Questões de Concurso
Sobre uso das aspas em português
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O estudo levou em consideração 37 animais, de um subconjunto que englobava 13 golfinhos “esponjeiros” e 24 “não esponjeiros”.
Nesse trecho, as aspas foram utilizadas com o objetivo de
Texto de apoio
O que é ergonomia?
Ergonomia é a área da ciência que estuda maneiras de facilitar nossa relação com objetos e máquinas. “Seu objetivo central é adaptar o trabalho ao ser humano, evitando que ocorra o contrário”, diz o engenheiro e doutor em ergonomia Laerte Idal Sznelwar, da Universidade de São Paulo (USP). O naturalista polonês Wojciech Jastrzebowski foi a primeira pessoa a usar o termo ergonomia – que em grego significa “princípios do trabalho” – num texto chamado The Science of Work (“A Ciência do Trabalho”), escrito em 1857. Um exemplo de aplicação dos princípios ergonômicos são os telefones com teclas. Os números não são dispostos por acaso em quatro fileiras com três botões cada. Antes de esse formato ser lançado, foram testados modelos com teclados circulares, diagonais e horizontais com duas fileiras de botões. Venceu a configuração que os estudiosos perceberam ser a mais confortável para os usuários.
A ergonomia atual vai ainda mais longe e não fica só no desenho de objetos: as telas dos caixas eletrônicos, por exemplo, são projetadas com ícones grandes e fáceis de localizar. Por causa da variedade de aplicações, o trabalho em ergonomia é feito por vários profissionais, como engenheiros, arquitetos, médicos, fisioterapeutas e psicólogos. Nos últimos anos, os estudos nessa área ganharam destaque na criação de objetos que diminuam os riscos de lesões por esforços repetitivos, as famosas LER, que atacam, por exemplo, quem vive sentado diante do computador a maior parte do dia.
Na medida certa
Mobílias e máquinas ergonômicas respeitam o corpo do usuário
Monitor bem posicionado: Permite olhar para a tela mantendo o pescoço em sua posição natural.
Apoio: Mantém os pés em posição confortável caso a mesa não tenha regulagem de altura.
Teclado ideal: Modelos com teclas que amorteçam os dedos evitam lesões como a tendinite.
Encosto ajustável: Adequa-se à curvatura lombar, evitando lesões nas costas. Mola amortecedora: Não deixa a coluna sofrer impactos bruscos.
Altura regulável: Permite manter os joelhos em um ângulo de 90º, deixando a circulação sanguínea livre.
Adaptado de:<https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-e-ergonomia/>
Em relação ao texto, julgue, como VERDADEIRO ou FALSO, o item a seguir.
O trecho "Reduzir algumas projeções no
cérebro o ajuda a focar no que é realmente
essencial" está entre aspas no texto para
indicar uma citação.
Texto para responder à questão.
Escrever
A estudante perguntou como era essa coisa de escrever. Eu fiz o gênero fofo. Moleza, disse.
Primeiro, evite estes coloquialismos de “fofo” e “moleza”, passe longe das gírias ainda não dicionarizadas e de tudo mais que soe mais falado do que escrito. Isto aqui não é rádio FM. De vez em quando, [...] aplique uma gíria como se fosse um piparote de leve no cangote do texto, mas, em geral, evite. Fuja dessas rimas bobinhas, desses motes sonoros. O leitor pode se achar diante de um rapper frustrado e dar cambalhotas. Mas, atenção, se soar muito escrito, reescreva.
Quando quiser aplicar um “mas”, tome fôlego, ligue para o 0800 do Instituto Fernando Pessoa, peça autorização ao bispo de plantão e, por favor, volte atrás. É um cacoete facilitador.
Dele deve ter vindo a expressão “cheio de mas-mas”, ou seja, uma pessoa cheia de “não é bem assim”, uma chata que usa o truque de afirmar e depois, como se fosse estilo, obtemperar.
[...]
É mais ou menos por aí, eu disse para a menina que me perguntou como é essa coisa de escrever.
Para sinalizar o trânsito das ideias, use apenas o ponto e a vírgula, nunca juntos. Faça com que o primeiro chegue logo, e a outra apareça o mínimo possível. Vista Hemingway, só frases curtas. Ouça João Cabral, nada de perfumar a rosa com adjetivos.
[...]
O texto deve correr sem obstáculos, interjeições, dois pontos, reticências e sinais que só confundem o passageiro que quer chegar logo ao ponto final. Cuidado com o “que quer” da frase anterior, pois da plateia um gaiato pode ecoar um “quequerequé” e estará coberto de razão. A propósito, eu disse para a menina, perca a razão quando lhe aparecer um clichê desses pela frente.
