse, mas da
18 gratuidade, não a utilidade prática, mas o valor intrínseco da natureza, da ridente paisagem, do carinho
19 entre dois enamorados. Nisso reside a felicidade humana.
20 O insuspeito Daniel Soros, o grande especulador das bolsas mundiais, confessa em seu livro A
21 crise do capitalismo (1999): ”uma sociedade baseada em transações solapa os valores sociais; estes
22 expressam um interesse pelos outros; pressupõem que o indivíduo pertence a uma comunidade, seja uma
23 família, uma tribo, uma nação ou a humanidade, cujos interesses têm preferência em relação aos
24 interesses individuais. Mas uma economia de mercado é tudo menos uma comunidade. Todos devem
25 cuidar dos seus próprios interesses... e maximizar seus lucros, com exclusão de qualquer outra
26 consideração” (p. 120 e 87).
27 Uma sociedade que decide organizar-se sem uma ética mínima, altruísta e respeitosa da
28 natureza, está traçando o caminho de sua própria autodestruição. Então, não causa admiração o fato de
29 termos chegado aonde chegamos, ao aquecimento global e à aterradora devastação da natureza, com
30 ameaças de extinção de vastas porções da biosfera e, no termo, até da espécie humana.
31 Suspeito que, se não quebrarmos o paradigma produtivista/consumista/materialista, poderemos
32 encontrar pela frente a escuridão. Devemos tentar ser, pelo menos um pouco, como a rosa, cantada pelo
33 místico poeta Angelus Silesius (+1677): “a rosa é sem porquê: floresce por florescer, não cuida de si
34 mesma nem pede para ser olhada” (aforismo 289). Essa gratuidade é uma das pilastras do novo
35 paradigma.
IN: http://correio.rac.com.br/_conteudo/2013/11/blogs/leonardo_boff/
"Devemos tentar ser, pelo menos um pouco, como a rosa, cantada pelo místico poeta Angelus Silesius" (L.32/33)
Quanto às funções sintático-semânticas dos elementos que compõem o período acima, pode-se afirmar: