Questões de Concurso Comentadas sobre uso da vírgula em português

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Q1962475 Português
Leia o texto a seguir para responder a questão:

Câncer: Reduzir consumo de bacon, linguiças e salsichas ajuda a evitar a doença, dizem cientistas

Para especialistas, consumir regularmente carnes processadas pode levar ainda a casos de diabete e de doenças cardiovasculares

Sophie Egan, The New York Times
08 de julho de 2022 | 05h00

Cachorros-quentes, bacon e churrascos. A cultura está repleta de ocasiões alegres com carnes processadas, mas, quando essa indulgência se estende além da celebração ocasional, os especialistas dizem que você deve reduzir.

“As evidências são bastante convincentes de que o consumo regular de carnes processadas é prejudicial à saúde, incluindo câncer colorretal, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”, disse Frank Hu, professor de nutrição e epidemiologia e presidente do departamento de nutrição da Escola de Saúde Pública de Harvard. E, no geral, acrescentou ele, a maioria dos especialistas em saúde concorda que “carnes processadas são mais prejudiciais do que carnes não processadas”. 

As carnes processadas podem incluir presunto, linguiça, bacon, frios (como mortadela, peru defumado e salame), salsichas, carne seca, calabresa e até molhos feitos com esses produtos. Quando a carne é processada, ela é transformada por meio de cura, fermentação, defumação ou salga para aumentar o sabor e a vida útil.

Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que a carne processada era “cancerígena para humanos”, citando “evidências suficientes” de que causava câncer colorretal. O Fundo Mundial para Pesquisa em Câncer recomenda comer pouca ou nenhuma carne processada e limitar a carne vermelha a cerca de três porções por semana.

É importante limitar a ingestão de carne vermelha – mais comumente bovina e suína nos Estados Unidos –, mesmo quando não processada, porque esse tipo de carne está ligado não apenas ao câncer, mas também a doenças cardíacas, derrame e risco geral de morte.

Os especialistas não podem recomendar um tipo de carne processada em detrimento de outro devido à forma como a pesquisa é conduzida atualmente.

“A maioria dos estudos se concentra em carnes processadas altamente consumidas: linguiças, bacon, salsichas”, disse Hu. Assim, como todos os tipos de carnes processadas são agrupados na maioria dos estudos, acrescentou o professor, “é difícil fazer uma declaração conclusiva sobre quais carnes processadas são melhores ou piores do que outras”. E, observou ele, as pessoas que tendem a comer um tipo de carne processada tendem a comer outros, por isso é difícil distinguir os efeitos.

“Teoricamente, você pode argumentar que aves e peixes processados não são tão ruins quanto a carne vermelha processada”, disse Hu, citando o menor teor de gordura saturada de aves e peixes e a abundância de ácidos graxos ômega-3 em certos tipos de peixes. “Mas não temos evidências para apoiar isso.” Portanto, até que mais pesquisas sejam feitas, trate os produtos processados de aves e peixes com a mesma cautela.

A questão principal parece ser o processamento em si, e não do que é feita a carne processada, disse Marji McCullough, diretora científica sênior de pesquisa epidemiológica da Sociedade Americana do Câncer. O ato de curar ou preservar com nitratos e nitritos, que podem criar substâncias químicas cancerígenas nos alimentos, pode contribuir para o risco de câncer, afirmou.

Outra possível variável, acrescentou ela, é que cozinhar carne em altas temperaturas pode formar cancerígenos adicionais. Isso inclui cozinhar carne em contato direto com uma chama ou superfície quente, como ao grelhar, assar ou fritar.


Sódio

Além dos riscos de câncer, todas as carnes processadas tendem a ser ricas em sódio, o que é “um fator importante”, disse Hu. A ingestão excessiva de sódio pode aumentar o risco de hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. [...]

Vijaya Surampudi, professora assistente de medicina do Centro de Nutrição Humana da UCLA, disse que a preocupação com a carne processada é que ela pode aumentar a inflamação no corpo, alterando o microbioma do intestino. “As bactérias intestinais interagem com nosso sistema imunológico e às vezes levam à inflamação crônica”, afirmou, o que pode afetar a pressão arterial, o açúcar no sangue e o colesterol, aumentando o risco de doenças crônicas e até morte.

“Uma dieta baseada em vegetais será muito mais preventiva na redução do risco”, disse Surampudi. “Isso não significa que você precisa ser 100% vegano ou vegetariano”, acrescentou ela, mas apenas que a maior parte de sua dieta deve vir de fontes vegetais. [...]

Fonte:
(https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,cancer-reduzir-consumo-de-bacon-linguicas-esalsichas-ajuda-a-evitar-a-doenca-dizemcientistas,70004111302.)
No excerto do segundo parágrafo do texto “disse Frank Hu, professor de nutrição e epidemiologia e presidente do departamento de nutrição da Escola de Saúde Pública de Harvard.” A vírgula está sendo usada porque: 
Alternativas
Q1962195 Português
Observe o texto 01 e 02 abaixo para responder a questão a seguir.

Observação: em algumas questões será necessário interpretar, ambos os textos, conjuntamente.


Dinheiro traz felicidade?


Texto 01

   Comenta-se no bairro onde moro, sobre uma mulher, o nome dela é Joana Peres. Ela tem três filhas: Jéssica, Juliana e Jaqueline. Joana é professora de ginástica e, apesar de popular, ela não é rica e muito menos famosa.
   Ela mora em uma casa de três quartos, sem nenhum luxo. Joana tem um carro, além de antigo, ele é pouco confortável, não tem rádio ou CD player no carro dela. Há apenas o motor, a direção e as rodas.
   Comenta-se na vizinhança que ela não é feliz, pois, ela gostaria de ter uma casa grande, um carro zero e muito dinheiro no banco.