Você já se livrou do “mas”, agora vai cuidar do “que” e em breve ficará livre da tentação de sofisticar o texto com uma expressão estrangeira. É out. Escreva em português. Aproveite e diga ao diagramador para colocar o título da matéria na horizontal e não de cabeça para baixo, como está na moda, como se estivesse num jornal japonês.
[...]
De vez em quando, abra um parágrafo para o leitor respirar. Alguns deles têm a mania de pegar o bonde no meio do caminho e, com mais parágrafos abertos, mais possibilidades de ele embarcar na viagem que o texto oferece. Escrever é dar carona. Eu disse isso e outro tanto do mesmo para a menina. Jamais afirmei, jamais expliquei, jamais contei ou usei qualquer outro verbo de carregação da frase que não fosse o dizer. Evitei também qualquer advérbio em seguida, como “enfaticamente”, “seriamente” ou “bemhumoradamente”. Antes do ponto final, eu disse para a menina que tantas regras, e outras a serem ditas num próximo encontro, serviam apenas de lençol. Elas forram o texto, deixam tudo limpo e dão conforto. Escrever é desarrumar a cama.
SANTOS, Joaquim Ferreira dos. Escrever. Veja, jan 2011. (Fragmento). Disponível em https://veja.abril.com.br
I. Os trechos “A estudante perguntou como era essa coisa de escrever.” e “Escreva em português.” podem ser compreendidos tanto no sentido figurado quanto no sentido literal. II. Na frase “De vez em quando, abra um parágrafo PARA O LEITOR RESPIRAR.”, o sentido da expressão destacada corresponde ao de “absorver o oxigênio do ar”. III. As aspas usadas nas palavras destacadas em “Primeiro, evite estes coloquialismos de “FOFO” e “MOLEZA”, passe longe das gírias”, para conferir destaque às gírias.
Está correto apenas o que se afirma em:
Texto 5
Considerando os aspectos linguísticos e estilísticos do texto, julgue o item a seguir.
Os adjetivos “original” (linha 8), “moderno” (linha 22) e
“revolucionário” (linha 64) são empregados, no texto, em
sentido conotativo e, por isso, a opção do autor por
colocá-los entre aspas.
Estudo que avaliou a vida de 165 mil pessoas
chegou a uma conclusão surpreendente: é na
velhice que estamos mais satisfeitos com nós
mesmos
Quando você era jovem e achava que tinha o mundo nas mãos, talvez sua autoestima fosse boa. Mas, acredite, ela só estará no topo quando você estiver na melhor idade, aos 60. Pelo menos é o que diz um novo estudo feito por cientistas da Universidade de Berna, na Suíça. E eles garantem: esse sentimento pode permanecer no auge por uma década inteira.
Com a pesquisa, os cientistas queriam investigar a trajetória da autoestima ao longo da vida. Eles descobriram que esse sentimento começa a se elevar entre 4 e 11 anos de idade, à medida que as crianças se desenvolvem social e cognitivamente – e ganham algum senso de independência. Os níveis, então, se estabilizam à medida que a adolescência começa, dos 11 aos 15 anos.
Isso é surpreendente, pois o senso comum afirma que a auto-estima cai durante a adolescência. “Essa impressão acontece devido a mudanças na puberdade e maior ênfase na comparação social na escola”, diz Ulrich Orth, autor do estudo, mas, na prática, não é o que acontece.
Segundo os pesquisadores, a autoestima se mantém estável até a metade da adolescência. Depois disso, ela tende a aumentar significativamente até os 30 anos. Após a faixa dos 30 podem até existir oscilações, mas o sentimento de autoconfiança tende a crescer. Quando os 60 chegam, a autoestima alcança o seu auge – e permanece assim até os 70 anos.
Mas, quem tem a sorte de chegar até os 70 pode sentir sua autoestima baixar. Os pesquisadores afirmam que esse sentimento declina drasticamente dos 70 aos 90 anos. “Essa idade frequentemente envolve perda de papéis sociais e, possivelmente, viuvez, fatores que podem ameaçar a autoestima”, explica o autor. “Além disso, o envelhecimento muitas vezes leva a mudanças negativas em outras possíveis fontes de autoestima, como habilidades cognitivas e saúde.”
Toda essa análise se baseou em 191 artigos científicos sobre autoestima, que incluíam dados de quase 165 mil pessoas. Os cientistas conseguiram, com esse estudo, apresentar uma visão bem abrangente sobre como essa auto percepção muda com a idade – por isso optaram por diferentes grupos demográficos e faixas etárias.
Na cultura de hoje, que é quase obcecada pela juventude, muitos temem o envelhecimento. Mas, segundo a pesquisa, uns aninhos a mais podem fazer bem para sua autopercepção.
