Questões de Concurso Comentadas sobre uso da vírgula em português

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Q1345775 Português
No próximo dia 17, a Comissão de Assuntos Sociais do Senado começará a debater um projeto de lei que prevê a regulamentação no Brasil de um tratamento médico que ganha popularidade nos consultórios particulares, apesar de não ser oficialmente reconhecido por aqui: a ozonioterapia. Depois da audiência pública, o projeto deverá seguir para a Câmara dos Deputados e, por fim, se aprovado, para sansão presidencial. A técnica é reconhecida em catorze países, entre eles Rússia, China, Portugal, Espanha e Cuba, e faz parte de sistemas públicos de saúde.
O emprego da vírgula, mais que indicar pausas, organiza os sentidos do texto, auxiliando na construção da coesão. Sobre a função desse sinal de pontuação no texto acima, analise as afirmativas.
I - A vírgula no trecho ganha popularidade nos consultórios particulares, apesar de não ser oficialmente reconhecido separa a oração coordenada, enfatizando a ideia de oposição. II - Em o projeto deverá seguir para a Câmara dos Deputados e, por fim, se aprovado, as vírgulas realçam uma expressão que retifica o dito anterior. III - A vírgula após as expressões No próximo dia 17 e Depois da audiência pública marca, para efeito de destaque, o deslocamento de um termo para o início da oração. IV - No trecho se aprovado, para sansão presidencial., a vírgula separa uma oração com sentido de condição para a realização da ação de sansão presidencial. V - Em entre eles Rússia, China, Portugal, Espanha e Cuba, as vírgulas separam elementos que exercem a mesma função sintática.
Estão corretas as afirmativas
Alternativas
Q1345069 Português
Texto para a questão.

Médico debocha de paciente na internet: 'Não existe peleumonia'

    Um médico plantonista no Hospital Santa Rosa de Lima, em Serra Negra (SP), foi afastado do trabalho após ter uma foto sua publicada numa rede social com o título “Uma imagem fala mais que mil palavras”. Na foto, Guilherme Capel Pasqua mostra o receituário médico com o seguinte dizer: “Não existe peleumonia e nem raôxis”.
    Vinte minutos antes da postagem, na quartafeira (27), o médico havia atendido o mecânico José Mauro de Oliveira Lima, 42 anos, que estudou até o segundo ano do ensino fundamental e não sabe como falar corretamente algumas palavras.
   Seu enteado, o eletricista Claudemir Thomaz Maciel da Silva, de 25 anos, o acompanhava na consulta e revela que, assim que souberam o diagnóstico, o mecânico perguntou sobre o tratamento para a "peleumonia". A reação do médico não foi muito profissional, afirma Claudemir.
    "Quando meu padrasto falou pneumonia e raios X de forma errada, ele deu risada. Na hora, não desconfiamos que ele iria debochar depois na internet. O que ele fez foi absurdo. O procurei e escrevi para ele na rede social que, independente dele ser doutor, não existe faculdade para formar caráter. Assim que ele viu minha postagem, apagou a foto. Ele não quis conversar com a gente", diz Claudemir.
    O eletricista conta que o padrasto ainda não sabe que virou assunto na internet e teme pela reação dele. Claudemir diz que o mecânico não pôde estudar por falta de dinheiro.

http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2016/07/medico-debocha-depaciente-na-internet-nao-existe-peleumonia.html Acesso 29-07-16
O emprego da vírgula segue as mesmas diretrizes do enunciado abaixo em:
“Um médico plantonista no Hospital Santa Rosa de Lima, em Serra Negra (SP), foi afastado do trabalho após ter uma foto sua publicada numa rede social com o título “Uma imagem fala mais que mil palavras.”
Alternativas
Q1345065 Português

Sobre os aspectos que constituem a charge é correto afirmar que:


Charge para as questão

Imagem associada para resolução da questão

I- A comicidade é uma característica desse gênero textual. II – Seguindo as diretrizes gramaticais, a vírgula separa o verbo do seu complemento. III – A elipse do sujeito é uma marca do verbo “achar
Alternativas
Q1344952 Português

Dois velhinhos

                                                                        Dalton Trevisan


Dois pobres inválidos, bem velhinhos, esquecidos numa cela de asilo.

Ao lado da janela, retorcendo os aleijões e esticando a cabeça, apenas um podia olhar lá fora.

Junto à porta, no fundo da cama, o outro espiava a parede úmida, o crucifixo negro, as moscas no fio de luz. Com inveja, perguntava o que acontecia. Deslumbrado, anunciava o primeiro:

— Um cachorro ergue a perninha no poste.

Mais tarde:

— Uma menina de vestido branco pulando corda.

Ou ainda:

— Agora é um enterro de luxo.

Sem nada ver, o amigo remordia-se no seu canto. O mais velho acabou morrendo, para alegria do segundo, instalado afinal debaixo da janela.

Não dormiu, antegozando a manhã. Bem desconfiava que o outro não revelava tudo.

Cochilou um instante — era dia. Sentou-se na cama, com dores espichou o pescoço: entre os muros em ruína, ali no beco, um monte de lixo.


TREVISAN, D. Mistérios de Curitiba. Rio de Janeiro: Editora

Record, 1979, pág. 110.

Leia as alternativas abaixo, retiradas do texto “Dois velhinhos”, e assinale a alteração de pontuação que apresenta ERRO.
Alternativas
Q1338595 Português

INSTRUÇÃO: Leia os parágrafos iniciais de uma reportagem sobre o que os jovens da atualidade pensam e fazem publicada na revista Época, nº 938, e responda à questão.