Texto 02

   Ao lado da casa de Joana, há uma mansão, nela mora um ex-jogador de futebol argentino, o nome dele é Raphael Ramos, ele era conhecido como “Patagônia”, pois passava dias e dias isolado no deserto da Patagônia.
  A mansão em que ele mora, é a mais cara da região. Tem piscina aquecida, quadra poliesportiva, academia de ginástica, sistema de reuso de água e até guarita blindada.
   Raphael tem um carro novo, na verdade, alguns carros novos. Os carros são caros, blindados, com ar-condicionado, DVD player e computador de bordo, entretanto, Rafael não é feliz. Ele gostaria de uma casa menor, um carro popular, uma esposa e filhos. 
Atente ao uso da pontuação na estrutura a seguir: “Ela tem três filhas: Jéssica, Juliana e Jaqueline”. Assinale a alternativa que justifica o uso da vírgula.
Alternativas
Q1961346 Português
Assinalar a alternativa em que o uso da vírgula é facultativo:
Alternativas
Q1961326 Português

INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto 03 e, a seguir, responda à questão que a ele se refere.

Texto 03


Pensando em desistir?


        Todos nós podemos explicar e até justificar os nossos fracassos. Os motivos para que determinada empreitada não vingue são abundantes. Conheci inúmeros empreendedores que fracassaram. Nossas conversas mostraram as causas do insucesso. Em alguns casos, havia sido a falta de capital. Em outros, os sucessivos planos econômicos. Não faltaram aqueles que culparam a concorrência “desonesta” dos chineses e até a falta de sorte. Como contestar esses fatos tão evidentes?

        Embora cada um tenha explicações razoáveis, a pergunta que deve ser feita é esta: “Será que tentaram tudo o que estava ao seu alcance para resolver seus problemas?”.

        Será que insistiram uma, duas, três, vinte, trinta vezes? Quem sabe 50 vezes ou mais. É muito? Mas quem disse que os resultados são encontrados nas primeiras tentativas?

        Muitos vencedores se depararam com a solução que procuravam após insistirem quase no limite de suas forças. Olharam para frente e viram todas as saídas obstruídas. Mesmo assim, foram experimentando uma a uma até descobrirem, quase no final da peregrinação, aquela que estava aberta.

Disponível em: https://vidasimples.co/colunistas/analise. Acesso em: 12 jun. 2022. Adaptado.

Considere o trecho “Embora cada um tenha explicações razoáveis, a pergunta que deve ser feita é esta: ‘Será que tentaram tudo o que estava ao seu alcance para resolver seus problemas?’”. Sobre a organização morfossintática do texto, analise as afirmativas a seguir.


I. A conjunção subordinativa adverbial “embora” insere no trecho uma ideia de concessão.

II. A vírgula foi usada depois de “razoáveis” para intercalar uma oração adverbial antecipada.

III. O pronome demonstrativo e coesivo “esta” poderia, com correção, ser substituído por “essa”.

IV. O termo “o”, antes do “que”, foi usado como um pronome demonstrativo, significando “aquilo”.

V. A forma verbal “tenha” foi empregada estabelecendo relação com o uso do termo “embora”


Estão CORRETAS as afirmativas

Alternativas
Q1961040 Português

Conversinha mineira

(Fernando Sabino) 



- É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?

- Sei dizer não senhor: não tomo café.

- Você é dono do café, não sabe dizer?

- Ninguém tem reclamado dele não senhor.

- Então me dá café com leite, pão e manteiga.

- Café com leite só se for sem leite.

- Não tem leite?

- Hoje, não senhor.

- (I) __________ hoje não?

- (II) __________ hoje o leiteiro não veio.

- Ontem ele veio?

- Ontem não.

- Quando é que ele vem?

- Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes não vem. Só que no dia que devia vir em geral não vem.

- Mas ali fora está escrito “Leiteria”!

- Ah, isso está, sim senhor.

- Quando é que tem leite?

- Quando o leiteiro vem.

- Tem ali um sujeito comendo coalhada. É feita de quê?

- O quê: coalhada? Então o senhor não sabe de que é feita a coalhada?

- Está bem, você ganhou. Me traz um café com leite sem leite. Escuta uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade?

- Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.

- E há quanto tempo o senhor mora aqui?

- Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso agarantir com certeza: um pouco mais, um pouco menos.

- Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?

- Ah, o senhor fala da situação? Dizem que vai bem.

- Para que Partido? - Para todos os Partidos, parece.

- Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui.

- Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que outro. Nessa mexida...

- E o Prefeito?

- Que é que tem o Prefeito?

- Que tal o Prefeito daqui?

- O Prefeito? É tal e qual eles falam dele.

- Que é que falam dele?

- Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito.

- Você, certamente, já tem candidato.

- Quem, eu? Estou esperando as plataformas.

- Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na parede, que história é essa?

- Aonde, ali? Uê, gente: penduraram isso aí...