Por Ingrid Luisa
access_time 24 ago 2018, 18h02
Disponível em <https://super.abril.com.br/ciencia/saiba-em-que-ida
de-a-sua-autoestima-esta-no-topo-e-nao-e-aos-17/>
Entenda o que é bitcoin
Criada há mais de nove anos, a bitcoin atrai a atenção de investidores e já é aceita como meio de pagamento em alguns países
Abitcoin é uma moeda, assim como o real ou o dólar, mas bem diferente dos exemplos citados. O primeiro motivo é que não é possível mexer no bolso da calça e encontrar uma delas esquecida. Ela não existe fisicamente, é totalmente virtual.
O outro motivo é que sua emissão não é controlada por um Banco Central. Ela é produzida de forma descentralizada por milhares de computadores, mantidos por pessoas que “emprestam” a capacidade de suas máquinas para criar bitcoins e registrar todas as transações feitas.
No processo de nascimento de uma bitcoin, chamado de “mineração”, os computadores conectados à rede competem entre si na resolução de problemas matemáticos. Quem ganha, recebe um bloco da moeda.
O nível de dificuldade dos desafios é ajustado pela rede, para que a moeda cresça dentro de uma faixa limitada, que é de até 21 milhões de unidades até o ano de 2140.
Esse limite foi estabelecido pelo criador da moeda, um desenvolvedor japonês misterioso chamado Satoshi Nakamoto — que, até hoje, nunca teve a identidade comprovada.
De tempos em tempos, o valor da recompensa dos “mineiros” também é reduzido. Quando a moeda foi criada, em 2009, qualquer pessoa com o software poderia “minerar”, desde que estivesse disposta a deixar o computador ligado por dias e noites.
Com o aumento do número de interessados, a tarefa de fabricar bitcoins ficou apenas com quem tinha supermáquinas. A disputa aumentou tanto que surgiram até computadores com hardware dedicado à tarefa, como o Avalon ASIC.
Além da mineração, é possível possuir bitcoins comprando unidades em casas de câmbio específicas ou aceitando a criptmoeda ao vender coisas.
As moedas virtuais são guardadas em uma espécie de carteira, criada quando o usuário se cadastra no software.
Depois do cadastro, a pessoa recebe um código com letras e números, chamado de “endereço”, utilizado nas transações. Quando ela quiser comprar um jogo, por exemplo, deve fornecer ao vendedor o tal endereço. As identidades do comprador e do vendedor são mantidas no anonimato, mas a transação fica registrada no sistema de forma pública. A compra não pode ser desfeita.
Com bitcoin, é possível contratar serviços ou adquirir coisas no mundo todo. O número de empresas que a aceitam ainda é pequeno, mas vários países, como a Rússia se movimentam no sentido de “regular” a moeda.
[...]
O valor da bitcoin segue as regras de mercado, ou seja, quanto maior a demanda, maior a cotação. Historicamente, a moeda virtual apresenta alta instabilidade. Em 2014, sofreu uma forte desvalorização, mas retomou sua popularidade nos anos seguintes.
Neste ano, o interesse pela bitcoin explodiu. No dia 1° de janeiro, a moeda era negociada a pouco mais de mil dólares. No início de dezembro, já valia mais de 10 mil dólares.
Os entusiastas da moeda dizem que o movimento de alta deve continuar com o interesse de novos adeptos e a maior aceitação. Críticos afirmam que a moeda vive uma bolha — semelhante à Bolha das Tulipas, do século XVII — que estaria prestes a estourar.
Disponível em:<https://exame.abril.com.br/mercados/entenda-o-que-e-bitcoin/>
Ela é produzida de forma descentralizada por milhares de computadores, mantidos por pessoas que “emprestam” a capacidade de suas máquinas para criar bitcoins e registrar todas as transações feitas.
Considerando o uso das aspas, pode-se afirmar que elas foram utilizadas no trecho para:
TEXTO I
Um time de cientistas da University College London desenvolveu um teste para detectar o Mal de Alzheimer sete anos antes de os primeiros sintomas aparecerem.
Alzheimer é a causa mais comum de demência, responsável por 70% dos casos. A doença não tem cura e a maioria dos medicamentos para conter a diminuição da capacidade cognitiva dos pacientes não surte efeito – 99% dos remédios testados nos Estados Unidos entre 2002 e 2012 falharam, de acordo com a Clínica Cleveland.
Apesar de a única maneira de controlar o avanço da doença ser por meio do diagnóstico precoce, a grande maioria dos pacientes descobre que tem Alzheimer quando os sintomas já estão agravados e alteraram estruturas do cérebro, o que dificulta os tratamentos para barrar seu avanço. O novo estudo, publicado no periódico científico The Lancet Neurology, mostrou que um simples teste de memória consegue detectar os primeiros indícios de demência, mesmo que outros sinais de Alzheimer ainda não tenham se manifestado.
