Questões de Concurso
Comentadas sobre uso da vírgula em português
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Quando é verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontra quem a detenha. Se lhe negam a boca, ela fala pelas mãos, ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde for. Porque todos, todos, temos algo a dizer aos outros, alguma coisa, alguma palavra que merece ser celebrada ou perdoada pelos demais.
Galeano, E. Celebração da voz humana/2. In: ___. O livro dos abraços. L & PM, 1991. p. 23 (fragmento)
Antes e com tal zelo e sempre e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
(Fonte: Poesia Completa, de Vinícius de Moraes. Editora J. Aguilar, 2005)
É comum na poesia moderna a omissão dos sinais de pontuação ao final de cada verso. Os versos de Vinícius de Moraes contêm apenas o ponto final, mas poderiam receber algumas vírgulas caso fossem escritos, por exemplo, como frase de um texto em prosa.
Assinale a alternativa que reescreve o texto empregando corretamente as vírgulas.
( ) Em “... enquanto professores recebem salários escrachadamente humilhantes,...” (1º§), a expressão destacada indica tempo.
( ) Em “Dizem que nossa economia floresce,...” (8º§), a autora faz uso da linguagem conotativa.
( ) Em “só terão valor se o aluno souber raciocinar, avaliar, escolher e se comunicar dentro dos limites de sua idade.” (4º§), os termos destacados indicam condição.
( ) A eliminação das vírgulas altera o sentido do trecho: “No segundo grau, que encaminha para a universidade ou para algum curso técnico superior, o leque de conhecimentos deve aumentar.” (5º§)
( ) Em “... mas a cultura, senhores, que inclui a educação...” (8º§), o uso da vírgula é facultativo.
A sequência está correta em:
Neste ano, o número 1 entre os mais de 2.200 trabalhos inscritos alcançou o topo graças ao inusitado. O que parece ser as linhas de um monitor cardíaco, daqueles usados para acompanhar pacientes em hospitais, é uma foto das fibras do coração de um mosquito, realizada com o auxílio de reagentes fluorescentes e ampliada 100 vezes. “Meu trabalho é entender como os mosquitos transportam nutrientes, hormônios e doenças como a malária”, diz o autor da imagem, o pesquisador da Universidade Vanderbilt (EUA), Jonas King. Mãos à obra!
Sérgio Buarque de Holanda
Para Sérgio Buarque de Holanda a principal tarefa do
historiador consistia em estudar possibilidades de mudança
social. Entretanto, conceitos herdados e intelectualismos
abstratos impediam a sensibilidade para com o processo do
devir. Raramente o que se afigurava como predominante na
historiografia brasileira apontava um caminho profícuo para o
historiador preocupado em estudar mudanças. Os caminhos
institucionalizados escondiam os figurantes mudos e sua fala.
Tanto as fontes quanto a própria historiografia falavam a
linguagem do poder, e sempre imbuídas da ideologia dos
interesses estabelecidos. Desvendar ideologias implica para o
historiador um cuidadoso percurso interpretativo voltado para
indícios tênues e nuanças sutis. Pormenores significativos
apontavam caminhos imperceptíveis, o fragmentário, o não-
determinante, o secundário. Destes proviriam as pistas que
indicariam o caminho da interpretação da mudança, do
processo do vir a ser dos figurantes mudos em processo de
forjar estratégias de sobrevivência.
Era engajado o seu modo de escrever história. Como
historiador quis elaborar formas de apreensão do mutável, do
transitório e de processos ainda incipientes no vir a ser da
sociedade brasileira. Enfatizava o provisório, a diversidade, a
fim de documentar novos sujeitos eventualmente participantes
da história.
Para chegar a escrever uma história verdadeiramente
engajada deveria o historiador partir do estudo da urdidura dos
pormenores para chegar a uma visão de conjunto de sociabi-
lidades, experiências de vida, que por sua vez traduzissem
necessidades sociais. Aderir à pluralidade se lhe afigurava
como uma condição essencial para este sondar das possibili-
dades de emergência de novos fatores de mudança social.
Tratava-se, na historiografia, de aceitar o provisório como ne-
cessário. Caberia ao historiador o desafio de discernir e de
apreender, juntamente com valores ideológicos preexistentes,
as possibilidades de coexistência de valores e necessidades
sociais diversas que conviviam entre si no processo de
formação da sociedade brasileira sem uma necessária
coerência.
