Questões de Português - Uso dos conectivos para Concurso
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Não raro as palavras “moral” e “ética” aparecem num mesmo contexto e, às vezes, são erroneamente entendidas como sinônimos. A primeira tem caráter prático, relativo e restrito a determinada circunstância. Já a segunda é a reflexão filosófica sobre a moral, busca compreender sua lógica e justificá-la. É necessário reconhecer que a própria etimologia dos termos favorece dúvidas. [...] Podemos pensar que moral são as normas que devem ser seguidas e tem como objetivo regular o comportamento [...]. Já a ética expressa um conjunto de valores que orientam as ações com o fim de preservar o bem-estar coletivo.
É possível dizer que, enquanto a ética é teórica, “filosófica”, a moral está associada à prática, ao cotidiano, à maneira como vivemos os princípios éticos. Subjacente aos dois conceitos há uma questão básica: a oposição entre o bem e o mal. Para a psiquiatria, a psicanálise e a maioria das abordagens psicológicas, porém , a visão maniqueísta é insuficiente diante da complexidade humana. Muitas vezes, as supostas maldades - ou o que a priori seriam considerados gestos de bondade - surgem como sintomas de alguma patologia ou emergem de quadros psíquicos alterados. Além disso, se levarmos em conta a existência de uma instância psíquica inconsciente, que constantemente sabota nossas boas intenções (e quanto menos nos conhecemos mais o faz), fica ainda mais difícil estabelecer uma separação objetiva entre bons e maus.
Friedrich Nietzsche (1844-1900), por exemplo, propõe pensarmos “para além do bem e do mal”. Escreve: “Pergunte aos escravos 'quem é o mau', e eles apontarão o personagem que a moral aristocrática considera 'bom', isto é, o poderoso, o dominador”. O filósofo alemão faz uma colocação muito pertinente: há sempre a perspectiva de quem julga, suas experiências e seus interesses. Como então lidar com essa multiplicidade de olhares possíveis sobre um mesmo objeto? Uma saída talvez seja lançar mão de um recurso bastante simples, a empatia, e fazermos o exercício (nem sempre cômodo ou fácil) de nos colocarmos no lugar do outro, procurando compreender seu ponto de vista - e sua dor. Buscando esse ponto que nos coloca em contato com o outro, tão diferente e ao mesmo tempo tão próximo, talvez seja mais fácil buscar em nós mesmos espaços psíquicos que comportem escolhas menos nocivas.
Rev. mentecérebro. Abril de 2011, p. 22.
Texto CB1A1AAA
No que se refere a aspectos linguísticos do texto CB1A1AAA, julgue o item que se segue.
A expressão “e sim” (.18) introduz no texto uma ideia de oposição.Que opção pode ser utilizada para substituir a conjunção destacada no trecho abaixo, sem alteração de sentido?
“MAS, para os parentes daqueles que estavam nos
prédios, o mais urgente é outra coisa...”
Texto para a questão.
Texto I
Beijos e Abraços
(Luís Fernando Veríssimo)
O brasileiro é expansivo mas tem um certo pudor de mostrar seus sentimentos. Somos da terra do “dá cá um abraço” mas também temos nossas hesitações afetivas. O meio-termo encontrado é o insulto carinhoso.
- Seu filho da mãe!
- Seu cafajeste!
São dois amigos que se encontram.
- Só me faltava encontrar você. Estragou meu dia.
- Este lugar já foi mais bem frequentado...
Depois dos insultos, os brasileiros se abraçam com fúria. E os sonoros tapas nas costas - outra instituição nacional
- chegam ao limite entre a cordialidade e a costeja partida.
Eles se adoram, mas que ninguém se engane. É amor de homem, estão pensando o quê?
Quanto maior a amizade, maior a agressão. E você pode ter certeza que dois brasileiros são íntimos quando põem a mãe no meio. A mãe é o último tabu brasileiro. Você só insulta a mãe dos seus melhores amigos.
- Sua mãe continua na zona?
-Aprendendo com a sua.
- Dá cá um abraço!
E lá vêm os tapas.
