Questões de Português - Uso dos conectivos para Concurso

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Q1987713 Português

O excerto contextualiza as questão. Leia-o atentamente. 


        Existe uma regra de ouro na Linguística que diz: “só existe língua se houver seres humanos que a falem”. E o velho e bom Aristóteles nos ensina que o ser humano “é um animal político”. Usando essas duas afirmações como termos de um silogismo (mais um presente que ganhamos de Aristóteles), chegamos à conclusão de que “tratar da língua é tratar de um tema político”, já que também é tratar de seres humanos. Por isso, o leitor e a leitora não deverão se espantar com o tom marcadamente politizado de muitas das minhas afirmações. É proposital; aliás, é inevitável. Temos de fazer um grande esforço para não incorrer no erro milenar dos gramáticos tradicionalistas de estudar a língua como uma coisa morta, sem levar em consideração as pessoas vivas que a falam.

        O preconceito linguístico está ligado, em boa medida, à confusão que foi criada, no curso da história, entre língua e gramática normativa. Nossa tarefa mais urgente é desfazer essa confusão. Uma receita de bolo não é bolo, o molde de um vestido não é um vestido, um mapa-múndi não é o mundo... também a gramática não é a língua.

        A língua é um enorme iceberg flutuando no mar do tempo, e a gramática normativa é a tentativa de descrever apenas uma parcela mais visível dela, a chamada norma culta. Essa descrição, é claro, tem seu valor e seus méritos, mas é parcial (no sentido literal e figurado do termo) e não pode ser autoritariamente aplicada a todo o resto da língua – afinal, a ponta do iceberg que emerge representa apenas um quinto do seu volume total. Mas é essa aplicação autoritária, intolerante e repressiva que impera na ideologia geradora do preconceito linguístico.

(BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. 49. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2007, pp. 09-10.)

Implica alteração de sentido do trecho a substituição do conectivo destacado pelo sugerido entre parênteses em: 
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Q1987366 Português
Leia o texto para responder à questão.


Velhas cartas 


    “Você nunca saberá o bem que sua carta me fez…” Sinto um choque ao ler esta carta antiga que encontro em um maço de outras. Vejo a data, e então me lembro onde estava quando a recebi. Não me lembro é do que escrevi que fez tanto bem a uma pessoa.
   Agora folheio outras cartas de amigos e amigas; são quase todas de apenas dois ou três anos atrás. Mas, como isso está longe! Sinto-me um pouco humilhado pensando como certas pessoas me eram necessárias e agora nem existiriam mais na minha lembrança se eu não encontrasse essas linhas rabiscadas em Londres ou na Suíça. “Cheguei neste instante; é a primeira coisa que faço, como prometi, escrever para você, mesmo porque durante a viagem pensei demais em você…”
    Isto soa absurdo a dois anos e meio de distância. Não faço a menor ideia do paradeiro dessa mulher de letra redonda; ela, com certeza, mal se lembrará do meu nome. E esse casal, santo Deus, como era amigo: fazíamos planos de viajar juntos pela Itália; os dias que tínhamos passado juntos eram “inesquecíveis”. Essa que se acusa e se desculpa de me haver maltratado, mas eu não me lembro de mágoa nenhuma, seu nome é apenas para mim uma doçura distante.
   Imagino que em algum lugar do mundo há alguém que neste momento remexe, por acaso, uma gaveta qualquer, encontra uma velha carta minha, passa os olhos por curiosidade no que escrevi, hesita um instante em rasgar, e depois a devolve à gaveta com um gesto de displicência, pensando, talvez: “é mesmo, esse sujeito onde andará? Eu nem me lembrava mais dele…”
    E agradeço a esse alguém por não ter rasgado a minha carta: cada um de nós morre um pouco quando alguém, na distância e no tempo, rasga alguma carta nossa, e não tem esse gesto de deixá-la em algum canto, essa carta que perdeu todo o sentido, mas que foi um instante de ternura, de tristeza, de desejo, de amizade, de vida – essa carta que não diz mais nada e apenas tem força ainda para dar uma pequena e absurda pena de rasgá-la.

(Rubem Braga. A traição das elegantes. Rio de Janeiro:
Editora Record, 1982)

Considere os seguintes trechos do texto:

•  Não me lembro é do que escrevi que fez tanto bem a uma pessoa (1ºparágrafo)
•  … tem força ainda para dar uma pequena e absurda pena de rasgá-la (5º parágrafo)

No contexto em que estão empregados, os vocábulos destacados expressam, respectivamente, as ideias de
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Q1986855 Português
Leia a tirinha para responder à questão. 




(Charlez M. Schulz. É para isso que servem os amigos. Porto Alegre: L& PM, 2018)
Na frase do segundo quadrinho “… se tivéssemos um dinheirinho, poderíamos comprar mais biscoitos…”, o termo destacado tem sentido de 
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Q1986697 Português
Texto 1

Ao adentrar na narrativa do filme Os Outros, o espectador, mesmo diante do velho padrão da casa mal-assombrada, sente que está diante de algo diferente. Com cômodos soturnos, vultos sinistros e portas que insistem em ranger, a produção vai muito além do trivial acerca das histórias fantasmagóricas que a indústria constantemente nos oferta, algumas boas, outras ruins.

Os Outros faz parte do ciclo das boas, tamanha a excelência e sofisticação. Logo na abertura, uma aula de condução narrativa audiovisual, somos apresentados ao ambiente em que a história de horror psicológico, claustrofobia e instabilidade mental vai se passar. Grace (Nicole Kidman) acorda de um pesadelo. Naquela manhã ela recebe a visita dos novos empregados, três figuras misteriosas, obedientes e disponíveis para as necessidades organizacionais da enorme casa.