(Fragmento adaptado de Maria Odila Leite da Silva Dias, Sérgio
Buarque de Holanda e o Brasil. São Paulo, Perseu Abramo,
1998, pp.15-17)
Há dessas reminiscências que não descansam antes que a pena ou a língua as publique. Um antigo dizia arrenegar
de conviva que tem boa memória. A vida é cheia de tais convivas, e eu sou acaso um deles, conquanto a prova de ter a
memória fraca seja exatamente não me acudir agora o nome de tal antigo; mas era um antigo, e basta.
Não, não, a minha memória não é boa. Ao contrário, é comparável a alguém que tivesse vivido por hospedarias, sem
guardar delas nem caras nem nomes, e somente raras circunstâncias. A quem passe a vida na mesma casa de família,
com os seus eternos móveis e costumes, pessoas e afeições, é que se lhe grava tudo pela continuidade e repetição.
Como eu invejo os que não esqueceram a cor das primeiras calças que vestiram! Eu não atino com a das que enfiei
ontem. Juro só que não eram amarelas porque execro essa cor; mas isso mesmo pode ser olvido e confusão.
E antes seja olvido que confusão; explico-me. Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se pode meter
nos livros omissos. Eu, quando leio algum desta outra casta, não me aflijo nunca. O que faço, em chegando ao fim, é
cerrar os olhos e evocar todas as coisas que não achei nele. Quantas ideias finas me acodem então! Que de reflexões
profundas! Os rios, as montanhas, as igrejas que não vi nas folhas lidas, todos me aparecem agora com as suas águas,
as suas árvores, os seus altares, e os generais sacam das espadas que tinham ficado na bainha, e os clarins soltam as
notas que dormiam no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista.
É que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas alheias; assim podes também
preencher as minhas.
(Assis, de Machado. Dom Casmurro – Editora Scipione – 1994 – pág. 65)
Em relação às estruturas linguísticas empregadas no texto acima, assinale a opção correta.
Em relação às estruturas do texto acima, assinale a opção correta.
No que concerne ao emprego de vírgulas no texto acima, assinale a opção correta.
Na linha 19, a ausência de vírgulas logo depois de “atores” e de “interagem” indica que há outros atores que não interagem.
Galáxia
(...)
e a galáxia urbana
tem como as outras
cósmicas
insondáveis labirintos
de espaços e tempos e mais
os tempos humanos da memória, essa
antimatéria que pode
num átimo
reacender o que na matéria
se apagara para sempre
assim
a cidade girando
arrasta em seu giro
pânicos destinos desatinos
risos choros
luzi-luzindo nos cômodos sombrios
da Urca, da Tijuca, do Flamengo,
(...)
(Ferreira Gullar, Em alguma parte alguma. 4ª ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 2010, p. 57)
As vírgulas logo após "processo" e "defesa" têm a função de isolar elementos intercalados entre o sujeito e o predicado.
O emprego de vírgula logo após a palavra "criminais" mantém inalterados o sentido e a relação sintática do período.
A quantidade de itens certos é igual a
Artur Azevedo
I
Passavamse os anos, e Antonieta ia ficando para tia, não que lhe faltassem candidatos,
mas infeliz moça! naquela capital de província não havia um homem, um só, que ela
considerasse digno de ser seu marido. Ao Comendador Costa começavam a inquietar seriamente as
exigências da filha, que repelira, já, com desdenhosos muxoxos, uma boa dúzia de pretendentes
cobiçados pelas principais donzelas da cidade. Nenhuma destas se casou com rapaz que não fosse
primeiramente enjeitado pela altiva Antonieta.
- Que diabo! dizia o comendador à sua mulher, D. Guilhermina, estou vendo que será
preciso encomendarlhe um príncipe!
- Ou então, acrescentava D. Guilhermina, esperar que algum estrangeiro ilustre, de
passagem nesta cidade..
- Está você bem aviada! Em quarenta anos que aqui estou, só dois estrangeiros ilustres cá
têm vindo: o Agassiz e o Herman.
Entretanto, eram os pais os culpados daquele orgulho indomável. Suficientemente ricos
tinham dado à filha uma educação de fidalga, habituandoa desde pequenina a ver imediatamente
satisfeitos os seus mais custosos e extravagantes caprichos.
Bonita, rica, elegante, vestindose pelo último figurino, falando correntemente o francês e o
inglês, tocando muito bem o piano, cantando que nem uma primadona, tinha Antonieta razões
sobejas para se julgar um avis rara na sociedade em que vivia, e não encontrar em nenhuma classe
homem que merecesse a honra insigne de acompanhála ao altar.