Poucas palavras são tão abusadas como “geração”. Geração X, Geração Y, Geração Z, Geração do Milênio são meros rótulos que ajudam palestrantes, consultores e departamentos comerciais a vender. É impossível definir um padrão de comportamento comum a milhões de pessoas simplesmente porque elas compartilham, em seus documentos de identidade, datas de nascimento próximas. Quando se reduz o número de pessoas a observar e a pretensão da análise, fica mais fácil. Quando se fala em Geração Perdida, por exemplo, fala-se num grupo de escritores americanos que viveram em Paris e em outras partes da Europa nos loucos anos 1920. Nem todos os que viveram naquela era vanguardista e vibrante tiveram tanta aventura e liberdade como Hemingway, Fitzgerald e Gertrude Stein, por exemplo. Mas pode-se dizer que o grupo conhecido como Geração Perdida representava o espírito do seu tempo.

O mesmo ocorre com o grupo de brasileiros com menos de 30 anos reunido nas páginas desta revista. Eles não representam a realidade da maioria dos jovens do país. São jovens, no entanto, que se destacam em vários tipos de atividades e, por isso, representam o espírito de nosso tempo. São idealistas, sonhadores ― o que é bom, mas não uma novidade. A diferença é que essa geração não se limita a sonhar. Ela transforma as causas que abraça em projetos. Em objetivos de vida. Em profissões. 

O uso correto dos sinais de pontuação, principalmente da vírgula, organiza as ideias de um texto e propicia o entendimento pelo leitor. Sobre o assunto, assinale a assertiva correta.
Alternativas
Ano: 2019 Banca: FEPESE Órgão: ABEPRO Prova: FEPESE - 2019 - ABEPRO - Pós-Graduação |
Q1336710 Português
Carlos Drummond de Andrade,
Itabira e a Mineração

Em julho de 2014 o acaso me levou a Itabira, onde eu nunca tinha estado. A viagem teve efeitos inesperados, que desembocam neste livro: na cidade natal de Carlos Drummond de Andrade as marcas do passado, assim como sinais contemporâneos gritantes, pareciam estar chamando, todos juntos, para uma releitura da obra do poeta. A estranha singularidade do lugar incitava a ir mais fundo na relação do autor de “A máquina do mundo” com as circunstâncias que envolvem a “estrada de Minas, pedregosa”, a geografia física e humana, a história da mineração do ferro.

Nascido em 1902, Drummond viveu pouco tempo em Itabira. Mas os ecos da cidade retornam em sua obra inteira, e permanecem nela qual uma inscrição latejante, sem correspondente cronológico contabilizável – como a tal “fotografia na parede”, que dói, ou como um sino repercutindo traumas e avivando o vivido. José Maria Cançado, seu primeiro biógrafo, diz, a propósito, que ali o “mundo não se assemelha nem à natureza nem à cultura, mas a uma terceira coisa entre os dois, uma espécie de grande alucinação, uma monstruosidade geológica, uma dissonância planetária, com sua quantidade astronômica de minério”. A imagem não é despropositada, por mais que possa parecer. Chegar a esse lugar é sentir, de fato, o impacto da geologia e da história, acopladas. Algo de alucinado se passou e se passa naquele sítio, implicando uma torção desmedida entre a paisagem e a máquina mineradora, com quantidades monstruosas de ferro envolvidas. Há no ar a sensação de que um crime não nomeado, ligado à fatalidade de um “destino mineral”, foi cometido a céu aberto.

O grande buraco geral que a mineração cavou no território de Minas, multiplicado por outras tantas Itabiras e Itabiritos, e que em Belo Horizonte fez da serra do Curral uma paisagem de fachada que esconde uma ruína mineral, está exposto em Itabira de maneira exemplar e obscena, de tão real e tão próximo. Em outras palavras, se o horizonte de Belo Horizonte é sustentado hoje por uma espécie de telão montanhoso, mera película residual preservada por conveniência – afinal, é dele que a capital do estado extrai seu nome –, em Itabira a exploração mineradora sentiu-se à vontade para abolir a serra e anular o horizonte sem maior necessidade de manter as aparências.

Impossível não associar tal visão à catástrofe de Mariana e do rio Doce, desencadeada em 5 de novembro de 2015, desvelando uma nova dimensão desse todo. Em Mariana, a derrama dos rejeitos, empilhados como um castelo de cartas em barragens a montante, apoiando-se a si mesmas sem outros critérios a não ser o da acumulação sem freios, pela empresa Samarco, braço da atual Vale, cobrou seu tributo às comunidades e a todos os reinos da natureza em vidas e em destruição, no distrito de Bento Rodrigues e em tudo que se estende pelo rio Doce até o mar.

Associar os acontecimentos de Itabira e de Mariana não significa equipará-los – um é efeito do lento desenrolar de uma exploração que opera em surdina ao longo de décadas, de modo crônico, localizado e praticamente invisível na cena pública nacional; outro eclode súbito e estrondoso, esparramado no espaço e reconhecido imediatamente como uma das maiores hecatombes socioambientais do país, desmascarando a pulsão destrutiva da sanha extrativa e acumuladora. Embora diferentes, o acontecimento catastrófico de Mariana, com tudo que tem de fragoroso e letal, pode ser visto como o raio que ilumina o que há de silencioso e invisível na catástrofe de Itabira.

WISNIK, José Miguel. Disponível em: <http://www.viladeutopia. com.br/o-poeta-e-a-pedra>. Acesso em 18 de fevereiro de 2019. [Adaptado].