Um estrangeiro despreparado pode levar alguns sustos antes de se acostumar com a nossa selvageria amorosa.
- Crápula!
- Vigarista!
- Farsante!
- My God! Eles vão se matar!
Não se matam. Se abraçam, às gargalhadas. Talvez ensaiem alguns socos nos braços ou simulem diretos nos queixos. Mas são amigos.[...]
Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso.beiiose-abracos. 1048595.0.htm
Texto
Setenta anos, por que não?
Acho essa coisa da idade fascinante: tem a ver com o modo como lidamos com a vida. Se a gente a considera uma ladeira que desce a partir da primeira ruga, ou do começo de barriguinha, então viver é de certa forma uma desgraceira que acaba na morte. Desse ponto de vista, a vida passa a ser uma doença crônica de prognóstico sombrio. Nessa festa sem graça, quem fica animado? Quem não se amargura?
[...]
Pois se minhas avós eram damas idosas aos 50 anos, sempre de livro na mão lendo na poltrona junto à janela, com vestidos discretíssimos, pretos de florzinha branca (ou, em horas mais festivas, minúsculas flores ou bolinhas coloridas), hoje aos 70 estamos fazendo projetos, viajando (pode ser simplesmente à cidade vizinha para visitar uma amiga), indo ao teatro e ao cinema, indo a restaurante (pode ser o de quilo, ali na esquina), eventualmente namorando ou casando de novo. Ou dando risada à toa com os netos, e fazendo uma excursão com os filhos. Tudo isso sem esquecer a universidade, ou aprender a ler, ou visitar pela primeira vez uma galeria de arte, ou comer sorvete na calçada batendo papo com alguma nova amiga.
[...]
Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto de nós, dos outros e da vida, críticos o tempo todo, vendo só o lado mais feio do mundo. Das pessoas. Da própria família. Dos amigos. Se formos os eternos acusadores, acabaremos com um gosto amargo na boca: o amargor de nossas próprias palavras e sentimentos. Se não soubermos rir, se tivermos desaprendido como dar uma boa risada, ficaremos com a cara hirta das máscaras das cirurgias exageradas, dos remendos e intervenções para manter ou recuperar a “beleza”. A alma tem suas dores, e para se curar necessita de projetos e afetos. Precisa acreditar em alguma coisa.
(LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16)
Texto
Setenta anos, por que não?
Acho essa coisa da idade fascinante: tem a ver com o modo como lidamos com a vida. Se a gente a considera uma ladeira que desce a partir da primeira ruga, ou do começo de barriguinha, então viver é de certa forma uma desgraceira que acaba na morte. Desse ponto de vista, a vida passa a ser uma doença crônica de prognóstico sombrio. Nessa festa sem graça, quem fica animado? Quem não se amargura?
[...]
Pois se minhas avós eram damas idosas aos 50 anos, sempre de livro na mão lendo na poltrona junto à janela, com vestidos discretíssimos, pretos de florzinha branca (ou, em horas mais festivas, minúsculas flores ou bolinhas coloridas), hoje aos 70 estamos fazendo projetos, viajando (pode ser simplesmente à cidade vizinha para visitar uma amiga), indo ao teatro e ao cinema, indo a restaurante (pode ser o de quilo, ali na esquina), eventualmente namorando ou casando de novo. Ou dando risada à toa com os netos, e fazendo uma excursão com os filhos. Tudo isso sem esquecer a universidade, ou aprender a ler, ou visitar pela primeira vez uma galeria de arte, ou comer sorvete na calçada batendo papo com alguma nova amiga.
[...]
Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto de nós, dos outros e da vida, críticos o tempo todo, vendo só o lado mais feio do mundo. Das pessoas. Da própria família. Dos amigos. Se formos os eternos acusadores, acabaremos com um gosto amargo na boca: o amargor de nossas próprias palavras e sentimentos. Se não soubermos rir, se tivermos desaprendido como dar uma boa risada, ficaremos com a cara hirta das máscaras das cirurgias exageradas, dos remendos e intervenções para manter ou recuperar a “beleza”. A alma tem suas dores, e para se curar necessita de projetos e afetos. Precisa acreditar em alguma coisa.
(LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16)
Viver ou juntar dinheiro?
Recebi uma mensagem muito interessante de um ouvinte da CBN e peço licença para lê-la na íntegra, porque ela nem precisa dos meus comentários. Lá vai:
“Prezado Max, meu nome é Sérgio. Tenho 61 anos e pertenço a uma geração azarada. Quando eu era jovem, as pessoas me diziam pra eu escutar os mais velhos que eram mais sábios; agora eles dizem pra eu escutar os mais jovens porque eles são mais inteligentes.
Na semana passada, li em uma revista um artigo no qual jovens executivos davam receitas simples e práticas para qualquer um ficar rico. E eu aprendi muitas coisas. Aprendi, por exemplo, que se tivesse simplesmente deixado de tomar um cafezinho por dia, durante os últimos quarenta anos, teria economizado 30 mil reais. Se eu tivesse deixado de comer uma pizza por mês, 12 mil reais. E assim por diante.
Impressionado, peguei um papel e comecei a fazer contas.
E descobri pra minha surpresa que hoje poderia estar milionário. Bastava não ter tomado as caipirinhas que tomei, não ter feito muitas das viagens que fiz, não ter comprado algumas das roupas caras que comprei e, principalmente, não ter desperdiçado meu dinheiro em itens supérfluos e descartáveis.
Ao concluir os cálculos, percebi que hoje poderia ter quase 1 milhão de reais na conta bancária. É claro que eu não tenho esse dinheiro! Mas, se tivesse, sabe o que esse dinheiro me permitiria fazer? Viajar, comprar roupas caras, me esbaldar com itens supérfluos e descartáveis, comer todas as pizzas que eu quisesse e tomar cafezinhos à vontade.
Por isso, acho que me sinto feliz em ser pobre. Gastei meu dinheiro com prazer e por prazer. E recomendo aos jovens e brilhantes executivos que façam a mesma coisa que fiz. Caso contrário, chegarão aos 61 anos com um monte de dinheiro, mas sem ter vivido a vida.”
(transcrição de uma coluna de Max Gehringer, na rádio CBN.
Disponível em http.<www.recantodasletras.com.br>.
Viver ou juntar dinheiro?
Recebi uma mensagem muito interessante de um ouvinte da CBN e peço licença para lê-la na íntegra, porque ela nem precisa dos meus comentários. Lá vai:
“Prezado Max, meu nome é Sérgio. Tenho 61 anos e pertenço a uma geração azarada. Quando eu era jovem, as pessoas me diziam pra eu escutar os mais velhos que eram mais sábios; agora eles dizem pra eu escutar os mais jovens porque eles são mais inteligentes.
Na semana passada, li em uma revista um artigo no qual jovens executivos davam receitas simples e práticas para qualquer um ficar rico. E eu aprendi muitas coisas. Aprendi, por exemplo, que se tivesse simplesmente deixado de tomar um cafezinho por dia, durante os últimos quarenta anos, teria economizado 30 mil reais. Se eu tivesse deixado de comer uma pizza por mês, 12 mil reais. E assim por diante.
Impressionado, peguei um papel e comecei a fazer contas.
E descobri pra minha surpresa que hoje poderia estar milionário. Bastava não ter tomado as caipirinhas que tomei, não ter feito muitas das viagens que fiz, não ter comprado algumas das roupas caras que comprei e, principalmente, não ter desperdiçado meu dinheiro em itens supérfluos e descartáveis.
Ao concluir os cálculos, percebi que hoje poderia ter quase 1 milhão de reais na conta bancária. É claro que eu não tenho esse dinheiro! Mas, se tivesse, sabe o que esse dinheiro me permitiria fazer? Viajar, comprar roupas caras, me esbaldar com itens supérfluos e descartáveis, comer todas as pizzas que eu quisesse e tomar cafezinhos à vontade.