Segundo o novo método proposto pelos pesquisadores, é necessário ficar atento à capacidade de guardar informações depois de uma semana para detectar as primeiras mudanças cognitivas dos possíveis pacientes.
Para chegar a essa conclusão, eles pediram para que 35 pessoas memorizassem uma lista de palavras, detalhes de um diagrama e de uma história. Meia hora depois, os participantes precisaram contar as informações que lembravam. Na semana seguinte, os cientistas perguntaram o que os mesmos voluntários lembravam do teste de sete dias antes.
O detalhe é que 21 integrantes do grupo carregavam uma mutação genética que os tornava mais vulneráveis a desenvolver Alzheimer a partir dos 40 anos. Apesar de saudáveis, os pesquisadores acreditam que a maioria deles poderia apresentar algum sintoma de dano cognitivo dentro de sete anos. Os outros 14 voluntários participaram do experimento como um grupo de controle para comparar com os que tinham mais chances de acabar tendo a doença.
Os autores do estudo perceberam que os 21 “marcados geneticamente” conseguiram responder o teste de memória depois de meia hora, mas passado uma semana não lembravam mais das informações. No grupo dos 14, o desempenho não mudou tanto. Os pesquisadores acreditam que o tipo de teste utilizado no experimento pode ser a primeira forma de descobrir as mudanças cognitivas que desencadeiam o Alzheimer. Além disso, também pode ajudar a identificar a doença com antecedência e a monitorar se o tratamento para controlar a demência está tendo resultados.
“É realmente um caso de perda de memória acelerada. Muitas pessoas têm a impressão de que alguma coisa está errada com a sua memória, mas quando fazem o teste de 30 minutos não mostra nada, porque não é tempo suficiente.As pessoas com a mutação e que estão em estágio inicial da doença, por exemplo, não tiveram resultados ruins depois de 30 minutos, mas depois de sete dias o desempenho delas foi consideravelmente pior. A diferença foi notável”, disse o autor do estudo, Nick Fox, professor do Instituto de Neurologia da UCL, em entrevista ao site The Guardian.
Estima-se que 35,6 milhões de pessoas sofram com a doença no mundo. A Organização Mundial da Saúde acredita que, devido ao envelhecimento da população global, o número de pacientes com esse tipo de demência possa dobrar dentro de 12 anos e triplicar até 2050. A Associação Internacional de Alzheimer defende a possibilidade de que a cada segundo um novo caso seja diagnosticado até a metade do século. No Brasil, a Associação Brasileira de Alzheimer calcula que 1,2 milhão de pacientes tenham a doença.
CARBONARI, Pâmela. SuperInteressante. Disponível em:
<http://abr.ai/2BJ94EX>. Acesso em: 7 fev. 2018 (Adaptação).
Releia o trecho a seguir.
Nesse trecho, a autora utiliza as aspas para:
Texto I
Linguagem diferente
Qual o jovem que não passa horas na frente do computador? A internet ajuda a aproximar os amigos, facilita a paquera e a pesquisa escolar.
De tanto conversar, a moçada acabou criando uma linguagem própria para o computador. Um jeito, digamos, bem diferente de escrever, que já criou polêmica e motivou uma tese de mestrado.
Teclar e digitar são a mesma coisa para a maioria das pessoas. Para os jovens não. Nessa geração, trabalho de escola é digitado, conversa em site é teclada.
Como são diferentes, elas têm até linguagens próprias. Para os trabalhos, vale a boa e velha língua portuguesa. Já para o bate-papo, ganha cada vez mais espaço o “internetês”, dialeto próprio da internet, baseado principalmente na velocidade. Pra escrever mais rápido, as palavras perdem letras e acentos. Outras vezes, ganham a pronúncia por escrito.
“Pra tentar atingir a velocidade da fala, pra se comunicar mais fácil”, disse um jovem. “Se você for certinho pra todas elas, aí você atrasa todas as conversas”, disse Ana Carolina Pucharelli, de 16 anos.
O problema é que, às vezes, uma linguagem invade o espaço da outra. A professora de línguas Cássia Batista resolveu pesquisar o assunto quando encontrou um bilhete jogado na sala de aula.
Conversando com as autoras do bilhete, a professora percebeu que a mistura das línguas ia mais além. “Existe uma preocupação de que essa influência já esteja também passando pra fala. A questão do ‘beleza’, que virou ‘belê’, então isso é da internet.”
A pesquisa virou uma tese de mestrado. “Nós não podemos fechar os olhos e dizer que está errado, que não vamos deixar entrar isso na escola. Já entrou, não adianta, não tem jeito. O meio eletrônico está pedindo esse tipo de linguagem. Existe, é fato.”