Obs.: Wisnik é autor do livro “Maquinação do mundo: Drummond e a mineração”. 
Com base no trecho a seguir, extraído do texto 4:

Mas os ecos da cidade retornam em sua obra inteira, e permanecem nela qual uma inscrição latejante, sem correspondente cronológico contabilizável – como a tal “fotografia na parede”, que dói, ou como um sino repercutindo traumas e avivando o vivido. (2°parágrafo)
assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q1336136 Português
A GENTE É VELHO...
Rubem Alves 



      A gente é velho quando, para descer uma escada, segura firme no corrimão. E os olhos olham para baixo para medir o tamanho dos degraus e a posição dos pés.
     Quando eu era moço, não era assim. Não segurava no corrimão e não media degraus e pés. Descia os dois lances de escada do sobrado do meu avô com a mesma fúria com que um pianista toca o prelúdio 16, de Chopin. Ele, pianista, não pensa. Se pensasse, não conseguiria tocar, porque o pensamento não consegue seguir a velocidade das notas. Toca porque seus dedos sabem sem que a cabeça saiba. O pianista se abandona ao saber do corpo. Assim descia eu as escadas do sobradão do meu avô. Mas no dia em que o pé começou a tropeçar, a cabeça compreendeu que eles, os pés, já não sabiam como sabiam antes. Agora é preciso o corrimão. Depois virão as bengalas, corrimões portáteis que se leva por onde se vai.
      A gente é velho quando, no restaurante, é preciso cuidado ao se levantar. Moço, as pernas sabem medir as distâncias que há debaixo da mesa. Mas, agora, é preciso olhar para medir a distância que há entre o pé da mesa e o bico do sapato. Há sempre o perigo de que o bico do sapato esbarre no pé da mesa e o pé da mesa lhe dê uma rasteira, você se estatelando no chão. Quando se é velho, até uma pequena queda pode se transformar em catástrofe. Há sempre o perigo de uma fratura.
     A gente é velho quando é objeto de humilhações bondosas. Como aquela que aconteceu comigo 25 anos atrás. O metrô estava cheio. Jovem, segurei-me num balaústre. Notei então que uma jovem de uns 25 anos me olhava com um olhar amoroso. Olhei para ela. E houve um momento de suspensão romântica. Minha cabeça e meu coração se alegraram. Até o momento em que ela se levantou com um sorriso e me ofereceu o seu lugar. Foi um gesto de bondade. Com o seu gesto ela me dizia: "O senhor me traz memórias ternas do meu avô..."
     A gente é velho quando entra no box do chuveiro com passos medrosos e cuidadosos. Há sempre o perigo de um escorregão. Por via das dúvidas, mandei instalar no box da minha casa uma daquelas barras metálicas horizontais que funcionam como corrimão.
    A gente é velho quando começa a ter medo dos tapetes. Os tapetes são perigosos de duas maneiras. Há os pequenos tapetes de fundo liso, que escorregam. E há os grandes tapetes que ficam com as pontas levantadas e que fazem ondas. O pé dos velhos movimenta-se no arrasto e tropeça na ponta levantada do tapete ou na armadilha da onda.
     A gente é velho quando começa a ter medo dos fotógrafos. Fugir das fotos de perfil porque nelas as barbelas de nelore aparecem. Nelore é um boi branco. Os pastos estão cheios deles, vivos, e as mesas também, sob o disfarce de bifes. E eles têm uma papada balançante, as barbelas, que vai da ponta do queixo (boi tem queixo?) até o peito. Velhice é quando as barbelas de nelore começam a aparecer. Aí vem a humilhação conclusiva. Prontas as fotos, eles nos mostram e dizem: "Como você está bem!"
    A gente é velho quando, tendo de subir ao palco para dar uma palestra, tem sempre uma jovem simpática que nos oferece a mão, temendo que a gente se desequilibre e caia. A gente aceita o oferecimento com um sorriso. Nunca se sabe...
    A gente é velho quando perde a vergonha e se desnuda fazendo as confissões que acabei de fazer... 


Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff3010200704.htm Acesso em: 27 ago. 2016 
A vírgula está empregada corretamente, EXCETO em:
Alternativas
Q1336066 Português

T

exto para responder à questão.


Homem no mar


        De minha varanda vejo, entre árvores e telhados, o mar. Não há ninguém na praia, que resplende ao sol. O vento é nordeste, e vai tangendo, aqui e ali, no belo azul das águas, pequenas espumas que marcham alguns segundos e morrem, como bichos alegres e humildes; perto da terra a onda é verde.

         Mas percebo um movimento em um ponto do mar; é um homem nadando. Ele nada a uma certa distância da praia, em braçadas pausadas e fortes; nada a favor das águas e do vento, e as pequenas espumas que nascem e somem parecem ir mais depressa do que ele. Justo: espumas são leves, não são feitas de nada, toda sua substância é água e vento e luz, e o homem tem sua carne, seus ossos, seu coração, todo seu corpo a transportar na água.

         Ele usa os músculos com uma calma energia; avança. Certamente não suspeita de que um desconhecido o vê o admira porque ele está nadando na praia deserta. Não sei de onde vem essa admiração, mas encontro nesse homem uma nobreza calma, sinto-me solidário com ele, acompanho o seu esforço solitário como se ele estivesse cumprindo uma bela missão. Já nadou em minha presença uns trezentos metros; antes, não sei; duas vezes o perdi de vista, quando ele passou atrás das árvores, mas esperei com toda confiança que reaparecesse sua cabeça, e o movimento alternado de seus braços. Mais uns cinquenta metros, e o perderei de vista, pois um telhado o esconderá. Que ele nade bem esses cinquenta ou sessenta metros; isto me parece importante; é preciso que conserve a mesma batida de sua braçada, e que eu o veja desaparecer assim como o vi aparecer, no mesmo rumo, no mesmo ritmo, forte, lento, sereno. Será perfeito; a imagem desse homem me faz bem. 