Por isso, acho que me sinto feliz em ser pobre. Gastei meu dinheiro com prazer e por prazer. E recomendo aos jovens e brilhantes executivos que façam a mesma coisa que fiz. Caso contrário, chegarão aos 61 anos com um monte de dinheiro, mas sem ter vivido a vida.”
(transcrição de uma coluna de Max Gehringer, na rádio CBN.
Disponível em http.<www.recantodasletras.com.br>.
africanas nos casamentos de escravos na fronteira oeste da América Portuguesa - Mato Grosso – Séculos XVIII e XIX. Cuiabá: Carlini e Caniato, 2012.)
( ) O conector ainda que indica sentido de concessão e pode ser substituído por embora, que apresenta o mesmo valor semântico. ( ) As expressões na maioria das vezes e sempre que possível estão virguladas antes e depois porque indicam tempo. ( ) A expressão parceiros de infortúnio pode ser entendida como pessoas nas mesmas condições de escravidão. ( ) Os pronomes los e lhes funcionam como elementos coesivos e retomam o sentido do mesmo termo.
Assinale a sequência correta.
Leia o texto abaixo e responda à questão proposta.
Texto 1:
Passe adiante
Tenho vários DVDs de shows, e houve uma época em que os assistia atenta ou simplesmente deixava rodando como um som ambiente enquanto fazia outras coisas pela casa. Até que os esqueci de vez. Conhecedor do meu acervo, meu irmão outro dia pediu:
– Posso pegar emprestado uns shows aí da tua coleção?
Claro! Ele escolheu quatro e levou com ele. E subitamente me deu uma vontade incontrolável de voltar a assistir aqueles shows.Aqueles quatro, não é estranho?
Logo a vontade passou, mas fiquei com o alerta na cabeça. Me lembrei de uma amiga que uma vez disse que havia comprado um vestido que nunca usara, ele seguia pendurado no guarda-roupa. Um dia ela me mostrou o tal vestido e intimou:
– Pega pra ti, me faz esse favor. Jamais vou usar.
Trouxe-o para casa. Muito tempo depois ela me confidenciou, às gargalhadas, que não havia dormido aquela noite. Passou a ver o vestido com outros olhos. Por que ela não dera uma chance a ele?
Maldita sensação de posse, que faz com que a gente continue apegada ao que deixou de ser relevante. Incluindo relacionamentos.
Uma outra amiga vivia reclamando do namorado, dizia que eles não tinham mais nada em comum e que ela estava pronta para partir para outra. E por que não partia?
– Porque não quero deixá-lo dando sopa por aí.
Como é que é?
Ela não terminava com o cara porque não queria que ele tivesse outra namorada, dizia que não suportaria. Reconhecia a mesquinhez da sua atitude, mas, depois de tantos anos juntos, ela ainda não se sentia preparada para admitir que ele não seria mais dela.
DVDs, roupas, amores: claro que não é tudo a mesma coisa, mas o apego irracional se parece. É a velha e surrada história de só darmos valor àquilo que perdemos. Será que existe solução para essa neura? Atribuir ao nosso egoísmo latente talvez seja simplista demais, porém, não encontro outra justificativa que explique essa necessidade de “ter” o que já nem levamos mais em consideração.
É preciso abrir espaço. Limpar a papelada das gavetas, doar sapatos e bolsas que estão mofando, passar adiante livros que jamais iremos abrir. É uma forma de perder peso e convidar a tão almejada “vida nova” para assumir o posto que lhe é devido. Fácil? Bref. Um pedaço da nossa história vai embora junto. Somos feitos – também – de ingressos de shows, recortes de jornal, fotos de formatura, bilhetes de amor.
Sem falar no medo de não reconhecermos a nós mesmos quando o futuro chegar, de não ter lá na frente emoções tão ricas nos aguardando, de a nostalgia vir a ser mais potente do que a tal “vida nova”.
Qual é a garantia? Um ano para geladeiras,
três anos para carros 0km, cinco anos para
apartamentos. Pra vida, não tem. É se desapegar e
ver no que dá, ou ficar velando para sempre os
cadáveres das vontades que passaram. (MEDEIROS,
Martha. Revista O Globo, 20/05/2012.)