Analise a teoria sobre o sinal de pontuação e assinale a alternativa que o possua.
“Denotam interrupções ou incompletude do pensamento (ou porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor nos toma a palavra), hesitação em enunciá-lo” (Bechara, 2019, p. 589)
Alternativas
Q1960592 Português
Os sinais de pontuação são importantes elementos de expressividade. Marque a alternativa em que o emprego da vírgula é opcional.
Alternativas
Q1960353 Português

        Em uma sociedade desigual, aqueles que alcançam o topo querem acreditar que seu sucesso tem justificativa moral. Em uma sociedade de meritocracia* , isso significa que os vencedores devem acreditar que conquistaram o sucesso através do próprio talento e empenho. Quem entra em uma universidade pública de prestígio com credenciais brilhantes se orgulha da conquista e considera que o fez por conta própria. Mas isso, de certa forma, é ilusório. Ainda que seja verdade o fato de a entrada refletir dedicação e empenho, não se pode dizer que foi somente resultado da própria ação. E o que dizer a respeito de pai, mãe e professores que ajudaram ao longo do caminho? E a sorte de viver em uma sociedade que cultiva e recompensa os talentos que eles por acaso têm?

        As pessoas que, por meio de um pouco de esforço e talento, prevalecem em uma meritocracia ficam endividadas de uma forma que a competição ofusca. À medida que a meritocracia se intensifica, o esforço nos absorve tanto que o fato de estarmos endividados sai de vista. Dessa maneira, até mesmo uma meritocracia justa, uma em que não haja trapaça, ou suborno, ou privilégios especiais para os ricos, induz a uma impressão equivocada: de que chegamos lá por conta própria. Os anos de árduo esforço exigidos de candidatos a universidades de elite praticamente os obriga a acreditar que o sucesso deles é resultado das próprias ações, e, se fracassarem, não terão a quem culpar, a não ser a si mesmos.

        Esse é um fardo pesado para pessoas jovens carregarem. Além disso, corrói sensibilidades cívicas. Porque quanto mais pensarmos em nós como pessoas que vencem pelo próprio esforço e que são autossuficientes, mais difícil será aprender a ter gratidão e humildade. E sem esses sentimentos é difícil se importar com o bem comum.

        O ingresso em universidades não é a única ocasião para discussões sobre mérito. Na política contemporânea, há uma abundância de debates acerca de quem merece o quê. Na superfície, esses debates são sobre o que é justo – todo mundo tem oportunidades verdadeiramente iguais para competir por bens desejáveis e posições sociais? No entanto, nossas discordâncias a propósito do mérito não são apenas em relação a ser justo mas também quanto a como definimos sucesso e fracasso, vencer e perder, e o comportamento que vencedores devem direcionar àqueles menos bem-sucedidos do que eles. Essas são questões bastante pesadas e que tentamos evitar, até o momento em que elas se lançam sobre nós. Precisamos perguntar se a solução para nossa política conflituosa é viver mais fielmente pelo princípio do mérito ou buscar um bem comum além da classificação e da luta.

* meritocracia: sistema de recompensa e/ou promoção fundamentado no mérito pessoal


(Michael J. Sandel. A tirania do mérito:

o que aconteceu com o bem comum? Trad. Bhuvi Libanio. – 4ª ed.

Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2021. Excerto adaptado)

Assinale a alternativa em que, na frase redigida a partir do texto, a vírgula está empregada em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa.
Alternativas
Q1959132 Português

Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo. 



       O animal humano, que é parte da natureza e que dela depende, não se resignou a viver para sempre à mercê dos frutos espontâneos da terra. O desafio que desde logo se insinuou foi: como induzir o mundo natural a somar forças e multiplicar o resultado do esforço humano? Como colocá-lo a serviço do homem? O passo decisivo nessa busca foi a descoberta, antes prática que teórica, de que “domina-se a natureza obedecendo-se a ela”. A sagacidade do animal humano soube encontrar nos caminhos do mundo como ele se põe (natura naturans: “a natureza causando a natureza”) as chaves de acesso ao mundo como ele pode ser (natura naturata: “a natureza causada”). 


       Processos naturais, desde que devidamente sujeitos à observação e direcionamento pela mão do homem, podiam se tornar inigualáveis aliados na luta pelo sustento diário. Em vez de tão somente surpreender e pilhar os seres vivos que a natureza oferece para uso e desfrute imediato, como fazia o caçador-coletor, tratava-se de compreender suas regularidades, acatar sua lógica, identificar e aprimorar suas espécies mais promissoras e, desse modo, cooptá-los em definitivo para a tarefa de potencializar os meios de vida. Se a realidade designada pelo termo civilização não se deixa definir com facilidade, uma coisa é certa: nenhum conceito que deixe de dar o devido peso a essa mudança na relação homem-natureza poderá ser julgado completo. A domesticação sistemática, em larga escala, de plantas e animais deu à humanidade maior segurança alimentar e trouxe extraordinárias conquistas materiais. Mas ela não veio só. O advento da sociedade agropastoril teve como contrapartida direta e necessária uma mudança menos saliente à primeira vista, mas nem por isso de menor monta: a profunda transformação da psicologia temporal do animal humano.


       A domesticação da natureza externa exigiu um enorme empenho na domesticação da natureza interna do homem. Pois a prática da agricultura e do pastoreio implicou uma vasta readaptação dos valores, crenças, instituições e formas de vida aos seus métodos e exigências. Entre os acontecimentos da história mundial que modificaram de maneira permanente os hábitos mentais do homem, seria difícil encontrar algum que pudesse rivalizar com o impacto da transição para a sociedade de base agrícola e pastoril em toda a forma como percebemos e lidamos com a dimensão temporal da vida prática.



(GIANNETTI, Eduardo. O valor do amanhã. São Paulo: Companhia das Letras, edição digital. Adaptado) 

As vírgulas isolam um segmento que expressa ideia de condição no seguinte trecho: 
Alternativas
Q1959078 Português
Atenção: Para responder à questão, leia o trecho inicial do conto “Virginius: narrativa de um advogado”, de Machado de Assis. 