        É apenas a imagem de um homem, e eu não poderia saber sua idade, nem sua cor, nem os traços de sua cara. Estou solidário com ele, e espero que ele esteja comigo. Que ele atinja o telhado vermelho, e então eu poderei sair da varanda tranquilo, pensando — “vi um homem sozinho, nadando no mar; quando o vi ele já estava nadando; acompanhei-o com atenção durante todo o tempo, e testemunho que ele nadou sempre com firmeza e correção; esperei que ele atingisse um telhado vermelho, e ele o atingiu”.

         Agora não sou mais responsável por ele; cumpri o meu dever, e ele cumpriu o seu. Admiro-o. Não consigo saber em que reside, para mim, a grandeza de sua tarefa; ele não estava fazendo nenhum gesto a favor de alguém, nem construindo algo de útil; mas certamente fazia uma coisa bela, e a fazia de um modo puro e viril.

        Não desço para ir esperá-lo na praia e lhe apertar a mão; mas dou meu silencioso apoio, minha atenção e minha estima a esse desconhecido, a esse nobre animal, a esse homem, a esse correto irmão.


BRAGA, Rubem. Homem no mar. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, pp. 110-111













“Certamente não suspeita de que um desconhecido o vê o admira porque ele está nadando na praia deserta.” A respeito do trecho acima, quanto aos aspectos gramatical, sintático e semântico, analise as afirmativas a seguir.
I. O autor deveria ter colocado vírgula após CERTAMENTE. II. O (de) QUE é uma conjunção integrante. III. Em todas as ocorrências a palavra O é pronome demonstrativo.
Está correto apenas o que se afirma em:
Alternativas
Q1335568 Português

Texto para responder à questão.


Barbara


        Tinha um medo terrível do mundo lá fora. Meu quarto era o único lugar seguro do mundo - e ainda assim não punha minha mão no fogo quanto ao interior dos armários. Dormir na casa de um amigo, para mim, equivalia a conhecer a Coréia do Norte. Acordava no meio da noite aos prantos e ligava pros meus pais virem me buscar. Durante anos tive pesadelos por causa da capa de um VHS de terror - sim, só vi a capa. Me afastei de um amigo por causa de um adesivo que ele tinha no caderno -um a caveira sangrando. Não podia ver esse amigo que o adesivo me vinha à mente e eu começava a tremer e chorar. Sim, eu tinha problemas sérios. E não vou dizer quantos anos eu tinha. Só vou dizer que era uma idade em que tudo isso já era bastante constrangedor.

        Minha irmã Barbara tinha três anos de idade quando chegou em casa da escola e começou a fazer as malas. "Aonde você pensa que vai?" - minha mãe perguntou. "Vou passar o fim de semana com o Yannick na praça seca". Minha mãe, que nunca tinha ouvido falar no Yannick ou na praça seca, achou que a filha estivesse delirando até que, poucas horas depois, o próprio Yannick, um rapaz mais velho, de quatro anos de idade, toca a campainha, acompanhado dos pais: "Vim buscar a Barbara, a gente combinou de ir à Praça Seca". Lembro de observar a picape indo embora com minha irmã na caçamba como quem se despede para sempre. "O mundo lá fora vai te trucidar!" eu dizia com os olhos, "Ainda dá tempo de desistir!", mas ela nem sequer olhava pra trás. Apostei com a minha mãe: "Não dou meia hora pra ela ligar chorando". Barbara não ligou em meia hora, nem em 24, nem em 48. Só reapareceu no domingo, com a mochila cheia de goiabas que ela mesma tinha catado. Alguns arranhões, nada mais. Se hoje não tenho muito medo de sair de casa - só tenho um pouco - é porque vi a Barbara sobrevivendo.

         Aos 17 anos, Barbara foi morar sozinha em outro continente. Achei que ela fosse ligar chorando na primeira noite. Não ligou. Aos 28, já se formou, escreveu peça, foi à China, fala cinco línguas e acorda às sete pra correr na praia com o namorado.

        Nesse sábado, os dois vão se casar. Isso, casar. Tentei explicar que casar hoje em dia é tão obsoleto quanto abrir uma vídeo locadora. "Barbara, você sabe o que te espera? Você sabia que todo casamento acaba em divórcio ou em morte? Ainda dá tempo de desistir." Na caçamba da picape, ela não olha pra trás. Minha irmã mais nova me ensina diariamente a não ter medo do mundo.

DUVIVIER, Gregório. Barbara. Folha de S. Paulo, Folhapress, 27 jun. 2016.Disponível em http://www1.folha.uol.com.br./colunas/ gregorioduvivier/2016/06/1785988-barbara.shtml 

Sobre os elementos “Minha irmã Barbara tinha três anos de idade quando chegou em casa da escola e começou a fazer as malas”, leia as afirmativas.


1. O autor deveria ter colocado vírgulas antes e depois de “quando chegou em casa da escola”.

2. MINHA é um pronome substantivo possessivo.

3. Há uma impropriedade no uso da sintaxe de regência no segmento CHEGOU EM CASA.


Está correto o que se afirma apenas em:

Alternativas
Q1334802 Português
Assinale a alternativa cuja frase está INCORRETA quanto às normas de pontuação da língua culta.
Alternativas
Ano: 2005 Banca: PGM-RJ Órgão: PGM - RJ Prova: PGM-RJ - 2005 - PGM - RJ - Contador |
Q1332924 Português

Leia o texto abaixo e responda, em seguida, à questão proposta.