Quando as pessoas usam as redes para enriquecer as interações pessoais, isso pode ajudar a diminuir a solidão.
A versão reescrita, em que ocorre a manutenção do sentido original dessa sentença, é:
TEXTO 1
Autoviolência
A palavra automóvel, uma viatura com mobilidade própria, pode ser enganosa. Tem autonomia de potência, mas não tem, pelo menos até hoje, autonomia de condução.
Quem conduz um automóvel é uma consciência. O que talvez seja mais reflexivo nesse prefixo (auto) seja justamente a característica maior da consciência: tudo que por ela é gerido regressa a ela mesma, num efeito bumerangue, impactando e determinando quem ela é.
O carro engana fazendo parecer que é uma entidade independente,
detentora de uma placa própria, quando sua identidade sou eu e meu
nome. Descobrimos isso quando a multa vem personalizada, momento
de susto e de breve recusa em assumir-se a autoria.
O carro faz parecer que existia outro personagem que não o próprio condutor. Porém a lataria não pode ocultar o personagem e o Renavam não pode esconder a habilitação. O insulfilm não tem como mascarar o rosto e o deslocamento não tem como deixar para trás o que foi feito.
Porque fechar outro carro é como empurrar alguém no meio da rua. Porque buzinar é como chegar e gritar no ouvido do outro. Porque acelerar em direção a um pedestre é como levantar a mão em ameaça ao próximo. Porque estacionar trancando o outro é produzir um cárcere privado. Porque ultrapassar perigosamente é como sair armado.
conhece as nossas imprudências, é sempre doloso, sempre com a intenção de matar. O auto de automóvel nos engana a todos e a maioria é pior como motorista do que como cidadão. Tem mais pecados registrados nas fiscalizações eletrônicas, e mais ainda quando elas não estão por perto, do que na vida de pedestre.
Sinal de que no carro somos outra pessoa, mais perigosa. Sinal de que nossa consciência assume que tem menos responsabilidade dentro do que fora dessa entidade.
O condutor é uma consciência e uma consciência é um bicho vestido. As sensações de anonimato e de que o pequeno espaço de nossa carroceria é privado fazem o bicho se despir como ele não faz do lado de fora. E o que vemos pela cidade são respeitáveis senhores e senhoras como bichos atrelados a um volante.
Dão vazão a violências que fora, vestidos, não dariam. Além das agressões e abusos que produzem, saem dos seus carros piores pessoas diante de suas próprias consciências. Seguem a rotina como se nada tivesse acontecido, mas trouxeram para dentro de sua casa, de sua alma, marcas de pneus.
Certa vez, um rabino estava numa carroça quando começou a subida de uma ladeira. Ele não hesitou em saltar da carroça e se pôs a andar ao lado do cavalo. O cocheiro questionou sua atitude, ao que ele explicou que na subida ficava difícil para o animal. O cocheiro reagiu: “Mas é apenas um animal... Então o senhor, um ser humano, é quem tem que fazer força e ficar cansado?”. O rabino respondeu: “Justamente por isso, como sou um ser humano, não quero me ver no futuro num litígio com um cavalo!”.
O condutor é aquele que enxerga as interações e cuida não só para fazer o seu percurso, mas também para não se ver no futuro em litígios com animais, seja na vida real ou em sua própria consciência.
BONDER, Nilton. Autoviolência. Folha de S. Paulo, 14 abr. 2013, A3. Opinião
Evoluir ou morrer
As empresas e os profissionais vivem em um ecossistema altamente mutante. Nesse cenário, quem não evolui desaparece.
A natureza sofreu, ao longo desses 4,5 bilhões de anos, que é a idade da Terra, uma imensa quantidade de mudanças. Até hoje as observamos. Mudanças climáticas, acomodação das placas da crosta terrestre, temperaturas aumentando em alguns lugares e diminuindo em outros, alterações na vegetação, florestas que viraram desertos, orlas que se transformaram em montanhas. O processo continua. Não acabou, não.