      Não me correu tranquilo o S. João de 185...
      Duas semanas antes do dia em que a Igreja celebra o evangelista, recebi pelo correio o seguinte bilhete, sem assinatura e de letra desconhecida:
      “O Dr. *** é convidado a ir à vila de... tomar conta de um processo. O objeto é digno do talento e das habilitações do advogado. Despesas e honorários ser-lhe-ão satisfeitos antecipadamente, mal puser pé no estribo. O réu está na cadeia da mesma vila e chama-se Julião. Note que o Dr. é convidado a ir defender o réu.”
      Li e reli este bilhete; voltei-o em todos os sentidos; comparei a letra com todas as letras dos meus amigos e conhecidos... Nada pude descobrir. 
      Entretanto, picava-me a curiosidade. Luzia-me um romance através daquele misterioso e anônimo bilhete. Tomei uma resolução definitiva. Ultimei uns negócios, dei de mão outros, e oito dias depois de receber o bilhete tinha à porta um cavalo e um camarada para seguir viagem. No momento em que me dispunha a sair, entrou-me em casa um sujeito desconhecido, e entregou-me um rolo de papel contendo uma avultada soma, importância aproximada das despesas e dos honorários. Recusei apesar das instâncias, montei a cavalo e parti.
      Só depois de ter feito algumas léguas é que me lembrei de que justamente na vila a que eu ia morava um amigo meu, antigo companheiro da academia. 
      Poucos dias depois apeava eu à porta do referido amigo. Depois de entregar o cavalo aos cuidados do camarada, entrei para abraçar o meu antigo companheiro de estudos, que me recebeu alvoroçado e admirado.
      − A que vens, meu amigo? A que vens? perguntava-me ele.
      − Vais sabê-lo. Creio que há um romance para deslindar. Há quinze dias recebi no meu escritório, na corte, um bilhete anônimo em que se me convidava com instância a vir a esta vila para tomar conta de uma defesa. Não pude conhecer a letra; era desigual e trêmula, como escrita por mão cansada...
      − Tens o bilhete contigo?
      − Tenho.
      Tirei do bolso o misterioso bilhete e entreguei-o aberto ao meu amigo. Ele, depois de lê-lo, disse:
      − É a letra de Pai de todos.
      − Quem é Pai de todos?
      − É um fazendeiro destas paragens, o velho Pio. O povo dá-lhe o nome de Pai de todos, porque o velho Pio o é na verdade.
      − Bem dizia eu que há romance no fundo!... Que faz esse velho para que lhe deem semelhante título?
      − Pouca coisa. Pio é, por assim dizer, a justiça e a caridade fundidas em uma só pessoa. Só as grandes causas vão ter às autoridades judiciárias, policiais ou municipais; mas tudo o que não sai de certa ordem é decidido na fazenda de Pio, cuja sentença todos acatam e cumprem. Seja ela contra Pedro ou contra Paulo, Paulo e Pedro submetem-se, como se fora uma decisão divina. Quando dois contendores saem da fazenda de Pio, saem amigos. É caso de consciência aderir ao julgamento de Pai de todos.
      O meu amigo continuou a desfiar as virtudes do fazendeiro. Meu espírito apreendia-se cada vez mais de que eu ia entrar em um romance. Finalmente o meu amigo dispunha-se a contar-me a história do crime em cujo conhecimento devia eu entrar daí a poucas horas. Detive-o.
      − Não, disse-lhe, deixa-me saber de tudo por boca do próprio réu. Depois compararei com o que me contarás.
      − É melhor. Julião é inocente...


(Adaptado de: ASSIS, Machado de. Obra Completa, v. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994)

Verifica-se o emprego de vírgula para separar um vocativo em:
Alternativas
Q1956522 Português
Texto para o item.





Internet: <www.isaude.com.br> (com adaptações).
No que diz respeito a aspectos linguísticos do texto, julgue o item.

A supressão da vírgula empregada após “afasia” (linha 22) não prejudicaria a coerência do texto, mas comprometeria a sua correção gramatical. 
Alternativas
Q1956439 Português
“Quando nada parece ajudar, eu vou e olho o cortador de pedras martelando sua rocha talvez cem vezes sem que nem uma só rachadura apareça. No entanto, na centésima primeira martelada, a pedra se abre em duas, e eu sei que não foi aquela que a conseguiu mas todas as outras que vieram antes.”

Nesse texto há uma falha na escritura. Assinale a opção que apresenta tal falha.
Alternativas
Q1956350 Português

Leia o texto.


Vista Cansada

Acho que foi o Hemingway* quem disse que olhava cada coisa à sua volta como se a visse pela última vez. Pela última ou pela primeira vez? Pela primeira vez foi outro escritor quem disse. Essa ideia de olhar pela última vez tem algo de deprimente. Olhar de despedida, de quem não crê que a vida continua, não admira que o Hemingway tenha acabado como acabou.

Se eu morrer, morre comigo um certo modo de ver, disse o poeta. Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.

Você sai todo dia, por exemplo, pela mesma porta. Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe. De tanto ver, você não vê. Sei de um profissional que passou 32 anos a fio pelo mesmo hall do prédio do seu escritório. Lá estava sempre, pontualíssimo, o mesmo porteiro. Dava-lhe bom-dia e às vezes lhe passava um recado ou uma correspondência. Um dia o porteiro cometeu a descortesia de falecer.