No democrático mundo globalizado, também há internautas que são contra o internetês e que estão usando as armas da própria rede numa campanha em favor da língua portuguesa. A Júlia, de São Paulo, vai experimentar essa novidade. Ela entra no site criado lá no Rio de Janeiro pelo empresário Paulo Couto. Nas conversas, o programa traduz automaticamente o internetês.
Para o empresário, muitas vezes, o internetês dificulta a comunicação. “É um grande dicionário, onde eu pego palavras que são conhecidas no internetês e aplico uma correção para o português formal nosso”, disse Paulo Couto.
Às vezes, precisa mesmo de tradução. Exemplo: blz quer dizer beleza, fmz significa firmeza. Os próprios jovens acham que tem que tomar cuidado com o uso do internetês. Proibir é pura perda de tempo. O melhor é tentar manter o bom senso. “Toda linguagem sofre transformações. Isso é inevitável. Nós já tivemos várias influências. Antigamente, vós mercê, depois, você e agora cê. Vai saber o que daqui a pouco vir. A influência é inevitável”, disse a professora Soraia Carvalho.
“Linguagem de internet na internet e em escola outra linguagem, do português certo mesmo”, disse um aluno.
(Disponível em: http://www.soportugues.com.br/secoes/artigo.php?indice=42. Acesso em: 03/10/2016.)
Texto II
Uma ameaça à Língua Portuguesa?
Professores e linguistas defendem que escolas tenham abertura
para acatar as novas modalidades da linguagem virtual.
A professora de Língua Portuguesa Juzelly Fernandes Barreto Moreira concorda que há influência da linguagem virtual no ambiente externo à rede, porém, não enxerga isso como uma questão preocupante.
De acordo com ela, os alunos que mais se deixam influenciar são aqueles que normalmente já demonstrariam uma falta de comprometimento natural em relação ao aprendizado da língua escrita.
“Hoje, o whatsApp tira a atenção deles, mas ontem, poderia ser o futebol. É um mal da contemporaneidade. Os alunos mais comprometidos sabem separar a forma como escrevem na Internet e tendem a ser mais atenciosos com as redações na escola.”
Juzelly Barreto afirma que, sob orientação do professor, os estudantes tendem a se corrigir e passam a se policiar mais com o tempo.
“Apesar de eles saberem que a Gramática não autoriza essa linguagem, acabam esquecendo de selecionar os ambientes corretos para utilizá-la porque estão mais ligados à rede do que a outros ‘lugares’”, explica.
Ela orienta que não adianta pais e professores taxarem a Internet de culpada ou “malvada”. “Seria como lutar contra o inevitável”, diz.
O que responsáveis pela educação dos jovens devem fazer é tentar ir se adaptando às necessidades, conforme elas vão aparecendo.
O que deve ficar bem claro é que aquela linguagem deve ser restrita ao ambiente para o qual foi criada e que transferi-la para outros pode acarretar prejuízos de sociabilidade a longo prazo, principalmente, para se adaptar ao ambiente acadêmico e ao mercado de trabalho.
Doutora em Linguística Aplicada e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Maria Bernadete Fernandes destaca que esse fator coloca novos desafios para a escola e para os professores.
“De meu ponto de vista, que é o de uma tendência da Linguística Aplicada, considero que a escola deve estar atenta a essas novas modalidades, pois não podemos ignorar os impactos das inovações tecnológicas na vida dos seres humanos em sociedade”, pontua.
Assim como a professora Juzelly Barreto, ela defende que a escola tenha abertura para acatar essas novas modalidades da língua escrita desde que adequadas às condições e situações de produções textuais escritas referentes.
Para ela, as novas modalidades de escrita virtual devem ser aceitas, por exemplo, quando a escola solicita aos alunos a redação de um bilhete para um amigo.
Ou ainda, algo que não ultrapasse o limite do plano da comunicação pessoal/informal, como a reprodução de um diálogo entre amigos pelo whatsApp, Facebook ou qualquer desses sistemas similares.
“Por outro lado, a escola tem de ter a clareza e devida competência para explicar aos alunos que, em outras situações, podem e devem ser exigidas outras maneiras de dizer/escrever.”
(Disponível em: http://www.soportugues.com.br/secoes/artigo.php?indice=6. Acesso em: 03/10/2016. Adaptado.)
Sue arrecada doações por meio de sua ONG “Project Dignity” (Projeto Dignidade) e fabrica kits para serem distribuídos nas escolas.
Em 2010, Sue descobriu que garotas de famílias pobres estavam faltando na escola a cada menstruação porque não podiam comprar absorventes. “As garotas estavam perdendo uma semana de escola por mês”, diz Sue, de 49 anos.
Sobre esses trechos, analise estas afirmativas e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas.