    Crescimento de 7,5% ao ano das igrejas evangélicas brasileiras, um milhão de católicos presentes ao velório do Papa João Paulo II no Vaticano, conversões em massa, na Índia, ao hinduísmo: o que esses eventos têm em comum? Dizer “Deus” é apostar em uma resposta arriscada. Se existe um deus, ou vários, ou não, é um dado que a ciência ainda não é capaz de provar, talvez nunca seja. Mas por que cremos é algo que já pode ser mais bem compreendido. E trabalhos recentes afirmam que as bases da fé estão nos nossos instintos primitivos, como a nossa tendência natural a comer mais do que precisamos, nossa preferência por parceiros fortes e saudáveis para a reprodução e a nossa capacidade de ser feliz (ou a falta dela).

    Até um quarto de século atrás, os cientistas acreditavam que o comportamento religioso era produto da socialização ou da educação recebida em casa. Não é o que diz a pesquisa de Laura Koenig, psicóloga americana da Universidade de Minnesota, que acaba de divulgar o resultado de seus estudos com gêmeos. Em seu relatório, Koenig atribui ao DNA cerca de 40% de participação no nível de religiosidade de uma pessoa. É um número que impressiona. Para se ter uma comparação, sabe-se que os genes são responsáveis por 27 % dos casos de câncer de mama, por exemplo.

     Mais de 250 pares de gêmeos, idênticos e nãoidênticos, responderam a perguntas sobre a freqüência de serviços religiosos, orações e discussões teológicas em suas vidas. Dados sobre pais e outros irmãos também foram coletados. Conclusão: quando eram mais novos, e conviviam mais com outros membros da família, todos tendiam a ter um nível de espiritualidade semelhante, demonstrando forte influência do ambiente na decisão; na idade adulta, somente os univitelinos (que têm carga genética 100% igual) continuavam compartilhando os mesmos índices:

    – Quando os filhos saem de casa e entram na universidade ou no trabalho, a interferência dos pais começa a enfraquecer – diz a pesquisadora. – Nesse ponto, temos de tomar as nossas próprias decisões e a biologia passa a falar mais alto.

    Em suma: sejamos crentes ou céticos, a “culpa”, em grande parte, é da nossa genética.

(Adaptado de ARTONI, Camila. Os genes de Deus. Galileu. São Paulo: Editora Globo, n. 166, maio de 2005, p. 46.)

Dentre os segmentos abaixo transcritos, há emprego obrigatório da vírgula em:
Alternativas
Q1332454 Português
Em: “Na Dinamarca, o esforço dos últimos cinco anos deu frutos: o país reduziu as perdas de alimentos...”, a vírgula foi corretamente empregada para:
Alternativas
Q1332376 Português
Assinale a alternativa em que há erro de pontuação:
Alternativas
Q1331147 Português

Texto para responder à questão.


Dinamarca, um país contra o desperdício de

comida


        Embora o desperdício alimentar seja socialmente mal visto, o que geralmente é uma das primeiras lições aprendidas em casa, os maus hábitos superam as boas intenções. Na Dinamarca, o esforço dos últimos cinco anos deu frutos: o país reduziu as perdas de alimentos em 25% graças ao impulso popular do movimento encabeçado pela plataforma Stop Spild Af Mad (“basta de desperdiçar comida”, no idioma local). Esse grupo é o motor, mas já embarcaram na ideia gigantes como Nestlé e Unilever, chefs famosos e redes de supermercados como a Rema 1000. De tanto ser martelada, em meia década essa mensagem impregnou a sociedade.

        Numa loja da Rema 1000 em Copenhague, há um saco de cenouras e outro de cherovias (uma raiz semelhante à cenoura) ao lado da balança onde frutas e hortaliças são pesadas. Esses dois produtos, muito populares, são vendidos por unidade, e não em maços ou sacos. É simples e ajuda o consumidor a comprar só o que necessita. Um pouco mais adiante, junto às geladeiras de laticínios, são guardados os ovos. Ficam refrigerados a 12oC para prolongar seu uso sem problemas de toxicidade. Os sacos de pão de forma apresentam meias porções, e as de bolinhos vêm com apenas cinco. Nos freezers das carnes, bifes e peitos de frango com prazo de validade muito exíguo têm um adesivo chamativo e preço reduzido. Em nenhum lugar há ofertas do tipo “leve três e pague dois”.

         “Se você for analisar, faz sentido. Para que comprar mais do que o necessário? E, no entanto, todos nós fazemos isso”, diz Anne-Marie Jensen Kerstens, consultora alimentar da Federação de Comerciantes Varejistas (DSK, na sigla em dinamarquês). Em 2008, essa foi a primeira rede de supermercados da Dinamarca a eliminar os descontos por volume, como o 3x2, preferindo oferecer produtos unitários a preços baixos. “Não só não atrapalhou as vendas como o cliente tende a levar a quantidade exata”, comenta Jense Kerstens.

         O caminho dinamarquês contra o desperdício de alimentos - todos os caminhos, na verdade - levam a Selina Juul, uma designer gráfica transformada em ativista que abalou as consciências. Nascida em Moscou em 1980, chegou à Dinamarca com 13 anos e logo percebeu um fato para ela inconcebível. “As pessoas jogavam fora os restos de comida, quando em Moscou não sabíamos o que íamos comer no dia seguinte”, lembra a criadora de Stop Spild Af Mad em um restaurante do centro perto do Ministério de Alimentação, Agricultura e Pesca. É uma de suas piscadelas típicas. Isso e sua determinação a transformaram na Dinamarquesa do Ano em 2014. De cidadã irritada com o desperdício de alimentos (um total de 700.000 toneladas por ano, das quais 260.000 correspondem ao consumidor), Juul transformou Stop Spild Af Mad na maior ONG de seu tipo no país.