Como era ele? Sua cara? Sua voz? Como se vestia? Não fazia a mínima ideia. Em 32 anos, nunca o viu. Para ser notado, o porteiro teve que morrer. Se um dia no seu lugar estivesse uma girafa, cumprindo o rito, pode ser também que ninguém desse por sua ausência. O hábito suja os olhos e lhes baixa a voltagem. Mas há sempre o que ver. Gente, coisas, bichos. E vemos? Não, não vemos.

Uma criança vê o que o adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que, de fato, ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher, isso existe às pampas. Nossos olhos se gastam no dia a dia, opacos. É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença. Otto Lara Resende (adaptado).

* escritor norte-americano que se suicidou

Assinale a alternativa que justifica a vírgula presente na frase: “Se alguém lhe perguntar o que é que você vê no seu caminho, você não sabe”.
Alternativas
Ano: 2022 Banca: FURB Órgão: FURB - SC Prova: FURB - 2022 - FURB - SC - Fisioterapeuta |
Q1954266 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Internet das coisas: o que é e como funciona

O que você sabe sobre a Internet das Coisas? Já ouviu falar nesse termo antes? Será que é algo novo? É bem provável que você já tenha tido contato com esse modelo de tecnologia em algum momento durante a sua vida.

A expressão foi criada no ano de 1999 por Kevin Ashton, pesquisador britânico do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Sendo assim, é possível perceber que esse conceito não é uma novidade, já existe há mais de 20 anos.


O que é Internet das Coisas?

A Internet das Coisas, em inglês Internet of Things (IoT), é uma referência à habilidade de diferentes tipos de objetos conseguirem estabelecer conexão com a internet - desde eletrodomésticos até carros. Portanto, esses itens conseguem coletar e transmitir dados a partir da nuvem.

Atualmente, já é possível encontrar dispositivos IoT sendo utilizados tanto em situações comuns da vida diária como no âmbito profissional. Desse modo, essas ferramentas tecnológicas estão contribuindo para o acontecimento da transformação digital no mundo.

Os recursos desse modelo de tecnologia estão presentes em diversas áreas, dentre elas, estão os seguintes exemplos:

-Casa: existem inúmeros aparelhos baseados em IoT, por exemplo, a Smart TV, termostatos, geladeiras e fechaduras inteligentes.

-Wearable: são equipamentos "vestíveis", ou seja, acessórios que utilizamos no corpo, como os smartwatches e fones de ouvido.

-Saúde: a tecnologia ajuda na integração com o prontuário do paciente. Com isso, alterações no estado clínico, como na pressão sanguínea e frequência cardíaca são rapidamente atualizadas no registro, otimizando o atendimento médico.

-Agricultura: os sensores IoT ajudam no monitoramento da temperatura, umidade do solo e do ar, ativando automaticamente os sistemas de irrigação, quando necessário.


Como é o funcionamento da IoT?

De maneira resumida, um dispositivo inteligente é equipado com determinados mecanismos que possibilitam a conexão com uma rede, podendo ser tanto Wi-Fi como Bluetooth e dados móveis (3G, 4G e 5G). 

Desde a sua criação até agora, porém, a IoT sofreu vários progressos e passou a agrupar diferentes funções de outras tecnologias aos seus métodos de funcionamento, dentre elas, a Inteligência Artificial (IA).

Desse modo, os objetos conseguem acessar diversas informações armazenadas na nuvem e aprendem com esses dados, já que utilizam os princípios de Machine Learning, ou Aprendizado de Máquina.

Além disso, muitos aparelhos também recorrem ao Processamento de Linguagem Natural (PLN). Por isso, conseguem reconhecer a escrita em idioma humano ou um comando de voz e compreender o objetivo da solicitação, agindo em harmonia com o pedido.

Entretanto, vale ressaltar que, apesar de a IoT ter ligação com a IA, as duas concepções são distintas, cada uma tem as suas próprias particularidades. 


Texto retirado e adaptado de: TECMUNDO. Internet das coisas: entenda o que é e como
funciona. Disponível em: https://www.tecmundo.com.br/internet/230884
-internet-coisas-entenda-funciona.htm Acesso em: 20 mar., 2022.
Considere as afirmações a seguir a respeito do uso da vírgula no texto "Internet das coisas: o que é e como funciona". Assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas:

(__)Em "A Internet das Coisas, em inglês Internet of Things (IoT), é uma referência à habilidade de diferentes tipos de objetos conseguirem estabelecer conexão com a internet", o trecho que está entre vírgulas oferece uma explicação e, portanto, pode ser chamado de aposto.
(__)No trecho "Portanto, esses itens conseguem coletar e transmitir dados a partir da nuvem", a vírgula está sendo empregada para isolar o conectivo que sinaliza conclusão.
(__)No fragmento "Sendo assim, é possível perceber que esse conceito não é uma novidade, já existe há mais de 20 anos", a primeira vírgula tem a função de isolar uma locução explicativa e a segunda introduz uma explicação.

Assinale a alternativa com a sequência CORRETA:
Alternativas
Ano: 2022 Banca: FURB Órgão: FURB - SC Prova: FURB - 2022 - FURB - SC - Enfermeiro |
Q1954247 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.


Internet das coisas: o que é e como funciona

O que você sabe sobre a Internet das Coisas? Já ouviu falar nesse termo antes? Será que é algo novo? É bem provável que você já tenha tido contato com esse modelo de tecnologia em algum momento durante a sua vida.

A expressão foi criada no ano de 1999 por Kevin Ashton, pesquisador britânico do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Sendo assim, é possível perceber que esse conceito não é uma novidade, já existe há mais de 20 anos.


O que é Internet das Coisas?