( ) As aspas foram utilizadas em ambos os trechos pela mesma razão. ( ) Os verbos “perdendo” e “diz” estão no particípio e no infinitivo, respectivamente. ( ) As expressões “Em 2010” e “por mês” indicam tempo. ( ) A expressão “por meio de” indica o instrumento utilizado por Sue para conseguir as doações. ( ) “nas escolas” e “absorventes” são ambos complementos diretos dos verbos “distribuídos” e “comprar”.
Assinale a sequência CORRETA.
Portanto, tentaram “corrigir” violentamente sua “anormalidade”.
Em relação ao uso das aspas, analise as afirmativas a seguir.
I. Foram utilizadas para relativizar os conceitos das palavras aspeadas. II. Servem para, em outros contextos, marcar ironia por parte do autor. III. Poderiam ser substituídas por parênteses.
De acordo com o contexto em que aparecem e considerando a norma padrão, estão corretas as afirmativas:
Ela disse ter ficado “chateada e chocada” ao perceber o furto.
De acordo com o contexto em que aparecem, as aspas, nesse trecho:
Motorista de ônibus ameaça dar seu lugar a cego
que seguia viagem em pé
Nenhum dos passageiros que seguia na linha Rio Doce/
CDU havia sido capaz de fazer o gesto educado e
solidário
Depois de perceber que nenhum dos passageiros do coletivo que fazia, lotado, a linha Rio Doce / Cidade Universitária (CDU) deu lugar a um deficiente visual, o motorista desacelerou o veículo e foi taxativo: “Se ninguém der o lugar, ele vai sentar aqui e dirigir o ônibus”. O gesto, indignado e inusitado, aconteceu na manhã desta terça-feira e foi presenciado pelo professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Bruno Nogueira que resolveu alardear a lição em sua conta na rede social Facebook.
Segundo o professor, o protesto bem-humorado não parou por aí. O motorista ainda perguntou: “O senhor sabe dirigir?”. O passageiro cego riu e respondeu que sim. E o condutor continuou: “Então pronto! Já vai sentar aqui”. De acordo com Bruno, poucas pessoas presenciaram a cena, mas todo mundo riu bastante. A área estava toda ocupada já por pessoas idosas e, após a provocação, um senhor teria resolvido ceder o lugar.
“Foi hoje de manhã. Estava passando na catraca. Foi tudo bem rápido. Assim que ele terminou de falar, o senhor cego (era um homem grisalho, deveria ter mais de 55 anos) já tinha sentado”, disse o professor, acrescentando que o deficiente subiu no ônibus com ajuda, mas estava sozinho no coletivo.
DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Motorista de ônibus ameaça dar
seu lugar a cego que seguia viagem em pé. Estado de Minas.
23 fev. 2016. Disponível em: <http://zip.net/bqsXMk >. Acesso
em: 24 fev. 2016 (Adaptação).
Releia o trecho a seguir.
Nesse trecho, as aspas foram utilizadas para:
TEXTO I
Canadá nomeia o ministério mais legal do mundo
Justin Trudeau acaba de assumir como primeiro-ministro do Canadá cumprindo uma de suas principais promessas de campanha: dividir os cargos ministeriais igualmente entre mulheres e homens – são 15 de cada. E virou hit mundial nas redes sociais ao responder porque essa decisão era importante para ele com um: “porque estamos em 2015.”
O que nem todo mundo ficou sabendo é que a igualdade de gênero era apenas uma das agendas de Trudeau na composição do ministério. O recémnomeado governante privilegiou, num espectro ainda mais amplo, a diversidade social e nacional do Canadá – uma terra de imigrantes e orgulhosa desse rótulo – na hora de escolher com quem iria trabalhar nos próximos quatro anos.
Para dar uma ideia da reforma executada por Trudeau, traduzimos livremente uma análise da composição ministerial (bem informal e divertida) compartilhada no Facebook pela canadense Alana Phillips:
• Nossa ministra da Ciência é uma cientista (oh, e ela tem um prêmio Nobel).
• Nosso ministro dos Transportes é um astronauta.
• Nosso ministro dos Esportes e das Pessoas com Deficiências é um atleta paraolímpico.
• Nosso ministro de Famílias, Crianças e Desenvolvimento Social é um economista que estuda a pobreza.
• Nossa ministra dos Direitos da Mulher é uma mulher.
• Nosso ministro de Instituições Democráticas é um refugiado muçulmano.
• Dois dos ministros são de povos nativos (das etnias Kwakwaka’wakw e Inuit).
• Também há ministros com várias crenças (ou descrenças): sikh, islâmicos, ateus, etc.