Uma grande viagem à Europa, empreendida pelo comendador em companhia da esposa e da
filha, completara a obra. Ter estado em Paris constituía, naquela boa terra, um título de
superioridade.
Ao cabo de algum tempo, ninguém mais se atrevia a erguer os olhos para a filha do
Comendador Costa, contra a qual se estabeleceu pouco a pouco certa corrente de animadversão.
Começaram todos a notarlhe defeitos parecidos com os das uvas de La Fontaine, e, como a
qualquer indivíduo, macho ou fêmea, que estivesse em tal ou qual evidência, era difícil escapar ali a
uma alcunha, em breve Antonieta se tornou conhecida pela "Nãometoques".
II
Teria sido realmente amada? Não, mas apenas desejada, tanto assim que todos os seus
namorados se esqueceram dela...
Todos, menos o mais discreto, o mais humilde, o único talvez, que jamais se atrevera a
revelar os seus sentimentos.
Chamavase José Fernandes, e era o primeiro empregado da casa do Comendador Costa,
onde entrara aos dez anos de idade, no mesmo dia em que chegara de Portugal.
Por esse tempo veio ao mundo Antonieta. Ele viraa nascer, crescer, instruirse, fazerse
altiva e bela. Quantas vezes a trouxera ao colo, quantas vezes a acalentara nos braços ou a embalara
no berço! E, alguns anos depois, era ainda ele quem todas as manhãs a levava e todas as tardes ia
buscála no colégio.
Quando Antonieta chegou aos quinze anos e ele aos vinte e cinco, "Seu José" (era assim que
lhe chamavam) notou que a sua afeição por aquela menina se transformava, tomando um caráter
estranho e indefinível; mas calouse, e começou de então por diante a viver do seu sonho e do seu
tormento. Mais tarde, todas as vezes que aparecia um novo pretendente à mão da moça, ele
assustavase, tremia, tinha acessos de ciúmes, que lhe causavam febre, mas o pretendente era, como
todos os outros, repelido, e ele exultava na solidão e no silêncio do seu platonismo.
Materialmente, Seu José sacrificarase pelo seu amor. Era ele, como se costuma dizer (não
sei com que propriedade) o "tombo" da casa comercial do Comendador Costa; entretanto, depois de
tantos anos de dedicação e amizade, a sua situação era ainda a de um simples empregado; o patrão,
ingrato e egoísta, pagavalhe em consideração e elogios o que lhe devia em fortuna. Mais de uma
vez apareceram a Seu José ocasiões de trocar aquele emprego por uma situação mais vantajosa; ele,
porém, não tinha ânimo de deixar a casa onde ao seu lado Antonieta nascera e crescera.
III
Um dia, tudo mudou de repente.
Sem dar ouvidos a Seu José, que lhe aconselhava o contrário, o Comendador Costa
empenhou a sua casa numa grande especulação, cujos efeitos foram desastrosos, e, para não fechar
a porta, viuse obrigado a fazer uma concordata com os credores. Foi este o primeiro golpe atirado
pelo destino contra a altivez da "Nãometoques".
A casa ia de novo se levantando, e já estava quase livre dos seus compromissos de honra,
quando o Comendador Costa, adoecendo gravemente, faleceu, deixando a família numa situação
embaraçosa.
Um verdadeiro deus ex machina apareceu então na figura de Seu José que, reunindo as
suadas economias que ajuntara durante trinta anos, e associandose a D. Guilhermina, fundou a
firma Viúva Costa & Fernandes, e salvou de uma ruína iminente a casa do seu finado patrão.
IV
O estabelecimento prosperava a olhos vistos e era apontado como uma prova eloqüente de
quanto podem a inteligência, a boa fé e a força de vontade, quando o falecimento da viúva D.
Guilhermina veio colocar a filha numa situação difícil... Sozinha, sem pai nem mãe, nem amigos,
aos trinta e dois anos de idade, sempre bela e arrogante em que pesasse a todos os seus dissabores,
aonde iria a "Nãometoques"? Antonieta foi a primeira a pensar que o seu casamento com José
Fernandes era um ato que as circunstâncias impunham... [...]
