Questões de Concurso
Sobre travessão em português
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Com base na leitura e nos sentidos do texto anterior, julgue o item que se segue.
O uso dos travessões no início do segundo e do terceiro
parágrafos é um dos indicativos de que o gênero textual do
fragmento apresentado é entrevista.
I- A ocorrência de aspas duplas (l.05) assinala transcrição literal;
II- Os parênteses na linha 07 servem, unicamente, para isolar numerais no texto;
III- Os travessões nas linhas 10 e 11 evitam a repetição de termos já mencionados;
IV- O uso de dois-pontos (:) na linha 24, enuncia uma explicação.
Dos itens acima:
O travessão é um sinal que se assemelha a um hífen prolongado e pode ser utilizado na substituição de doispontos, parênteses e vírgula em um texto. Também é possível usar o travessão como substituto do hífen e viceversa, devido à similaridade existente entre esses sinais, que se verifica tanto representação gráfica quanto no uso.
TEXTO I
TWITTER NÃO PODE SER TERRA DE NINGUÉM
Comprado pelo bilionário Elon Musk em outubro do ano passado, por exorbitantes US$ 44 bilhões, o Twitter, uma das principais redes sociais do mundo, vem mostrando sinais alarmantes de problemas e de mau funcionamento nos últimos seis meses. Entre as confusões, está o lançamento do Twitter Blue, que permitiu que usuários comuns possam pagar pelo selo de conta verificada — o que antes era restrito a instituições, personalidades, jornalistas e pessoas públicas — e, assim, conquistar mais seguidores e ter seus posts exibidos para mais gente.
Outro problema, foram os cortes severos de pessoal, em torno de 80% da força de trabalho da empresa, o que representa cerca de 6 mil funcionários. Entre os setores mais afetados está o de atendimento à imprensa — todos os e-mails com solicitações para a companhia são respondidos apenas com um emoji de fezes – e o de moderação de conteúdo, que era responsável por receber denúncias e analisar posts que pudessem ser ofensivos ou até mesmo criminosos, e removê-los, além de punir os usuários responsáveis por eles.
É aí que mora o perigo. Sem uma equipe que recebe denúncias de publicações prejudiciais, o Twitter se transformou em uma espécie de terra de ninguém da internet. Em reunião com advogados da rede social, no início da semana passada, integrantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública, inclusive o ministro Flávio Dino, se chocaram com a alegação de que posts que incentivavam ataques às escolas não violavam os termos de uso do site e não seriam retirados do ar. Dias depois, com o governo federal cogitando uma ação para tirar a rede do ar, o Twitter acabou por remover as publicações e cerca de 500 perfis que estavam divulgando as mensagens de ódio.
Na quinta-feira, outro absurdo – esse, ainda sem solução — tomou conta da rede de Elon Musk, com o vazamento das fotos da autópsia da cantora Marília Mendonça, que morreu em novembro de 2021, em um acidente aéreo em Piedade de Caratinga (MG). Inúmeros perfis compartilharam as imagens, que seguem no ar, sem que sejam bloqueadas para os demais usuários.
Os dois casos exemplificam bem o lugar sem regras que se tornou o Twitter. Antes efervescente e palco de debates interessantes, o site agora é confuso, perigoso, tomado por perfis de pouca relevância (mas muito alcance, graças ao Twitter Blue) e repleto de incitações ao crime e ao discurso de ódio. Sob a errática liderança de Musk, é muito pouco provável que a plataforma vá apresentar um plano sério de contenção desses problemas.
Como são vidas que estão em jogo, é preciso que as forças de segurança, os serviços de inteligência e outras autoridades competentes mergulhem no lamaçal que o Twitter se tornou e passem a monitorar de perto toda a movimentação das redes extremistas por lá, exigindo judicialmente, sob pena de bloqueio no país, os dados dos perfis que seguem cometendo crimes impunemente por lá, se aproveitando da falta de vigilância própria.
Assim, quem sabe, Elon Musk perceba que tem nas mãos não um canal de liberdade de expressão, mas um equivalente digital de um antro perigoso e repleto de criminosos, e decida retomar por conta própria a moderação de conteúdo, algo fundamental em tempos tão apreensivos e violentos. O que não pode é ficar como está.
Fonte: Correio Braziliense, 17 de abril 2023.