A Internet das Coisas, em inglês Internet of Things (IoT), é uma referência à habilidade de diferentes tipos de objetos conseguirem estabelecer conexão com a internet - desde eletrodomésticos até carros. Portanto, esses itens conseguem coletar e transmitir dados a partir da nuvem.

Atualmente, já é possível encontrar dispositivos IoT sendo utilizados tanto em situações comuns da vida diária como no âmbito profissional. Desse modo, essas ferramentas tecnológicas estão contribuindo para o acontecimento da transformação digital no mundo.

Os recursos desse modelo de tecnologia estão presentes em diversas áreas, dentre elas, estão os seguintes exemplos:

-Casa: existem inúmeros aparelhos baseados em IoT, por exemplo, a Smart TV, termostatos, geladeiras e fechaduras inteligentes.

-Wearable: são equipamentos "vestíveis", ou seja, acessórios que utilizamos no corpo, como os smartwatches e fones de ouvido.

-Saúde: a tecnologia ajuda na integração com o prontuário do paciente. Com isso, alterações no estado clínico, como na pressão sanguínea e frequência cardíaca são rapidamente atualizadas no registro, otimizando o atendimento médico.

-Agricultura: os sensores IoT ajudam no monitoramento da temperatura, umidade do solo e do ar, ativando automaticamente os sistemas de irrigação, quando necessário.


Como é o funcionamento da IoT?

De maneira resumida, um dispositivo inteligente é equipado com determinados mecanismos que possibilitam a conexão com uma rede, podendo ser tanto Wi-Fi como Bluetooth e dados móveis (3G, 4G e 5G).

Desde a sua criação até agora, porém, a IoT sofreu vários progressos e passou a agrupar diferentes funções de outras tecnologias aos seus métodos de funcionamento, dentre elas, a Inteligência Artificial (IA).

Desse modo, os objetos conseguem acessar diversas informações armazenadas na nuvem e aprendem com esses dados, já que utilizam os princípios de Machine Learning, ou Aprendizado de Máquina.

Além disso, muitos aparelhos também recorrem ao Processamento de Linguagem Natural (PLN). Por isso, conseguem reconhecer a escrita em idioma humano ou um comando de voz e compreender o objetivo da solicitação, agindo em harmonia com o pedido.

Entretanto, vale ressaltar que, apesar de a IoT ter ligação com a IA, as duas concepções são distintas, cada uma tem as suas próprias particularidades.


Texto retirado e adaptado de: TECMUNDO. Internet das coisas: entenda o que é e como
funciona. Disponível em: https://www.tecmundo.com.br/internet/230884
-internet-coisas-entenda-funciona.htm Acesso em: 20 mar., 2022.
Considere as afirmações a seguir a respeito do uso da vírgula no texto "Internet das coisas: o que é e como funciona". Assinale V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas:

(  )Em "A Internet das Coisas, em inglês Internet of Things (IoT), é uma referência à habilidade de diferentes tipos de objetos conseguirem estabelecer conexão com a internet", o trecho que está entre vírgulas oferece uma explicação e, portanto, pode ser chamado de aposto.
(  )No trecho "Portanto, esses itens conseguem coletar e transmitir dados a partir da nuvem", a vírgula está sendo empregada para isolar o conectivo que sinaliza conclusão.
(  )No fragmento "Sendo assim, é possível perceber que esse conceito não é uma novidade, já existe há mais de 20 anos", a primeira vírgula tem a função de isolar uma locução explicativa e a segunda introduz uma explicação.

Assinale a alternativa com a sequência CORRETA:
Alternativas
Q1953347 Português

        Minha primeira tentativa de ler Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes, foi um fracasso. Eu ainda estava na escola e me confundia com as frases longas e as palavras antigas. Acabei desistindo.

        Anos depois, li do começo ao fim, desfrutando cada página da história daquela dupla inusitada: o cavaleiro idealista determinado a transformar a realidade para que se assemelhe à de seus livros e seus sonhos; e o escudeiro pragmático que tenta manter seu mestre na dura realidade para que ele não se perca nas nuvens da fantasia.

        Tudo é deslumbrante nesse livro, que simboliza melhor do que qualquer outro a infinita variedade da língua espanhola para expressar a condição humana com todas as nuances, a fantasia que leva o ser humano a transformar a vida. Em outras palavras, a forma como a literatura nos defende da frustração, do fracasso e da mediocridade.

        O mundo estreito e provinciano de La Mancha, pelo qual Dom Quixote e Sancho fazem sua peregrinação, pouco a pouco se torna, graças à coragem do determinado cavaleiro andante, um universo de aventuras insólitas, em que se entrelaçam audácia, absurdo e humor, para nos mostrar como a imaginação pode transformar o tédio em aventura e converter o cotidiano em uma peripécia inusitada em que se alternam o maravilhoso, o milagroso, o patético – todos os matizes de que se faz a vida.

        Em livro recente, o crítico Santiago Muñoz Machado analisa as biografias mais importantes do escritor Miguel de Cervantes para saber em que sociedade surgiu Dom Quixote. O leitor da obra de Muñoz Machado encontrará tudo: o aparato jurídico que reinava na Espanha enquanto Cervantes escrevia as aventuras de Dom Quixote, as festas populares, a propagação da feitiçaria, os crimes da Inquisição, a vida elevada dos artistas, a mentalidade militar à sombra da Coroa.