Ao exibir cada cômodo, Grace trata de explicar detidamente cada regra. A iluminação na casa deve ser contida, pois a cada porta aberta, a anterior deve ser fechada, como se os personagens estivessem constantemente atravessando fases de um jogo. Mais adiante, a impetuosa gestora do lar apresenta os seus filhos Anne (Alakia Mann) e Nicholas (James Bentley), duas crianças com uma doença rara que os impede de ter contato com a luz do sol. Assim, entendemos os motivos que levam Grace a ter toda a rigorosa cautela com a circulação dentro da casa.

Sob regime de tensão, a casa é regida duramente por Grace, uma católica fervorosa pouco paciente e rígida. Compreendemos a sua tensão: ela está à espera do marido, Charles (Christopher Eccleston), um homem que ainda não voltou da guerra. As coisas, por sua vez, ficam mais tensas ao passo que as crianças começam a alegar que estão vendo e sentindo presenças estranhas em sua casa, o que indica que há fantasmas prontos para assustar aos moradores daquele espaço isolado e lúgubre.

Ao estrear em agosto de 2001, Os Outros surpreendeu a crítica e ao público, sendo aplaudido de pé em alguns festivais. Muito desse sucesso todo se aplica ao seu final “surpreendente”, com um plot twist bem conduzido, tal como O Sexto Sentido, A Vila ou Clube da Luta. Esse recurso, entretanto, não é a muleta que faz a narrativa caminhar. Ao contrário, apresenta-se apenas como um dos elementos de sofisticação do filme. Ao longo dos seus 105 minutos, o cineasta Alejandro Amenábar oferta ao espectador imagens de muita classe. No lugar dos sustos fáceis e das criaturas abomináveis que insistem em vir do mundo dos mortos para assustar personagens incautos, o roteiro preenche a produção de alegorias e situações que pedem alguma interpretação do seu público.

(...)

(Disponível em: <https://www.planocritico.com/critica-osoutros/>. Acesso em: 22 jun. 2020).
A expressão “ao passo que” (quarto parágrafo) exprime:
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Q1986441 Português
Texto

   À medida que as pessoas envelhecem, seus sistemas imunológicos naturalmente perdem força. Esse envelhecimento, chamado de imunossenescência, pode ser um importante causador de problemas de saúde relacionados à idade, como câncer e doenças cardiovasculares.

   No entanto, os sistemas imunológicos de diferentes pessoas não envelhecem na mesma velocidade. O estresse, por exemplo, está associado a sinais de envelhecimento acelerado do sistema imunológico.

   Para entender melhor a discrepância entre idade cronológica e idade imunológica, pesquisadores da Universidade da Califórnia e Universidade do Sul da Califórnia analisaram dados do Health and Retirement Study (HRS), uma grande pesquisa feita nos Estados Unidos com adultos acima dos 50 anos. Os pacientes foram questionados sobre diferentes fatores de estresse que vivenciaram, como perda de emprego, discriminação, estresse crônico, além de grandes traumas como morte e doença na família.

   Além disso, o HRS coleta amostras de sangue dos participantes, e analisa a porcentagem dos diferentes tipos de células imunes presentes, incluindo os glóbulos brancos. Essas células desempenham um papel fulcral nas respostas imunes a vírus, bactérias e outros invasores. Esta é a primeira vez que informações tão detalhadas sobre células imunes são coletadas em uma grande pesquisa nacional.

   Ao analisar os dados de 5.744 desses participantes, a equipe de pesquisa descobriu que as pessoas que vivenciaram mais estresse tinham uma proporção menor de células T novas – necessárias para enfrentar novos invasores, aqueles que o sistema imunológico nunca viu antes. Conquanto, esses indivíduos também têm uma proporção maior de células T já especializadas – células mais velhas que esgotaram sua capacidade de combater invasores e, em vez disso, produzem proteínas que podem aumentar a inflamação prejudicial. Pessoas com essas proporções de células T novas e antigas têm um sistema imunológico mais envelhecido.

   Um dos fatores que ajuda a mitigar essa conexão são uma dieta saudável e exercícios regulares. Os cientistas também perceberam que a exposição potencial ao citomegalovirus – um vírus geralmente assintomático, conhecido por acelerar o envelhecimento do sistema imunológico – diminui a relação entre estresse e envelhecimento das células imunes. Apesar de o vírus normalmente ficar dormente no corpo, eles descobriram que o estresse pode aumentar sua força e obrigar o sistema imunológico a combater o vírus reativado. Esse controle da infecção pode resultar em células T mais exaustas circulando pelo corpo e causar inflamação crônica, um importante contribuinte para doenças relacionadas à idade.

   O estudo ajuda a esclarecer a associação entre estresse social e envelhecimento imunológico acelerado. Ele também destaca possíveis maneiras de retardar o envelhecimento imunológico – como melhorar fatores na dieta, tabagismo, exercícios e a forma com que as pessoas lidam com estresse.

   Atualmente, os cientistas continuam a pesquisa, analisando, por exemplo, como as adversidades na infância influenciam o envelhecimento do sistema imunológico. Entender o que influencia esse envelhecimento pode ajudá-los a abordar melhor as diferenças de pessoas idosas na saúde e na doença.


CAPARROZ, L. Estresse social pode acelerar o envelhecimento do sistema imunológico. In: Superinteressante. Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/estresse-social-pode-aceleraro-envelhecimento-do-sistema-imunologico/> Último acesso em 23 jun. 2022. (Adaptado)
O termo destacado em “Conquanto, esses indivíduos também têm uma proporção maior de células T já especializadas [...]” introduz um:
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Respostas
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