O texto I apresenta três orações intercaladas, sinalizadas por travessão. Cada oração expressa respectivamente à ideia de:
Distância
Em uma cidade há um milhão e meio de pessoas; em outra há outros milhões: e as cidades são tão longe uma de outra que nesta é inverno quando naquela é verão. Em cada uma dessas cidades há uma pessoa; e essas duas pessoas tão distantes acaso pensareis que podem cultivar em segredo, como plantinha de estufa, um amor a distância?
Andam em ruas tão diferentes e passam o dia falando línguas diversas; cada uma tem em torno de si uma presença constante e inumerável de olhos, vozes, notícias. Não se telefonam nunca; é tão caro, e além disso, que se diriam? Escrevem-se. Mas uma carta leva dias para chegar; ainda que venha vibrando, cálida, cheia de sentimento, quem sabe se no momento em que é lida já não poderia ter sido escrita? A carta não diz o que a outra pessoa está sentindo, diz o que sentiu na semana passada… e as semanas passam de maneira assustadora, os domingos se precipitam mal começam as noites de sábado, as segundas retornam com veemência gritando — “outra semana!” —, e as quartas já têm um gosto de sexta, e o abril de de-já-hoje quando se viu era mudado em agosto…
Sim, há uma frase na carta cheia de calor, cheia de luz, mas a vida presente é traiçoeira e os astrônomos não dizem que muita vez ficamos como patetas a ver uma linda estrela jurando pela sua existência — e, no entanto, há séculos ela se apagou na escuridão do caos, sua luz é que custou a fazer a viagem? Direis que não importa a estrela em si mesma, e sim a luz que ela nos manda — e eu vos direi: amai para entendê-las!
Ao que ama o que lhe importa não é a luz nem o som, é a própria pessoa amada mesma, o seu vero cabelo, e o vero pelo, o osso de seu joelho, sua terna e úmida presença carnal, o imediato calor; é o de hoje, o agora, o aqui — e isso não há.
Então a outra pessoa vira retratinho no bolso, borboleta perdida no ar, brisa que a testa recebe na esquina, tudo o que for eco, sombra, imagem, nada, um pequeno fantasma, e nada mais. E a vida de todo dia vai gastando insensivelmente a outra pessoa, hoje lhe tira um modesto fio de cabelo, amanhã apenas passa a unha de leve fazendo um traço branco na sua coxa queimada pelo sol, de súbito a outra pessoa entra em fading um sábado inteiro, está se gastando, perdendo seu poder emissor a distância.
Cuidais amar uma pessoa, e ao fim vosso amor é um maço de papéis escritos no fundo de uma gaveta que se abre cada vez menos… Não ameis a distância, não ameis, não ameis!
(Rubem Braga. In: 200 Crônicas Escolhidas. Editora Record, 2010.
Adaptado.)
No trecho “Ao que ama o que lhe importa não é a luz nem o som, é a própria pessoa amada mesma, o seu vero cabelo, e o vero pelo, o osso de seu joelho, sua terna e úmida presença carnal, o imediato calor; é o de hoje, o agora, o aqui — e isso não há.” (4º§), o uso do travessão se justifica por:
[...]
Dulce controla a vontade de bater no marido.
– Que loucura é essa, Sérgio?
– Passei toda a minha infância fingindo que entendia, mas não entendia. Você entendia?
– Por que isto agora, Sérgio? Você está muito estranho.
– Eu ria, mas não entendia. Era um riso falso. [...]
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Em algum lugar do paraíso. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. p. 35.
Tendo em vista o padrão escrito culto e a correção gramatical das quatro falas acima, é correto afirmar que
Leia com atenção o fragmento adaptado do texto seguinte:
A manipulação da verdade
Prólogo
(Patrick Charaudeau)
(...)
A linguagem, sob suas diversas denominações
– fala, discurso, língua – não é um simples
instrumento a serviço de um pensamento
pré-construído, como seria um martelo com a
5 intenção prévia de cravar um prego. A
linguagem é este material de construção do
pensamento, inscrito no ser humano desde o
seu nascimento, que lhe permite dar sentido ao
mundo, nomeando-o, qualificando-o, tornando-o
10 acontecimento, explicando-o por meio de formas
de raciocínio. A linguagem é a atividade humana
por meio da qual se constroem não só visões
de mundo, sistemas de pensamento, saberes
de conhecimento e de crença, mas também a
15 atividade que permite aos indivíduos
estabelecerem relações sociais e, por
conseguinte, construir sua identidade (...).