E os animais, como ficaram nessa história? Bem, aqueles que, por acaso, eram possuidores de uma estrutura genética que lhes permitiu sobreviver à mudança permaneceram. Os que não tinham essa possibilidade, azar deles, desapareceram. E foram a maioria.
Daí para frente, a estrutura orgânica que permitiu a sobrevivência de alguns foi repassada para os descendentes, e logo todos tinham essa característica. A essa incorporação de vantagens competitivas, Darwin chamou de evolucionismo.
Ora, as empresas e os profissionais também vivem em um ecossistema altamente mutante: o mercado. E todos os dias ele apresenta novidades. Novas técnicas e tecnologias, novas exigências do consumidor e, o mais grave, novos concorrentes. Nesse cenário, a empresa que não evoluir desaparecerá – é a lei da vida. Às vezes não deixa nem pegadas.
Entretanto, há uma diferença entre o evolucionismo da natureza e o das empresas. Na natureza o evolucionismo deriva da necessidade de sobrevivência e do acaso da recombinação genética. No caso da sociedade humana e suas partes – a empresa é uma dessas partes – o evolucionismo tem de derivar da decisão (e não apenas da necessidade) e da inteligência (nunca do acaso).
Evoluir significa aprimorar o que se faz, mas também quer dizer estar atento para fazer coisas novas. Ninguém sabe hoje quem fazia a melhor máquina de escrever, o carburador por mais perfeito, o melhor bico de gás para iluminação pública. Para quê? Esses objetos que foram muito úteis no passado foram substituídos por novidades tecnológicas muito mais avançadas. São apenas três exemplos, mas há milhares de outros, e não só na tecnologia, também nos serviços e na gestão.
A lição que fica é: evoluir é fundamental à sobrevivência. Parece difícil? Pode ser, mas é necessário que se compreenda esse princípio. Quem não evolui está fora do jogo. Os dinossauros corporativos tendem a desaparecer.
Revista Você S A – Edição 179 – Abril de 2013. Eugênio MussaK. vocesa.com.br
Evoluir ou morrer
As empresas e os profissionais vivem em um ecossistema altamente mutante. Nesse cenário, quem não evolui desaparece.
A natureza sofreu, ao longo desses 4,5 bilhões de anos, que é a idade da Terra, uma imensa quantidade de mudanças. Até hoje as observamos. Mudanças climáticas, acomodação das placas da crosta terrestre, temperaturas aumentando em alguns lugares e diminuindo em outros, alterações na vegetação, florestas que viraram desertos, orlas que se transformaram em montanhas. O processo continua. Não acabou, não.
E os animais, como ficaram nessa história? Bem, aqueles que, por acaso, eram possuidores de uma estrutura genética que lhes permitiu sobreviver à mudança permaneceram. Os que não tinham essa possibilidade, azar deles, desapareceram. E foram a maioria.
Daí para frente, a estrutura orgânica que permitiu a sobrevivência de alguns foi repassada para os descendentes, e logo todos tinham essa característica. A essa incorporação de vantagens competitivas, Darwin chamou de evolucionismo.
Ora, as empresas e os profissionais também vivem em um ecossistema altamente mutante: o mercado. E todos os dias ele apresenta novidades. Novas técnicas e tecnologias, novas exigências do consumidor e, o mais grave, novos concorrentes. Nesse cenário, a empresa que não evoluir desaparecerá – é a lei da vida. Às vezes não deixa nem pegadas.
Entretanto, há uma diferença entre o evolucionismo da natureza e o das empresas. Na natureza o evolucionismo deriva da necessidade de sobrevivência e do acaso da recombinação genética. No caso da sociedade humana e suas partes – a empresa é uma dessas partes – o evolucionismo tem de derivar da decisão (e não apenas da necessidade) e da inteligência (nunca do acaso).
Evoluir significa aprimorar o que se faz, mas também quer dizer estar atento para fazer coisas novas. Ninguém sabe hoje quem fazia a melhor máquina de escrever, o carburador por mais perfeito, o melhor bico de gás para iluminação pública. Para quê? Esses objetos que foram muito úteis no passado foram substituídos por novidades tecnológicas muito mais avançadas. São apenas três exemplos, mas há milhares de outros, e não só na tecnologia, também nos serviços e na gestão.