Começou então uma nova existência para Antonieta, que, não obstante aproximarse da
medonha casa dos quarenta, era sempre formosa, com o seu porte de rainha e o seu colo opulento,
de uma brandura de cisne. As suas salas, profundamente iluminadas, abriamse quase todas as
noites para grandes e pequenas recepções: eram festas sobre festas. Agora já lhe não chamavam a
"Nãometoques"; ela tornarase acessível, amável, insinuante, com um sorriso sempre novo e
espontâneo para cada visita. Fizeramlhe a corte, e ela, outrora impassível diante dos galanteios,
escutavaos agora com prazer. Um galã, mais atrevido que os outros, aproveitou o momento
psicológico e conseguiu uma entrevista Esse primeiro amante foi prontamente substituído. Seguiu
se outro, mais outro, seguiramse muitos...
VII
E quando Seu José, desesperado, fez saltar os miolos com uma bala, deixou esta frase escrita num
pedaço de papel:
"Enquanto foi solteira, achava minha mulher que nenhum homem era digno de ser seu marido;
depois de casada (por conveniência) achou que todos eles eram dignos de ser seus amantes. Mato
me”.
Cor reio da Manhã, 12 de outubro de 1902.
http://www.dominiopublico.gov.br /download/texto/bi000050.pdf
I Através das informações de Léry, de Gabriel Soares, de Hans Staden, das crônicas dos jesuítas do século XVI, dos livros de Ives d’Evreux e de Claude d’Abbeville, vê-se, que, para a mulher tupi, a vida de casada era de contínuo trabalho: com os filhos, com o marido, com a cozinha, com os roçados.
II Isto sem esquecermos as indústrias domésticas a seu cargo, o suprimento de água e o transporte de fardos. Mesmo grávida a mulher índia, mantinha-se ativa dentro e fora de casa, apenas deixando, de carregar às costas, os volumes extremamente pesados.
III Mãe, acrescentava às suas muitas funções: a de tornar-se uma espécie de berço ambulante da criança, de amamentá- la, às vezes até aos sete anos, de lavá-la, de ensinar as meninas a fiar algodão e a preparar a comida.
IV E eram de suas próprias mãos os utensílios de que se servia para fazer a comida, para guardá-la, para pisar o milho ou o peixe, moquear a carne, espremer raízes, peneirar as farinhas: os alguidares, as urupemas, as cuias, as cabaças de beber água, os balaios.
A quantidade de itens certos é igual a
O crítico José Onofre disse uma vez que a frase “não se
faz uma omelete sem quebrar ovos” é muito repetida por gente
que não gosta de omelete, gosta do barulhinho dos ovos sendo
quebrados. Extrema esquerda e extrema direita se parecem não
porque amam seus ideais, mas porque amam os extremos, têm
o gosto pelo crec-crec.
A metáfora da omelete é “o fim justifica os meios”, em
linguagem de cozinha. O fim justificaria todos os meios extre-
mos de catequização e purificação, já que o fim é uma humani-
dade melhor – só variando de extremo para extremo o conceito
de “melhor”.
Todos os fins são nobres para quem os justifica, seja
uma sociedade sem descrentes, sem classes ou sem raças
impuras. O próprio sacrifício de ovos pelo sacrifício de ovos tem
uma genealogia respeitável, a ideia de regeneração (dos outros)
pelo sofrimento e pelo sangue acompanha a humanidade desde
as primeiras cavernas. Ou seja, até os sádicos têm bons
argumentos. Mas o fim das ideologias teria decretado o fim do
horror terapêutico, do mito da salvação pela purgação que o
século passado estatizou e transformou no seu mito mais
destrutivo.
O fracasso do comunismo na prática acabou com a des-
culpa, racional ou irracional, para o stalinismo. O tempo não
redimiu o horror, o fim foi só a última condenação dos meios.
(Adaptado de: Luis Fernando Verissimo, O mundo é bárbaro)
A supressão das vírgulas que isolam a expressão “da Secretaria Nacional de Segurança Pública” (L.10-11) alteraria o sentido do texto, visto que estaria subentendida a existência de, pelo menos, mais um projeto denominado Segurança Pública para o Brasil.
Marcelo Viana Estevão de Moraes. Internet: https://conteudo.gespublica.gov.br/folder_produtos/pasta.2009-05-15.4365295963seges_artigo_secretario_uma_janela_de_oportunidade_para_a_gestao_publica.
pdf (com adaptações).
Acesso em 3/8/2009
Os itens a seguir apresentam trechos, sucessivos e adaptados, de um
texto publicado no jornal O Estado de S.Paulo em 30/3/2010.
Julgue-os com relação à correção gramatical.
A indústria de bens de capital deve crescer 18% em relação à 2009, por causa do aumento da utilização da capacidade instalada ao longo do ano e o aumento da confiança dos empresários.