(CHAURAUDEAU, Patrick. A manipulação da verdade –
Do triunfo da negação às sombras da pós-verdade. São
Paulo: Editora Contexto, 2022 (p. 9 e 10).
Leia o fragmento seguinte para responder às questões 36 e 37:
“A linguagem, sob suas diversas denominações – fala, discurso, língua – não é um simples instrumento a serviço se um pensamento pré-construído, como seria um martelo com a intenção prévia de cravar um prego.” (Linhas 1-5)
O emprego dos travessões justifica-se para:
Leia o texto e responda o que se pede no comando das questões:
IRACEMA VOOU (1998)
Chico Buarque
Iracema voou
Para América
Leva roupa de lã
E anda lépida
Vê um filme de quando em vez
Não domina o idioma inglês
Lava chão numa casa de chá
Tem saído ao luar
Com um mímico
Ambiciona estudar
Canto lírico
Não dá mole pia polícia
Se pude, vai ficando por lá
Tem saudade do Ceará
Mas não muita
Uns dias, afoita,
Me liga a cobrar.
- É Iracema da América.
O travessão, no último verso, sinaliza:
Leia o texto e responda o que se pede no comando das questões.
O que somos e o que aparentamos ser
No roteiro educativo dos residentes da Clínica Mayo, a sessão aguardada com mais ansiedade por todos, e com sofrimento visceral pelos envolvidos era a chamada Morte Revisitada. Quinzenalmente, quatro mortes recentes eram analisadas em busca de aprendizagem e de erros que pudessem ser convertidos em lições para que - tomara fosse possível - não se repetissem.
Aquela catarse era precedida por trocas de confidências, apoio velado, revisões conjuntas e insônia, muita insônia, porque sem dúvida um dos exercícios mais massacrantes da atividade médica é a retrospecção dos maus casos.
Quando temos isenção ao revisar o que aconteceu na trajetória do fracasso é inevitável descobrir que invariavelmente ocorrem momentos em que alguma coisa não foi bem entendida ou adequadamente valorizada e que, se tivesse sido, o desfecho poderia ser diferente.
Como sempre aprendemos com os nossos erros, nada mais didático do que esquadrinhá-los em busca de aprendizado para o futuro. Mas como dói!
E porque dói a maioria dos médicos e hospitais mesmo os universitários, fogem dessa prática. Mas cômodo é atribuir o insucesso à natureza, que além de grande e generosa não tem como se defender. A atividade médica, ancorada numa ciência imprecisa sem a inflexibilidade dos modelos matemáticos, usa os meios conhecidos de decisão baseados em evidências, e depende de fatores impalpáveis como atenção bom senso, juízo crítico e experiência. E, se não bastasse pode ser influenciada por elementos ainda mais fragilizantes como depressão, ansiedade, mau humor e cansaço.
Se o dia a dia dessa atividade, tão fascinante e exigente porque lida com nosso bem mais valioso, está exposto a uma margem de erro tão perturbadora, o mínimo que se espera de um médico responsável é a consciência da sua limitação. Não pode ser coincidência que os melhores médicos sejam pessoas humildes, serenas e bem resolvidas. Não há espaço para exibicionismo e arrogância na trilha pantanosa da incerteza e do imprevisto. Em 40 anos de atividade médica intensa, nunca encontrei um posudo que fosse, de verdade, um bom médico. O convívio diário com a falibilidade recicla atitudes, elimine encenações, modela comportamentos e enternece corações. Tenho reiterado isso aos mais jovens: evitem os pretensiosos, porque eles, na ânsia irrefreável de aparentar gastam toda a energia imprescindível para ser. E ficam assim, vazios.
Dr. J J Camargo (Depoimento do médico-cirurgião torácico do setor de Transplantes da Santa Casa de Porto Alegre).
No parágrafo 1, "(...) - tomara fosse possível - (...)", o emprego dos travessões se deu:
Assinale a alternativa que apresente pontuação igualmente correta para o período acima.
I. O travessão usado antes de “pura, perfeita e linda.” (4º§) pode ser substituído por dois-pontos.
II. No segmento, “Depois que o meu amigo desceu do carro, [...]” (2º§), a expressão “o meu amigo” poderia estar entre vírgulas de acordo com a norma padrão da língua.
III. No trecho: “[...] como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.” (8º§), caso fosse acrescentado “ou seja algo maravilhoso”, a expressão “ou seja” deveria estar entre vírgulas.
Está correto o que se afirma apenas em