Isabel Rerrer. El Pais,15/10/2016

Em: “Na Dinamarca, o esforço dos últimos cinco anos deu frutos: o país reduziu as perdas de alimentos...”, a vírgula foi corretamente empregada para:
Alternativas
Q1330548 Português

Perder peso em qualquer idade faz bem ao coração

De acordo com novo estudo, benefício ocorre mesmo se indivíduo

continua com excesso de peso


    Uma extensa pesquisa publicada nesta quarta-feira, 21/05/2014, ressaltou que perder peso oferece benefícios a longo prazo à saúde cardiovascular independentemente da idade ou sexo do indivíduo. Além disso, pela primeira vez um estudo mostrou que emagrecer surte esse efeito positivo mesmo se uma pessoa continua com excesso de peso – como, por exemplo, se ela deixa de ter obesidade e passa a apresentar sobrepeso.

    Os resultados também mostraram que quanto mais tempo uma pessoa vive com excesso de gordura acumulada no corpo, maior o seu risco de sofrer problemas associados à função cardiovascular, como hipertensão e diabetes tipo 2.

    O estudo, publicado na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology, se baseou nos dados de cerca de 1.200 britânicos que participaram de uma pesquisa nacional. Eles foram acompanhados desde o nascimento, em março de 1946, e durante mais de 60 anos.

    Os especialistas classificaram os participantes como tendo um peso normal, sobrepeso ou obesidade em diversas fases de suas vidas: na infância e quando completaram 36, 43, 53 e 60 anos de idade. Quando os indivíduos tinham entre 60 e 64 anos, os pesquisadores estabeleceram o risco cardiovascular de cada um. Para isso, usaram medidas como a espessura da parede de suas artérias. Depois, a equipe comparou o risco cardiovascular entre pessoas que haviam perdido peso ao longo da vida com o restante.

    “Nosso estudo é único porque acompanhou as pessoas durante muito tempo, o que nos permitiu observar o real efeito da perda de peso e redução da gordura corporal”, diz John Deanfield, pesquisador da Universidade College London, na Grã-Bretanha, e coordenador da pesquisa. “Nossos resultados apoiam estratégias de saúde pública e mudanças no estilo de vida que ajudam indivíduos que estão acima do peso a emagrecer em qualquer idade.”

    Dentre as opções à dieta para emagrecer estão:

    Acupuntura

    Uma pesquisa, publicada no fim de 2013, mostrou que a acupuntura auricular, que se baseia na ideia de que a orelha representa todas as partes do corpo humano, pode ser aliada na perda de peso. O estudo selecionou 91 pessoas com sobrepeso e as dividiu em três grupos: aquelas que foram tratadas com agulhas em cinco pontos específicos da orelha (como os relacionados ao baço, ao estômago e ao apetite), as tratadas com agulha em um ponto da orelha associado ao apetite e as submetidas a um procedimento falso. Após dois meses de tratamento, o índice de massa corporal (IMC) dos voluntários do primeiro grupo caiu 6,1%, em média, e os do segundo 5,7%. Não houve redução no IMC dos participantes do grupo do placebo.

    Sono reparador

    Não são poucas as pesquisas científicas que comprovam que um sono ruim e o excesso de peso andam juntos. Um estudo americano, publicado em 2013, concluiu que a privação do sono tem efeito duplo no cérebro: estimular a região que controla a motivação para comer diante de um alimento gorduroso e reduzir a atividade na área responsável por medir as consequências de uma ação e tomar decisões de forma racional. Em outras palavras, o cérebro de quem dorme mal tem mais vontade de consumir batata frita e não consegue rejeitar esse tipo de comida. Outra pesquisa mostrou que uma má noite de sono, além de aumentar o cansaço (o que diminui as chances de uma pessoa trocar o sofá pelo exercício), reduz o potencial de queima calórica do organismo.

Adaptado de http://veja.abril.com.br/noticia/saude/perder-peso-em-qualquer-idade-faz-bem-ao-coracao

Em “Eles foram acompanhados desde o nascimento, em março de 1946, e durante mais de 60 anos.”, podemos afirmar que
Alternativas
Q1330094 Português

E a bolsa masculina?


    Vou a um encontro formal. Boto paletó e gravata. E começo a encher os bolsos: chaves, celular, caneta, cartões de crédito e de visita, carteira, documentos pessoais e do carro, talão, óculos de sol, lenço, iPod — ninguém é de ferro. Em minutos meu terno estufa. O botão do paletó não fecha por causa do celular. Meu traseiro fica quadrado devido aos documentos acomodados nos bolsos de trás. A calça, por causa do peso, escorrega pela barriga, que salta sobre o cinto! E minha elegância desaparece! Pior: dali a pouco tudo se confunde. Para achar algum desses itens, vasculho o interior de minhas roupas com os dedos. Vou pegar a caneta e retiro as chaves.

    O vestuário masculino tornou-se obsoleto, essa é a verdade. As sortudas das mulheres têm as bolsas. A bolsa feminina equivale à caixa-preta do avião. Só se sabe o que há lá dentro após uma investigação minuciosa. São itens variados, que vão de maquiagem a tíquetes de passagens antigas e fotos de entes queridos amassadas. Mas é confortável. A proprietária de uma bolsa enfia o que quiser lá dentro. Resgata quando houver necessidade. Mesmo se for preciso espalhar o conteúdo no sofá. E, em casos extremos, chamar o Corpo de Bombeiros!