Renovação radical
Apesar de ser filho de outro ex-ministro do Canadá – Pierre Trudeau, que também foi primeiro-ministro entre 1968 e 1984, em dois mandatos –, Justin representa um sopro de novidade na política do país. O cara já foi ator e professor, é declaradamente feminista e aficionado por ficção científica. Além disso, é muito midiático: casado com uma celebridade de TV, já levou a luta política para as vias de fato, ao enfrentar um rival do Partido Conservador, Patrick Brazeau, numa luta de boxe beneficente, transmitida ao vivo.
Mais recentemente, transmitiu, via Periscope, o juramento feito na posse como primeiro-ministro, tirou selfies com eleitores no metrô assim que o resultado das eleições foi divulgado e vira e mexe responde pessoalmente a comentários feitos pelos cidadãos no Facebook. Não é à toa que a hashtag #DaddyTrudeau virou hit entre os canadenses.
JOKURA, Tiago. Canadá nomeia o ministério mais legal do
mundo. Super Interessante. Disponível em: <http://zip.net/
btslvH>. Acesso em: 6 nov. 2015 (Adaptação).
Releia o seguinte trecho.
A função das aspas nesse trecho é a mesma da que
ocorre em:
O monge budista que ficou bilionário esnobando os investidores
Se esse bilionário de 83 anos estiver certo, uma das principais lições ensinadas nas faculdades de Administração está errada.
Sabe toda aquela insistência em se concentrar nos acionistas? Esqueça, diz Kazuo Inamori, empreendedor, guru de gestão e monge budista. Em vez disso, invista seu tempo na alegria dos funcionários. Ele utilizou essa filosofia para estabelecer a gigante dos eletrônicos Kyocera Corp. há mais de cinco décadas, criar a operadora de telefonia que agora é conhecida como KDDI Corp., avaliada em US$ 64 bilhões, e resgatar a Japan Airlines Co. de seu pedido de falência.
Na sede da Kyocera, com vista para as colinas e os templos da antiga capital Kyoto, Inamori manifesta dúvidas sobre os modos capitalistas ocidentais. Sua perspectiva é um lembrete de que muitos setores fortes da indústria japonesa não acreditam nos planos propostos pelo primeiro-ministro Shinzo Abe para que as empresas se dediquem mais aos acionistas.
“Se você quer os ovos, cuide bem das galinhas”, disse Inamori em uma entrevista no dia 23 de outubro. “Se você maltratar ou matar as galinhas, não vai dar certo”.
Essa perspectiva tem seu peso devido ao sucesso de Inamori. A KDDI e a Kyocera têm juntas um valor de mercado de aproximadamente US$ 82 bilhões. Quando Inamori foi nomeado CEO da Japan Airlines em 2010, ele estava com 77 anos e não tinha nenhuma experiência no setor. No ano seguinte, ele conseguiu que a empresa aérea voltasse a lucrar e tirou-a da falência. Em 2012, ele a listou novamente na bolsa de Tóquio.
Mudança de mentalidade
O segredo, segundo Inamori, foi modificar a mentalidade dos funcionários. Após assumir o cargo de CEO sem remuneração, ele imprimiu para cada funcionário um pequeno livro sobre suas filosofias, onde afirmava que a empresa se dedicava ao crescimento deles. Ele também explicava o significado social do trabalho que eles realizavam e delineava princípios inspirados no budismo, que os funcionários deveriam adotar em suas vidas, como ser humilde e fazer o correto. Isso fez com que os empregados sentissem orgulho da empresa aérea e estivessem prontos para se empenhar mais para que ela tivesse sucesso, disse Inamori.
Essa doutrina conquistou adeptos, em parte porque a linha que separa a vida profissional e a vida pessoal no Japão é mais tênue que nos EUA. Mas nem todas as táticas de Inamori são tão espirituais. Seu sistema de “administração ameba” dividiu os funcionários em unidades minúsculas que elaboram seus próprios planos e monitoram a eficiência por hora usando um sistema contábil original. A recuperação promovida por ele também eliminou quase um terço da força de trabalho da empresa aérea, cerca de 16.000 pessoas.
“Os empresários devem fazer com que todos os seus funcionários estejam felizes, tanto material como intelectualmente”, disse Inamori. “Esse é o objetivo. O objetivo não deveria ser trabalhar para os acionistas”.
Funcionários felizes
Talvez isso não impressione alguns investidores, mas esse homem não vê nenhuma contradição nisso. Se os funcionários estão felizes, eles trabalham melhor e os lucros melhoram, disse ele. As empresas não deveriam sentir vergonha de obter benefícios se ao mesmo tempo elas beneficiam a sociedade, disse Inamori.
As empresas que Inamori liderou não estão conectadas apenas pelo estilo de gestão. A Kyocera era a maior acionista da KDDI até o dia 30 de setembro, com 13,7 por cento dos direitos de voto, de acordo com o site da empresa telefônica. Essa participação vale US$ 8,2 bilhões, quase metade do valor de mercado da Kyocera. A Kyocera possui 2,1 por cento da Japan Airlines, mostram dados compilados pela Bloomberg.