A lição que fica é: evoluir é fundamental à sobrevivência. Parece difícil? Pode ser, mas é necessário que se compreenda esse princípio. Quem não evolui está fora do jogo. Os dinossauros corporativos tendem a desaparecer.
Revista Você S A – Edição 179 – Abril de 2013. Eugênio MussaK. vocesa.com.br
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
Os azulejos de São Luís compõem um dos patrimônios culturais mais belos da cidade. Eles são encontrados nas fachadas das casas antigas, bem como foram e ainda são utilizados em igrejas e na decoração interna de casarões.
Foi no século XVIII, período colonial, que os azulejos lusitanos começaram a chegar à capital maranhense, em um contexto de crescimento urbano, para enriquecer a estética das casas e dos prédios comerciais.
O Museu Histórico e Artístico do Maranhão (Museu de Artes Visuais) contém o maior acervo de azulejos em exposição. Todos são provenientes de doações. Lá é possível confirmar com historiadores que o patrimônio azulejar maranhense é em sua maior parte proveniente de Portugal, mas também possui influência da França.
Os portugueses se dedicaram à produção de azulejos, utilizando técnicas diferenciadas e trabalho manual. Eles também trabalharam em prol de uma construção visual, de forma que um painel com o mesmo azulejo colocado em determinadas posições possa ser visto de várias formas.
Portugal fez de São Luís a mais lusitana das capitais brasileiras. Por isso, a cidade preserva o maior aglomerado urbano de azulejos dos séculos XVIII e XIX, em toda a América Latina. Eles assumem importância no contexto universal da criação artística, pela longevidade de seu uso, sem interrupção durante cinco séculos, resistindo a tempos chuvosos e amenizando o calor do verão, devido aos matizes de branco que refletem os raios solares.
Assim, essa cultura material ludovicense, respeitada mundialmente, evoca a identidade e a memória do povo maranhense.
Certamente porque não é fácil compreender certas questões, as pessoas tendem a aceitar algumas afirmações como verdades indiscutíveis. É natural que isso aconteça, quando mais não seja porque as certezas nos dão segurança e tranquilidade. Pô-las em questão equivale a tirar o chão de sob nossos pés.
Todavia, com o desenvolvimento do pensamento objetivo e da ciência, certezas tidas como inquestionáveis no passado distante foram colocadas em xeque, dando lugar a um novo modo de lidar com as certezas e os valores.
Questioná-los, reavaliá-los, negá-los, propor mudanças às vezes radicais tornou-se frequente e inevitável, dando-se início a uma nova época da sociedade humana. Introduziu-se o conceito não só de evolução como de revolução.
A certa altura desse processo, os defensores das mudanças acreditavam-se senhores de novas verdades, mais consistentes porque eram fundadas no conhecimento objetivo das leis que governam o mundo material e social.
Mas esse conhecimento era ainda precário e limitado. Basta dizer que, até começos do século XX, ignorava-se a existência de microrganismos − como vírus e bactérias −, o que inviabilizava o tratamento de doenças como a tuberculose.
Esses fatos − que são apenas uns poucos exemplos do que tem ocorrido − tornam indiscutível a tese de que a mudança é inerente à realidade tanto material quanto espiritual, e que, portanto, o conceito de imutabilidade é destituído de fundamento.
(Adaptado de Ferreira Gullar. Folha de S.Paulo, Ilustrada, 06/05/2012)
Todavia, com o desenvolvimento do pensamento objetivo e da ciência, certezas tidas como inquestionáveis no passado distante foram colocadas em xeque...
Mantendo-se a correção e a lógica, o elemento grifado
acima pode ser substituído por:
Acerca das ideias e estruturas do texto acima, julgue o próximo item.
Ao se trocar o ponto-final logo após “político” (l.12) por
vírgula e, logo após, inserir-se a conjunção embora, seria
formado um período coerente.