    A bolsa masculina já esteve em moda. Não me refiro à época dos hippies barbudões com horrendos artefatos de couro cru e sandálias nos pés. Houve um tempo em que homens usavam bolsas elegantes. Recheadas de inutilidades, mas, apesar dessa contradição, úteis. Grandes grifes ainda produzem bolsas masculinas. Poucos as usam.

    As pochetes são práticas, mas ganharam fama de cafonas. Confesso: tenho horror! Existe imagem mais brega do que a de um barrigudo com o botão aberto no umbigo e uma pochete estufada no cinto?

    Os executivos preferem as pastas. Elas costumam oferecer compartimentos para laptop, documentos variados, bloco de notas, remédios, três ou quatro celulares, enfim... tudo! Tais quais as bolsas femininas, abrigam mistérios. Só são esvaziadas de tempos em tempos, diante de uma ameaça de divórcio, por exemplo. Com frequência, moscas, vespas e até aranhas secas são encontradas entre a papelada.

    Pastas são sérias demais. Não combinam com um jeans informal, uma camiseta leve e tênis. E o pior: é muito fácil esquecê-las. Ou vê-las arrebatadas pelas mãos de um larápio. Hoje em dia, perder um laptop ou celular pode se transformar em prejuízo irremediável. Vão embora os contatos comerciais, endereços, enfim... a vida toda!

    Alguns preferem mochilas. Executivo de terno e gravata com mochilinha de lona nas costas é uó. Livros, laptop, documentos, perfumes, desodorantes, cuecas limpas e até sujas no caso de viagens rápidas lutam para se acomodar dentro da lona. Eu já imagino: o executivo marca uma reunião com o presidente de um banco para pedir um empréstimo. Vai pegar o laptop para mostrar o projeto. E retira uma cueca, a escova e a pasta de dentes!

    Os papas da moda masculina vivem discutindo o número de botões de paletós, a largura das lapelas, se as barras são para dentro ou fora. Redesenham relógios que se tornam cada vez mais inúteis em um mundo onde se veem as horas no celular. Mas ninguém propõe uma solução radical para a roupa do homem.

    A volta da bolsa é apenas um item. Enquanto a moda feminina evolui e se transforma a cada ano, a masculina marca passo. Olho as vitrines dos shoppings e tudo é semelhante ao ano passado. Fico pensando: quando algum estilista oferecerá uma mudança radical, capaz de fazer a cabeça de todos nós e tornar o traje masculino realmente prático e confortável?  



(Walcyr Carrasco)

Em destaque o uso da vírgula:


I. “A calça, por causa do peso, escorrega pela barriga, que salta sobre o cinto!”

II. “Com frequência, moscas, vespas e até aranhas secas são encontradas entre a papelada.”

III. “Hoje em dia, perder um laptop ou celular pode se transformar em prejuízo irremediável.”

IV. E retira uma cueca, a escova e a pasta de dentes!


O uso da vírgula está relacionado à inversão da ordem direta do discurso nas seguintes proposições:

Alternativas
Q1329972 Português
Assinale a alternativa corretamente pontuada.
Alternativas
Q1329848 Português
Considere, hipoteticamente, a seguinte situação enunciativa: haverá mudanças no acesso ao prédio em que funciona um órgão público municipal, devido à reforma do calçamento. A situação será comunicada aos servidores da referida unidade por meio do correio eletrônico institucional. Assinale a alternativa que contém a forma adequada de redigir o comunicado, em conformidade com a norma culta da língua portuguesa:
Alternativas
Q1329306 Português
Sobre a relação entre pesquisas linguísticas que se tornam (ou não) de amplo conhecimento dos docentes e aplicáveis ao ensino, Oliveira afirma:

"A linguagem é um objeto de estudo que se presta a múltiplas abordagens [...] Há uma constante produção de saber nessas áreas, tanto no Brasil quanto no exterior, e os conhecimentos produzidos ou não são levados em conta no ensino escolar ou são para ele transplantados sem a devida aclimatação, sem que sejam, portanto, verdadeiramente aplicados ao ensino. 

Há pouco tempo, por exemplo, uma linguista teórica declarou, em matéria publicada num jornal de grande circulação, que não há mal em se colocar vírgula entre o sujeito e o predicado, com o argumento de que, na fala, é possível a ocorrência de pausa entre esses dois constituintes, como parte de um processo de topicalização. De fato, a pausa após o sujeito é possível na fala e pode estar a serviço da topicalização, ou seja, pode-se pronunciar uma frase como “O Paulo vai casar com a Renata” com uma pausa depois de Paulo, destinada a fazer do sujeito o tópico da frase, ou, em linguagem mais “leiga”, destinada a dar um destaque ao sujeito.
[...]

Há, contudo, um equívoco no raciocínio da linguista. As regras de pontuação da gramática escolar, praticadas na variedade formal culta da língua, só permitem a vírgula quando a topicalização resulta na ordem inversa, deslocando para o início da frase constituintes que normalmente ficariam depois do verbo, como o objeto direto e o indireto. O que acontece é que o mais forte “candidato” a sofrer topicalização é precisamente o sujeito, que é frequentemente o tema da oração.