        Cervantes era um homem simples e miserável, aparentemente desde muito jovem. No começo da vida, um crime o leva para a Itália. Como todos os humildes, ele se torna soldado. E guerreia em Lepanto contra os turcos, quando não deveria, por causa de condição de que sofria. E, então, devido a raptores berberiscos, ele passou cinco anos em Argel, onde deve ter sofrido o indescritível, sobretudo depois de suas tentativas de fuga. Padres trinitarianos o salvaram, pagando seu resgate. Na Espanha, tentou ir para a América, mas o Estado sequer respondeu às suas cartas. Ou seja, com ele tudo acontecia de maneira tal que ele poderia muito bem se tornar ressentido. E, no entanto, a generosidade e a hombridade de Cervantes estão mais do que garantidas. Era um homem sem remorso, preocupado em elevar a vida de seus concidadãos. Um homem bom e idealista.

        Quando li Dom Quixote, já havia muito tempo que lia romances de cavalaria, nos quais o formalismo tentava frear os excessos da época. Sob a ferocidade das batalhas, surgiu um mundo de paz e ordem, segundo um plano rígido destinado a acabar com a espontaneidade que mostrava o mundo como ele é: pútrido e irremediável. Será que, depois de tanto sofrer na vida, Cervantes também não tivesse buscado a mesma coisa?

(Adaptado de: LLOSA, Mario Vargas. Disponível em: www.cultura.estadao.com.br. Acessado em: 05.05.2022) 

O emprego das vírgulas indica uma enumeração no seguinte trecho:
Alternativas
Q1952853 Português

Atenção: Para responder à questão, baseie-se no texto abaixo.


Brincadeiras de criança

  Entre as crianças daquele tempo, na hora de formar grupos pra brincar, alguém separava as sílabas enquanto ia rodando e apontando cada um com o dedo: “Lá em ci-ma do pi-a-no tem um co-po de ve-ne-no, quem be-beu mor-reu, o cul-pa-do não fui eu”. Piano? Qual? Veneno? Por quê? Morreu? Quem? Tratava-se de uma “parlenda”*, como aprendi bem mais tarde, mas podem chamar de surrealismo, enigma, senha mágica, charada...

  Mesmo as nossas cartilhas de alfabetização tinham seus mistérios: uma das lições iniciais era a frase “A macaca é má”, com a ilustração de uma macaquinha espantada e a exploração repetida das sílabas “ma” e “ca”. Ponto. Nenhuma história? Por que era má a macaquinha? Depois aprendi que “má macaca” é um parequema**. A gente vai ficando sabido e ignorando o essencial. O que, afinal, teria aprontado a má macaquinha da cartilha?

  A grande poeta Orides Fontela usou como epígrafe de um de seus livros de alta poesia (Helianto, 1973) esta popular quadrinha de cantiga de roda: 


                                                  “Menina, minha menina,

Faz favor de entrar na roda

Cante um verso bem bonito

Diga adeus e vá-se embora”

  Ou seja: brincando, brincando, eis a nossa vida resumida, em meio aos densos poemas de Orides, a nossa vida, em que cada um de nós se apresenta aos outros, busca dizer com capricho a que veio no tempinho que teve e...adeus. Podem soar fundo as palavras mais inocentes: “ir-se embora”, depois da viva roda... E ir-se embora sem saber mais nada daquele copo de veneno em cima do piano ou da macaquinha da cartilha, eternamente condenada a ser má. Ir-se embora já ouvindo bem ao longe as vozes das crianças cantando na roda.

* parlenda: palavreado utilizado em brincadeiras infantis ou jogos de memorização.

** parequema: repetição de sons ou da sílaba final de uma palavra, no início da palavra seguinte.

(Adaptado de: MACEDÔNIO, Faustino. Casos de almanaque, a publicar)


A supressão da vírgula altera o sentido da seguinte frase:  
Alternativas
Q1952609 Português
Leia o texto a seguir para responder à questão.