O capitalismo menos extremo de Inamori é produto da sociedade japonesa, que, segundo ele, está menos disposta que as economias ocidentais a aceitar as diferenças entre ricos e pobres. Os executivos precisam levar isso em consideração, disse ele.
“As empresas realmente pertencem aos acionistas, mas centenas ou milhares de funcionários também estão envolvidos”, disse Inamori. “As galinhas precisam estar saudáveis”.
REDMOND, Tom; TANIGUCHI, Takako. O monge budista que
ficou bilionário esnobando investidores. MSN; Bloomberg.
Disponível em:<http://zip.net/bqsmRt>
Releia os trechos a seguir.
I. “Os empresários devem fazer com que todos os seus funcionários estejam felizes, tanto material como intelectualmente”
II. Seu sistema de “administração ameba” dividiu os funcionários em unidades minúsculas [...]
III. “As empresas realmente pertencem aos acionistas, mas centenas ou milhares de funcionários também estão envolvidos”
As aspas desses trechos foram usadas, respectivamente, para:
“órgãos técnicos, comunidade científica, comissões ambientais, populações atingidas e a sociedade em geral sejam ouvidos”
Nesse trecho, as aspas foram utilizadas para
A casa que educa
As lições que se aprendem “construindo”
Escrevo para vocês, crianças! O Amyr Klink é um navegador. Navega num barco a vela. Vela é uma armadilha para pegar o vento. O vento tem força. Os barcos a vela navegam movidos pela força do vento. O vento vem, bate nas velas e empurra o barco. Mas, o que fazer quando o navegador quer ir para o sul e o vento sopra para o norte? Peça a um professor para lhe explicar isto. Antes das velas era preciso remar para o barco navegar. Dava muita canseira. Mas aí um dos nossos antepassados descobriu que o vento faria o serviço dos remos e o homem poderia fazer outras coisas…
Toda a nossa história passada, desde os tempos das cavernas, é a história dos homens aprendendo a fazer a natureza fazer o trabalho por eles. Os moinhos de vento, os moinhos de água, o arco e a flecha, as alavancas, os monjolos, o fogo… O Amyr Klink não é só navegador. Ele pensa sobre as escolas. Perguntaram ao Amyr Klink: “Qual é a escola que você desejaria para os seus filhos?”. Ele respondeu: “Uma escola que há na Ilha Faroe, entre a Inglaterra e a Islândia. Lá as crianças aprendem tudo o que devem aprender construindo uma casa viking…” Quem eram os vikings? Eram navegantes ousados. Há uma aventura do Asterix e do Obelix, heróis gauleses, entre os vikings. Muito divertida!
O Amyr Klink disse que as crianças aprendem “construindo” uma casa. Concordo. Para aprender uma coisa é preciso fazê-la. As crianças da ilha Faroe aprendiam o que precisavam saber para viver construindo uma casa! Mas não será muito difícil construir uma casa? É difícil. Mas há um truque: a gente pode “imaginar” a casa que a gente quer construir. Quando vou fazer um papagaio, a primeira coisa é imaginá-lo na minha cabeça: o seu tipo (há papagaios do tamanho de uma casa!), as suas cores, as ferramentas de que vou precisar e os materiais que vou usar: tesoura, canivete, serra, linha, cola, papel… O mesmo vale para uma casa. A primeira coisa é imaginar a casa, como se estivesse pronta. O Oscar Niemeyer, que planejou os edifícios fantásticos de Brasília, a primeira coisa que faz é “desenhar” no papel o edifício que ele vê com os olhos da imaginação. Imagine a casa que você gostaria de construir. Terá um ou dois andares? As telhas serão vermelhas? E a paredes? De que cor serão? Terá uma chaminé para um fogão de lenha ou uma lareira? Terá um jardim na frente? Para que lado estará virada? Na sua cidade, qual é a direção do sul? E do oeste? Onde nasce o sol? Onde se põe? Mas o sol se põe? Esses são os pontos cardeais. É importante saber onde estão os pontos cardeais por causa da luz do sol. Aí é preciso desenhar essa casa no papel, para que os pedreiros e carpinteiros saibam como a imaginei. O desenho torna a imaginação visível. Quem faz esse desenho é o arquiteto. Aí será preciso fazer uma lista dos materiais que você terá de usar para construir sua casa. Começando com tijolo, cimento, areia, e sem se esquecer dos pregos. Não se esqueça do dinheiro, sem o qual não se compra nada. Seu pai e sua mãe terão prazer em ajudá-lo.
Disponível em: <http://www.revistaeducacao.com.br/amyrklink-
casa-educa-coluna-rubem-alves/>.
Acesso em: 17 ago. 2018.