Legitimar o uso da vírgula entre o sujeito e o predicado em nome da topicalização é o mesmo que legitimar formas como “mantesse”, “suposse”, “opita” etc. em nome da analogia. O raciocínio do tipo “resulta da analogia (ou da topicalização), logo é aceitável” parte de uma premissa falsa: a de que todo fato linguístico que resulta de um conjunto de operações mentais é válido, no sentido de pedagogicamente válido, isto é, de hábito linguístico que o professor deve estimular o aluno a cultivar. Como todos os fenômenos de uso do idioma resultam de tais operações, todos seriam didaticamente válidos. Portanto, da possibilidade de se topicalizar o sujeito não se conclua que se deva estimular o aluno a, na língua escrita, empregar vírgula nessa posição, como não se pode concluir do fato de “mantesse”, “suposse” e “opita” resultarem da analogia (como de fato resultam) que não se devam corrigir essas formas na redação do aluno."



OLIVEIRA, Helênio Gonçalves. Como tornar as teorias sobre a linguagem aplicáveis ao ensino do português. RJ: UERJ, s/d. Disponível em http://www.filologia.org.br/ixcnlf/17/10.htm. Acesso em 06 ago. 2017. 

Nos enunciados abaixo, analisou-se o emprego da vírgula:


I - Alice, a irmã da Mariana, chegou de viagem ontem. => uso incorreto, pois separa o sujeito (“a irmã da Mariana”) do verbo.

II - Alice, a irmã da Mariana chegou de viagem ontem. => uso correto, pois separa o vocativo “Alice”, que é termo discursivo, do restante da oração (sequência sujeito / verbo / objeto).

III - É indispensável, que a Mariana chegue de viagem até amanhã. => uso incorreto, pois separa o predicado do seu sujeito oracional.

IV – É indispensável não só que a Mariana chegue de viagem, mas também que participe do evento. => uso incorreto, pois não há vírgula antes de conjunção adversativa “mas”. V – É indispensável que, do ponto de vista da organização do evento, a Mariana esteja presente. => uso correto, pois separam-se por vírgula termos ou orações intercalados.

VI – A Mariana, eu creio que ela chegará de viagem a tempo de participar do evento. => uso correto, pois separa um termo discursivo topicalizado, que é retomado no interior da sentença.


Considerando-se a análise da pontuação efetivada em cada situação acima, constata-se que estão CORRETAS apenas as afirmações constantes dos itens:

Alternativas
Q1328709 Português

Tecnologia: bênção ou maldição?


(1) Tecnologia: bênção ou maldição? Olhando para os artigos e livros que se vão escrevendo, a tendência é escolher a segunda alternativa, especialmente no que se refere às tecnologias de comunicação. Joe Kraus, empresário do Vale do Silício, teme que a tecnologia crie uma “cultura da distração”, em que estamos cada vez menos ligados aos que nos rodeiam. Sherry Turkle, professora do MIT, intitulou o seu “best-seller” “Alone Together” (“Sozinhos Juntos”), uma referência à crescente dependência da tecnologia e à concomitante independência dos outros. Inclusivamente, num artigo que li recentemente, cita-se Carlo Galimberti, professor na Universidade Católica de Milão, que afirma: “A cultura tecnológica, que a nova elite aprecia, em nada contribui para a liberdade, a identidade, a natureza, a filosofia, a política, a religião, a história, tudo aquilo de que se nutre o futuro”.

(2) Palavras fortes. Em definitivo, as novas tecnologias de comunicação são pouco populares! Que diriam esses vários comentadores das palavras do Papa Francisco, no passado mês de junho: “A internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos; e isto é uma coisa boa, é um dom de Deus”?

(3) A solução para esse aparente paradoxo está em duas palavras-chave. Primeiro, o Papa utliza a palavra “pode”. Isto é, assim como a internet pode oferecer possibilidades de encontro, também pode ser o motivo para o isolamento; tudo depende de como for encarada. Segundo, comentadores como Galimberti referem-se à “cultura tecnológica”, não à tecnologia. Mais uma vez, a tecnologia em si nem é boa nem é má. Antes, o uso que dela fazemos é bom ou mau.

(4) Essa distinção parece-me importante. É importante ter cuidado com os problemas a que a má utilização da tecnologia pode levar; mas é igualmente importante parar um pouco para reconhecer e agradecer a enorme bênção da tecnologia.

CABRAL, Luis. Disponível em: https://luiscabralopiniao.wordpress.com/2014/11/21/ tecnologia-bencao-ou-maldicao. Acesso em: 23/09/2017. Adaptado.

Considerando alguns aspectos formais do Texto 1, analise as afirmações abaixo.


I. Em português, o acento circunflexo da palavra “bênção” é opcional. Oficialmente, essa palavra pode ser grafada com ou sem esse acento.

II. O autor grafa com ç a palavra “distinção”, no trecho: “Essa distinção parece-me importante.” (4º parágrafo). Também com ç o autor deveria grafar as palavras “compreenção” e “pretenção”, se elas fossem empregadas no texto.

III. No trecho: “Sherry Turkle, professora do MIT, intitulou o seu “best-seller” “Alone Together” (“Sozinhos Juntos”)”, as vírgulas foram empregadas para delimitar um segmento que traz uma informação adicional.

IV. No trecho: “a tendência é escolher a segunda alternativa, especialmente no que se refere às tecnologias de comunicação”, o sinal indicativo de crase é obrigatório. E seria igualmente obrigatório se o trecho fosse reformulado para: “a tendência é escolher a segunda alternativa, especialmente no que se refere àquelas tecnologias de comunicação”.


Estão CORRETAS:

Alternativas
Respostas
2061: A
2062: B
2063: E
2064: D
2065: D
2066: E
2067: A
2068: B
2069: A
2070: C
2071: A
2072: E
2073: C
2074: B
2075: A
2076: D
2077: D
2078: C
2079: C
2080: D