TEXTO
A ARTE DE ESCUTAR BONITO

Mirian Goldenberg
Antropóloga e professora da UFRJ


   Desde que a pandemia começou, tive (e continuo tendo) várias fases de depressão, pânico, ansiedade, desespero, tristeza e desesperança. Ainda não consegui encontrar uma saída da concha ou da caverna escura em que me escondi nos últimos dois anos.
  Foram os meus amigos e os meus livros que me ajudaram a sobreviver física e emocionalmente nos piores momentos. Decidi relembrar aqui algumas lições que aprendi em meio a essa tragédia para ajudar quem está precisando de um colete salva vidas ou de um abraço carinhoso, como eu ainda preciso.
  Viktor Frankl me desafiou a construir uma vida com significado. Apesar das circunstâncias dramáticas, ninguém pode destruir a liberdade que temos de escolher a melhor atitude para enfrentar o sofrimento inevitável. Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre me mostraram que não importa o que a vida fez de nós: o que importa é o que fazemos com o que a vida fez de nós, quais são os nossos propósitos e projetos de vida.
   Epicteto me mostrou que a nossa felicidade e liberdade começam com a compreensão de um princípio básico: algumas coisas estão sob nosso controle e outras, não. Devemos sempre fazer o máximo e o melhor que estiver ao nosso alcance. Cada obstáculo pode ser encarado como uma oportunidade para descobrirmos a nossa coragem desconhecida e para encontrarmos o nosso potencial escondido. As provações que suportamos podem revelar quais são as nossas forças e fraquezas. [...]
   Clarice Lispector me mostrou que os nossos piores defeitos podem estar sustentando o edifício inteiro. Ao aceitar as nossas limitações, em vez de lutar contra elas, a gente se torna livre. Com Clarice, desisti de lutar contra as minhas angústias, ansiedades, inseguranças, vergonhas, culpas, obsessões, medos e tristezas, e passei a olhar com mais carinho para a Olívia Palito que se escondia no armário para fugir da violência, gritos e surras do pai e irmãos.
   A minha história familiar me tornou a mulher que escreve compulsivamente para, como Clarice, salvar as vidas dos meus amores e salvar a minha própria vida. Quem eu seria hoje se não tivesse sobrevivido como uma formiguinha com medo de ser esmagada?
   Rubem Alves me revelou que ostras felizes não fazem pérolas: é a ostra triste que, para se proteger do grão de areia que machuca, produz as mais belas pérolas. Ele também me ensinou "a arte de escutar bonito", uma arte que só valorizamos em meio ao sofrimento, dor e angústia existencial.
   Já contei aqui que o meu maior arrependimento é não ter aprendido a "escutar bonito" meus pais para compreender melhor a minha própria história. Tento compensar esse vazio existencial "escutando bonito" meus amigos nonagenários. [...]
   Meu melhor amigo Guedes, de 98 anos, me ensinou: "Tem que ter coragem, Mirian, coragem". Ele nunca me deixa desistir quando me sinto impotente, apavorada e sem força para continuar. Sem ele, eu não teria conseguido enfrentar a depressão, o desespero e o pânico que senti em vários momentos.
   Todos os dias às 18h30, desde o primeiro dia da pandemia, ele telefona para mim: conversamos, rimos, lemos, cantamos, brincamos com as palavras e aprendemos juntos a "escutar bonito". A nossa amizade é o mais belo presente que ganhei da vida, um tesouro que nenhum egoísta, vampiro ou odiador de plantão conseguirá destruir.
   São essas pequenas doses de amor que me dão coragem para continuar escrevendo, estudando e escutando bonito. São essas pequenas epifanias que me socorrem nos momentos em que, como escreveu Clarice, eu acho que tudo o que eu faço com tanta paixão "é pouco, é muito pouco".

Adaptado https://www1.folha.uol.com.br
"Tem que ter coragem, Mirian, coragem". 9º§
As vírgulas empregadas na frase acima separam: 
Alternativas
Q1951925 Português



Carolina Fioratti. Cientistas desenvolvem algoritmo capaz de encontrar padrões ocultos em sonhos. In: Superinteressante,
27 ago. 2020. Internet: <super.abril.com.br> (com adaptações).
Acerca dos aspectos gramaticais e dos sentidos do texto apresentado, julgue o item.

A vírgula presente na linha 23 está sendo empregada para separar termos que desempenham a mesma função sintática. 
Alternativas
Q1951491 Português
Texto para o item.




Internet: <www.oeco.org.br> (com adaptações).
Julgue o item, referentes a aspectos gramaticais do texto. 

A inserção de uma vírgula imediatamente após o termo “investigações” (linha 17) não prejudicaria a correção gramatical nem a coerência do texto.
Alternativas
Ano: 2022 Banca: FGV Órgão: TJ-GO Prova: FGV - 2022 - TJ-GO - Juiz Leigo |
Q1951260 Português

Literatura e justiça


Clarice Lispector



Hoje, de repente, como num verdadeiro achado, minha tolerância para com os outros sobrou um pouco para mim também (por quanto tempo?). Aproveitei a crista da onda, para me pôr em dia com o perdão. Por exemplo, minha tolerância em relação a mim, como pessoa que escreve, é perdoar eu não saber como me aproximar de um modo “literário” (isto é, transformado na veemência da arte) da “coisa social”. Desde que me conheço o fato social teve em mim importância maior que qualquer outro: em Recife os mocambos foram a primeira verdade para mim. Muito antes de sentir “arte”, senti a beleza profunda da luta. Mas é que tenho um modo simplório de me aproximar do fato social: eu queria “fazer” alguma coisa, como se escrever não fosse fazer. O que não consigo é usar escrever para isso, ainda que a incapacidade me doa e me humilhe. O problema de justiça é em mim um sentimento tão óbvio e tão básico que não consigo me surpreender com ele – e, sem me surpreender, não consigo escrever. E também porque para mim escrever é procurar. O sentimento de justiça nunca foi procura em mim, nunca chegou a ser descoberta, e o que me espanta é que ele não seja igualmente óbvio em todos. Tenho consciência de estar simplificando primariamente o problema. Mas, por tolerância hoje para comigo, não estou me envergonhando totalmente de não contribuir para algo humano e social por meio do escrever. É que não se trata de querer, é questão de não poder. Do que me envergonho, sim, é de não “fazer”, de não contribuir com ações. (Se bem que a luta pela justiça leva à política, e eu ignorantemente me perderia nos meandros dela.) Disso me envergonharei sempre. E nem sequer pretendo me penitenciar. Não quero, por meios indiretos e escusos, conseguir de mim a minha absolvição. Disso quero continuar envergonhada. Mas, de escrever o que escrevo, não me envergonho: sinto que, se eu me envergonhasse, estaria pecando por orgulho.

“E também porque para mim escrever é procurar. O sentimento de justiça nunca foi procura em mim, nunca chegou a ser descoberta, e o que me espanta é que ele não seja igualmente óbvio em todos.”
Quando esse segmento do texto é digitado no computador, os vocábulos “E também” aparecem destacados pelo corretor de textos; o problema encontrado nesses vocábulos é que: 
Alternativas
Respostas
1221: D
1222: B
1223: D
1224: A
1225: D
1226: C
1227: A
1228: E
1229: C
1230: C
1231: E
1232: D
1233: C
1234: C
1235: A
1236: D
1237: E
1238: C
1239: E
1240: B